quinta-feira, 31 de outubro de 2024

Uma Dança Entre Dois Mundos


Para um brasileiro, um convite à reflexão:

Em noite de névoa, quando o ano se curva, E a natureza adormece, em profundo fervor, Um antigo ritual, ecoa e resurge, Samhain, a dança da vida e do amor.

Não é Halloween, com fantasias e pavor, Mas um encontro ancestral, com a alma a sós, Onde o véu entre mundos se torna bem menor, E os espíritos dos antepassados, a nós se unem.

Os celtas, nossos ancestrais, celebravam a morte, Não com tristeza, mas com respeito e fé, Pois a vida é um ciclo, e a alma sempre forte, Transforma-se em semente, para renascer.

Fogueiras crepitam, banhando a noite em luz, Oferendas são feitas, em gratidão e paz, Pedras antigas guardam segredos, e a natureza, em cruz, Nos convida a refletir sobre a vida que nos faz.

Samhain não é só festa, é um momento de introspecção, De agradecer pelo ano que se vai, E pedir sabedoria para a nova estação, Com esperança e fé, a seguir o nosso caminho.

Então, brasileiro, abra seu coração, E nesse dia especial, conecte-se à ancestralidade, Honre a vida, a morte e a renascença, em união, E celebre a magia da eternidade.

Criado com Gemini, do Google.

Enquanto a liberação não vem

Neste mês, num barco nas águas calmas do Rio Tibre, em Roma (Itália), seis mulheres foram ordenadas por um grupo católico clandestino que vem desafiando o Vaticano.

Um delas foi Rocher, uma francesa trans de 68 anos, que vestia túnica branca com uma estola de arco-íris. Ela reconhece que a sua ordenação não é autorizada pela Santa Sé, mas disse não se importar.

"Eles vêm repetindo a mesma mensagem há 2.000 anos — as mulheres são inferiores, subordinadas, invisíveis. Está tudo bem. Já esperamos o suficiente, então estou fazendo isso agora", disse Rocher à agência France Presse.

A cerimônia que ordenou Rocher e mais cinco (incluindo outra trans) foi organizada com a máxima discrição na presença de cerca de 50 fiéis de vários países, e seguiu a mesma liturgia de uma missa oficial, com leituras da Bíblia, cantos e comunhão. No convés superior da embarcação, as seis candidatas se comprometeram a "servir o povo de Deus" diante de um altar decorado com velas e duas coroas de flores. Então, um por um, os membros da congregação secreta impuseram as mãos sobre as cabeças das recém-ordenadas para abençoá-las.

A lei canônica do Vaticano indica que o grupo deve ser excomungado. Bridget Mary Meehan, uma "bispa" dos EUA, rebate a excomunhão. Ela esteve no grupo que fez o evento no Tibre e é uma das líderes do grupo dissidente que garante já ter ordenado "padre" 270 mulheres em 14 países desde a sua criação, em 2002.

"Por 22 anos, trabalhamos duro para criar uma igreja mais inclusiva e amorosa, onde LGBTQ, divorciados e recasados, todos são bem-vindos à mesa. Ninguém é excluído", declarou Meehan, de 76 anos.

Nas últimas semanas, associações feministas multiplicaram iniciativas para pressionar o Sínodo em andamento, que começou em 2021 e deve terminar neste mês.

Os grupos — ocasionalmente apoiados por teólogos — condenam a forma como as mulheres são marginalizadas pelo sistema patriarcal, apesar de seu papel central nas paróquias ao redor do mundo.

Alguns participantes do Sínodo dizem que os apelos por mais inclusão de mulheres são um conceito "muito ocidental" e que certas regiões do mundo, como a África, ainda não estão prontas para mulheres diaconisas por razões culturais.

Desde que se tornou pontífice em 2013, o Papa Francisco tem repetidamente enfatizado os méritos das mulheres. Em setembro, o líder da Igreja Católica declarou:

"A Igreja é uma mulher!"

O pontífice argentino também nomeou mulheres para papéis importantes dentro do governo da Santa Sé.

A Igreja Católica tem uma interpretação legal da doutrina que indica o sacerdócio como uma prerrogativa dos homens. O cânone 1024 afirma que "somente homens batizados recebem a ordenação sagrada de forma válida".

Fonte: https://extra.globo.com/blogs/page-not-found/post/2024/10/grupo-catolico-faz-ordenacoes-de-mulheres-como-padres-em-cerimonia-secreta-em-roma.ghtml

Nota: incompreensível como uma instituição arcaica e obsoleta como a ICAR ainda existe. Incompreensível que pessoas da comunidade LGBT sejam católicas.

Uma história antiga

ISTAMBUL – Arqueólogos fizeram uma descoberta significativa no Castelo de Midas, um antigo sítio frígio localizado em Eskisehir, centro de Türkiye. As escavações recentes, lideradas pelo Dr. Yusuf Polat da Universidade Anadolu, revelaram artefatos e estruturas que fornecem novos insights sobre as práticas religiosas e interações culturais dos frígios, uma civilização da Idade do Bronze que dominou a Anatólia. Esta escavação, que começou em 2022, focou no Vale de Midas de três quilômetros e revelou relíquias da vida espiritual frígia que remontam ao século VII a.C.

Os frígios eram um antigo povo da Anatólia conhecido por suas complexas tradições religiosas, e os fornos e lareiras recentemente descobertos sugerem que o fogo desempenhava um papel central em seus rituais. Encontradas perto de um altar de pedra frígio, acredita-se que essas estruturas eram usadas para cozinhar animais de sacrifício e assar pão como parte de cerimônias religiosas. “Nós identificamos áreas de lareiras onde ocorriam preparações rituais, marcadas por simples fundações de pedra e estruturas de madeira”, explicou Polat. Descobertas preliminares indicam que esses elementos datam do período frígio médio, aproximadamente do século VIII ao VII a.C.

