sábado, 18 de maio de 2024

Dia Internacional de Luta

Nesta sexta-feira, 17 de maio, é celebrado o Dia Internacional de Luta contra Homofobia,Transfobia e Bifobia, que tem como objetivo chamar atenção para o enfrentamento a essas formas de discriminação e violência. 

No dia, são realizadas atividades e manifestações com diversas temáticas em torno da comunidade LGBTQIAPN+ que possibilitam maior diálogo com a sociedade civil e o poder público.

A data remete a um acontecimento histórico, há 34 anos, quando a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a homossexualidade (que antes era chamada de "homossexualismo" porque o sufixo -ismo refere-se à doença na medicina) da lista de enfermidades.

A medida se tornou um marco significativo, uma vez que a maior organização de saúde do mundo reforçava que ser LGBTQIAPN+ não era uma doença e que não precisava de cura.

Como conceito, a data surgiu em 2004 e começou a ser celebrada um ano depois por meio de uma campanha liderada por organizações LGBTQIAPN+, como a Associação Internacional de Gays e Lésbicas (ILGA), a Comissão Internacional de Direitos Humanos de Gays e Lésbicas (IGLHRC), o Congresso Mundial de Judeus LGBT e a Coalizão de Lésbicas Africanas.

Essas entidades assinaram a criação da iniciativa IDAHO (Dia Internacional contra a Homofobia, em português). A partir dali, diversos países começaram a celebrar a data no dia 17 de maio em referência à ação da OMS.

Em 2009, a transfobia foi incluída no nome da data. Naquele ano, as ações da iniciativa ficaram concentradas na luta contra a discriminação e violência contra a população trans. Um manifesto foi lançado pelas organizações LGBTQIAPN+ e apoiado por mais de 300 ONGs de 75 países. Na véspera da data, a França se tornou o primeiro país a retirar a transexualidade da lista de doenças mentais.

Já em 2015, a bifobia foi adicionada ao nome da campanha.

No Brasil, a data foi instituída oficialmente no dia 4 de junho de 2010 pelo presidente Lula.

Atualmente, mais de 60 países ainda criminalizam a população LGBTQIAPN+. Dentre eles, 11 punem com pena de morte.a relação entre pessoas do mesmo sexo, de acordo com organizações de direitos humanos.

Um relatório da ACNUR de novembro de 2018 mostrou que 89% dos estrangeiros que pediram refúgio no Brasil tiveram como razão a perseguição e violência por serem LGBTQIAPN+.

Apesar do Brasil não criminalizar legalmente pessoas LGBTQIAPN+ e ter políticas públicas voltadas à proteção e promoção de direitos dessa população, há um movimento liderado pela extrema direita e avançando pelo Legislativo que propõe uma série de violações contra os direitos da comunidade.

Uma delas, por exemplo, é a proibição do casamento homoafetivo, que é assegurado pela própria Constituição Federal desde 2011, quando o Supremo Tribunal Federal (STF) reconheceu a união homoafetiva. No entanto, parlamentares LGBTfóbicos aprovaram, na Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família da Câmara dos Deputados, um projeto que proíbe o casamento entre pessoas do mesmo sexo.

A data, então, é um momento em que se celebra os avanços da comunidade LGBTQIAPN+ mas também se reforça que ainda há muito o que se fazer para que os direitos dessa população sejam realmente assegurados, sem espaço para que sejam questionados e atacados.

Fonte: https://revistaforum.com.br/lgbt/2024/5/17/17-de-maio-dia-internacional-de-luta-contra-homofobia-transfobia-bifobia-entenda-origem-158945.html

Questão de direito

A Comissão de Direitos Humanos, Minorias e Igualdade Racial da Câmara dos Deputados debateu, nesta quarta-feira (15), a situação das políticas públicas voltadas à comunidade LGBTQIAPN+.

Presidida pela deputada Erika Kokay (PT-DF), a audiência pública contou com diversos representantes do poder Legislativo e de organizações da sociedade civil. O debate foi voltado às políticas públicas conquistadas pela comunidade LGBTQIAPN+ nos âmbitos estadual e federal, mas também aos antigos desafios que ainda não foram ultrapassados e aos novos colocados pela forte presença da extrema direita na Casa Lesgislativa.

Cláudio Nascimento e Rogério Sganzerla, ambos da Aliança Nacional LGBTI, apresentaram os resultados da última pesquisa do Programa Atena sobre a estrutura das políticas voltadas à comunidade LGBTQIAPN+ nos estados.

Os dados evidenciam que, apesar dos avanços, o chamado "tripé da cidadania", que engloba os órgãos gestores, conselhos e planos/programas, ainda se encontra muito longe de uma verdadeira efetivação. Sganzerla reforça que apesar de, às vezes, as políticas públicas existirem, elas não são colocadas em prática. Além disso, há uma falta de órgãos que supram a especificamente a questão LGBTQIAPN+.

"Apesar de avanços em algumas políticas nos estados, ainda estamos muito aquém do que é necessário para o enfrentamento da LGBTfobia e a promoção dos direitos", afirmou Sganzerla, que ressaltou que os os dados se colocam como ferramentas para as comunidades pressionarem por políticas públicas.

Nesse sentido, o procurador da República e coordenador do GT População LGBTQIA+ e Proteção de Direitos, Lucas Costa, chamou atenção para o avanço do fascimo e da extrema direita principalmente no espaço da Câmara dos Deputados, e como isso representa uma série de ataques e retrocessos aos direitos da população LGBTQIAPN+. Ele destacou a aprovação - inconstitucional - da proibição do casamento LGBT pela Comissão de Previdência, Assistência Social, Infância, Adolescência e Família em outubro do ano passado.

Por outro lado, Costa defendeu que também é preciso focar não somente na violência, mas justamente em políticas públicas que a combatam. Para ele, os dados do Programa Atena são uma "luz no fim do túnel" que podem fortalecer ações que tirem a comunidade LGBTQIAPN+ da invisibilidade.

Em relação a essa questão, o procurador sugeriu que o Brasil deveria seguir o exemplo de alguns países, como a Austrália, que fizeram um pedido oficial de desculpa à população LGBTQIAPN+ através do Congresso e das polícias. efeito simbólico; a população não vive só às margens, mas também está dentro desses espaços.

Ivan Ferreira, representante da Defensoria Pública da União, levou para o debate a questão da População LGBTQIAPN+ encarcerada, que necessita de programas específicos para garantir seus direitos. Muitas vezes, direitos básicos como acesso à saúde e higiene pessoal são privados. 

Nessa questão, a secretária estadual da Diversidade do Ceará, Mitchelle Meira, citou o exemplo do estado que possui sete unidades prisionais que recebem a população LGBTQIAPN+ e realizam ações para promoção de direitos dessas pessoas. Uma dessas unidades é a Unidade Prisional Irmã Imelda, referência nesse tema.

O deputado distrital Fábio Félix (PSOL) afirmou que, hoje, a população LGBTQIAPN+ representa um impasse dentro do Congresso Nacional e precisa enfrentar uma saga de ataques da extrema direita. "Somos um impasse porque hoje a população LGBTIAPN+ está no espaço púbico e está fora do armário no espaço público", afirmou. "Então eles estão num impasse porque não têm mais como negar a nossa cidadania, a não ser de forma descarada e violenta como muitas vezes fazem", acrescentou o deputado.

Para ele, a população LGBTQIAPN+ deve aproveitar o momento para avançar e não retroagir."Tudo que conquistamos é importante e agora nós queremos mais", declarou. "Queremos entrar no orçamento público com prioridade".

O professor e doutorando Victor Hugo Leite trouxe essa questão dos ataques da extrema direita para o contexto dos colégios. "O chão da escola tem crianças e adolescentes tendo seus direitos violados a todo o tempo e o resultado dessa LGBTfobia institucionalizada é a morte", declarou. "Hoje, nós trabalhamos com medo de exaltar a diversidade e de proclamar a isonomia de crianças LGBT+".

Leite reforçou que é preciso que os Três Poderes trabalhem na defesa dessas crianças para que casos de violência sejam tratados na base e não precisem virar caso do Supremo Tribunal Federal (STF).

A advogada e presidente da Comissão de Diversidade Sexual e de Gênero da OAB Nacional, Amanda Souto Baliza, destacou que a Aliança Nacional vem realizando um trabalho para processar os projetos LGBTfóbicos que tramitam no Congresso Nacional. Nesta terça-feira (14), a organização entrou com ações contra todas as leis que proíbem a linguagem neutra nos lugares educacionais.

Amanda também citou os projetos que proíbem pessoas trans de usarem banheiro no país. Hoje, há pelos menos 20 ações sobre esse tema.

"É um sofrimento você não ter acesso ao banheiro dentro da escola", disse a deputada Erika Kokay, que afirmou que as crianças trans estão adoecendo por terem o banheiro negado. "As crianças e adolescentes não bebem água e não se sentem no conforto para ir ao banheiro, o que é um direito absolutamente fundamental e básico que está sendo negado", declarou.

Ao final, os representantes reforçaram a importância de espaços como a audiência pública para debater estratégias para avançar nas políticas públicas da população LGBTQIAPN+. "É importante que avançemos em ações afirmativas para ter concretude para estabelecer patamares e fortalecer toda a luta contra a discriminação", finalizou a deputada Erika Kokay.

Fonte: https://revistaforum.com.br/lgbt/2024/5/16/comisso-discute-avanos-desafios-das-politicas-publicas-para-populao-lgbt-158940.html

Vivendo em Squaredom

Duas notícias mostram que não estamos preparados para a transição planetária.

Citando:

Em um mundo cada vez mais conectado, as fronteiras entre as nações se conectam no ciberespaço, possibilitando interações inusitadas. Recentemente, um episódio incomum mostrou essa realidade.

A norte-americana Ava Louise, que conta com mais de 400 mil seguidores no Instagram, mostrou seus seios para os irlandeses e forçou os organizadores a desligar o portal que une em tempo real as cidades de Nova York (EUA) e Dublin (Irlanda), inaugurado há uma semana.

A musa mostrou a imagem em que aparece levantando a blusa em frente ao portal na Big Apple, por meio de um vídeo publicado nas redes sociais. "Achei que o povo de Dublin merecia ver duas batatas cultivadas localmente em Nova York", disse Ava Louise.

No entanto, os organizadores da Portals Organization, empresa sediada na Lituânia que configurou a instalação, dizem que uma "falha técnica" interrompeu a transmissão. Em comunicado, se comprometeram a investigar e garantir operações tranquilas e consistentes, a fim de chegar o mais próximo possível de uma transmissão ao vivo ativa 24 horas por dia, 7 dias por semana.

(https://dol.com.br/entretenimento/fama/859674/musa-do-olyfans-desliga-portal-apos-ato-obsceno)

Cadê os boçais que gritaram pela liberdade de expressão?

Nós ainda estamos vivendo debaixo de um sistema repleto de repressão e opressão sexual. Efeito colateral do predomínio da doutrina cristã.
Nem parece que tivemos Freud e Kinsey.
Simplesmente nos recusamos a encarar nossas libidos e pulsões. O que serve de gancho para outra notícia.
Citando:

Bruna Gabriella, influenciadora da produtora Love Funk House, revelou na segunda-feira (13) que seu relacionamento com Ruan de Farias, de 20 anos, era “uma obra de ficção” para arrecadar dinheiro para o Rio Grande do Sul. Na semana passada, a adolescente de 12 chocou a web ao anunciar que havia se casado com o rapaz.

“Iremos contar a nossa realidade e o que está por trás do [assunto] que chocou o Brasil inteiro. Todos esses conteúdos foram roteirizados e gravados para a gente entregar o melhor conteúdo pra vocês, de uma obra de ficção”, disse a dupla em um vídeo publicado no Instagram.

