O homem, fazendo parte da criação, só pode conceber ou conhecer os aspectos múltiplos da divindade. O monoteísmo é uma aberração do ponto de vista da experiência espiritual. Oriundo de uma concepção cosmológica que resulta na idéia de uma causa primeira, ou melhor, de um dualismo primeiro, o monoteísmo não se poderia aplicar à realidade da experiência religiosa. Não se poderia comunicar com a causa primeira do universo, além das galáxias, para receber instruções pessoais de ordem prática.
A simplificação monoteísta parece ter-se originado de uma concepção religiosa de nômades, surgida entre povos que procuram se afirmar, justificar sua ocupação de territórios e conquistas. O Deus é concebido à imagem do homem. Deus é reduzido ao papel de um guia que acompanha a tribo em suas migrações, dá instruções pessoais a seu chefe. Só se interessa pelo homem e, entre os homens, pelo grupo dos 'eleitos'. Ele torna-se um pretexto fácil para a conquista, para o genocídio, para a destruição da ordem natural, como podemos observar ao longo da história. Na origem, não exclui os deuses das outras tribos, os 'falsos deuses', mas apenas para opor-se a eles, destruí-los, impor sua dominação e a de 'seu povo'.
Foram os supostos 'profetas', que pretendem comunicar-se diretamente com um Deus pessoal e único, ditando regras de conduta que, na verdade, não passam de convenções sociais e não tem nada a ver com a religião ou com o domínio espiritual, os principais artífices dos desvios do mundo moderno. O monoteísmo é contrário à experiência religiosa dos homens; não é um desenvolvimento natural, mas uma simplificação imposta. A noção de um deus que, tendo criado o mundo, aguardaria milhões de anos para ensinar aos homens, com um atraso difícil de desculpar, a via da salvação, é evidentemente um absurdo.
A impertinência e o orgulho com que os 'crentes' atribuem a 'deus' seus preconceitos sociais, alimentares, sexuais - que, aliás, variam de uma religião a outra - seriam cômicos se não resultassem inevitavelmente em formas de tirania, de caráter puramente temporal. A obrigação de conformar-se com crenças e modos de ação arbitrários é um meio de aviltar e submeter a personalidade do indivíduo, do qual todas as tiranias, sejam elas religiosas ou políticas, sabem se servir-se muito bem.
Autor: Alan Danielou. Citado do livro: Shiva e Dioniso, pg 202-204.
A simplificação monoteísta parece ter-se originado de uma concepção religiosa de nômades, surgida entre povos que procuram se afirmar, justificar sua ocupação de territórios e conquistas. O Deus é concebido à imagem do homem. Deus é reduzido ao papel de um guia que acompanha a tribo em suas migrações, dá instruções pessoais a seu chefe. Só se interessa pelo homem e, entre os homens, pelo grupo dos 'eleitos'. Ele torna-se um pretexto fácil para a conquista, para o genocídio, para a destruição da ordem natural, como podemos observar ao longo da história. Na origem, não exclui os deuses das outras tribos, os 'falsos deuses', mas apenas para opor-se a eles, destruí-los, impor sua dominação e a de 'seu povo'.
Foram os supostos 'profetas', que pretendem comunicar-se diretamente com um Deus pessoal e único, ditando regras de conduta que, na verdade, não passam de convenções sociais e não tem nada a ver com a religião ou com o domínio espiritual, os principais artífices dos desvios do mundo moderno. O monoteísmo é contrário à experiência religiosa dos homens; não é um desenvolvimento natural, mas uma simplificação imposta. A noção de um deus que, tendo criado o mundo, aguardaria milhões de anos para ensinar aos homens, com um atraso difícil de desculpar, a via da salvação, é evidentemente um absurdo.
A impertinência e o orgulho com que os 'crentes' atribuem a 'deus' seus preconceitos sociais, alimentares, sexuais - que, aliás, variam de uma religião a outra - seriam cômicos se não resultassem inevitavelmente em formas de tirania, de caráter puramente temporal. A obrigação de conformar-se com crenças e modos de ação arbitrários é um meio de aviltar e submeter a personalidade do indivíduo, do qual todas as tiranias, sejam elas religiosas ou políticas, sabem se servir-se muito bem.
Autor: Alan Danielou. Citado do livro: Shiva e Dioniso, pg 202-204.
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