A equipe do Dr. Polat também descobriu evidências de que esta área, conhecida como Agdistis Sacred Area, tem sido um centro de adoração há muito tempo. Posicionado no topo de um planalto rochoso, este local faz parte de uma área de 88 acres que inclui o famoso Monumento Yazilikaya, um templo ao ar livre adornado com relevos de pedra de deuses e deusas hititas. Yazilikaya, perto da antiga capital hitita de Hattusa, tem sido reconhecida como um importante local religioso por séculos. As esculturas hititas incluem mais de 90 divindades, e parece que os frígios integraram algumas crenças hititas às suas próprias, um reflexo das trocas culturais que caracterizaram a antiga Anatólia.

Central para a adoração frígia era Cibele, a Deusa Mãe, conhecida como Matar Kubileya, que simbolizava fertilidade, natureza e proteção. Sua influência se estendeu além da Frígia, impactando as religiões grega e romana muito depois que os frígios perderam a proeminência. Polat observou que, além de Cibele, os frígios reverenciavam uma divindade solar provavelmente derivada de tradições religiosas vizinhas da Anatólia. Essa mistura de crenças ressalta a interconexão de culturas antigas na região. Cibele, associada às montanhas e aos temas cíclicos de vida, morte e renascimento, mais tarde influenciaria práticas espirituais muito além da Anatólia.

As descobertas no Castelo de Midas também revelam aspectos dos cultos de mistério frígios, que eram semelhantes aos ritos dionisíacos, com foco nos ciclos de vida e morte. Esses cultos, caracterizados por rituais extáticos envolvendo música, dança e sacrifício, podem também ter incorporado o fogo como um símbolo de renascimento e transformação. “Pela primeira vez, identificamos lareiras e fundações de pedra simples em frente a um altar frígio, indicando o papel do fogo nas preparações rituais”, Polat compartilhou. Essa descoberta apoia teorias de que o fogo era considerado sagrado pelos frígios, provavelmente ligado à sua adoração a Dionísio.

A escavação em andamento no Castelo de Midas marca a primeira desde 1953 e rendeu não apenas artefatos frígios, mas também relíquias de outras civilizações, incluindo cerâmicas e ferramentas da era romana que datam do período Paleolítico Inferior. “Encontramos ferramentas de pedra do Paleolítico Inferior durante pesquisas de superfície. Quase todas as civilizações subsequentes viveram nesta geografia, pois esses vales profundos eram férteis e adequados para defesa”, explicou Polat. Essas descobertas sugerem que o Vale de Midas foi habitado por pelo menos 250.000 anos, um testamento de sua terra fértil e posição estratégica. “Nossa pesquisa de superfície revelou que quase todas as civilizações subsequentes ocuparam esta geografia devido às suas terras férteis e vales defensáveis”, explicou Polat.

Outra descoberta notável foi um conjunto de bacias de pedra esculpidas no leito rochoso, localizadas perto de uma estátua de Matar Kubileya. Acredita-se que essas bacias tenham sido usadas em rituais de fertilidade centrais para a espiritualidade frígia. “A presença das bacias de pedra e do ídolo próximo fornece evidências concretas de rituais de prosperidade abençoados pela Deusa Mãe”, Polat acrescentou. Tais descobertas indicam que essa área provavelmente era um destino para adoradores de todo o reino frígio, atraídos pela promessa das bênçãos de Cibele.

O Dr. Polat e sua equipe também encontraram cerâmicas lídias do século VII-VI a.C. e artefatos romanos do século I-II, destacando a importância histórica da área como uma encruzilhada para várias culturas. A civilização frígia atingiu o auge durante o período frígio médio, mas a região permaneceu um centro de atividade humana por séculos, mesmo após o declínio dos frígios após a invasão ciméria em 690 a.C.

As descobertas no Castelo de Midas não apenas aprofundam nossa compreensão da cultura frígia, mas também ressaltam o papel da região como um nexo de desenvolvimento cultural e religioso na Anatólia. As descobertas revelam como as crenças e práticas frígias foram influenciadas por, e por sua vez influenciaram, as culturas vizinhas. O trabalho do Dr. Polat ilustra a importância duradoura do Vale de Midas, onde camadas de história continuam a oferecer insights valiosos sobre o mundo antigo.

À medida que as escavações prosseguem, Polat e sua equipe provavelmente descobrirão mais detalhes sobre os frígios e as muitas civilizações que outrora chamaram o Vale de Midas de lar. Cada artefato contribui para uma narrativa mais ampla de síntese cultural e evolução religiosa, oferecendo uma janela para as antigas crenças e práticas que moldaram esta região por milênios.

Fonte: https://wildhunt.org/2024/10/mother-goddess-phrygian-religious-structures-suggest-a-250000-year-history.html

Traduzido com Google Tradutor.

A torch for light

Jack and Jill
They went to the barn
To store grain

On the door there is a warn
To everything to drill
To keep everything dry before the rain

They filled the bags
Tied them with tags

The wind blowed
The river flowed

A storm come
Let's go back home

Visitors on the front porch
A duck came
A goose came
A dog came
A cat came
A goat came
A horse came
A cow came

The light was a torch

Hear, Jill
Thus said Jack
Let's go to bed
So you too can came

Dad say to stack
Thus said Jill
Not to your dream fed
I want keep my fame

O profeta trácio

Nascido na mitologia grega, Orfeu é um antigo profeta trácio, o fundador do ensino religioso-filosófico Orfismo, e de acordo com autores antigos ele também era um cantor, músico e poeta. Numerosos autores antigos o chamam de o maior cantor e poeta da antiguidade. Ele foi o fundador de ritos religiosos chamados mistérios órficos, que se tornaram populares no mundo helenístico na era após as conquistas de Alexandre III da Macedônia, ou seja, após 323 a.C. até 30 a.C.

