Segunda semana, a ressaca eleitoral persiste e o chamado terceiro turno promete nos perturbar por muitos anos.
Eu disse em algum lugar que Bolsonaro não era o problema, mas o sintoma, afinal, foram 58 milhões de votos no segundo turno.
Os jornais que eu consulto dizem que se sabe quem são os mandantes e financiadores das manifestações antidemocráticas. Em qualquer país sério, esses empresários estariam presos por traição à pátria e, a condenação nesses casos, é o fuzilamento.
Aqui ocorreu o inconcebível: o Exército pressionou para realizar a "auditoria das urnas", algo que não é da competência desse poder e, diga-se de passagem, não dão conta do controle do posse e porte de arma (que é competência destes), só em um país ridículo (subdesenvolvido) aconteceria tal absurdo.
Analistas e articulistas ainda esgrimam em tentar entender e explicar como e porque o brasileiro faz manifestações pedindo por intervenção militar. Isso aconteceu em 1964 e, sejamos sinceros, a maior falha dos "governos de esquerda" quando capitanearam nossa república tupiniquim foi a de não ter dado a devida atenção ao ensino público. O brasileiro médio comum foi mantido na mesma mentalidade e cultura semeada pela elite dominante que mantém esse "senso comum " entre o público de ser contra (ou avesso) à política.
Um exemplo dessa ideologia pode ser lido nesse texto:
Essa mentalidade de ser contra o patrão é de uma burrice estratosférica, mas é isso que a esquerda prega, lutar sempre contra quem dá empregos até o dia em que os empregos acabarem e o estado sem ter de onde arrecadar quebrar e jogar a todos na miséria absoluta.
Pensamento típico de um pequeno burguês cevado pela ignorância difundida por Olavo de Carvalho et caetera. Gente que mal terminou o segundo grau, nunca leu um livro de sociologia ou filosofia. Gente que espumaria pela boca se eu sugerisse que fosse estudar a teoria do capitalismo, sobre a detenção dos meios de produção, expropriação, exploração e alienação.
Esse é o resultado de uma doença e de uma loucura cultivada extensiva e insistentemente pela elite dominante, para se manterem no poder e garantir seu lucro, mesmo às custas de vidas inocentes.
Essa estratégia foi usada outras vezes, com resultados catastróficos. Cruzadas, Inquisição, as duas guerras mundiais, são fenômenos macroeconômicos dessa política. A violência policial e a desigualdade sistêmica são fenômenos microeconômicos dessa política.
Alienado de sua identidade classista e social, o brasileiro ignora o que nos torna iguais, acredita que os privilégios que desfrutam são naturais (merecidos) e, para mantê-los (ou ampliá-los), alegremente colabora (torna-se cúmplice) de seu dominador.
Eu quase sinto pena diante da frustração que essa massa de manobra expressou quando percebeu que foi abandonada pelo seu "capitão". O problema é que essa gente está convencida de que realmente está em uma missão sagrada e divina, quem os cultivou perderam o controle e isso é muito perigoso.
Aguardem as cenas dos próximos capítulos.
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