Texto de Lynna Landstreet.
Durante meus 13 anos na Arte, e particularmente nos últimos dois anos em que comecei a aceitar aprendizes, notei um certo número de peculiaridades entre muitos dos membros mais jovens e recém-entrados na comunidade Pagã. Peculiaridades que vão de mais ou menos irritantes a tremendamente nojentas. Muitos desses problemas caem na categoria de Atitude com A maiúsculo.
Antes de avançar, devo dizer que tenho certeza de ter sido culpada das mesmas coisas em meus primeiros anos na Arte. Encaremos o fato, nós todos fomos. Aliás, aqueles de nós que classificam as atitudes atuais como “nouveau witch” – emperequetar-se todo em preto e com cristais, ankas e pentagramas pendurados em todas as partes concebíveis do corpo; insistir em informar a todos, do motorista de táxi à garçonete da birosca que é um bruxo; ou demonstrar seus recém-descobertos Grandes Poderes Psíquicos traçando pentagramas de invocação para convocar um ônibus atrasado ou ficar analisando em voz muito alta a aura dos outros na rua – costumavam ser os piores quando éramos jovens. Não estou dizendo que todo wiccaniano experiente seja necessariamente um perfeito anjo (desculpem a metáfora judaico-cristã). Ainda que muitos de nós superem esses hábitos tediosos com o tempo, ocasionalmente um ou mais deles permanecem. E, acreditem-me, é muito mais fácil livrar-se deles quando se é novo do que lidar com eles depois que se tornam hábitos estabelecidos.
Bem, tendo isso em mente, ofereço os seguintes Exercícios de Reconhecimento e Ajuste de Atitude:
ATITUDE #1:“Olhe para mim, sou uma Bruxa!”
Descrição:Se você está lendo no Metrô um livro sobre a Arte, faz questão de segurá-lo de forma a que todos possam ver o título? Quantos adereços você usa normalmente são específica e obviamente ligados ao ocultismo? Você se pilha falando ininterruptamente sobre a Arte, especialmente na presença de não-pagãos? todas as pessoas que você conhece sabem que você é wiccaniano? Ficam sabendo cinco minutos após te conhecerem?
Ajuste: Não estou dizendo para voltarmos para o “armário de vassouras”, mas pense em como se sentiria se trabalhasse com um cristão renascido que não conseguisse parar de falar em Jesus. Ficaria entediado rapidamente, não? Falar ininterruptamente sobre a Arte para não-pagãos provavelmente vai apenas encher a paciência deles, além de dar a impressão que somos todos fanáticos religiosos obsessivos.
Primeiro, esteja ciente do problema. Cada vez que se perceber falando da Arte em meios não-pagãos, preste atenção e pense a respeito. Era realmente necessário dizer o que disse? Se não, qual seu verdadeiro motivo? Você apenas está habituado a falar livremente por andar com outros pagãos? Ou, talvez, culpado de tentar ostentar um pouquinho para afugentar a hesitação? Não se preocupe, todos nós fazemos isso de vez em quando. O importante é saber quando está fazendo, de forma a poder lidar com isso.
Estabeleça para si mesmo o desafio de pensar antes de falar sempre. Pergunte a si mesmo: eles precisam saber disso? Se não, por que estou dizendo? Tente perceber como parece/soa para os outros. Lembre-se do que nós freqüentemente falamos sobre os fundamentalistas: qualquer um que esteja genuinamente seguro de em paz com a própria fé não tem a necessidade em enfiá-la na garganta dos outros o tempo todo. Não significa não mencionar nunca – apenas lembre, moderação em tudo.
Lembre-se dos tradicionais quatro poderes do ocultista: saber, ousar, querer e calar. Trabalhe nisso!
ATITUDE #2:Vivendo uma Vida Mágica – 24 Horas por Dia!
Descrição:É parente próximo da atitude número 1: é um outro meio de garantir que o mundo todo saiba que você é pagão, mas dessa vez com ações em vez de palavras. Você está sempre fazendo pequenos atos de magia a cada cinco minutos? E garantindo que todos saibam o que está fazendo?