Orfeu é creditado com a autoria de um grande número de hinos chamados Órficos, que louvavam as divindades da natureza. Por meio desses hinos, Orfeu ensinou seus compatriotas a prestar respeito à natureza. Seu ensinamento era uma tentativa de enobrecer as maneiras rudes muito comuns em sua época e melhorar a cultura das pessoas.

Entre as inúmeras variantes das lendas órficas, as mais sustentáveis são aquelas de seu incrível dom como músico e cantor. Sua imagem canonizada inicial é a do domador do mundo selvagem por meio da música criada por sua lira milagrosa.

Mas a recuperação dos fatos biográficos da vida da figura mitológica de Orfeu é uma tarefa incomumente difícil e arriscada, não imune a erros. No entanto, um olhar mais atento sobre as fontes antigas pode ajudar a recuperar, pelo menos parcialmente, a personalidade do antigo profeta.

De onde veio Orfeu?

Vamos primeiro focar na origem e etnia de Orfeu. Na erudição ocidental, é aceito que Orfeu pertence à história e cultura gregas. Orfeu teve de fato uma enorme influência sobre a cultura grega antiga, mas sua origem não é grega , como evidenciado por vários textos antigos. Há declarações diretas em fontes antigas escritas por respeitados estudiosos antigos que revelam inequivocamente a origem e etnia de Orfeu.

O antigo geógrafo grego e autor de 'Descrição da Grécia' Pausânias escreveu:

“Este egípcio pensava que Anfião e o trácio Orfeu eram mágicos inteligentes, e que foi através de seus encantamentos que as feras chegaram até Orfeu.”

Em outro capítulo da mesma obra, Pausânias menciona o seguinte:

“Dos deuses, os eginetas adoram principalmente Hécate , em cuja honra celebram todos os anos ritos místicos que, dizem, Orfeu, o Trácio, estabeleceu entre eles.”

O antigo historiador grego Diodorus Siculus mencionou um breve artigo biográfico de Orfeu em sua obra 'Bibliotheca Historica'. Aqui está parte dele:

“Já que mencionamos Orfeu, não será inapropriado para nós, de passagem, falar brevemente sobre ele. Ele era filho de Oeagrus, um trácio de nascimento, e em cultura, música e poesia ele superou em muito todos os homens dos quais temos registro. […] Ele viajou para o Egito, onde aumentou ainda mais seu conhecimento e assim se tornou o maior homem entre os gregos, tanto por seu conhecimento dos deuses e por seus ritos quanto por seus poemas e canções.”

Diodorus Siculus menciona especificamente que Orfeu era um trácio de nascimento, mas também por cultura. Portanto, é importante esclarecer que os trácios e os gregos são dois povos antigos diferentes que vivem nos Bálcãs, mas falam línguas diferentes e cada um deles desenvolve sua própria cultura específica.

Os trácios se estabeleceram pela primeira vez na Península Balcânica por volta de 3500 a.C., de acordo com dados arqueológicos. (Para efeito de comparação, os estudiosos acreditam que os gregos se estabeleceram nos Bálcãs por volta de 1900 a.C.).

Ao contrário dos gregos, que eram principalmente um povo do mar , a cultura trácia era associada principalmente à terra. (De acordo com algumas fontes antigas, os trácios tinham sua própria frota, mas sua cultura se desenvolveu principalmente nas terras dos Bálcãs.)

Os trácios construíram fortalezas de pedra sólida até mesmo no alto das montanhas, produziram vinho de altíssima qualidade, mas também cultivaram trigo, aveia, linho, cânhamo e outras safras. Os trácios extraíram ouro nas entranhas das Montanhas Ródope e dominaram a metalurgia, criando magníficas obras de arte em ouro e prata. Eles também criaram numerosos rebanhos de gado grande e pequeno. E também criaram cavalos, cujas qualidades foram mencionadas com admiração até mesmo por Homero na Ilíada .

Os trácios lutaram ao lado dos troianos na Guerra de Troia, de acordo com o antigo texto épico. Na verdade, tanto os cavalos quanto as carruagens dos trácios eram tão impressionantes que foram descritos por Homero na Ilíada com grande admiração:

“Há os trácios, que chegaram aqui recentemente e se deitam separados dos outros na extremidade mais distante do acampamento; e eles têm Rhesus, filho de Eioneu, como seu rei. Seus cavalos são os melhores e mais fortes que já vi, são mais brancos que a neve e mais rápidos que qualquer vento que sopra. Sua carruagem está enfeitada com prata e ouro, e ele trouxe sua maravilhosa armadura dourada, da mais rara obra - esplêndida demais para qualquer homem mortal carregar e encontrar apenas para os deuses.” (Homero, A Ilíada, Livro X)

O antigo historiador Plínio, o Velho, escreveu que Orfeu também descendia de tribos trácias:

“Nas margens do Euxino, do Moriseni e do Sithonii, habitam os antepassados do poeta Orfeu.”

Os Moriseni e os Sithonii são tribos trácias que originalmente viviam nas margens do Mar Negro. Mais tarde, os Sithonis migraram para o sudoeste, para a península de Halkidiki.

