segunda-feira, 25 de julho de 2022

Sete é o número da mentira

Autora: Jéssica Alexandrino.

Neste domingo (24), durante a convenção nacional do Partido Liberal, que aconteceu no Maracanãzinho, no Rio, Jair Bolsonaro (PL) oficializou sua candidatura à reeleição e fez um discurso que durou mais de uma hora. Durante seu pronunciamento, segundo um compilado de checagens, o presidente repetiu ao menos sete alegações mentirosas sobre diversos temas, como auxílio emergencial e Covid-19.

Sobre o auxílio emergencial, Bolsonaro disse que em 2020 o governo gastou o equivalente a 15 anos do valor do Bolsa Família sendo que essa informação é imprecisa. Naquele ano, com o auxílio, contando com o pagamento residual, o governo gastou cerca de R$ 293 bilhões. Enquanto isso, de 2004 a 2018, o orçamento do Bolsa Família reajustado pela inflação, com mês de referência de dezembro de 2020, equivale a cerca de R$ 390 bilhões. Sem o reajuste inflacionário a quantia seria de R$ 269 bilhões.

Durante o discurso, o atual chefe do governo afirmou também que a ex-ministra da Agricultura Tereza Cristina (PP) garantiu a segurança alimentar de 1 bilhão de pessoas no mundo. O Estadão verificou que o presidente repetiu um discurso controverso que já havia sido utilizado na Cúpula das Américas. Um estudo divulgado pela Embrapa em março de 2021 aponta que a produção agrícola do Brasil é responsável por alimentar 800 milhões de pessoas no mundo, cerca de 10% da população mundial, mas a metodologia da pesquisa foi contestada por especialistas, que destacam que os grãos exportados pelo país não são destinados apenas para a alimentação, mas também rações de animais e outras finalidades. Além disso, no Brasil, a fome voltou a patamares registrados na década de 1990.

Já em relação à decisão do STF sobre responsabilidade no combate à Covid-19, Bolsonaro disse que a condução do combate ao coronavírus passou a ser de governadores e prefeitos por decisão judicial, mas a declaração é enganosa. Em 2020, o Supremo decidiu pela competência concorrente dos entes federativos em relação à saúde. Os ministros do STF entenderam que a União pode lesgislar sobre saúde pública, mas que também deve resguardar a autonomia dos demais entes federativos a respeito do tema.

O presidente também afirmou que seu governo está há três anos e meio sem corrupção, o que também é um dado enganoso. O mandato do atual chefe do governo registra denúncias e suspeitas do crime envolvendo nomes importantes da gestão federal e aliados, que geraram investigações como a que levou à prisão do ex-ministros Mil Ribeiro, da Educação.

Bolsonaro ainda disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defende o roubo de celulares como um direito do bandido de “tomar uma cerveja”, o que não procede. A origem da desinformação é um vídeo editado do petista que circula nas redes desde pelo menos 2021. A peça traz série de frases sobre diversos assuntos recortadas e desconexas uma das outras, retiradas de uma entrevista concedida por Lula em 2017.

Além disso, o atual presidente também disse que o petista quer legalizar as drogas no Brasil, outra fala enganosa. O documento com diretrizes para a criação de um programa para um eventual novo governo de Lula menciona o termo “drogas” uma única vez e não trata de legalização. O documento propõe substituir a atual “guerra” contra o narcotráfico por estratégias de enfrentamento baseadas em “conhecimento e informação”, além de focar em redução de riscos.

Sobre o teto de gastos, Bolsonaro disse que foi o primeiro presidente a ter que lidar com algo assim, que limita o investimento público. Mais uma declaração enganosa, já que o teto de gastos foi aprovado durante o governo do ex-presidente Michel Temer (MDB) em 2016. O novo regime fiscal passou a valer no ano seguinte, com duração prevista de 20 anos.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/fake-news-bolsonaro-contou-ao-menos-7-mentiras-em-discurso-na-convencao-do-pl/
Nota: o discurso do fascista genocida foi (evidente) divulgado no Domingo Espetacular da Rede Record, emissora de propriedade da Igreja Universal. Convenientemente (mas não surpreende), a reportagem omitiu que Jair Bolsonaro foi expulso do Exército.

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