Ajuste: Antes de mais nada, esteja atento, como no número 1. pense antes de agir. É necessário? Não existe um meio mais fácil e não-mágico de fazer o que quer? Quais são os seus verdadeiros motivos para fazer mágica neste momento e na frente desta platéia? Mais uma vez não estou dizendo para nunca fazê-lo – uma das melhores coisas da Arte é que ela pode e deve ser vivida o tempo todo. Mas seja discreto. Se quer praticar a leitura de auras dentro do ônibus, vá em frente, mas você não precisa apregoar os resultados conforme os atinge. Há milhões de pequenas maneiras de fazer de sua religião e sua arte parte de seu dia-a-dia sem precisar se exibir. Tente estar ciente de seus motivos. Pratique usando sua Arte de formas que não sejam óbvias. Leia novamente os comentários do número 1.
ATITUDE #3:Guerras de Bruxas
Descrição:Alguns dizem que a fofoca é o segundo passatempo favorito da comunidade pagã (perdendo para a síndrome de Pega – colecionar objetos brilhantes); outros afirmam que, se tiver que escolher entre conseguir um novo badulaque e saber alguma sujeira sobre alguém que mal conhece, a maioria dos pagãos vai sempre escolher a fofoca.
Vale dizer que isso é provavelmente natural. Pegue um grupo de pessoas – de qualquer tipo – e a primeira coisa da qual elas vão falar é, adivinhe, das outras pessoas. Entretanto, há uma sutil diferença entre o disse-me-disse inevitável de uma comunidade e a fofoca genuinamente maliciosa. Se você não tem certeza da diferença, pergunte-se: Eu diria isso na cara pessoa a que se refere? Diria isso para alguém que sei ser amigo dela? Se não, por que estou dizendo por trás?
Mais ainda: pergunte-se se você realmente tem certeza de que o que está dizendo é verdade, ou se apenas ouviu de alguém que ouviu de alguém que ouviu de alguém etc. E mesmo se você souber que é verdade, é realmente necessário espalhar essa verdade? As pessoas às quais você está falando têm alguma necessidade de saber o que você está contando, além da curiosidade?
Ajuste: Parecido com a número 1. Pense antes de falar. E lembre-se dos quatro poderes, especialmente o primeiro e o quarto.
Não, não, não repita qualquer fofoca a respeito de outra pessoa, por mais deliciosa que seja, senão estiver absolutamente certo dos fatos. Não presuma que qualquer pessoa seja uma fonte infalível de informação, não importa o grau, tradição ou nível de respeito dentro da comunidade. Sacerdotes são humanos, como qualquer um.
Há pelo menos dois lados de cada história, e geralmente mais. Não suponha que você entende uma situação com base no relato de uma pessoa, principalmente se não conhecer todos os envolvidos. Se você ouve histórias horríveis de um lado de um conflito, de qualquer espécie, por que não procurar a outra pessoa e pedir a ela que conte seu lado da história? Você ficará surpreso ao perceber como a mesma situação parece diferente quando vista de duas perspectivas.
E mesmo se você estiver certo o bastante de que conhece os fatos, pense um pouco se é realmente necessário dizer o que sabe. Fofoca, disse-me-disse e “Guerras de Bruxas” pouco fazem para fortalecer uma comunidade. Elas não estão, para dizer de forma gentil, em sintonia com os princípios de perfeito amor e perfeita confiança.
Se você acha que alguém representa uma verdadeira ameaça à comunidade ou que está acontecendo algo de que as pessoas devem estar informadas, conte aos outros (supondo, claro, que você tem certeza de que é verdade). Mas no caso de fofoca inútil, ou você-não-sabe-da-última, deixe para lá. Lembre-se que são necessários dois para fazer fofoca – o que fala e o que ouve. Se alguém começar a falar algo que viole os princípios acima, você não precisa ouvir. Você sempre pode dizer “Eu preciso ouvir isso?”ou “Se você tem um problema com fulana, por que não fala com ela em vez de falar comigo?” ou o que achar melhor.