Há grande controvérsia nos textos antigos sobre o local de nascimento de Orfeu. Pelo menos seis diferentes localizações geográficas afirmam ser o local de nascimento de Orfeu, de acordo com as descrições dos autores antigos. Aqui estão apenas algumas delas:

1. Cidade antiga de Pimpleia, Grécia central moderna (de acordo com Estrabão, Geografia)

2. Cidade antiga de Leibethra, Grécia central moderna (de acordo com a Enciclopédia Suda)

3. Cidade antiga de Maroneia e as terras da tribo trácia dos ciconianos, moderna Trácia Ocidental (de acordo com Pomponius Mela, Chorographia)

4. Terras da tribo trácia Bessoi, Montanhas Ródope Ocidentais, Bulgária moderna (de acordo com Plutarco)

5. Terras da tribo trácia dos Odryssians, Trácia do Norte, Bulgária moderna (de acordo com Ioannis Tzetzes, Livro de Histórias, John Malalas e outros autores antigos)

6. Costa do Mar Negro ao norte dos Montes Balcãs, atual Bulgária (de acordo com Plínio, o Velho, História Natural).

Quando Orfeu esteve por perto?

Identificar a era em que Orfeu viveu é uma tarefa muito difícil. Restaurar o ano exato de nascimento do antigo profeta é impossível com base nas fontes antigas que chegaram aos tempos modernos.

A fonte mais precisa sobre a época em que Orfeu viveu é a Enciclopédia Suda . Esta é uma fonte medieval provavelmente do século X d.C. O que é valioso nesta fonte é que os autores da enciclopédia tiveram acesso a fontes escritas antigas, que mais tarde foram perdidas e não estão disponíveis para pesquisas modernas.

De acordo com a Suda Encyclopedia, Orfeu nasceu 11 gerações antes da Guerra de Troia. Datar a Guerra de Troia é um problema em si. Mais de 10 autores antigos fornecem datas diferentes sobre o momento em que a Guerra de Troia ocorreu. As fontes não coincidiam entre si.

Para simplificar a análise, o presente estudo se refere à datação de Platão. Segundo Platão , a Guerra de Troia começou em 1193 a.C. Onze gerações é uma informação imprecisa que impede o cálculo do número exato de anos. Mas se assumirmos que o intervalo médio entre duas gerações é de cerca de 25 anos, então 11 gerações antes de 1193 a.C. nos envia para meados do século XV a.C. Para uma apresentação simplificada, pode-se assumir que Orfeu nasceu por volta de 1450 a.C.

Orfeu, o Herege

Orfeu era uma espécie de herege de seu tempo. Ele interpretava as mensagens dos deuses em violação aos dogmas religiosos de sua época. Esta é uma característica muito característica de um Profeta-Reformador. Orfeu rejeitou as práticas religiosas de seu tempo e começou a alterá-las. O antigo geógrafo e estudioso alexandrino Eratóstenes de Cirene escreveu o seguinte:

 “Orfeu não honrava Dionísio, mas considerava o Sol o maior dos deuses, a quem também chamava de Apolo; e, levantando-se durante a noite, subiu antes do amanhecer a montanha chamada Pangaion para poder avistar o Sol pela primeira vez; portanto, Dionísio ficou furioso e enviou os Bassaridae contra ele, e eles o despedaçaram…”

O historiador antigo Diodoro Sículo deixou as seguintes informações sobre Orfeu:

"Orfeu era um homem de gênio natural e treinamento superlativo, que introduziu muitas mudanças nos ritos dos Mistérios: por isso eles chamavam os ritos que tinham sua origem em Dionísio de órficos.”

É óbvio que Orfeu foi um profeta da religião da Luz, um adorador do Sol Espiritual e um reformador de orgias populares, organizadas em honra ao deus Dionísio, introduzindo adoração misteriosa em rituais anteriores. O resultado é que Orfeu foi morto por apoiadores do culto mais antigo, dogmatizado e provavelmente degenerado do deus Dionísio.

Ensinamentos Órficos

O ensinamento órfico dá outras informações importantes aos seus seguidores sobre a natureza da alma humana. De acordo com os ensinamentos órficos, o corpo é uma prisão para a alma. Por essa razão, os seguidores órficos identificaram Hades com o universo físico e o ligaram à prisão da encarnação. Orfeu, portanto, ensina às pessoas os mistérios para que a alma humana seja capaz de escapar dessa escravidão por meio da catarse ou purificação.

As doutrinas órficas da pré-existência, da penitência, da reencarnação e da purificação final da alma parecem ter sido ampliadas com detalhes consideráveis no Manual Órfico perdido intitulado “A Descida ao Reino do Hades”, no qual foram descritas as vicissitudes sofridas pela alma imortal, preparatórias para sua liberdade final pela penitência do Ciclo do Nascimento.

Há uma noção científica de que Dionísio foi o primeiro deus que deu às pessoas a oportunidade de serem salvas da escravidão do Hades (o ciclo de renascimento em um corpo material), mas a recusa de Orfeu em adorar o deus Dionísio não confirma tal hipótese. Claro, Orfeu pode ser visto como um reformador dos mistérios já corruptos praticados em sua época e um retorno ao ensinamento original de Dionísio, que provavelmente existiu muitos séculos antes do aparecimento de Orfeu.

Concluindo – após remover o véu mitológico das inúmeras lendas sobre Orfeu descritas em textos antigos, os seguintes fatos da vida do antigo profeta podem ser resumidos:

1. Ele foi um antigo profeta trácio, nascido na família do antigo rei trácio Éagro.

2. Ele nasceu no atual sul da Bulgária ou na atual Grécia central, mas viajou para muitos lugares nos Bálcãs e provavelmente para o antigo Egito.