“O porquê disso foi para algo maior, para você, que veio parar no meu perfil, ajudar a quem realmente precisa”, afirmou Bruna. “Afinal de contas, é nós por nós. Todo o dinheiro arrecado com publicidades [engajamento por causa da polêmica do casamento] vai ser doado”, completou Ruan.

(https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/influencer-de-12-anos-diz-que-casou-se-por-causa-das-chuvas-no-rs-entenda/)

Cadê os paladinos da justiça? Brincadeira? A influencer fez apologia de algo considerado crime, mas é aceitável porque teve um propósito maior?
Ou vamos começar a discutir sério sobre essa visão romântica que idealiza a criança e o adolescente como um indivíduo inocente, ingênuo e assexuado?

Peru transtornado

A comunidade LGBTQIA+ no Peru criticou um decreto do Ministério da Saúde do país sul-americano que qualifica a transexualidade e outras categorias de identidade de gênero como “pessoas com problema de saúde mental”.

O governo peruano emitiu um decreto na sexta-feira (10) que atualiza o Plano Essencial de Saúde (PEAS). Este plano, assinado pela presidente Dina Boluarte, que representa o plano de benefícios mínimos que uma pessoa recebe ao aderir a um seguro de saúde público, privado ou misto.

No PEAS, são especificados os procedimentos médicos básicos que uma pessoa pode acessar.

A atualização inclui o que o governo chama de “transexualismo, travestismo de duplo papel, transtorno de identidade de gênero infantil, transtorno de identidade de gênero sem outra especificação, travestismo fetichista e orientação sexual egodistônica” em “pessoas com problemas de saúde mental” no PEAS.

No domingo (12), o Ministério da Saúde pontuou em comunicado que a diversidade de gênero e sexual “não são doenças” ou “distúrbios”.

“Expressamos o nosso respeito pelas identidades de gênero, assim como a nossa rejeição à estigmatização da diversidade sexual no país”, diz o comunicado.

No comunicado do Ministério da Saúde, a pasta afirma que os regulamentos foram atualizados para “garantir que a cobertura dos cuidados de saúde mental seja completa”.

A nota não esclarece se haverá modificação na norma já publicada no jornal oficial, destacando apenas que, para o ministério, “gênero e diversidade sexual não são doenças”.

Ainda assim, sustenta que a atualização da norma se baseia na CID-10, regulamentação da Organização Mundial da Saúde (OMS) que estabeleceu o “transexualismo” como um “transtorno de identidade sexual” e que não é válido desde 2022.

O que diz a norma?

Segundo o decreto, esta incorporação é feita com base na CID-10, regulamento da OMS que inclui uma Classificação Internacional de Doenças composta por códigos utilizados em todo o mundo.

A instituição explica, no comunicado, que a CID-10 permanece “em vigor no nosso país” enquanto se inicia a implementação progressiva da CID-11, assim como em outros países da região.

A Organização Mundial da Saúde publicou a CID-11 como uma nova Classificação Internacional de Doenças que entrou em vigor em 2022, que elimina categorias de identidade de gênero do capítulo das doenças.

Possíveis protestos

A comunidade LGBQIA+ no Peru não excluiu a realização de um protesto pacífico, destacando que a decisão do governo os coloca “em grave perigo”.

A CNN conversou com Jorge Apolaya, porta-voz do coletivo Marcha do Orgulho LGBTI, que disse que é “um sério perigo e um retrocesso aplicar a CID-10 em todo o aparato estatal”.

Apolaya explica que os novos regulamentos da OMS, ou seja, a CID-11, deixam de “considerar a orientação sexual, a identidade de gênero e a expressão de gênero como uma doença”.

“Ou seja, um funcionário que cuida de uma pessoa LGBTI poderá confiar com tranquilidade na CID-10 para poder dizer ‘na verdade, o que você tem é uma doença, porque somos regidos pela CID-10, portanto, é uma porta aberta para a patologização [da transsexualidade]”, avaliou.

“É também uma porta aberta para o perigo que isso significa, porque a terapia de conversão tenta converter pessoas, supostamente, em heterossexuais”, adicionou.

No comunicado de domingo, o Ministério da Saúde afirmou que a orientação sexual e identidade de gênero de uma pessoa “não constitui por si só um distúrbio de saúde física e mental” e que, portanto, “não deve ser submetida a tratamento, cuidados médicos ou às chamadas terapias de conversão”.

As organizações LGBTQIA+ “têm se reunido numa plataforma e provavelmente hoje em dia seremos capazes de concordar em sair num protesto ou marcha pacífica”, disse o porta-voz do grupo.

Por sua vez, a organização Más Igualdad Perú apresentou na segunda-feira (13) uma carta dirigida ao Ministério da Saúde do Peru em protesto contra a inclusão da CID-10 no decreto.

A carta é assinada por 414 profissionais de saúde mental e conta com o apoio de 176 organizações de direitos humanos, observou o grupo.

A CNN entrou em contato com o Ministério da Saúde do Peru, mas não obteve retorno.

Fonte: https://www.cnnbrasil.com.br/internacional/grupos-lgbt-do-peru-criticam-decreto-que-classifica-transexualidade-como-doenca/

Bendita inteligência artificial

Até 2019, Gina Stewart tinha uma vida pacata em Gold Coast (Austrália). Até que nesse ano ela decidiu entrar num concurso de modelo sexy para angariar fundos para um amigo que havia sofrido um derrame.

A vitória no concurso deu uma guinada de 180 graus na vida da australiana de 53 anos, que passou a ser conhecida como "a avó mais gostosa do mundo". Gina virou modelo e passou a faturar alto con conteúdo erótico.

Agora, a australiana deu um passo adiante: ela criou uma versão sua com ajuda de inteligência artificial (IA). A versão "clonada" de Gina tem curvas acentuadas, pele "perfeita" e o detalhe que chama mais atenção: tem 28 anos.

O túnel do tempo está rendendo muitos dividendos à modelo: apenas a sua versão por IA, que estreou cinco meses atrás, rende a ela o equivalente a R$ 50 mil por mês.

Gina disse ao "Daily Star" que a maior parte das fotos dos seu ensaios de IA é ideia dela mesma.

"Vejo cada foto como uma obra de arte e às vezes passo horas aperfeiçoando", declarou.

Fonte: https://extra.globo.com/blogs/page-not-found/post/2024/04/australiana-de-53-anos-fatura-r-50-mil-por-mes-com-a-sua-versao-feita-por-ia-e-que-tem-28-anos.ghtml

Nota: e se o "filtro" fosse mais intenso? E se rejuvenecesse 40 anos? Não pode? Seria crime? Mas não é a mesma pessoa? 😏🤭

sexta-feira, 17 de maio de 2024

Os reis lendários de Alba Longa

Alba Longa, uma antiga cidade localizada na região do Lácio, na Itália, ocupa um lugar de destaque no reino dos mitos e lendas. Segundo a tradição, as origens desta lendária cidade remontam ao rescaldo da queda de Tróia, atribuída ao lendário herói Enéias. Dentro dos limites de Alba Longa, a dinastia Silviana, descendentes de Eneias, governou sucessivas gerações, moldando uma narrativa mítica que mais tarde se entrelaçaria com os mitos fundadores de Roma - especialmente o dos famosos Rómulo e Remo. Ou pelo menos é isso que os antigos historiadores romanos querem que acreditemos. Quando se trata de Alba Longa é quase impossível separar os factos da ficção.

Na mitologia romana, a fundação de Alba Longa remonta à queda de Tróia que, segundo o antigo cronologista grego Eratóstenes de Cirene, aconteceu em 1184 aC. Após a queda de Tróia, o herói troiano Enéias levou os poucos troianos sobreviventes através do Mar Mediterrâneo, primeiro para a Sicília, depois para Cartago e, por fim, para a Península Itálica.

Ao chegar, Enéias e seus seguidores foram recebidos por Latino, rei dos latinos e, segundo alguns, filho de Hércules. Dependendo da versão da lenda, ou eclodiu uma batalha na qual os troianos venceram, ou Latino ficou tão impressionado com o heroísmo e a honra de Enéias que os recebeu calorosamente. De qualquer forma, para cimentar uma aliança entre os dois povos, Enéias casou-se com a filha do rei, Lavinia, e logo depois a honrou fundando a cidade de Lavinium em seu nome. 

Mais tarde, quando Latinus caiu em batalha, seu novo genro foi feito rei dos latinos. Eram tempos perigosos e Enéias foi rei apenas por alguns anos antes de morrer em batalha. Seu filho, Ascanius, o substituiu e se tornou o novo rei dos latinos. Segundo a lenda romana, foi ele quem construiu Alba Longa nas encostas do Monte Alba, cerca de 20 km (12,42 milhas) a sudeste da Roma moderna. A cidade era uma colônia de Lavinium, e Ascanius enviou cerca de 600 famílias para morar lá por volta de 1151 AC.

Dionísio afirmou que Ascânio governou por trinta e oito anos até morrer e ser sucedido por um novo rei, Sílvio. A maioria dos historiadores antigos registrou que Sílvio era simplesmente filho de Ascânio, embora outros, como Dionísio, acreditassem que ele fosse meio-irmão de Ascânio. Nesta versão dos acontecimentos, ele foi mantido escondido porque sua mãe temia que Ascanius o matasse. Ele só surgiu quando ficou claro que o rei estava doente para reivindicar o trono sobre o filho de Ascânio, Lulus.

Seja qual for a verdade, Silvius supostamente fundou várias colônias que ficaram conhecidas como Prisci Latini, ou "Velhos Latinos". Sílvio governou por vinte e nove anos e acabou sendo substituído por seu filho, Enéias. O novo rei decidiu adotar o sobrenome de seu pai e a partir desse momento todos os reis de sua linhagem adotaram o nome Silvius, bem como seus nomes de nascimento. Assim nasceram oficialmente a Dinastia Silviana e a Liga Latina.

Enéias Sílvio também desfrutou de um reinado relativamente longo, de cerca de trinta e um anos, e foi seguido por Lácio Sílvio, que serviu por cinquenta e um. Depois veio Alba com trinta e nove e Atys com vinte e seis. Atys, por sua vez, foi sucedido por Capys (vinte anos) e Capetus (treze anos). Nada mais foi registrado além de quanto tempo esses reis governaram, mas parece provável que durante esse período a liga latina continuou a se expandir à medida que engolia mais tribos e aldeias.

O reinado do sucessor de Capeto, Tiberino, é, contudo, mais interessante. Supostamente ele se afogou ao cruzar o rio Albula. Em homenagem à sua morte, foi renomeado e tornou-se o famoso rio Tibre. Na versão dos acontecimentos de Dionísio, Tiberino morreu em batalha e seu corpo foi carregado rio abaixo. Diz-se que ele reinou por apenas oito anos.

Ele foi seguido por Agripa (quarenta e um anos), cujo filho, Romulus Silvius, pelo historiador Tito Lívio desprezava particularmente. Tito Lívio escreveu que Rômulo era um tirano cruel e arrogante que desrespeitou os deuses. Ele imitaria trovões e relâmpagos na frente de seu povo, alegando ser um deus em forma humana. Em retaliação, os deuses destruíram a casa de sua família com trovões e relâmpagos e causaram a inundação do lago próximo. 

Antes de sua morte nas mãos dos deuses, Rômulo Sílvio entregou o trono a Aventino, que reinou por trinta e sete anos. Após sua morte, Proca (avô de Rômulo e Remo, fundadores de Roma) governou durante vinte e três anos. Durante este tempo, ele gerou dois filhos, Numitor e Amulius. Proca desejava que o mais velho dos dois, Numitor, o sucedesse. Em vez disso, Amulius levou seu irmão mais velho ao exílio e assumiu o trono para si.