Esse é um dos hábitos mais difíceis de romper, e todos nós incorremos nele de vez em quando, mas é um dos maiores problemas em nossa comunidade, logo, vale o esforço.
ATITUDE #4:Eu sou o bom!
Descrição:Todo mundo tem algo a ensinar e algo a aprender, algo em que é bom e algo em que não é tão bom assim. Mas você vai descobrir que é mais vantajoso – e as pessoas vão descobrir que é mais fácil de lidar – se você evitar se vangloriar constantemente de tudo em que é bom ou que pensa saber mais que os outros, e se concentrar mais em aprender com os outros e melhorar nas suas fraquezas, em vez de fazer quem todos saibam de seus pontos fortes.
Por um motivo, se você é como a maioria das pessoas, provavelmente não sabe tanto quanto pensa. Uma das primeiras coisas que aprendi após minha iniciação como Sacerdotisa é que há muito mais coisas aí que eu não sei mais coisas do que eu sei. O aprendizado nunca termina. Cada iniciação, cada conquista, é um novo início e, principalmente se você ainda está em seus primeiros tempos na Arte, vale mais aprender que ensinar, que dar conselhos que ninguém pediu ou jactar-se do que aprendeu até agora.
Confiança excessiva também pode ser perigosa, levando-o a tentar coisas que realmente não sabe como fazer. Um pouco de conhecimento é uma coisa perigosa. Eu não enfadá-los detalhando de todo exorcismo mal feito de que ouvi falar, ou dos revezes psíquicos e feitiços fracassados que eu mesma encarei, ou do caso do regressionista a vidas passadas que acabou falando com quatro vozes diferentes numa cela acolchoada no Pinel. Basta dizer que o poder da magia é real, assim como são os perigos. Na dúvida, não tente.
Ajuste: Tente contar o número de vezes durante um dia típico em que você diz frases que começam com “eu”, especialmente “eu posso...”, “eu sei...”, “eu sou realmente bom em...”, “eu sei como...” etc. E tente diminuir esse total. Pense: a pessoa com quem estou falando realmente precisa saber isso? Sou realmente o especialista que penso ser? Essa pessoa tem algo a me ensinar, algo que ela sabe mais do que eu? O que eu posso aprender com eles? Até um idiota tem algo a ensinar. Lembre-se da frase da Rede Wiccaniana, de Doreen Valiente: “Fale pouco, ouça muito”. Pratique isso.
E se você estiver pensando em fazer qualquer tipo de trabalho mágico que nunca fez antes, peça conselho a alguém que já fez. Se lhe disserem que você ainda não está pronto, ouça. Aprender a arte não é uma corrida. Não é ser o primeiro da turma a fazer esse ou aquele feitiço ou dominar esse ou aquele talento. Preste atenção ao que Starhawk chama de “trabalho básico de magia” e tenha certeza que você o aprendeu antes de tentar brincar com fogos de artifício. Ou, em outras palavras, não tente correr enquanto não tiver dominado completamente a arte de andar.
ATITUDE #5:Não é simplesmente uma boa idéia – É a Lei!
Descrição:Você considera cada palavra do seu professor como uma Escritura Sagrada? Ela não faz nada que te pareça errado? Você pede conselho a ele todas as vezes que precisa tomar uma decisão, não importa o quão trivial? Você acha que as práticas da sua tradição estão gravadas na pedra e fica horrorizado se vê alguém agindo de outra forma? Você tem o hábito de sair proclamando aos quatro ventos que qualquer um que te irrite está violando a Lei da Arte? Você censura abertamente os recém-chegados no círculo e sai apontando em voz alta todas as peças de vestuário ou ornamentos que ele não deveria usar na sua tradição?