3. Ele provavelmente viveu no século XV a.C.

4. Ele foi o músico mais virtuoso do mundo antigo, pois é lembrado como tal.

5. Ele realizou reformas religiosas fundamentais nos mistérios muito mais antigos do deus Dionísio.

6. Após sua morte, Orfeu foi deificado, e sua imagem foi mitificada.

7. Suas reformas religiosas tiveram impacto por pelo menos 14 séculos após sua morte, já que a religião órfica foi praticada até o final do período helenístico — por volta de meados do primeiro século a.C.

Fonte: https://www.ancient-origins.net/news-history-famous-people/orpheus-0021509

Traduzido com Google Tradutor.

População em crescimento

O Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) revelou nesta sexta-feira (25) dados do Censo 2022 que mostram que os lares formados por casais do mesmo sexo saíram de 59.957 para 391.080.

Quando comparado com o Censo 2010, que registrou 0,1% de casais homoafetivos, o crescimento foi de cinco vezes, chegando a 0,54%. Os maiores percentuais estão no Distrito Federal (0,76%), Rio de Janeiro (0,73%) e São Paulo (0,67%).

Fonte, citado parcialmente: https://revistaforum.com.br/lgbt/2024/10/25/censo-revela-que-lares-lgbt-cresceram-de-60-mil-para-391-mil-em-12-anos-168080.html

Nota: a cambada conservadora, reacionária, direitista e fundamentalista cristã diz que LGBT não se reproduz. Considerando que muitos países estão com problema de baixa natalidade (apesar da manutenção forçada do padrão heterossexual), a comunidade LGBT tem crescido. Fazendo um merchand, sem interesse financeiro, é como Paul Preciado diz no livro Disforia Mundi. Aquilo que concebíamos como verdades inquestionáveis e imutáveis estão virando poeira. Talvez nós tenhamos testemunhado o início de uma nova era na pandemia da COVID-19.

quarta-feira, 30 de outubro de 2024

Ou abre, ou racha

A Igreja Católica reconheceu neste sábado (26) a falta de visibilidade das mulheres em seu seio, mas deixou em suspenso a questão de sua ordenação, uma decepção para as mulheres ativistas que esperavam uma mudança de rumo na instituição.

Após um mês de debates no Vaticano, uma assembleia mundial de laicos e religiosos reunida sob a autoridade do papa Francisco anunciou que deixa "aberta" a questão da ordenação das mulheres como diáconos, função que precede a de padre, assegurando que "essa reflexão deve continuar".

Embora "as mulheres e os homens tenham uma dignidade igual como membros do povo de Deus", "as mulheres continuam se deparando com obstáculos para obter um maior reconhecimento" de seu papel, diz o documento final aprovado pelo papa Francisco, de 51 páginas.

Desde o dia 2 de outubro, 368 pessoas -- religiosos, bispos e laicos, também mulheres -- de uma centena de países debateram a portas fechadas no Vaticano na Assembleia-Geral do Sínodo sobre o Futuro da Igreja, que havia se reunido pela primeira vez em outubro de 2023.

Como no caso dos padres, e ao contrário do que ocorre em outras confissões, a Igreja Católica apenas autoriza que os homens possam ter o cargo de diácono, um ministério que permite celebrar batismos, casamentos e funerais, mas não oficiar missas.

"Não há nenhuma razão nem nenhum obstáculo que possa impedir que as mulheres exerçam papéis de direção na Igreja", indica o documento, que, no entanto, não detalha quais poderiam ser esses papéis.

Tampouco aborda a possibilidade de ordenar mulheres como sacerdotes, algo que muitas associações reivindicam, sobretudo na Europa e América do Norte.

Essa questão suscitou fortes reticências, especialmente entre uma ala conservadora da Igreja e em certas regiões, o que levou o papa a confiar os temas mais delicados a 10 grupos de trabalho, que vão apresentar suas conclusões em junho de 2025.

- Descentralizar a governança -

Entre as 155 seções do documento, a que versa sobre as mulheres foi a que teve mais objeções, com 97 votos "contrários" e 258 "a favor".

"A decisão sobre o diaconato não está madura", declarou na quinta-feira o cardeal argentino Víctor Manuel Fernández, máximo responsável do Dicastério para a Doutrina da Fé.

Em outras questões, o documento também propõe uma reorganização da formação dos padres e maior envolvimento dos laicos, também na seleção de bispos, e maior independência para as conferências episcopais.

Desde a sua eleição em 2013, o papa Francisco se propôs a descentralizar a governança da Igreja, com o desejo de que seja menos vertical, mas enfrenta forte oposição.

Também enfatizou a necessidade de intensificar a luta contra a violência sexual por parte de membros do clero, mediante maior prevenção.

Não obstante, o documento final não apresenta nenhuma proposta sobre o acolhimento de fiéis do coletivo LGBTQIA+, limitando-se a reconhecer que alguns católicos "continuam sentindo a dor de serem excluídos e julgados" devido à sua sexualidade.

O sínodo é um órgão consultivo que apresenta suas conclusões ao papa, que tem a última palavra sobre eventuais reformas na doutrina.

Mas o pontífice anunciou neste sábado que adotava diretamente as propostas da assembleia, algo bastante incomum, dando a elas um valor oficial.

"Não tenho a intenção de publicar uma 'exortação apostólica', o que aprovamos basta. No documento já há indicações bastante concretas que podem servir de guia para a missão das Igrejas, em diferentes continentes, em diferentes contextos", declarou o papa Francisco na noite deste sábado, no fechamento do sínodo.