Um verdadeiro idiota, após assumir o trono ordenou que os filhos de Numitor fossem mortos e fez de sua filha, Rhea Silvia, uma Virgem Vestal . Ele alegou que fez isso para honrá-la, mas na verdade ele estava apenas garantindo que ela permaneceria virgem, efetivamente matando a linhagem paterna. Ou assim ele pensou.

Seu plano saiu pela culatra tragicamente quando Rhea foi estuprada e gerou dois filhos - Romulus e Remus. Segundo Rhea, ela foi estuprada por Marte, o deus romano da guerra. Ao ouvir isso, o malvado Amulius a prendeu e ordenou que os dois bebês fossem jogados no Tibre.

Felizmente, o grande rio encheu e os dois bebês ficaram presos na base de uma figueira. Segundo a lenda romana, uma loba os encontrou e os amamentou até que o pastor Faustulus os descobriu e os criou. Os dois meninos ficaram com o pastor e sua esposa, Acca Larentia, até se tornarem jovens. Os irmãos então decidiram viajar de volta para Alba Longa e matar seu tio traidor.

Segundo Dionísio, os dois irmãos mataram Amúlio no quadragésimo segundo ano de seu reinado e colocaram no trono seu avô exilado, Numitor. Um ano depois, eles decidiram comprar sua colônia albanesa – que mais tarde se tornaria Roma. Quando Numitor morreu, não sobrou ninguém para assumir o trono e a linhagem Silviana morreu com ele.

Dionísio fez as contas e descobriu que Rômulo e Remo fundaram o que se tornaria Roma 432 anos após a queda de Tróia, ou seja, por volta de 751 aC. Ele calculou que Numitor morreu pouco depois e depois disso, a história de Alba Longa tornou-se muito turva durante os cem anos seguintes. 

A próxima menção a Alba Longa não foi feita até o reinado do rei romano Tullus Hostilius, no século VII aC. A tradição romana afirma que ele governou de 673 a 642 aC e não se dava bem com seus vizinhos.

Aparentemente, Tullus raramente precisava de uma desculpa para ir à guerra. Durante o seu reinado, houve uma série de ataques de gado entre o território romano e albanês que levaram a uma grande disputa. O inteligente Tullus usou isso como uma oportunidade para entrar em guerra com o antigo estado.

O rei albanês da época, Gaius Cluilius (ninguém sabe como ele se conectou à antiga linhagem Silvii) enviou emissários a Roma para exigir reparações e Tullus fez o mesmo. O inteligente Tullus acolheu tão calorosamente os dignitários albaneses que eles adiaram fazer suas exigências. Os dignitários romanos enviados a Albano fizeram o contrário e fizeram as suas exigências assim que chegaram.

O rei albanês respondeu recusando as suas exigências. Como os Albanos recusaram suas tentativas de paz, Tulo teve justificativa para declarar guerra. O que ele fez imediatamente.

Cluilius formou um exército e marchou sobre Roma. Seus militares cavaram uma enorme trincheira que circundava a cidade. Antes que os dois slides pudessem entrar em conflito, porém, o rei albanês morreu e seu povo nomeou um de seus generais, Mettius Fufetius, ditador.

Fufécio era mais sábio do que seu falecido rei e, em vez disso, procurou realizar uma conferência com Tulo. Ele disse ao rei romano que estava preocupado que os etruscos vissem os dois exércitos em confronto e atacassem os dois enquanto estavam enfraquecidos. Em vez de uma batalha massiva, Fufetius sugeriu que decidissem o vencedor da guerra através de uma disputa de campeões.

Tullus percebeu o bom senso e concordou. Foi decidido que dois grupos de trigêmeos lutariam até a morte - três Horácios lutariam por Roma e três Curiatii por Alba Longa. A luta começou com a morte de dois dos trigêmeos romanos. O irmão restante, Publius Horatius, não desistiu e depois massacrou os três combatentes Albanos.

Ao reivindicar a vitória, Tulo disse ao ditador Albano para voltar para casa. Os Albanos tornaram-se essencialmente um dos primeiros estados vassalos de Roma. Antes de Fufécio partir, ele foi avisado por Tulo para estar preparado para a guerra contra a cidade etrusca de Veii.

Tullus estava certo em estar preparado. Não muito depois, eclodiu a guerra entre os romanos, Veii e os Fidenates (outro vizinho de Roma que procurava destruir Roma). Fufécio e seu exército albano foram instruídos a se juntar a Tulo e aos romanos para que pudessem lutar contra os etruscos nas margens do Tibre. Com certeza, o exército de Albans fez o que lhe foi dito e apareceu.

Pensando que era inteligente, Fufécio esperou o início da luta e então fugiu com suas tropas, apunhalando Túlo pelas costas. Apesar de ter sido deixado sozinho para lutar contra os etruscos, Tulo saiu vitorioso, mas extremamente irritado com Fufécio.

Ele executou o traidor rei Albano e ordenou que seus homens demolissem Alba Longa. Todos os seus edifícios, exceto os templos, foram destruídos e sua população foi transferida à força para Roma. Isto duplicou o número de cidadãos romanos quase da noite para o dia.

Para garantir a paz, Tulo transformou as famílias albanas mais poderosas em patrícios - os Julii, Servilii, Quinctii, Geganii, Curiatii e Cloelli. Para acomodar todas essas novas casas, e o senado ampliado que isso implicava, Tulo teve que construir um novo senado, a Cúria Hostilia.

Com isso completaram-se os cerca de 400 anos de história de Alba Longa. Pode ter caído, mas a sua queda foi um importante trampolim na ascensão de Roma. Será?

É amplamente aceito que grande parte da história de Alba Longa foi inventada por Dionísio e seus contemporâneos. Os historiadores romanos precisavam preencher o intervalo de tempo entre a suposta queda de Tróia e a fundação de Roma e provavelmente o fizeram pegando a história romana real, comparando-a com a história grega e acrescentando figuras míticas e Olimpíadas gregas para tornar as coisas interessantes e explicar. eliminar quaisquer lacunas.

Não é coincidência que muitos dos reis albaneses tenham nomes semelhantes aos de lugares ao redor de Roma - Tiberinus, Aventinus, Alba e Capetus, por exemplo. Outros nomes são claramente baseados em figuras míticas ou são invenções de famílias romanas que buscam ganhar status ligando-se a heróis lendários da antiguidade.

Evidências arqueológicas apoiam a ideia de que grande parte da história de Alban foi inventada. Para começar, os historiadores antigos discordavam exatamente onde Alba Longa deveria estar localizada. Não há nenhuma evidência arqueológica de que uma poderosa cidade-estado tenha operado nas colinas Albanas.

Há apenas evidências de que durante o final da Idade do Bronze e a Idade do Ferro, a região abrigou uma série de aldeias que nunca passaram da fase pré-urbana. Em vez de se tornarem numa poderosa cidade-estado capaz de criar a Liga Latina, estas aldeias nunca se transformaram em cidades antes de serem destruídas por Roma e é muito pouco provável que tenham desempenhado um papel na sua fundação.

Como tantas vezes acontece com fontes antigas, os historiadores romanos confundiram os limites entre fato e ficção ao descrever Alba Longa. Embora seja provável que alguns elementos da história sejam verdadeiros (por exemplo, a existência de alguma forma da Dinastia Silviana), a maior parte do que sabemos sobre o estado foi fabricado. Fazer isso permitiu que os historiadores romanos preenchessem as muitas lacunas em seu conhecimento e permitiu que incontáveis romanos poderosos legitimassem suas posições conectando-se à história lendária.

Alba Longa, rica em mitos e lendas, permanece como um enigma cativante nos anais da história antiga. Quer seja uma cidade tangível ou um produto da imaginação mitológica, o seu legado perdura através dos contos de reis lendários e das suas façanhas míticas. 

Apesar do desafio de separar os factos da ficção, o fascínio de Alba Longa persiste, oferecendo um vislumbre dos mitos fundamentais de Roma e das antigas origens da civilização ocidental. Como um nexo de mito e história, Alba Longa continua a intrigar estudiosos e entusiastas, lembrando-nos do poder duradouro da narrativa para moldar a nossa compreensão do passado.

Fonte: https://www.ancient-origins.net/human-origins-folklore/alba-longa-0020710
Traduzido com Google Tradutor.

quinta-feira, 16 de maio de 2024

O enigma da senhora de Elche

Em 1897, arqueólogos descobriram um artefacto impressionante numa propriedade privada em L'Alcúdia, em Valência, Espanha. Esta descoberta foi uma estátua – um busto policromado da cabeça de uma mulher. Acredita-se que remonte ao século IV a.C., o busto mostra uma mulher usando um cocar elaborado. Agora visto como um dos ícones mais famosos da Espanha, o busto é conhecido como a Senhora de Elche.

Diz-se que um menino de quatorze anos derrubou uma pedra quando se deparou com o busto. O busto mostra a cabeça, o pescoço e os ombros da mulher e se estende até o peito. No entanto, é possível que o busto fosse originalmente parte de uma estátua maior de corpo inteiro.

O cocar complexo apresenta duas grandes espirais conhecidas como “rodetes” em cada lado da cabeça e do rosto. Pensa-se que se tratava de um cocar cerimonial, e que a mulher pode ser uma sacerdotisa . O cocar atravessa a testa, com um padrão de saliências em forma de mármore. Peças parecidas com borlas ficam penduradas na frente das orelhas e colares elaborados enfeitam seu peito. O rosto da mulher contém um olhar inexpressivo e, quando foi encontrado, continha vestígios de tinta decorativa vermelha, branca e azul. A composição da pedra indica que foi esculpida em L'Alcúdia.

A origem da escultura é intrigante e tornou-se motivo de acalorado debate. Alguns estudiosos sugerem que a escultura é ibérica, e pode estar associada a Tanit , a deusa de Cartago , enquanto outros propuseram que a obra reflete uma Deusa Atlante. As características incomuns da escultura, como a cabeça aparentemente alongada e os carretéis na lateral da cabeça, também levaram à proposta de inúmeras teorias alternativas. Por exemplo, de acordo com alguns pesquisadores independentes, os carretéis não fazem parte de um cocar único, mas são na verdade um tipo de cocar tecnológico que reflete a natureza altamente avançada da suposta civilização da Atlântida.

Há quem defenda que a estátua não merece a atenção que recebe porque é, na verdade, uma falsificação. O historiador de arte John F. Moffitt argumenta que o formato dos olhos e do nariz da senhora são “delicados demais para terem sido esculpidos na Espanha pré-cristã ”. Este argumento foi rejeitado por muitos outros estudiosos, que vêem a apreensão como uma grande conquista do início da civilização ibérica.

Em 1997, o Presidente da Câmara de Elche lutou para que o busto da Senhora de Elche fosse devolvido do Museu Arqueológico Nacional de Espanha, em Madrid, à cidade de Elche, para ser exposto durante as comemorações dos 2.000 anos da cidade. Seria uma exposição especial, mas o pedido de devolução do busto foi negado. A comissão governamental que negou o pedido afirmou que a apreensão era demasiado frágil para sobreviver à viagem de 250 milhas (402,33 km) de Madrid a Elche. No entanto, outros acreditam que esta negação se baseou em motivações políticas. O diretor do museu de arqueologia de Elche, Rafael Ramos, argumentou que era “absurdo” dizer que o estatuto não sobreviveria à viagem, lembrando que peças mais delicadas são transportadas regularmente ao redor do mundo. A sua crença é que os habitantes de Madrid temem que Elche não queira devolver a estátua e que muitas outras relíquias culturais seriam removidas de Madrid se o busto da Senhora de Elche pudesse ser transportado. Isto criou muitos motivos de orgulho tanto a nível local como regional. Para quem está na região, em Elche pertence uma relíquia cultural de Elche.