Ajuste: Relaxe, porra! Respire fundo. Solte esses músculos anais. Tome uma pílula de ervas para os nervos – aliás, tome três. Então encare os seguintes princípios: Seu professor não é perfeito. você não é perfeito. ninguém é perfeito. Sua tradição não é a única que existe. “A lei foi feita para guiar, não para atar.” O céu provavelmente não vai cair porque alguém está no círculo usando uma vestimenta de US$ 5 comprada de um camelô e que poderia parecer muito uma vestimenta sacerdotal da sua tradição se vista à luz de velas através de uma pesada fumaça de incenso por alguém com visão 20/200.
Agora, pode-se argumentar que esse problema de atitude pode, pelo menos para iniciantes, ser menos daninho que seu oposto, a visão eu-posso-tudo citada acima. E é certamente melhor ter uma consciência superdesenvolvida que uma subdesenvolvida. Mas os danos não devem ser subestimados. Alguém que precisa o tempo todo que lhe digam o que fazer e que se agarra à forma da Lei a ponto de ignorar seu espírito carece seriamente de intuição, confiança e capacidade de julgamento.
Cedo ou tarde sua professora não vai estar por perto quando você precisar. Ou não haverá uma lei que se aplique a uma determinada situação em que você se encontre (na verdade, provavelmente não há – ouço um monte de gente com esse problema afirmar que várias coisas são “contra as Leis da Arte” que não são abordadas em nenhuma versão das Leis que eu conheça). Quando isso acontecer, você vai ter que aprender a fazer algo que é mais difícil quanto mais tarde começar. Isso mesmo, você vai ter que aprender a pensar por si mesmo.
Falando apropriadamente, “fundamentalista pagão” deveria ser uma contradição de termos. A Arte sempre deu muito valor à consciência individual, à intuição e ao “livre exercício da sabedoria”. Somos, em última análise, responsáveis por nossas consciências perante os Deuses, e não os vejo segurando um livro de regras numa mão e fichas na outra, marcando ansiosamente cada suposta ofensa como se fossam faltas numa prova de direção.
Certamente não estou sugerindo que você vá ao outro extremo e abrace o enfoque vale-tudo, deixa-rolar e você-cria-sua-própria-realidade adotado pelas tradições mais “Californizadas”. A Lei – em todas as suas numerosas variações – existe por um motivo: fornecer uma base firme em ética, costumes e visão de mundo wiccaniana. Se você decidiu estudar com um professor, deve respeitar sua autoridade. Mas isso não significa abdicar de sua capacidade de pensamento crítico.
Da mesma forma, qualquer que seja a tradição com a qual trabalhe, presumivelmente você está nela porque sente que é a ideal para você. Mas isso não significa que seja a ideal para todos. Não fique se agarrando a tecnicalidades – olhe, em vez disso, para as idéias básicas e para as intenções que sublinham as práticas mágicas e espirituais, e você provavelmente verá que diversas tradições da Arte têm mais em comum do que pensa.
E por favor, por favor, resista à tentação de agir feito um sargentão sempre que vir alguém fazer algo que considere errado. O ritual inteiro não vai fracassar só porque algum novato deu dois passos no sentido anti-horário ou não olhou para o quadrante certo na hora certa, ou esqueceu de tirar o relógio, ou que for. Relaxe. Se você acha que deve falar com ele, fale – de forma educada e respeitosa e, se possível, após o ritual. Se você fica entrando em pânico por qualquer errinho, vai se estressar à toa e afastar as outras pessoas. Não sue por coisas pequenas. Não vale a pena.
De qualquer maneira, aqui terminam a lista dos problemas de atitude que vêm na cabeça no momento. Eu tenho certeza que existem mais, mas isto terá que esperar pelos próximos artigos. Enquanto isso, se esse texto salvar a sanidade mental de alguém, valerá bem o papel (reciclado) em que foi impresso.
original:http://www.wildideas.net/temple/library/attitude.html
Durante meus 13 anos na Arte, e particularmente nos últimos dois anos em que comecei a aceitar aprendizes, notei um certo número de peculiaridades entre muitos dos membros mais jovens e recém-entrados na comunidade Pagã. Peculiaridades que vão de mais ou menos irritantes a tremendamente nojentas. Muitos desses problemas caem na categoria de Atitude com A maiúsculo.