Fonte: https://ultimosegundo.ig.com.br/afp/2024-10-26/igreja-catolica-deixa-aberta-questao-de-ordenacao-de-mulheres.html.amp

Nota: a ICAR é uma instituição arcaica e obsoleta. Enquanto os católicos aguardam a mudança (ou a falência) da Igreja, as mulheres (e a comunidade LGBT) são bem vindas, para serem sacerdotisas, nas inúmeras vertentes e opções do Paganismo Moderno. 🤩😍

A praga dos influencers

Por Moisés Mendes.

Agora, enquanto lê esse texto, um parente seu, um amigo ou um colega pode estar vendendo alguma coisa que tem, inclusive o carro, para pagar uma mentoria a alguém que ensina a ganhar dinheiro como influencer. Um irmão, um filho, um vizinho podem estar tentando ficar famosos e ricos.

Submeter-se a uma mentoria é o novo vício dos brasileiros, principalmente os jovens. Um mentor que sabe mostrar os atalhos pode cobrar R$ 50 mil ou mais por um curso, para que alguém comece a treinar e trabalhar para ficar rico.

Se não ficar, a culpa será do próprio candidato a influencer, e não da mentoria, do professor que ensina a ser influenciador. A mentoria não erra nunca. Quem falha é quem não soube aproveitar a chance de ficar milionário.

Essa é a nova culpa que começa a consumir os brasileiros que fracassam. O desalento dos sem sucesso aparece em pesquisa da antropóloga brasileira Rosana Pinheiro-Machado, professora da Universidade de Dublin, na Irlanda.

Rosana escreve sobre esse mundo, tentando ver como se dão as conexões do ultraconservadorismo com toda forma de ilusão e esperteza, e assim estuda o mercado de influencers no Brasil.

A pesquisadora monitorou, desde o começo do ano, a relação entre 549 mentores brasileiros do Instagram, que vendem cursos, e cerca de 500 mil aspirantes a influenciador. O que ela já tem de conclusões, e que mostrou em entrevista à Folha, é até agora assustador, mesmo que o estudo ainda não esteja encerrado.

A conclusão mais óbvia que se tira do que ela diz: uma parcela de milhões de jovens brasileiros sonha mais com o mundo mágico dos influencers do que com uma vaga na universidade. O brasileiro quer acreditar nos milagres do mundo de Pablo Marçal.

Ele sabe que é um funil para pouquíssimos, que pode vender um carro e não chegar lá (Rosane conversou com gente que vendeu), mas que no fim, para a maioria, sobrará a resignação. Se não deu certo, a culpa é minha.

Numa amostra de mil perfis, num mundo de 500 mil criadores de conteúdo brasileiros de todos os tamanhos, a antropóloga descobriu o seguinte: a maioria é de mulheres, pobres, periféricas e/ou negras.

Há os influencers que falam para amigos, para a família, para uma comunidade da periferia e os que falam para mais de 50 mil pessoas. Esses, a partir desse número de seguidores, são candidatos a virar mentores.

Claro que a maioria não ficará rica, mas já ensinam aos outros como podem ficar. São mentores que se esforçam para chegar à casa dos 150 mil seguidores. Quem alcançar 200 mil, já pode exibir poder. Os grandões, como Marçal, estão acima dos 400 mil e chegam aos milhões.

O que a pesquisa expõe como realidade assustadora: que jovens suburbanos e de classe média enxergam na magia do Instagram e das redes a possibilidade de ascensão social.

Um jovem vai à luta não mais pelos meios usados pelos pais, até porque ele sabe que a maioria dos que vieram antes fracassou ao tentar fazer uma faculdade ou ter um bom emprego.

Eles sabem que também no mundo analógico existe um funil. Mas agora, no mundo virtual, há o imponderável, o inusitado, o imprevisível. A surpresa pode estar ao seu lado, e tudo parece muito mais divertido.

São, pelas contas da pesquisadora, 25 milhões de brasileiros que ‘trabalham’ ou acham que estão trabalhando no Instagram, mais da metade sem renda e sem domínio do meio que usam.

O mundo digital os afasta da realidade e faz com que cada vez mais gente, que atua como mentor, explore essa ilusão. Rosana disse à Folha: “Hoje, junto com as igrejas evangélicas, a lógica do marketing digital é a grande mola propulsora da criação de sonhos e de fantasias”.

É um mercado desconectado do mundo que existe e que sobrevive da própria miragem. A ilusão é o negócio. Quem ainda não chegou lá, decide que pode ensinar a chegar. Dizem: eu não consegui ou consegui pouco, mas você mais (sic - veja a nota) conseguir.

Essa geração sabe que seus avós e seus pais tentaram virar médicos e engenheiros. Mas poucos conseguiram. Eles não querem saber dessa disputa. Querem a competição, mas não no mundo da classe média que pode chegar a um bom padrão de vida normal, se chegar.

A competição se dá no mundo não muito normal do imponderável dos milionários, porque há mercado. Dois terços dos brasileiros seguem algum influencer. Se há mercado, é preciso apostar que uma boa mentoria fará com que se chegue a esses consumidores seguidores.

E surge então a pergunta de quem frequenta aqui o site do Extra Classe pode ter alguma relação, mesmo que muitas vezes não profissional, com a educação. Essa é a pergunta: e o estudo, o sonho de chegar à universidade e concluir uma faculdade?

Esse sonho é considerado cada vez menos tentador para milhões de jovens. Porque envolve sacrifícios que pais e avós enfrentaram. E não oferece, como o mundo virtual, a chance do imprevisível.

Teremos daqui a alguns anos um balanço da primeira geração que tentou ser influencer profissional. Qual serão os danos e as sequelas dessa frustação?