As disputas e teorias sobre a Senhora de Elche ilustram a importância cultural do busto. Como um famoso ícone antigo da Espanha , o busto representa o passado cultural da Espanha. Cada estudante espanhol aprende sobre o busto e as histórias por trás da sacerdotisa. Embora as disputas e teorias sobre o busto possam continuar indefinidamente, é provável que todos esperem que o busto permaneça preservado com segurança como um símbolo culturalmente significativo da história antiga.

Fonte: https://www.ancient-origins.net/news-history-archaeology/lady-of-elche-002305
Traduzido com Google Tradutor.

quarta-feira, 15 de maio de 2024

Efeito Tarcísio

Um estudo realizado pelo Instituto Pólis revelou um aumento alarmante de 970% nos casos de violência contra pessoas LGBTQIA+ na cidade de São Paulo no ano passado, em comparação com os registros de 2015. Os dados, que ainda não divulgados publicamente, apontam para uma escalada significativa desse tipo de violência. As informações são da Folha de S.Paulo.

Particularmente preocupante é o aumento de 1.424% nos boletins de ocorrência registrados pela Polícia Civil no mesmo período, totalizando 3.868 vítimas. Esses números indicam uma gravidade crescente nos episódios de violência física, sexual e psicológica enfrentados pela comunidade LGBTQIA+ na capital paulista.

O estudo identificou que os casos de violência estão concentrados principalmente em regiões periféricas da cidade, com destaque para distritos como Itaim Paulista, Cidade Tiradentes e Jardim Ângela. No entanto, os registros policiais indicam que as ocorrências são mais frequentes na região central, especialmente nos bairros da República, Bela Vista e Consolação.

A implementação da Delegacia Eletrônica é apontada como um fator que contribuiu para o aumento dos registros de ocorrências, facilitando o acesso das vítimas à denúncia virtual. O levantamento também revelou que as mulheres são mais propensas a utilizar esse recurso do que os homens.

Homens jovens e negros são os mais afetados pela violência LGBTQIA+ em São Paulo, representando a maioria das vítimas. Apesar de corresponderem a apenas 43,5% da população, os negros constituem 55% dos casos relatados. Além disso, uma parcela significativa das vítimas alega ter sofrido agressões por parte de policiais.

O diretor-executivo do Instituto Pólis, Rodrigo Iacovini, ressaltou a importância de políticas públicas direcionadas para garantir a segurança e o bem-estar da comunidade LGBTQIA+. Ele destacou a necessidade de aprimoramento das políticas de segurança pública e de atendimento às mulheres lésbicas, bissexuais e trans.

O estudo completo, intitulado “Violências LGBTQIAPN+ na Cidade de São Paulo”, será divulgado na próxima sexta-feira (17), em comemoração ao Dia Mundial de Combate à LGBTfobia. Os dados utilizados foram obtidos através da Lei de Acesso à Informação, mas os pesquisadores observaram algumas limitações nas informações disponíveis, como a falta de identificação da orientação sexual ou identidade de gênero das vítimas nos registros policiais.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/violencia-contra-pessoas-lgbtqia-dispara-970-em-sp-diz-estudo/

A pedra eleusina

Dois anos e quatro meses depois, a Netflix (eu não estou ganhando um centavo com isso) finalmente exibe a segunda temporada da animação "Sangue de Zeus".

Nessa temporada, vemos Heron e Seraphin em busca da pedra eleusina. A posse da pedra concede ao proprietário o trono de Zeus.

Atenção, spoiler! Zeus morreu!

Nessa temporada vemos ciúmes, inveja e intriga. Em nossa cultura contemporânea (e provinciana) nada incomoda mais do que os mitos antigos que revelam os Deuses com as mesmas características e falhas do humano. Nós assimilamos o conceito de divino tal como os poderes, seculares e clericais, nos encucaram, onde Deus é transcendental.
Eu devo ter escrito em algum lugar que o conceito ocidental de Deus é um mosaico, um Frankenstein teológico.

Essa temporada dá a entender que Hades acha que Zeus não fez a partilha dia reinos de forma honesta. Cenas mostram Hades olhando, melancólico, os horrores do Mundo dos Mortos.
Eu discordo. Tem um ditado que diz que a grama do vizinho sempre é mais verde.
Eu, que estou quase completando 60 ciclos nesse mundo, posso falar que o Mundo dos Homens também é terrível.

Essa temporada fala muito da "jornada do herói", aquele (ou aquela) escolhido pelos Deuses para cumprir uma missão. Nessa jornada, o herói descobre a si mesmo e realiza o propósito de sua existência. Isso também realiza a vontade dos Deuses e resolve problemas. Um transeunte, um descrente, pode perguntar por que os Deuses não resolvem esses problemas Eles (ou Elas) mesmos.
Oh, bem, a preguiça intelectual não concebe que os Deuses estão igualmente sujeitos às Leis Universais.

A cena mais cruenta (spoiler!) mostra as Erínias devorando pessoas, mortas e vivas. Eu não me importaria se me devorassem 😏.
Para chegar onde está a pedra eleusina, Heron e Seraphin tem que entrar no reino secreto de Gaia, depois de passar pelos Coribantes, enfrentar um dragão e decifrar o enigma da esfinge.
Ela deve ter ficado intrigada quando eu passei por lá. Eu não pude disfarçar minha ereção 😏.

Mas seria fácil demais apenas achar a pedra eleusina. (Atenção, spoiler!) Os Deuses lutam entre si e Gaia, farta disso, resolve acabar com a briga chamando Tífon.

A mensagem que ficou estranha é a cena (atenção, spoiler!) em que Heron, depois de falar em perdão (supostamente para ensinar), acaba sendo morto por Hades. Sim, leitor, a cena deixa subentendido que o prêmio pelo perdão é uma morte traiçoeira 😳.

Eu espero que não demore muito para ter a terceira temporada.

Parceria que dá samba

Rio - Após visita da diretoria da Imperatriz Leopoldinense e do carnavalesco Leandro Vieira às principais casas de candomblé da Bahia, a Casa Branca do Engenho Velho (Ilê Axé Iyá Nassô Oká), primeiro terreiro do Brasil, anunciou que irá colaborar com informações para o desenvolvimento do enredo "Ómi Tútú ao Alúfon - Água fresca para o senhor de Ifón".

"O Terreiro Casa Branca guarda a oralidade de tradições ancestrais. Ter contato com quem faz o sagrado vivo é ter acesso a uma imensa biblioteca de bocas que guardam palavras, como quem guarda livros de valor incalculável. Para mim, que tenho gosto pela pesquisa, desfrutar da possibilidade de acesso à sabedoria da casa é poder exercer a atividade de enredista e carnavalesco de mãos dadas com o respeito e a reverência", comemorou Leandro.

O terreiro foi tombado pelo IPHAN em 1984, sendo o primeiro monumento da cultura negra a ser considerado Patrimônio Histórico do Brasil, além de ser aclamado como a "mãe de todas as casas de santo da Bahia". Fundado na primeira metade do século XIX, o local, hoje, é liderado por Mãe Neuza de Xangô Aganjù.

Fonte: https://odia.ig.com.br/diversao/carnaval/2024/05/amp/6843859-imperatriz-leopoldinense-celebra-parceria-com-primeiro-terreiro-de-candomble-do-brasil.html

Comissão de olho nas redes sociais

Nesta terça-feira (30), a Comissão Europeia, órgão executivo da UE, iniciou uma investigação contra as plataformas de mídia social Instagram e Facebook. As empresas são suspeitas de não cumprir suas responsabilidades no combate à desinformação antes das eleições europeias de junho. A informação foi revelada pelo jornal português O Público.

"Iniciamos o procedimento contra a (empresa matriz) Meta para garantir que sejam adotadas medidas eficazes, em particular para impedir que as vulnerabilidades do Instagram e do Facebook sejam exploradas por interferências estrangeiras", disse Thierry Breton, atual comissário europeu para o Mercado Interno.

"Esta Comissão adotou as ferramentas para proteger os cidadãos europeus da desinformação e da manipulação por parte de terceiros países”, informou também a liderança da instituição.

"Se suspeitamos de uma violação das regras, atuamos. É sempre assim, mas especialmente em um período de eleições", completou. A abertura da quinta investigação oficial, desta vez contra o Instagram e o Facebook, marca um passo crucial na aplicação da Lei de Serviços Digitais (DSA), implementada em fevereiro de 2024, que se concentra nas ações das plataformas em relação a informações falsas que podem influenciar na opinião pública em um momento político crucial para a Europa, que são as eleições para o Parlamento Europeu.

As preocupações giram em torno de duas questões principais:

Publicidade enganosa: A Comissão Europeia investiga se as plataformas estão tomando medidas suficientes para combater a publicidade enganosa em seus serviços. Isso inclui anúncios que contêm informações falsas ou enganosas, que podem prejudicar os consumidores.

Conteúdo político: A Comissão também está preocupada com a forma como o Facebook e o Instagram lidam com a circulação de publicações políticas em suas plataformas. Há indícios de que as plataformas não estão fazendo o suficiente para evitar a disseminação de desinformação e outros conteúdos prejudiciais que podem influenciar o processo eleitoral.

Segundo a Comissão, a Meta falha em combater de forma adequada a disseminação de anúncios enganosos e prejudiciais, o fazendo de “forma insuficiente”, representando um risco significativo para a democracia e ainda na presença de "campanhas publicitárias relacionadas com a manipulação de informação do exterior".

De acordo com Breton, "a divulgação rápida e generalizada de opiniões e informações nas redes sociais, como o Instagram e o Facebook, oferece ambientes vulneráveis aos usuários.”

Fonte: https://revistaforum.com.br/global/2024/4/30/ue-abre-nova-investigao-contra-instagram-facebook-risco-para-processos-eleitorais-158098.html

terça-feira, 14 de maio de 2024

A igreja lesbiteriana

A cantora Bia Ferreira, de 31 anos, decidiu romper com a religião evangélica devido à maneira como a igreja interpreta sua sexualidade e transformou a sua música em uma pregação “sobre política, liberdade de raça e gênero e principalmente sobre afeto”. Compositora e multi-instrumentista, a artista criou a Igreja Lesbiteriana.

Filha de missionários, a artista disse que foi “condicionada a seguir a religião dos pais”, mas reconhece que a igreja promove iniciativas de acesso a direitos básicos e de transformação, principalmente em locais onde o Estado é ausente. Aos 12 anos, compôs sua primeira música, cuja letra era um pedido a Deus para não ser lésbica.

Em 2019, a cantora lançou o seu primeiro álbum de estúdio, intitulado de “Igreja Lesbiteriana: um chamado”. Segundo a artista, “a igreja referida no título remete a um espaço de acolhimento às pessoas que o cristianismo rejeitou”.

Bia esclareceu que a Igreja Lesbiteriana não tem um endereço físico, não usa textos sagrados e não tem sacerdotes. “É um movimento político que pauta direitos, acesso, oportunidades e respeito a pessoas que se parecem comigo”, disse a cantora em entrevista ao Universa.

As reuniões acontecem em seus shows. “Cada show que eu faço é um culto diferente, a gente tem uma média de 200 pessoas por culto no Brasil. Fora do Brasil a nossa média é um pouco maior”, contou.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/filha-de-missionarios-cantora-rompe-com-o-evangelismo-e-cria-igreja-lesbiteriana/

Nota: a poetisa Safo curtiu. Com tantas opções da legenda LGBT, eu espero que outras sejam criadas. Que todos tenham o direito e a liberdade de amar quem quiser, quantos quiser.

A vida em risco

Não se trata de procurar culpados para a maior tragédia ambiental do Rio Grande do Sul. Neste momento, a luta é para resgatar as pessoas em áreas de risco, alojar e alimentar as dezenas de milhares de desabrigados, localizar e sepultar os mortos, consolar os que perderam entes queridos, reparar e reabrir estradas, cuidar dos feridos, restaurar o abastecimento de água e energia elétrica.