Antes de avançar, devo dizer que tenho certeza de ter sido culpada das mesmas coisas em meus primeiros anos na Arte. Encaremos o fato, nós todos fomos. Aliás, aqueles de nós que classificam as atitudes atuais como “nouveau witch” – emperequetar-se todo em preto e com cristais, ankas e pentagramas pendurados em todas as partes concebíveis do corpo; insistir em informar a todos, do motorista de táxi à garçonete da birosca que é um bruxo; ou demonstrar seus recém-descobertos Grandes Poderes Psíquicos traçando pentagramas de invocação para convocar um ônibus atrasado ou ficar analisando em voz muito alta a aura dos outros na rua – costumavam ser os piores quando éramos jovens. Não estou dizendo que todo wiccaniano experiente seja necessariamente um perfeito anjo (desculpem a metáfora judaico-cristã). Ainda que muitos de nós superem esses hábitos tediosos com o tempo, ocasionalmente um ou mais deles permanecem. E, acreditem-me, é muito mais fácil livrar-se deles quando se é novo do que lidar com eles depois que se tornam hábitos estabelecidos.
Bem, tendo isso em mente, ofereço os seguintes Exercícios de Reconhecimento e Ajuste de Atitude:
ATITUDE #1:“Olhe para mim, sou uma Bruxa!”
Descrição:Se você está lendo no Metrô um livro sobre a Arte, faz questão de segurá-lo de forma a que todos possam ver o título? Quantos adereços você usa normalmente são específica e obviamente ligados ao ocultismo? Você se pilha falando ininterruptamente sobre a Arte, especialmente na presença de não-pagãos? todas as pessoas que você conhece sabem que você é wiccaniano? Ficam sabendo cinco minutos após te conhecerem?
Ajuste: Não estou dizendo para voltarmos para o “armário de vassouras”, mas pense em como se sentiria se trabalhasse com um cristão renascido que não conseguisse parar de falar em Jesus. Ficaria entediado rapidamente, não? Falar ininterruptamente sobre a Arte para não-pagãos provavelmente vai apenas encher a paciência deles, além de dar a impressão que somos todos fanáticos religiosos obsessivos.
Primeiro, esteja ciente do problema. Cada vez que se perceber falando da Arte em meios não-pagãos, preste atenção e pense a respeito. Era realmente necessário dizer o que disse? Se não, qual seu verdadeiro motivo? Você apenas está habituado a falar livremente por andar com outros pagãos? Ou, talvez, culpado de tentar ostentar um pouquinho para afugentar a hesitação? Não se preocupe, todos nós fazemos isso de vez em quando. O importante é saber quando está fazendo, de forma a poder lidar com isso.
Estabeleça para si mesmo o desafio de pensar antes de falar sempre. Pergunte a si mesmo: eles precisam saber disso? Se não, por que estou dizendo? Tente perceber como parece/soa para os outros. Lembre-se do que nós freqüentemente falamos sobre os fundamentalistas: qualquer um que esteja genuinamente seguro de em paz com a própria fé não tem a necessidade em enfiá-la na garganta dos outros o tempo todo. Não significa não mencionar nunca – apenas lembre, moderação em tudo.
Lembre-se dos tradicionais quatro poderes do ocultista: saber, ousar, querer e calar. Trabalhe nisso!
ATITUDE #2:Vivendo uma Vida Mágica – 24 Horas por Dia!
Descrição:É parente próximo da atitude número 1: é um outro meio de garantir que o mundo todo saiba que você é pagão, mas dessa vez com ações em vez de palavras. Você está sempre fazendo pequenos atos de magia a cada cinco minutos? E garantindo que todos saibam o que está fazendo?