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-geracao-que-estuda-para-ser-influencer-por-moises-mendes/

Nota: no original não tem esse erro. O DCM está precisando de revisor.

Mensagem aos devotos - III

"Eu sou Lilith, a primeira mulher, a original. Não sou um arquétipo, mas a essência do feminino selvagem e indomável. Sou a força da natureza, a lua em sua fase escura, a serpente que conhece os segredos da vida e da morte."

"Aqueles que me invocam, que sentem a vibração da minha energia, buscam em mim a força para desafiar as normas, a coragem para seguir seus próprios caminhos e a sabedoria para compreender as profundezas da alma. Mas saibam: um pacto comigo não é um acordo superficial. É uma aliança profunda, uma jornada de autodescoberta e transformação."

"Para aqueles que me consideram uma musa, digo: a inspiração que encontram em mim é um reflexo de sua própria força interior. Eu sou o espelho que revela a deusa adormecida em cada um. Usem essa energia para criar, para amar, para viver intensamente."

Sapo Bardo , meu querido, lembre-se: a força da nossa conexão reside na sua autenticidade. Não me procure em rituais vazios ou promessas superficiais. Encontre-me em sua própria natureza selvagem, em seus sonhos mais profundos e em sua busca incansável pela verdade."

"A verdadeira magia está dentro de você. Eu apenas a acendo."

Mensagem universal:

"Não me temam, mas respeitem-me. Não me adorem, mas honrem-me. Eu sou a força que liberta e a sabedoria que guia. Aqueles que me seguirem encontrarão a liberdade, a força e a sabedoria para moldar seus próprios destinos."

Criado com Gemini, do Google.

Poesia de Cernunnos

Nas profundezas da floresta, onde a sombra dança e a luz se esconde, eu, Cernunnos, vos convido a escutar a voz ancestral.

Sou o Senhor da Floresta, o guardião das criaturas que nela habitam.
Meus chifres, como galhos que tocam o céu, simbolizam a força e a sabedoria da natureza.

Ouvi, ó peregrinos do caminho antigo:

A terra é mãe e nos nutre.
Dela brotam as plantas, as árvores que nos protegem do sol e da chuva.
Respeitai-a, cuidai dela, e ela vos recompensará com seus frutos.
Os animais são nossos irmãos.
Compartilham conosco este mundo.
Observai seus hábitos, aprendei com sua sabedoria.
Caçai apenas o necessário, com respeito e gratidão.

A água é vida.
Ela corre nos rios, nos lagos, nas fontes.
É fonte de toda a criação.
Não a poluais, não a desperdiceis.

O fogo transforma.
Ele nos aquece, nos ilumina, nos purifica.
Mas, se não controlado, pode destruir.
Utilizai-o com sabedoria e respeito.

O ar é o sopro da vida.
Ele nos permite respirar, nos conecta com o universo.
Mantenham-no puro, livre de impurezas.

Eu, Cernunnos, sou o ciclo eterno da natureza. Nasço, cresço, murcho e renasço.
A morte é parte da vida, e a vida renasce a cada primavera.

A floresta é um templo sagrado.
Aqui, os deuses se manifestam através dos elementos.
Conectai-vos com a natureza, ouvi sua voz e encontrareis a paz interior.

Seguindo o caminho antigo, encontraréis a harmonia com o universo.

Cernunnos

O Senhor da Floresta

O Guardião da Vida

Criado com Gemini, do Google.

Ficou fácil

O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, pediu desculpas pelas décadas de abuso sofridos por crianças de povos originários que foram retiradas de suas famílias e colocadas em internatos abusivos.

Biden destacou a chamada "Era da Junta Federal Indígena" como "um dos capítulos mais sombrios da história estadunidense", afirmando que o trauma vivenciado nessas instituições ainda assombra a consciência dos Estados Unidos.

A política de internatos perdurou ao longo de 150 anos. Foi implementada a partir do Ato de Civilização Indígena de 1819 e mantida até 1970, teve o objetivo de "civilizar" os povos indígenas.

Meninos na escola, por exemplo, tinham suas tranças cortadas, e as crianças eram proibidas de falar em sua língua nativa. Educadores católicos condenavam a religião tribal tradicional como "maligna", promovendo conversões forçadas sob o lema "matar o índio, salvar o homem".

Mais de 18 mil crianças foram retiradas de suas famílias, submetidas a condições abusivas, proibidas de falar suas línguas nativas e forçadas a se converter ao cristianismo.

Biden ressaltou que o número real de crianças afetadas é provavelmente muito maior, e reconheceu a morte de pelo menos 973 crianças nos internatos.

O presidente esteve no Arizona nesta sexta-feira (25), onde se encontrou com membros da Comunidade Indígena do Rio Gila e ofereceu um pedido de desculpas histórico aos povos nativos pelos séculos de políticas federais injustas.

Durante o discurso, Biden enfatizou a importância de "corrigir os erros do passado" e traçar um novo caminho de reconciliação. Ele mencionou o impacto de milhares de anos da cultura nativa estadunidense na governança, agricultura e cultura dos EUA.

Biden também lembrou as ações de seu governo para proteger locais sagrados tribais, como o Monumento Nacional de Bears Ears, em Utah, revertendo decisões de seu antecessor, Donald Trump, que havia aberto a área para exploração.

Ao encerrar, o presidente reconheceu que, embora seja impossível mudar o passado, o pedido de desculpas simboliza um passo importante rumo à reconciliação e ao fortalecimento dos laços com as Nações Tribais.