Contudo, até em nome do desafio de salvar a humanidade de uma catástrofe irreversível, é preciso situar no contexto político o drama vivido pelo povo gaúcho.

Dia desses, um comentarista da GloboNews apontou corretamente que o maior centro formulador de políticas nocivas ao meio ambiente é o Congresso Nacional. Faltou, no entanto, uma informação essencial para o distinto público: os negacionistas do clima concentram-se nas bancadas da direita e da extrema direita.

Do governo do golpista Temer para cá, o parlamento brasileiro, sob forte influência da bancada do agronegócio (aliás, quanto mesmo o agro doou para as vítimas da enchente, hein?), aprovou inúmeras leis que fragilizam a defesa das nossas florestas, rios, lagoas, matas ciliares, biomas e oceanos. Outros tantos projetos estão na fila de votação.

No governo neofascista de Bolsonaro, quando aconteceu o maior desmonte das estruturas ambientais de fiscalização e controle, deputados e senadores da direita e da extrema direita se sentiram mais confortáveis ainda para estigmatizar a preservação ambiental, abrindo caminho para a bandidagem do garimpo, da pesca ilegal e dos madeireiros. 

Além dos assassinatos do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips, centenas de defensores da Floresta Amazônica foram mortos nos últimos anos.

Nem mesmo no governo Lula os representantes do capitalismo motosserra no Legislativo se intimidaram. A aprovação do marco temporal recentemente mostra que essa gente não respeita quaisquer limites de natureza ética, despreza os direitos dos povos originários e não hesita em rasgar a Constituição para expandir seus negócios.

Vamos lembrar também que, no início do governo atual, por ocasião da votação da Medida Provisória da nova organização do governo, a própria existência do Ministério do Meio Ambiente esteve seriamente ameaçada, dado o número de parlamentares dispostos a votar pela sua extinção.

Pesquisa feita dias atrás pela Genial/Qauest revela que para 64% dos consultados a influência das mudanças climáticas sobre chuvas e cheias é total, enquanto 30% acreditam que o impacto é parcial.

Se a maioria esmagadora da população reconhece que a devastação do meio ambiente é a causa das desastres que se sucedem no Brasil e no mundo, cabe aos setores progressistas da sociedade usar de todos os instrumentos de comunicação disponíveis para levantar uma campanha de utilidade pública: "votar na direita e na extrema direita é colocar sua vida em risco."

Fonte: https://www.brasil247.com/blog/votar-na-direita-e-na-extrema-direita-e-colocar-a-vida-em-risco

Folha quer bolsonarismo moderado

Quem teve o mínimo de estudo de história e teoria política deve ter lido sobre a Ditadura Civil Militar e a colaboração da Folha de São Paulo.

Então eu não estranhei quando a Folha emitiu um editorial elogiando o Inominável.
Então não se pode estranhar que um colunista defenda o bolsonarismo moderado.

Mesmo assim eu vou citar algumas matérias do DCM.
Citando:

Na noite do dia 29 de abril, o colunista Joel Pinheiro da Fonseca publicou no site da Folha de São Paulo um texto clamando para que a direita liberal no Brasil abra espaço para o que intitulou como “bolsonarismo moderado”, o qual é descrito pelo colunista como apoiadores do ex-presidente e seu programa de extrema-direita, mas que respeitariam a “democracia”.

O mito da “infabilidade democrática do liberalismo” é o que impede Joel Pinheiro da Fonseca e todo o establishment liberal mundial de chamar o fascismo pelo nome. Recorrem-se a mil e uma nomenclaturas: “populista de direita”, “ultraliberal”, “direita radical”, “extremista”, etc. Admitir que o fascismo está entre nós e que pode ascender ao poder por meio da própria institucionalidade vigente é quebrar o binômio liberalismo-democracia em que a devastação neoliberal dos últimos cinquenta anos se alicerça retoricamente. E para manter essa base econômica que alimenta o lucro dos 1% sobre a exploração dos 99% vale tudo, inclusive abrir os braços para o “fascismo moderado”. Uma versão atualizada do que as “democracias ocidentais” fizeram por meio da “política do apaziguamento” com Hitler e Mussolini nos anos 1920 e 1930 para que combatessem o “perigo vermelho”, seu inimigo em comum.

Para os liberais-colonialistas da classe proprietária brasileira, e a fração conservadora da classe média que a serve, inclusive nas colunas da imprensa empresarial, o “bolsonarismo moderado” é necessário, porque o autoritarismo é a sua prática política em toda nossa história. Parecem esquecer que já tentaram “moderar” Bolsonaro em 2018, quando foi a aposta bem-sucedida para evitar a vitória de Lula e do PT. Setecentos mil mortos na pandemia e algumas tentativas de golpe – das quais o 8 de janeiro foi apenas a mais explícita -, os fizeram mudar de ideia momentaneamente. Inelegível Bolsonaro, passam à criação de um novo mito, o do “bolsonarismo moderado”, que, apesar de bradar todos os dias contra o STF e de nunca terem reconhecido o ex-capitão como líder de um golpe de Estado, seriam passíveis de enquadramento nas “normas democráticas”.

Ao citar movimentos “extremistas” de outros países, o IRA da Irlanda e as FARC da Colômbia, o colunista novamente recorre a um lugar comum do pensamento liberal: a falsificação da história, igualando a violência dos oprimidos com a dos opressores. Tanto o IRA quanto as FARC surgiram justamente pela falta de democracia, não contra ela. O Exército Republicano Irlandês existiu porque ingleses sempre trataram irlandeses como subumanos, a ponto de teóricos críticos apontarem a Irlanda como ensaio do processo de colonização escravocrata no qual o capitalismo mundial – e principalmente a Revolução Industrial inglesa – se alicerçou. Chamar a Colômbia de "democracia” só pode ser piada de mau gosto. Um dos países mais violentos do mundo, controlado pelo narcotráfico, onde ser membro de um partido político ou movimento social equivale a pintar um alvo em suas costas. Movimentos guerrilheiros, armados e insurgentes, “extremistas” no linguajar da direita “limpinha”, não nascem do nada. São justamente reações à falta de espaços políticos democráticos que deixam a violência como único recurso para os explorados e oprimidos. Não lutam pela “democracia”. Lutam pela sua sobrevivência porque a alternativa é o extermínio.

(https://www.diariodocentrodomundo.com.br/joel-pinheiro-da-fonseca-folha-de-s-paulo-e-os-liberais-amantes-do-fascismo-moderado/)

Há um problema conceitual aqui sobre o que significa BOLSONARISMO. BOLSONARISMO não é sinônimo de DIREITA. Direita é um gênero, bolsonarista é a espécie. Uma ESPÉCIE de direita, radical e/ou extremista, antissistêmica e golpista, favorável à ditadura e à tortura. Então, quem defende a existência de “bolsonaristas moderados” e a conveniência de abrir diálogo com eles está equivocado, porque não existe bolsonarista moderado, e nenhum deles está aberto a conversa nenhuma.

Mas o sujeito por definição não pode ser “bolsonarista” no sentido forte, porque não é radical. Um político como este não é um “bolsonarista moderado”, mas de um conservador moderado que reclama a etiqueta de bolsonarista por razões utilitárias.

Um político pode se dizer bolsonarista sem sê-lo por razões pragmáticas, eleitorais. Mas um analista rigoroso não pode cometer esses escorregões. Ate porque, incorrendo na confusão entre gênero e espécies de direita, o analista cai involuntariamente no próprio jogo do radicalismo, que é generalizar a qualidade de “bolsonarista” a todos os conservadores.

Todos sabemos que, para o bolsonarismo, ou você é bolsonarista, ou não é “verdadeiramente” conservador. Os conservadores moderados estão o tempo inteiro sob pressão para aderirem sob pena de serem jogados na vala comum de melancias, comunistas infiltrados, etc. E assim vamos “normalizando” a expressão “bolsonarista” para tornar o radicalismo antidemocrático mais palatável e, com ele, agendas voltadas para anistia e outras de erosão óbvia do sistema.

Em suma: não existe bolsonarismo moderado. Há direita moderada. E é atrás dela que se deve ir, evitando sua captura pelos extremistas- ou seja, pelos bolsonaristas.

(https://www.diariodocentrodomundo.com.br/por-que-e-errado-falar-em-bolsonarismo-moderado-por-christian-lynch/)

Nota: o Inominável, diante da "tragédia" no Rio Grande do Sul, soltou a pérola:

"A problematização do clima realizada pela organização é pura desinformação como meio para atingir um fim.

Tudo orquestrado pelos gigantes que exigem dos outros o que não cumprem. Ou seja, inviabilizam o desenvolvimento de países com potencial garantindo aos líderes destas repúblicas a sua manutenção no poder sob o custo de escravizar ainda mais seu próprio povo.

No final quem paga por tudo isso é o contribuinte, com aumento de impostos, desemprego e mais dependência ainda do estado. Feito!"

E seus seguidores, no estilo bem conhecido desde 2018, ao invés de ajudar, disseminaram fake news sobre a "tragédia" no Rio Grande do Sul.

segunda-feira, 13 de maio de 2024

O cavalo e as ratazanas

Autor: Moisés Mendes.

Um homem pegou uma picareta e, para acabar com o barulho que o incomodava, destruiu o gerador de energia da bomba que puxava água para um bairro de Santa Cruz do Sul.

Um político bolsonarista criou um pix para arrecadar dinheiro para uma organização fascista, foi vaiado e no dia seguinte montou no seu jet ski para salvar crianças ilhadas.

Morreram cem pessoas com pestes da água no hospital. Era fake news. Corpos de crianças aparecem boiando nas águas. É fake news. Até jornalistas ajudam a disseminar fake news com histórias tristes ou edificantes.

Um cavalo subiu no telhado e passou a noite no telhado. Um morador de área nobre da capital queixou-se no facebook da perturbação dos helicópteros de resgate durante a noite. Fez um sucesso.

Vereadores da extrema direita gritam nas redes que o plano de Lula é destruir o Estado. Homens se infiltram em abrigos improvisados para estuprar meninas desprotegidas.

Bolsonaro, internado com erisipela, propaga mentiras sobre o governo Lula. Cúmplices de Bolsonaro replicam as mentiras. Tias e tios do zap continuam dizendo que só Deus pode salvar os gaúchos. Sobrinhos e sobrinhas espalham que só doações com notas fiscais chegam ao Rio Grande do Sul.

O senador Hamilton Mourão sumiu e reapareceu para dizer que os gaúchos precisam mesmo é de uma GLO, a Garantia da Lei e da Ordem. Tem gente organizada nas redes sociais para repetir a pregação de Mourão de que é preciso ordem e progresso.

Tem militante em postos de coleta de doações dizendo nos cantinhos que isso aqui é do deputado fulano. E a doação é embarcada num caminhão a serviço do deputado fulano.

Tem político que não aparece perto das áreas inundadas para não ser vaiado. Invasores de casas abandonadas escolhem residências de idosos e atacam à noite.

O prefeito de Porto Alegre pediu que a classe média fugisse para o Litoral. Os prefeitos do litoral temem que suas cidades entrem em colapso com a invasão dos flagelados da capital.

A extrema direita, o agro pop e os especuladores imobiliários aplaudem o governador e o prefeito. Nas aparições na TV, o governador se assemelha cada vez mais a essas figuras criadas pela inteligência artificial. O prefeito não se assemelha a inteligência alguma.

Os supermercados fazem doações de comida e remarcam os preços da comida. Postos dobram o preço da gasolina. O véio da Havan chora diante da loja destruída. Gente com camisetas de políticos fascistas aparece na TV com água pela cintura.

Liberais prontos para grandes oportunidades planejam novos negócios. Os jornais publicam na capa que grandes empresários sugerem ao governo que outros grandes empresários sejam contratados como grandes consultores do salvamento do Estado.