Ajuste: Antes de mais nada, esteja atento, como no número 1. pense antes de agir. É necessário? Não existe um meio mais fácil e não-mágico de fazer o que quer? Quais são os seus verdadeiros motivos para fazer mágica neste momento e na frente desta platéia? Mais uma vez não estou dizendo para nunca fazê-lo – uma das melhores coisas da Arte é que ela pode e deve ser vivida o tempo todo. Mas seja discreto. Se quer praticar a leitura de auras dentro do ônibus, vá em frente, mas você não precisa apregoar os resultados conforme os atinge. Há milhões de pequenas maneiras de fazer de sua religião e sua arte parte de seu dia-a-dia sem precisar se exibir. Tente estar ciente de seus motivos. Pratique usando sua Arte de formas que não sejam óbvias. Leia novamente os comentários do número 1.
ATITUDE #3:Guerras de Bruxas
Descrição:Alguns dizem que a fofoca é o segundo passatempo favorito da comunidade pagã (perdendo para a síndrome de Pega – colecionar objetos brilhantes); outros afirmam que, se tiver que escolher entre conseguir um novo badulaque e saber alguma sujeira sobre alguém que mal conhece, a maioria dos pagãos vai sempre escolher a fofoca.
Vale dizer que isso é provavelmente natural. Pegue um grupo de pessoas – de qualquer tipo – e a primeira coisa da qual elas vão falar é, adivinhe, das outras pessoas. Entretanto, há uma sutil diferença entre o disse-me-disse inevitável de uma comunidade e a fofoca genuinamente maliciosa. Se você não tem certeza da diferença, pergunte-se: Eu diria isso na cara pessoa a que se refere? Diria isso para alguém que sei ser amigo dela? Se não, por que estou dizendo por trás?
Mais ainda: pergunte-se se você realmente tem certeza de que o que está dizendo é verdade, ou se apenas ouviu de alguém que ouviu de alguém que ouviu de alguém etc. E mesmo se você souber que é verdade, é realmente necessário espalhar essa verdade? As pessoas às quais você está falando têm alguma necessidade de saber o que você está contando, além da curiosidade?
Ajuste: Parecido com a número 1. Pense antes de falar. E lembre-se dos quatro poderes, especialmente o primeiro e o quarto.
Não, não, não repita qualquer fofoca a respeito de outra pessoa, por mais deliciosa que seja, senão estiver absolutamente certo dos fatos. Não presuma que qualquer pessoa seja uma fonte infalível de informação, não importa o grau, tradição ou nível de respeito dentro da comunidade. Sacerdotes são humanos, como qualquer um.
Há pelo menos dois lados de cada história, e geralmente mais. Não suponha que você entende uma situação com base no relato de uma pessoa, principalmente se não conhecer todos os envolvidos. Se você ouve histórias horríveis de um lado de um conflito, de qualquer espécie, por que não procurar a outra pessoa e pedir a ela que conte seu lado da história? Você ficará surpreso ao perceber como a mesma situação parece diferente quando vista de duas perspectivas.
E mesmo se você estiver certo o bastante de que conhece os fatos, pense um pouco se é realmente necessário dizer o que sabe. Fofoca, disse-me-disse e “Guerras de Bruxas” pouco fazem para fortalecer uma comunidade. Elas não estão, para dizer de forma gentil, em sintonia com os princípios de perfeito amor e perfeita confiança.
Se você acha que alguém representa uma verdadeira ameaça à comunidade ou que está acontecendo algo de que as pessoas devem estar informadas, conte aos outros (supondo, claro, que você tem certeza de que é verdade). Mas no caso de fofoca inútil, ou você-não-sabe-da-última, deixe para lá. Lembre-se que são necessários dois para fazer fofoca – o que fala e o que ouve. Se alguém começar a falar algo que viole os princípios acima, você não precisa ouvir. Você sempre pode dizer “Eu preciso ouvir isso?”ou “Se você tem um problema com fulana, por que não fala com ela em vez de falar comigo?” ou o que achar melhor.
