A serpente deixou sua impressão impregnada de religiosidade em toda a área mediterrânea, desde o Atlântico até o Indo e inclusive se prolonga por muitas outras áreas, por todas onde seu vigor, ainda se conserva, a cultura caracterizada pela adoração da Deusa Mãe e pela vida sedentária, agrícola e às vezes matriarcal de seus adoradores.
O touro e suas representações aparecem desde a pré-história como um símbolo no qual se reúne crenças religiosas com realidades cratofânicas, ou seja, manifestaçõe/revelações de poder e força do divino.
Da serpente divinizada provém a atribuição de sua tripla faculdade: origem da vida, sustento das almas depois da morte e previsão do futuro.
Pode-se dizer que a consideração do touro como símbolo, epifania ou manifestação de algo sagrado ou divino aparece no Crescente Fértil (Anatólia, litoral sírio-palestino, Mesopotâmia, Egito e mundo egeu) coincidindo com a irradiação do Neolítico e os testemunhos de agrarização a partir de 9 mil AC. Isto tem dado base para pensar que certos cultos ao youro se configuram a partir do Neolítico junto com práticas ritualísticas ou religiosas relacionadas com mitos referentes à potência tribal, à dos Deuses, à da fecundidade ou fertilidade e a poderes superiores que se manifestam no firmamento, na natureza e no mundo subterrâneo ou telúrico.
Toda uma série de representações que vão desde os tempos mais remotos até os mistérios helênicos, testemunham o ascendente cultural da Mãe Tellus e se extasiam diante de do atributo de seus seios fecundos ou diante da portadora desta virtude, a serpente.
Cultos relacionados com o touro, que em princípio repousam em um cerimonial propiciatório da fecundidade terrestre e humana, se acham nas altas culturas mesopotâmicas.
O substrato do ritual de uma cerimônia frequente na Antiguidade coincide: uma sacerdotisa ou uma jovem entra desnuda na caverna ou bosque, morada da serpente, levando-lhe uma oferenda. Se a serpente aceita e come, as espigas se inclinarão pelo peso dos grãos, as uvas amadurecerão, em uma palavra, o ano será fértil. O feito de apresentar-se desnuda confirma a eficácia fecundante do rito em terreno agrário e humano, admitida na Grécia, Roma, Babilônia, etc.
A linguística aplicada tem comprovado que gu(d) em sumério, nome de um bovino, significa "touro", "forte" e "valoroso" por extensão. Encontramos na Suméria a expressão consagrada "ama-an-ki" (touro selvagem do céu e da terra), na qual "ama" significa "touro selvagem" e "senhor". Daqui se tem que o touro seja o emblema da força soberana, que desde antigamente se considera assistida por poderes sobrenaturais.
Citado, traduzido e editado livremente dos textos do Canal Social, sobre a Deusa Serpente e o Deus Touro.
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