Famílias dormem dentro dos carros no acostamento das estradas. Especialistas da Tunísia dizem em longas entrevistas como reconstruir o Rio Grande do Sul. O mercado financeiro avisa em manchetes no Estadão que é preciso manter o arcabouço fiscal.

A Folha dissemina fake news e assegura que as suas fakes news são as fake news mais verdadeiras. O Globo pede mais bônus dos lucros da Petrobras para seus acionistas amigos.

Uma produtora de vídeos com verdades paralelas alerta que, que depois da tragédia, vem o comunismo. Uma influencer berra sem parar que a umbanda provocou a desgraça.

O governador e o prefeito continuam aparecendo ao lado de cuias de chimarrão durante as entrevistas coletivas. Ratazanas são expelidas pela explosão dos bueiros. O cavalo foi resgatado.

Fonte: https://www.jornalistaspelademocracia.com/outros/o-cavalo-no-telhado-e-as-ratazanas/

A "educação" do Tarcísio

Os resultados da mudança que o governo Tarcísio de Freitas promoveu na Secretaria da Educação foram expostos em duas reportagens da Folha de S. Paulo, que mostram que os livros didáticos, considerados obsoletos pelo governo de São Paulo, deram espaço a aulas digitais que exibem vídeo do MBL e material da produtora conservadora e negacionista Brasil Paralelo, muito divulgada pela família Bolsonaro.

Na matéria desta segunda (6), Folha mostra que um material do Brasil Paralelo foi usado em aula de empreendedorismo com alunos do 3º ano do ensino médio. No dia anterior, o jornal havia noticiado o uso de um vídeo do MBL para explicar o que é grêmio estudantil. O uso do vídeo foi suspenso.

As aulas digitais foram implementadas no ano passado. O secretário de Educação do governo Tarcísio é o empresário Renato Feder, que causou polêmica ao decidir abrir mão dos livros didáticos do programa nacional do Ministério da Educação, alegando que o conteúdo dos livros “perdeu qualidade e estão superficiais”.

Após críticas, o governo Tarcísio decidiu continuar recebendo livros, mas não desistiu das aulas digitais com slides produzidas pela própria secretaria estadual.

Segundo a Folha, o próximo passo do governo Tarcísio é introduzir ferramenta de inteligência artificial para substituir os professores na produção do material usado nas aulas digitais. Os professores farão apenas uma revisão e o parecer final sobre o material ficará a cargo da secretaria de Feder.

Fonte: https://jornalggn.com.br/noticia/tarcisio-trocou-livros-didaticos-por-videos-do-mbl-e-brasil-paralelo/

A lavagem da 13 de maio

Este ano, no dia 13 de maio, completam-se 136 anos da assinatura da Lei Áurea, que aboliu legalmente a escravidão do Brasil. O dia é lembrado pelo grupo Ilú Obá de Min, criado por mulheres negras em 2004 e que, anualmente, realiza uma lavagem na rua que leva a data no nome.

O ato simbólico é também um protesto, que contesta a ideia de que a lei sanou os problemas da população negra no Brasil e questionando o protagonismo da ação, cujos louros ficaram para princesa Isabel e não para as lideranças negras e para a luta abolicionista.

A associação, responsável por um dos maiores blocos afro do carnaval de São Paulo, surgiu com a missão de divulgar a cultura negra e fortalecer as mulheres negras. O nome Ilú Obá de Min significa, em Yorubá, "mãos femininas que tocam tambor para xangô".

Todos os anos, elas vestem branco e se reúnem na escadaria do Bixiga, onde tocam seus tambores, fazem discursos, dançam e espalham água de cheiro escada abaixo. Após a lavagem, o grupo segue em cortejo pela rua 13 de Maio.

Fonte: https://guia.folha.uol.com.br/amp/passeios/2024/05/ilu-oba-de-min-realiza-tradicional-lavagem-da-rua-treze-de-maio-programe-se-para-acompanhar.shtml

O Bixiga é conhecido hoje pela forte presença da comunidade italiana de São Paulo, mas a população negra já estava presente na região. Escravizados fugidos de leilões no vale do Anhangabaú chegavam ali pelo rio Saracura, hoje canalizado, e formavam quilombos em suas margens.


Meu malvado favorito

Uma desertora norte-coreana afirmou que o ditador Kim Jong-un escolhe 25 meninas virgens todos os anos para fazer parte do seu "Esquadrão do Prazer".

Segundo Yeonmi Park, de 30 anos, as jovens são escolhidas pela combinação de aparência e lealdade política.

Park declarou, segundo reportagem no "Daily Star", que foi escolhida duas vezes para a "honra" de servir o ditador e os principais dirigentes do Partido Comunista, mas não foi selecionada por causa de seu "status familiar":

"Eles visitam todas as salas de aula e até vão aos pátios das escolas para o caso de sentirem falta de alguém bonito. Quando encontram moças bonitas, a primeira coisa que fazem é verificar o seu estatuto familiar e o seu estatuto político. Eles eliminam todas as meninas com familiares que escaparam da Coreia do Norte ou que têm parentes na Coreia do Sul ou em outros países."

O próximo passo é um exame médico para garantir que são virgens. As aprovadas no teste são submetidas a um exame médico mais detalhado, sendo que mesmo o menor defeito – como uma pequena cicatriz em qualquer parte do corpo – é motivo de desclassificação.

Os testes rigorosos deixam aprovadas "apenas um punhado de meninas de toda a Coreia do Norte", que são então enviadas para Pyongyang. Uma vez selecionadas, disse Park, "a única razão de existência das meninas é agradar ao ditador".

A desertora alegou que as condições de vida são tão sombrias na Coreia do Norte que os pais "aceitam" alegremente que as suas filhas sejam recrutadas para o "Esquadrão do Prazer", porque isso significa que pelo menos as jovens não morrerão de fome.

Fonte: https://extra-globo-com.cdn.ampproject.org/v/s/extra.globo.com/google/amp/blogs/page-not-found/post/2024/04/ditador-kim-jong-un-seleciona-todo-ano-25-virgens-para-seu-esquadrao-do-prazer-diz-desertora.ghtml?amp_js_v=0.1&amp_gsa=1#webview=1

Nota: a poligamia é comum em países islâmicos. Tem algumas vertentes do Cristianismo (Mórmons? Adventista s?) que adota a poligamia. Por que só a Coréia do Norte é visada?

domingo, 12 de maio de 2024

Ela encontrou um bom caminho

Eli Ferreira dá vida à doce professora Lu em “Renascer”, novela que aborda religiões distintas ao trazer um padre, um pastor e uma candomblecista como personagens importantes da trama, que se passa na Bahia. Também foi em terras baianas que a atriz, criada na igreja evangélica desde criança, viu sua vida passar por uma transformação em 2022, quando teve o primeiro contato com um terreiro de candomblé. Ela, que pratica o culto de Ifá, detalha como foi seu processo de transição para uma religião de matriz africana e conta de que forma isso a ajudou a perdoar o pai, totalmente ausente em sua criação.

– Sou ifaísta. Percebi que a religião não era nada daquilo que ouvi falar a vida inteira dentro da igreja evangélica, que acredito ser a mais intolerante. Qualquer coisa ligada à África e aos negros é muito deturpada – desabafa a atriz, ciente de muitos preconceitos que são vinculados à ancestralidade africana e suas heranças contemporâneas, culturais, sociais e religiosas.

A artista descreve que “a religião de matriz africana não impõe a falsa perfeição, mas ensina a lidar com as consequências”:

– Também fala de ancestralidade, da importância de cultuar a natureza e de valorizar os mais velhos Nunca ouvi sobre isso durante tantos anos na igreja.

Convertida após uma viagem a Salvador, Eli descreve se sentir “segura, confortável e acolhida” sendo ifaísta. Mas nem sempre foi assim.

– Quando saí da igreja evangélica, minha mãe não curtiu muito, como já era de se esperar. Inicialmente, existiram algumas dúvidas por parte dela. De qualquer maneira, não foi uma grande questão. Se estou bem resolvida comigo, não tem nenhuma pressão – assegura Eli sobre a religião e a relação com a mãe evangélica, Jerusa Ferreira.

No que diz respeito ao pai, com quem ficou anos sem falar, Eli conta que o procurou por conta de sua espiritualidade:

– Acredito que temos que resolver as coisas, senão o conflito vem numa próxima vida. Tomei a decisão de procurá-lo por causa disso.

Fonte: https://extra.globo.com/google/amp/entretenimento/noticia/2024/05/professora-lu-em-renascer-eli-ferreira-conta-por-que-deixou-a-igreja-evangelica-e-se-converteu-a-religiao-de-matriz-africana-na-bahia.ghtml

Nota: isso não é noticiado nas páginas direcionadas aos evanjegues.

Jogo dos sete erros

Uma notícia no Carta Capital suscitou uma reflexão necessária. Como o jornal (revista?) dificulta a citação e uso das notícias para fazer postagem, eu vou citar outra fonte.
Citando:

Em mais de 800 lojas do Carrefour, funcionários estão utilizando câmeras corporais em seus uniformes de trabalho. Após investir cerca de R$ 16 milhões na compra de 6 mil bodycams, como são conhecidas, a maior varejista do Brasil afirma que o uso desses aparelhos por vários funcionários, espalhados em mil pontos de venda pelo país, reduziu em 30% a ocorrência de incidentes em lojas.

 https://canalcienciascriminais.com.br/funcionarios-do-carrefour/

O desafio ao leitor é encontrar sete erros. Valendo.

Recapitulando, em várias notícias o Carrefour aparece como palco de uma ocorrência no mínimo preocupante. O público deve lembrar o caso do cachorro morto por um segurança. Foram três ocorrências que foram noticiadas de flagrantes mostrando a truculência e o racismo cometido pelos seguranças do supermercado.
Em nota pública, o Carrefour vem com a explicação (desculpa esfarrapada) de que isso aconteceu com um funcionário terceirizado. Nota necessária e essencial - segurança privada, seja da empresa ou terceirizada, não tem (repito, não tem) poder e função de polícia. Não pode prender, não pode revistar, não pode confiscar.
Casos semelhantes ocorreram em outras lojas, em lanchonetes fast fios e espetáculos.
Quem forma esses profissionais? Quem lê notícia deve ter visto a notícia do massacre (um de muitos) da PM do Tarcísio no baile funk na periferia. Quem lê notícia deve ter visto o caso emblemático da PRF e a tortura e execução de um coitado (preto e favelado - coincidência?). Quem lê notícia deve ter visto que um instrutor de um conhecido curso preparatório literalmente ensinou isso aos futuros policiais rodoviários. E nada aconteceu ao instrutor ou ao instituto que permitiu tal aberração.
Isso é estrutural. Efeito do racismo e da aporofobia.
Quem lê notícia deve ter visto a notícia do massacre (um de muitos) da PM do Tarcísio no baile funk na periferia.
Instalar câmera corporal é placebo. O necessário é mudar a atitude.

Não binário/a na defensoria pública

No dia 18 de abril, a advogada Bárbara Cavallo, 27, não sabia o quanto preencher o formulário sobre sua identidade de gênero seria algo inédito para a Defensoria Pública. Como o documento não tinha um campo para masculino e feminino, a resposta deveria ser escrita por extenso, onde ela preencheu: não-binária. Foi a primeira vez que uma pessoa não-binária tomou posse na defensoria em todo o país.

Bárbara, que nasceu em Bocaina, município de 10 mil habitantes no interior de São Paulo, conta que não sabia o quanto o gesto poderia repercutir internamente na instituição.

A defensora escolheu a graduação em direito para se emancipar de um contexto familiar rígido.