Esse é um dos hábitos mais difíceis de romper, e todos nós incorremos nele de vez em quando, mas é um dos maiores problemas em nossa comunidade, logo, vale o esforço.
ATITUDE #4:Eu sou o bom!
Descrição:Todo mundo tem algo a ensinar e algo a aprender, algo em que é bom e algo em que não é tão bom assim. Mas você vai descobrir que é mais vantajoso – e as pessoas vão descobrir que é mais fácil de lidar – se você evitar se vangloriar constantemente de tudo em que é bom ou que pensa saber mais que os outros, e se concentrar mais em aprender com os outros e melhorar nas suas fraquezas, em vez de fazer quem todos saibam de seus pontos fortes.
Por um motivo, se você é como a maioria das pessoas, provavelmente não sabe tanto quanto pensa. Uma das primeiras coisas que aprendi após minha iniciação como Sacerdotisa é que há muito mais coisas aí que eu não sei mais coisas do que eu sei. O aprendizado nunca termina. Cada iniciação, cada conquista, é um novo início e, principalmente se você ainda está em seus primeiros tempos na Arte, vale mais aprender que ensinar, que dar conselhos que ninguém pediu ou jactar-se do que aprendeu até agora.
Confiança excessiva também pode ser perigosa, levando-o a tentar coisas que realmente não sabe como fazer. Um pouco de conhecimento é uma coisa perigosa. Eu não enfadá-los detalhando de todo exorcismo mal feito de que ouvi falar, ou dos revezes psíquicos e feitiços fracassados que eu mesma encarei, ou do caso do regressionista a vidas passadas que acabou falando com quatro vozes diferentes numa cela acolchoada no Pinel. Basta dizer que o poder da magia é real, assim como são os perigos. Na dúvida, não tente.
Ajuste: Tente contar o número de vezes durante um dia típico em que você diz frases que começam com “eu”, especialmente “eu posso...”, “eu sei...”, “eu sou realmente bom em...”, “eu sei como...” etc. E tente diminuir esse total. Pense: a pessoa com quem estou falando realmente precisa saber isso? Sou realmente o especialista que penso ser? Essa pessoa tem algo a me ensinar, algo que ela sabe mais do que eu? O que eu posso aprender com eles? Até um idiota tem algo a ensinar. Lembre-se da frase da Rede Wiccaniana, de Doreen Valiente: “Fale pouco, ouça muito”. Pratique isso.
E se você estiver pensando em fazer qualquer tipo de trabalho mágico que nunca fez antes, peça conselho a alguém que já fez. Se lhe disserem que você ainda não está pronto, ouça. Aprender a arte não é uma corrida. Não é ser o primeiro da turma a fazer esse ou aquele feitiço ou dominar esse ou aquele talento. Preste atenção ao que Starhawk chama de “trabalho básico de magia” e tenha certeza que você o aprendeu antes de tentar brincar com fogos de artifício. Ou, em outras palavras, não tente correr enquanto não tiver dominado completamente a arte de andar.
ATITUDE #5:Não é simplesmente uma boa idéia – É a Lei!
Descrição:Você considera cada palavra do seu professor como uma Escritura Sagrada? Ela não faz nada que te pareça errado? Você pede conselho a ele todas as vezes que precisa tomar uma decisão, não importa o quão trivial? Você acha que as práticas da sua tradição estão gravadas na pedra e fica horrorizado se vê alguém agindo de outra forma? Você tem o hábito de sair proclamando aos quatro ventos que qualquer um que te irrite está violando a Lei da Arte? Você censura abertamente os recém-chegados no círculo e sai apontando em voz alta todas as peças de vestuário ou ornamentos que ele não deveria usar na sua tradição?
Ajuste: Relaxe, porra! Respire fundo. Solte esses músculos anais. Tome uma pílula de ervas para os nervos – aliás, tome três. Então encare os seguintes princípios: Seu professor não é perfeito. você não é perfeito. ninguém é perfeito. Sua tradição não é a única que existe. “A lei foi feita para guiar, não para atar.” O céu provavelmente não vai cair porque alguém está no círculo usando uma vestimenta de US$ 5 comprada de um camelô e que poderia parecer muito uma vestimenta sacerdotal da sua tradição se vista à luz de velas através de uma pesada fumaça de incenso por alguém com visão 20/200.
