sábado, 24 de julho de 2010

Liturgia

Ouvi as palavras da Grande Mãe. Em meus altares os jovens da Lacedemonia em Esparta ofereciam o devido sacrifício. Onde quer que tenha necessidade de algo, uma vez ao mês e melhor que seja na lua cheia, reúnam-se em um lugar secreto e adore o meu espírito, a Rainha de todas as Bruxas e magias.
Haverá assembléias, aos que anseiam aprender toda bruxaria, mas ainda não desvendaram seus profundos segredos. A estes eu ensinarei coisas ainda desconhecidas. E serão livres da escravidão e como sinal que são verdadeiramente livres, estarão despidos em vossos ritos, o homem e a mulher e irão dançar, cantar, banquetear, farão música e amor, tudo em meu louvor.
Há uma porta secreta que eu fiz para estabelecer o caminho para experimentar mesmo na terra o elixir da imortalidade. Digam, "seja meu o êxtase e alegria na terra". Pois eu sou uma Deusa graciosa. Eu dou felicidade inimaginável na terra, certeza, não crença, em vida! E na morte, paz indescritível, descanso e êxtase, nem requero coisa alguma em sacrifício.
Ouçam as palavras da Deusa Estrela. Eu te amo, eu anseio por você, pálido ou púrpura, recatado ou voluptuoso. Eu que sou toda prazer e púrpura e embriagada no mais amplo sentido, te desejo. Ponha as asas, desperte o teu esplendor cacheado, venha a mim.
Pois eu sou a chama que queima no coração de todo homem e no cerne de toda estrela. Deixe que teu  mais intimo divino se perca no constante arrebatamento da alegria infinita. Que os rituais sejam corretamente celebrados com alegria e beleza. Lembrai-vos que todos os atos de amor e prazer são meus rituais. Então que haja beleza e força, risada saltitante, poder e fogo estejam convosco.
E se vos dizeis, ali eu perambulei e não me avaliaste, melhor que digas, ali eu clamei e esperei pacientemente e vi que tu estavas comigo desde o princípio, pois aos que me desejaram sempre irão me alcançar, mesmo no fim do desejo.
Invocai-me sob as minhas estrelas! Amor é a lei, amor sob vontade. Não deixe que os tolos confundam o amor, pois há amor e amor. Eis a pomba e a serpente. Eu dou inimagináveis alegrias na terra, certeza, não crença, em vida; na morte, paz indescritível, descanso, êxtase; nem requero coisa alguma em sacrifício.
Meu incenso é madeira resinosa e goma, não há sangue, pois as árvores da eternidade são meus cabelos.
Mas me amar é melhor que todas as coisas, se debaixo das estrelas noturnas no deserto queimares meu incenso, invocando-me com coração puro e o fogo da Serpente, poderás vir deitar em meu colo. Por um beijo, desejarás dar tudo, mas ao que der uma partícula de sujeira irá perder tudo nesta hora. Irás colher bens e estocar das mulheres e temperos, irás vestir ricas jóias, irá exceder as nações da terra em esplendor e orgulho, mas sempre em amor a mim e então poderá vir a meu regozijo. Eu te demando ansiosamente para vir a mim em um manto singular e coberto com um rico penteado. Eu te amo! Eu te anseio! Pálido ou púrpura, recatado ou voluptuoso, eu que sou todo prazer e púrpura e embriagado no mais amplo sentido, te desejo. Ponha as asas e desperte o teu esplendor cacheado: venha a mim!
Em todos meus encontros dirá a sacerdotisa - e os olhos dela irão queimar em desejo enquanto ela permanece despida e regozijando em meu templo secreto - a mim! a mim! Despertando a chama no coração de todos em seu cântico de amor.
Vejam! Os rituais dos tempos antigos são negros.
Eu sou a chama que queima no coração do homem e no cerne de toda estrela. Eu sou Vida e a doadora da Vida e ainda assim me conhecer é conhecer a morte.
Irão regozijar, nossos escolhidos, quem lamentar não é nosso. Beleza e força, risada saltitante e langor delicioso, poder e fogo, são nossos.
Compaixão é a voz dos reis, esta é a nossa lei e a alegria do mundo. Não pensai, meu rei, nesta mentira que irás morrer; verdadeiramente não morrerás, mas viverás. Quando souber disto, o que restará senão desfrute? E como viveremos enquanto isto? Isto é uma mentira - seja forte, homem! Deseje e aproveite todas as coisas do sentido e êxtase: não tema que Deus algum irá te negar por isto.
Nota da casa: Trechos coletados e traduzidos do texto de Roger Dearnaley, "The influence of Aleister Crowley on Wicca"

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