"Desde meus 8 anos de idade, tive vários problemas com a minha família que não aceitava a maneira como expressava essa identidade. O direito surgiu como opção porque, no meu imaginário daquela época, poderia me dar independência financeira. Mas só quando estagiei na Defensoria Pública, comecei a ver sentido no que estava fazendo".

Em 2017, fez estágio voluntário na Defensoria Pública de São Paulo, em Ribeirão Preto, onde cursou a faculdade. Depois, trabalhou por mais de um ano na área da infância e juventude do órgão.

Bárbara se reconhece como uma pessoa não-binária há dois anos com ajuda de Grey's Anatomy, série da qual é fã. Em 2021, quando apareceu a primeira personagem não binária, interpretada por ER Fightmaster, ela começou a refletir sobre esta possibilidade.

"Fui pesquisar sobre a vida de ER, li entrevistas e percebi que não era só uma questão de expressão de gênero, era uma questão de identidade", conta.

"Vi essa pessoa falando sobre como existem muitos números entre 0 e 1. Existem muitas identidades entre o masculino e feminino, além de homem e mulher. A pessoa pode se sentir confortável sem precisar decidir estar em lugar nenhum. E percebi que estava confortável nesse limbo. Embora seja lida como mulher 100% do tempo, isso parou de me bastar".

Nesta época, Bárbara conta que começou a brincar com outras expressões de gênero. "A primeira vez que fui numa barbearia, não conseguia parar de chorar na frente do espelho porque parece que foi um alívio tão grande. Sempre quis ter cabelo curto, pude. Ou a primeira vez que entrei numa loja e comprei uma roupa na seção masculina. Tudo isso me foi negado durante a infância e adolescência", relata.

"Só sabia que tinha alguma coisa em mim que não estava dentro da caixinha que esperavam. Essa questão da minha expressão de gênero na infância incomodou muito, porque era uma criança moleca. Depois, quando adulta, me via como uma sapatão mais masculina, caminhoneira. Mas ainda assim, esses rótulos não me bastavam."

Bárbara não alterou nenhum documento até agora porque em São Paulo, estado onde nasceu, o registro para pessoas trans também se enquadra entre masculino e feminino.

"Não existe o meio termo, então não poderia ser retificado extrajudicialmente. Teria que entrar com um processo judicial, mas que não era prioridade para mim, no momento, porque me sinto confortável com os meus pronomes", conta.

Ela afirma que não imaginava a repercussão do seu gesto, ao preencher o formulário da Defensoria Pública, para a instituição. "Não imaginava que seria a primeira em todo o país", diz.

"Essa questão da identidade de gênero é uma coisa muito recente para mim. Na verdade, quando olho para trás depois de muita terapia, entendo que na verdade, é uma questão que me acompanha desde a minha infância, só que apenas de dois anos para cá isso tem vindo com mais força para mim. Acho que eu me encaixei a vida inteira, só não sabia o nome".

Nos próximos dois meses, a nova defensora participa de um curso de formação em Curitiba até conhecer qual será a comarca onde vai atuar, que deve ser no interior do estado, onde o órgão precisa expandir o serviço. Independentemente de onde seja, ela sabe que quer se especializar na vara da infância e juventude. E também expandir este debate sobre identidade de gênero — dentro e fora da instituição.

"É um tema espinhoso porque falta muita informação. As pessoas acham que a criança com 10 anos entendeu que é trans e já vai fazer a transição, reposição hormonal ou cirurgia. Não é assim que funciona. Existem outros tipos de protocolos, por exemplo, o bloqueio de sinais de puberdade, que seria o crescimento dos seios ou pelos, para dar tempo para essa criança ou adolescente refletir sobre isso. E esta pessoa deve ser assistida por uma rede com assistência social, psicólogo, médico", afirma. "Precisamos começar a enxergar as crianças e adolescentes como sujeitos de direitos".

Para ela, a Defensoria Pública é um espaço importante de garantia de políticas públicas em diversidade. "A Defensoria Pública é um megafone de vozes. É uma instituição vocacionada para proporcionar acesso à justiça. Penso que, como defensoria não-binária, posso trazer esse letramento para a instituição", diz.

"Ainda existe um grande preconceito por conta dessa visão de mundo extremamente binária, que foi reforçada nos últimos anos. Seria importante, no primeiro momento, a gente trazer o letramento, expor isso dentro da instituição, expandir isso para a sociedade. É a chance das pessoas de entenderem o que é verdadeiramente o outro".

Fonte: https://www.uol.com.br/universa/noticias/redacao/2024/05/03/1-defensora-nao-binaria-toma-posse-no-parana.htm

Milhões de Malafaias

O pastor e deputado federal Henrique Vieira (PSOL/RJ) faz um alerta na Câmara Federal: a extrema direita evangélica do tipo Malafaia tem o objetivo de transformar o Brasil em 200 milhões de pessoas iguais a eles. Não admitem a diversidade de pensamentos, religiões.

Para isso, segundo o deputado, que também é pastor evangélico, não hesitarão em atacar pessoas que não pensem e ajam exatamente como eles, ainda que sejam evangélicas. 
 
Adeus, liberdade de pensamento, liberdade religiosa, liberdade de criação, liberdade de relacionamento. Adeus, diversidade. Adeus, liberdade.

O que disse o pastor Henrique Vieira:

O que se pensa? Que todo cristão no Brasil é tipo Malafaia? O que se pensa sobre a sociedade brasileira? Que o Brasil é composto por 200 milhões de Malafaias? 
Eu reconheço que a extrema direita de conteúdo fascista tem força política no Brasil, mas tem uma estratégia de se fazer maioria absoluta e apagar a diversidade que existe em nossa sociedade. 
Então, um alerta para a sociedade brasileira que eu deixo aqui:

Vocês que são cristãos e evangélicos, que não concordam com eles, eles vão atacar vocês. 
Vocês que são católicos, da diversidade que há no campo católico, eles vão atacar vocês. 
Vocês que são judeus, muçulmanos, de outras religiões, eles vão atacar vocês. 
Vocês que são das religiões de matriz africana e das espiritualidades indígenas, eles atacaram, atacam e vão atacar vocês. 
Vocês que não têm religião, eles vão atacar vocês. 
Aliás, vocês que gostam do Parintins no Amazonas,
vocês que gostam dos festejos de São João no Nordeste, 
vocês que gostam do samba e do carnaval, Rio, Recife e Bahia, vocês que gostam das rodas de rima do Hip-Hop,
eles vão atacar vocês por um motivo simples: Eles vão atacar tudo e todos que não sejam iguais a eles. E vão fazer isso "em nome de Deus".

Funciona basicamente assim. "Bolsonaro é ungido, messias, escolhido por Deus, para governar o Brasil. O Brasil, então, é do Senhor Jesus. Quem não concorda com Bolsonaro não concorda com Jesus"...
É absolutamente perverso! 
E eles são capazes de tentar dar golpe em nome disso. São capazes de depredar, vandalizar a sede dos Três Poderes em nome disso. 
E não vai ser surpreendente, se daqui a pouquinho aparecer um atirador ou um homem bomba, "cheio de testosterona", disposto a matar em nome disso. Porque eles querem exatamente isso.

Fonte: https://revistaforum.com.br/brasil/2024/4/27/pastor-alerta-querem-transformar-brasileiros-em-200-milhes-de-malafaias-157991.html

sábado, 11 de maio de 2024

Nós estamos evoluindo para o mal

Alguns dirão que exagero para o bem e outros que o faço para o mal. Evoluir para o "bem" seria o exagero de que estaríamos nos tornando uma potência cultural, econômica, científica e educacional; para o "mal", seria estarmos virando um país ignorante quanto ao resto do mundo, imperialista, hipócrita, fanaticamente religioso e egoísta.

Infelizmente, na visão deste que elucubra estas despretenciosas linhas de pensamento, estamos evoluindo para o mal. E tudo advém da cada vez mais similar situação política da Nação. A morte anunciada do sindicalismo deriva de uma extinção cada vez mais ameaçadora, a da esquerda, da visão de mundo que é só o que nos separa da barbárie sócio-cultural ianque.

Se não conseguirmos colocar a esquerda e sua vertente sindical no século 21, porém, acabaremos nos tornando os Estados Unidos. O que seja, um país prisioneiro de um espectro político em que só existem centro-direita e extrema-direita. Um país em que o que sobrou da esquerda teve que se unir à centro-direita para poder influir um pouco que seja nos rumos trilhados.

Fiquei tentado a enumerar a impressionante catarata de porcaria que a esquerda está vertendo sobre o cenário político, mas para que entrar em minudências se todos sabem exatamente do que estou falando? Voluntarismo, descontrole emocional, cegueira e, pasmem, até violência contra a mulher brotam de um esquerdismo infantil que, 11 anos atrás, cobrou 20 centavos para ressuscitar o fascismo no Brasil.

Uma esquerda que não aceita críticas e que acha que o comportamento e as ideias "geniais" que vem adotando são inatacáveis. 

Essa esquerda a que me refiro, vale notar, logrou eleger nem 10% do Congresso Nacional. Até cresceu um tiquinho, mas vegetativamente, de forma absolutamente episódica e fugaz. E atribui tal debilidade, quando a enxerga, a mil e um fatores, menos ao único que presta: o fato de que perdeu o contato com o povo por conta de uma arrogância quase sobrenatural.

Estamos falando de uma esquerda que não admite críticas e que trata de atacar quem ousa questionar seus rumos suicidas. Continua balbuciando dogmas do fim do século 19 com a boca desdentada do fanatismo e da cegueira ante um mundo que não para de mudar e que em poucos anos sofrerá mudanças absolutamente desconhecidas dessa nostalgia abobada. 

Não é bom o que vem aí e pode, inclusive, ser inevitável. Se a parcela da humanidade à esquerda entender que é imperioso olhar o mundo com olhos de ver, talvez possamos influir para que mudanças atrozes que aí vêm sejam menos traumáticas do que prometem ser se continuarmos viajando nessa maionese gosmenta do fanatismo nostálgico.

Fonte: https://www.brasil247.com/blog/o-brasil-esta-virando-os-eua

O empecilho da justiça

O Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4), suspendeu a liminar que derrubou resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM) proibindo médicos de realizar a chamada assistolia fetal. O procedimento é usado pela medicina nos casos de abortos previstos em lei, como em estupro. 

A decisão, tomada na noite dessa sexta-feira (26), retoma os efeitos da resolução do conselho, determinando que os médicos não podem mais realizar esse procedimento em gestantes com mais de 22 semanas de gravidez.

Na decisão, proferida na noite dessa sexta-feira (26), o desembargador argumentou que o tema já é objeto de discussão no Supremo Tribunal Federal, em uma Ação de Descumprimento de Preceito Fundamental (ADPF 989/2022), que trata de ações e omissões do Ministério da Saúde que estariam impedindo a realização de aborto em decorrência de gravidez proveniente de estupro, conforme determina a legislação.

Para Leal Junior, como o assunto já está sendo debatido no STF, não caberia uma liminar para suspender a resolução do CFM.

“Nesse contexto, não me parece oportuno que, em caráter liminar, e sem maiores elementos, o juízo de origem suspenda os efeitos de resolução do Conselho Federal de Medicina que trata de questão que: a) terá impacto nacional; b) está – ainda que sob outra roupagem – submetida a julgamento pelo STF; e c) e necessita de um debate mais amplo e aprofundado”, argumentou.

A resolução do CFM proibindo a assistolia fetal também é tratada em outra ADPF, a 1.134/2024, protocolada pelo Psol, que pede que a decisão do conselho seja declarada inconstitucional. Na ação, o partido argumenta que a norma do CFM restringe, “de maneira absolutamente discricionária”, já que a resolução não proíbe a técnica nos outros dois casos em que o ordenamento jurídico permite o aborto – risco à vida da gestante e anencefalia.