Agora, pode-se argumentar que esse problema de atitude pode, pelo menos para iniciantes, ser menos daninho que seu oposto, a visão eu-posso-tudo citada acima. E é certamente melhor ter uma consciência superdesenvolvida que uma subdesenvolvida. Mas os danos não devem ser subestimados. Alguém que precisa o tempo todo que lhe digam o que fazer e que se agarra à forma da Lei a ponto de ignorar seu espírito carece seriamente de intuição, confiança e capacidade de julgamento.
Cedo ou tarde sua professora não vai estar por perto quando você precisar. Ou não haverá uma lei que se aplique a uma determinada situação em que você se encontre (na verdade, provavelmente não há – ouço um monte de gente com esse problema afirmar que várias coisas são “contra as Leis da Arte” que não são abordadas em nenhuma versão das Leis que eu conheça). Quando isso acontecer, você vai ter que aprender a fazer algo que é mais difícil quanto mais tarde começar. Isso mesmo, você vai ter que aprender a pensar por si mesmo.
Falando apropriadamente, “fundamentalista pagão” deveria ser uma contradição de termos. A Arte sempre deu muito valor à consciência individual, à intuição e ao “livre exercício da sabedoria”. Somos, em última análise, responsáveis por nossas consciências perante os Deuses, e não os vejo segurando um livro de regras numa mão e fichas na outra, marcando ansiosamente cada suposta ofensa como se fossam faltas numa prova de direção.
Certamente não estou sugerindo que você vá ao outro extremo e abrace o enfoque vale-tudo, deixa-rolar e você-cria-sua-própria-realidade adotado pelas tradições mais “Californizadas”. A Lei – em todas as suas numerosas variações – existe por um motivo: fornecer uma base firme em ética, costumes e visão de mundo wiccaniana. Se você decidiu estudar com um professor, deve respeitar sua autoridade. Mas isso não significa abdicar de sua capacidade de pensamento crítico.
Da mesma forma, qualquer que seja a tradição com a qual trabalhe, presumivelmente você está nela porque sente que é a ideal para você. Mas isso não significa que seja a ideal para todos. Não fique se agarrando a tecnicalidades – olhe, em vez disso, para as idéias básicas e para as intenções que sublinham as práticas mágicas e espirituais, e você provavelmente verá que diversas tradições da Arte têm mais em comum do que pensa.
E por favor, por favor, resista à tentação de agir feito um sargentão sempre que vir alguém fazer algo que considere errado. O ritual inteiro não vai fracassar só porque algum novato deu dois passos no sentido anti-horário ou não olhou para o quadrante certo na hora certa, ou esqueceu de tirar o relógio, ou que for. Relaxe. Se você acha que deve falar com ele, fale – de forma educada e respeitosa e, se possível, após o ritual. Se você fica entrando em pânico por qualquer errinho, vai se estressar à toa e afastar as outras pessoas. Não sue por coisas pequenas. Não vale a pena.
De qualquer maneira, aqui terminam a lista dos problemas de atitude que vêm na cabeça no momento. Eu tenho certeza que existem mais, mas isto terá que esperar pelos próximos artigos. Enquanto isso, se esse texto salvar a sanidade mental de alguém, valerá bem o papel (reciclado) em que foi impresso.
original:http://www.wildideas.net/temple/library/attitude.html
Um comentário:
A essa altura do campeonato, o dileto visitante deve pensar: "por que o Beto não segue os conselhos que publica?"
Talvez porque eu sou "ordinário" ou porque simplesmente eu me recuso a seguir padrões de comportamento - algo que a autora deve ter omitido: um pagão, bruxo e wiccano não precisa ser um modelo ou exemplo de comportamento para os outros.
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