De acordo com o partido, a proibição restringe a liberdade científica e o livre exercício profissional dos médicos. O partido argumenta ainda que a resolução, na prática, submete meninas e mulheres à manutenção de uma gestação compulsória ou à utilização de técnicas inseguras para o aborto, privando-as do acesso ao procedimento e à assistência adequada por vias legais, como recomenda a Organização Mundial da Saúde (OMS) e a Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia (Febrasgo) e “submetendo-as a riscos de saúde ou morte”.

Em março deste ano, por ocasião do Dia Internacional da Mulher, manifestações em todo país pediram a legalização do aborto no Brasil e o fim da violência de gênero. Em São Paulo, uma marcha percorreu a Avenida Paulista (foto) e denunciou a morte de mulheres por falta de assistência durante a interrupção da gravidez.

Fonte: https://agenciabrasil.ebc.com.br/justica/noticia/2024-04/justica-restabelece-resolucao-do-cfm-que-proibe-assistolia-fetal#:~:text=O%20Tribunal%20Regional%20Federal%20da,em%20lei%2C%20como%20em%20estupro.

Nota: no Brasil de mentalidade medieval e colonial, direitos reprodutivos ainda são restritos.

sexta-feira, 10 de maio de 2024

Impunidade

A Justiça Eleitoral agiu rapidamente no caso da manifestação de Lula em favor de Guilherme Boulos neste 1o. de Maio e determinou que o vídeo fosse retirado das redes sociais do presidente.

A decisão atendeu a pedido do Partido Novo.

Mas há uma constante violação da legislação eleitoral nos atos de Jair Bolsonaro pelo Brasil que não tem recebido a mesma atenção do Judiciário, até porque não existe reclamação, nem mesmo do Partido dos Trabalhadores ou de parlamentares. É o caso da organização e financiamento de atos políticos públicos por parte das igrejas evangélicas.

A advogada eleitoral Stella Bruna Santo analisou os fatos que envolvem diretamente pelo menos um partido político, o PL, Jair Bolsonaro e uma liderança evangélica, Silas Malafaia. A pedido do 247, ela deu a seguinte entrevista:

1- Como você vê, do ponto de vista da legislação eleitoral, a ação das igrejas evangélicas em favor de Jair Bolsonaro.

O que temos visto nos últimos anos é que uma parte das igrejas evangélicas atua, de forma cada vez mais escancarada, na organização de atividades políticas, e suas sedes estão se transformando em verdadeiros diretórios partidários. O Professor João de Castro Rocha, que estudou a fundo o funcionamento das igrejas evangélicas, já constatou o peso do neopentecostalismo na política. Não à toa, essas igrejas aumentam, a cada processo eleitoral, suas bancadas nos parlamentos e elegem vários governantes por todo o país. Sem falar no papel decisivo que tiveram na eleição do Sr. Bolsonaro.
Só que essa mistura explosiva de religião com política, que atinge em cheio a laicidade do Estado e os pilares da democracia, não está tendo um freio, que se faz urgente e necessário. Claro que esses abusos acabam por interferir indevidamente no processo democrático e beneficiam o Partido do Sr. Bolsonaro, do Sr. Malafaia e de seus aliados, o que é proibido pela legislação eleitoral e partidária em vigor.

2 - Pode dar exemplo dessa ação abusiva?

Para ficar apenas nos últimos meses, os atos que levaram os apoiadores do Sr. Bolsonaro às ruas na Av. Paulista, no Rio de Janeiro e no interior de São Paulo, não foram religiosos, mas com viés político-partidário evidente. O Sr. Bolsonaro e o Sr. Malafaia, que estavam à frente dessas manifestações são políticos, certo? E lá agiram como políticos e todos sabem que fazem política 24 horas por dia. Porém, a organização e financiamento desses atos partiu da estrutura gigantesca dessas igrejas, só que essas manifestações e atividades políticas deveriam estar sendo pagas e organizadas pelo Partido do Sr. Bolsonaro e do Sr. Malafaia, que tem a obrigação, pela legislação em vigor, de declarar todas as despesas com total transparência e escriturar os gastos dessas atividades nas respectivas prestações de contas perante a justiça eleitoral.

3 - Pode apontar os pontos da legislação que estão sendo violados?

Os Partidos Políticos são os agentes do processo democrático e são eles os responsáveis pelos atos de propaganda político-partidária ou eleitoral. Tais atividades precisam de financiamento, e, como sabemos, atualmente são proibidas as doações de pessoas jurídicas a partidos, que também não podem receber contribuições nem direta nem indiretamente, nem através de publicidade de qualquer espécie, das chamadas fontes vedadas. As igrejas evangélicas estão relacionadas como uma dessas fontes vedadas, já que são entidades religiosas, e, como todas as pessoas jurídicas, não podem beneficiar Partidos, e durante o processo eleitoral, não podem beneficiar suas candidaturas.

Como esses atos e atividades políticas de pastores e igrejas estão gerando gastos em benefício de Partidos, e que não estão sendo declarados, isso já configura um grave ilícito, que viola várias disposições legais. Por um acaso, clubes de futebol, que têm um apelo forte do público, ou torcidas organizadas podem emprestar toda sua estrutura para beneficiar algum Partido? Ou uma rede gigante de supermercados pode atuar politicamente em favor de um político? O mesmo rigor que a Justiça Eleitoral tem agido contra os abusos que são cometidos por pessoas jurídicas também deve ser aplicado às igrejas evangélicas. Hoje o que temos visto é que os aliados políticos dessas igrejas recebem tais contribuições abusivas em completo desrespeito à legislação em vigor e num desequilíbrio crescente aos demais partidos concorrentes. Pior, não declaram absolutamente nada perante a Justiça Eleitoral.

4 - Que providências a sociedade pode tomar para que cessem os abusos?

Hoje a proliferação dessas igrejas evangélicas é gritante, em todas as cidades do país, principalmente pela facilidade que possuem para fazer funcionar suas sedes, já que nem precisam pagar impostos. E temos visto igualmente um aumento do tom político dos discursos de suas lideranças evangélicas, o que revela que já estão em plena campanha neste ano eleitoral. É bom lembrar que eles se utilizam não apenas dos cultos de seus pastores, como também de emissoras de rádio (algumas com potencial de grande repercussão), usam horários nas TVs, fazem jornais impressos, e proliferam até mesmo fake news em suas redes sociais com ataques a governantes e Partidos, ou seja, o que fazem, na verdade, é pura propaganda política ou eleitoral, e muitas vezes com discursos ofensivos, preconceituosos, alguns com mensagens eleitorais diretas, outras vezes subliminares, tudo para atingir seus adversários políticos e beneficiar seus favoritos.

Como até o momento não houve qualquer ação efetiva para brecar tais abusos, e como se agigantaram em proporções geométricas, acredito que será preciso organizar uma força-tarefa entre os militantes partidários e entidades da sociedade civil para que se conscientizem dos males que esse tipo de atuação tem causado à democracia, e se esforcem em coletar provas desses abusos para entrar com medidas perante a Justiça Eleitoral. Não se trata de coibir discussões sobre temas políticos ou manifestações individuais de eleitores e eleitoras evangélicos. Mas são os abusos dessas igrejas que precisam ser coibidos e seus responsáveis punidos, principalmente durante o processo eleitoral que se avizinha.

5 - Quais as consequências? O PL pode ser punido? Que tipo de punição?

Para os atos que já foram realizados, cabem medidas jurídicas perante a Justiça Eleitoral contra o Sr. Bolsonaro, Sr. Malafaia e seu respectivo Partido, eis que realizaram atividades político-partidárias com o uso de recursos de fontes vedadas. Os Partidos interessados e o Ministério Público podem, inclusive, tentar medidas para suspender as próximas atividades, caso continuem sendo custeadas por essas mesmas fontes vedadas.

As medidas jurídicas são diversas, e podem ser apresentadas contra os Partidos desses políticos envolvidos nessas manifestações, cujas respectivas legendas é que deveriam ter organizado, pago e escriturado os gastos relacionados a essas atividades de cunho político-partidário, lembrando que nesses atos trouxeram até mesmo ônibus alugados de vários Estados do país. Em outras palavras, esses Partidos receberam e continuam recebendo contribuições de fontes vedadas, e que se caracterizam como recursos financeiros não declarados. Cabem, ainda, representações por abuso do poder econômico contra todos os organizadores desses atos que visaram beneficiar o Sr. Bolsonaro, seu Partido e seus aliados. Há punições diversas, tanto aos Partidos envolvidos, que podem sofrer uma suspensão de recursos do Fundo Partidário, como também aos dirigentes responsáveis e organizadores, que, comprovadas as condutas irregulares, podem ser punidos com penas que acarretam a inelegibilidade.

6 - Jair Bolsonaro pode ser punido?

Sim, da mesma forma descrita acima, já que ele é um dos maiores beneficiados dessas atividades que estão sendo realizadas. Hoje ele e seu Partido recebem diversos benefícios dessas pessoas jurídicas sem declarar nenhum centavo, e continuam nessa prática como se fosse permitida na lei e na Constituição Federal.

7 - Quem mais?

Todos os envolvidos que pagaram a organização desses eventos, bem como os que foram dele beneficiados podem ser representados perante a Justiça Eleitoral. Repito, o caráter desses atos foi político, com intenções até mesmo de conquistar apoiadores inclusive para as próximas eleições municipais. Aliás, ato evangélico deveria ser organizado e realizado dentro das inúmeras sedes gigantescas que essas igrejas possuem, certo? E basta ouvir os discursos políticos que ali foram proferidos, inclusive da esposa do Sr. Bolsonaro, para atestar que são muitas as condutas irregulares ali praticadas.

8 - Como você vê o argumento de pastores de que estão usando dinheiro do próprio bolso?

Pessoa física pode contribuir com partidos políticos e para as campanhas eleitorais, mas dentro dos limites estabelecidos em lei, cujas doações devem ser devidamente declaradas nas prestações de contas dos Partidos. Um grupo de pastores, portanto, não pode financiar comícios de viés político-partidário em substituição às atividades que são próprias dos Partidos, nem convocar atos para afrontar as instituições brasileiras, o que é vedado até mesmo pela Constituição Federal. Já pensou se de fato essas contribuições indiretas passassem a ser permitidas? Aí teremos os padres das igrejas católicas organizando comícios para beneficiar candidaturas de sua preferência, clubes, donos de bares, cinemas, redes de supermercados, enfim, tudo que é proibido por pessoa jurídica passará a ser permitido, certo? Dessa forma, não pode haver permissão, sob o manto da religiosidade, para que parte das igrejas evangélicas continue a ter essa atuação abusiva, que, ademais, têm um objetivo claro, que é o de conquistar cada vez mais o poder político. É preciso ter um basta!

Como já disse acima, qualquer ato de propaganda política precisa ser de responsabilidade e assumido pelo respectivo Partido, que, aliás, está proibido de fazer propaganda incitando a população contra as instituições ou seus representantes, nem pode criar estados mentais ou artificiais que provoquem animosidade contra as instituições brasileiras, tampouco incitar ódio, violência ou desobediência às leis. Mas basta analisar os discursos desses pastores políticos, amplamente disseminados pelas redes sociais dos evangélicos, para verificar que se trata de pura propaganda política; usam e abusam da estrutura de suas igrejas para aumentar suas bases político-eleitorais, o que é proibido e precisa ser coibido. É preciso que a sociedade preste atenção nessa anomalia. Se não houver um freio imediato, num breve espaço de tempo, como já alertaram vários estudiosos do tema, veremos a instalação definitiva de um Estado teocrático, cujos embriões já funcionam em pleno vapor, e que acabam por abrir o caminho para o fim da democracia em nosso país.

Fonte: https://www.brasil247.com/blog/verdadeiros-diretorios-partidarios-bolsonaristas-igrejas-evangelicas-violam-a-lei-e-nao-sao-punidas