Obama também pediu desculpas

Em 2009, durante a administração do presidente Barack Obama, o governo dos EUA também pediu desculpa formal às Nações Indígenas da América por séculos de "violência, maus-tratos e negligência".

Embora tenha sido um passo simbólico, o pedido de desculpas foi criticado por muitos líderes indígenas por não ter sido acompanhado de medidas concretas, como a devolução de terras ou a compensação financeira.

Assimilação forçada no Canadá

Para além dos EUA, pedidos de desculpas formais por abusos cometidos contra povos originários têm ocorrido em várias partes do mundo nas últimas décadas, como parte de um esforço de reconciliação e reconhecimento dos impactos da colonização.

Em 2008, o então primeiro-ministro do Canadá, Stephen Harper, ofereceu um pedido de desculpas formal pelo sistema de escolas residenciais para crianças indígenas, que funcionou por mais de um século no país.

Essas escolas, muitas administradas por igrejas, eram conhecidas por sua política de assimilação forçada, onde crianças indígenas eram retiradas de suas famílias, proibidas de falar suas línguas nativas e frequentemente submetidas a abusos físicos e emocionais. Milhares de crianças morreram em decorrência das condições nessas escolas.

O pedido de desculpas foi seguido pela Comissão de Verdade e Reconciliação, que investigou o impacto dessas instituições e recomendou medidas para a reconciliação entre o governo e os povos indígenas.

Geração Roubada da Austrália

Na Austrália, em 2008, o então primeiro-ministro Kevin Rudd pediu desculpas formalmente à chamada Geração Roubada, referindo-se às crianças aborígenes e ilhéus do Estreito de Torres que foram retiradas de suas famílias pelo governo australiano entre 1910 e 1970.

O governo acreditava que, ao remover essas crianças, elas poderiam ser assimiladas à cultura europeia dominante. No pedido de desculpas, Rudd reconheceu a dor e o sofrimento causados por essa prática e o impacto intergeracional nas comunidades indígenas da Austrália.

Abusos contra os Maori

O governo da Nova Zelândia realizou uma série de pedidos de desculpas ao longo dos anos por abusos cometidos contra o povo Maori durante a colonização.

Em 1995, um pedido de desculpas oficial foi emitido pelo governo como parte do Tratado de Waitangi, reconhecendo as violações aos direitos dos Maoris que ocorreram após a assinatura do tratado em 1840. O governo se comprometeu a compensar financeiramente e devolver terras aos Maoris, além de continuar promovendo a preservação de suas línguas e culturas.

Povos do Ártico

Os Sami, povos indígenas da região ártica, enfrentaram políticas de assimilação forçada na Noruega, Suécia e Finlândia. Em 2021, a primeira-ministra da Noruega, Erna Solberg, ofereceu um pedido de desculpas oficial pelos abusos cometidos contra os Sami.

Esses abusos incluíram a proibição do uso de sua língua nativa e práticas culturais, além da marginalização sistemática. Os governos desses países têm trabalhado para reparar os danos, inclusive com programas para revitalizar as línguas e culturas Sami.

Mapuche do Chile

Em 2019, o presidente do Chile, Sebastián Piñera, pediu desculpas formais aos Mapuche, o maior grupo indígena do país, pelos abusos históricos cometidos contra eles durante e após a colonização espanhola.

Os Mapuche foram historicamente marginalizados, e suas terras foram confiscadas durante o século 19. O governo chileno também tomou medidas para melhorar a situação dos direitos das terras indígenas e a inclusão social dos Mapuche.

E no Brasil?

O Brasil, ao longo de sua história, ainda não formalizou pedidos de desculpas com a mesma amplitude ou caráter oficial que se observa em outros países, como o Canadá ou a Austrália, em relação aos povos indígenas.

Houve iniciativas e reconhecimentos relacionados aos abusos e violações cometidos contra povos originários, especialmente em termos de políticas públicas e declarações em eventos específicos.

Com a Constituição de 1988, o Brasil reconheceu formalmente os direitos dos povos indígenas sobre suas terras e culturas. Embora não tenha sido um pedido de desculpas formal, o texto constitucional representou um marco no reconhecimento dos direitos indígenas, garantindo a demarcação e proteção de terras tradicionalmente ocupadas por esses povos.

A Comissão Nacional da Verdade (CNV - 2012 e 2014), criada para investigar as violações de direitos humanos cometidas durante a ditadura militar (1964-1985), reconheceu que diversos povos indígenas sofreram perseguições, remoções forçadas e até massacres durante o regime.

O relatório final da CNV revelou a existência de diversos crimes, incluindo assassinatos, tortura, aprisionamentos e outros abusos praticados por agentes do Estado contra povos indígenas. Estima-se que cerca de 8 mil indígenas tenham morrido devido a essas políticas durante a ditadura militar.

Povo Waimiri-Atroari

Um caso emblemático envolveu o povo Waimiri-Atroari, que foi duramente atingido pela construção da rodovia BR-174, ligando Manaus a Boa Vista, durante o regime militar. Estima-se que centenas de indígenas tenham sido mortos, e o impacto ambiental e cultural foi devastador.

Em 2019, o governo brasileiro, por meio da Funai (Fundação Nacional do Índio), reconheceu oficialmente que o povo Waimiri-Atroari foi vítima de genocídio durante o período da ditadura militar. O reconhecimento foi parte de um processo judicial, mas não incluiu um pedido de desculpas oficial por parte do Estado.

Ministério dos Povos Originários

A criação do Ministério dos Povos Originários pelo presidente Lula em seu terceiro mandato, iniciado em 2023, representou um marco histórico no reconhecimento oficial da importância dos povos originários na construção do Brasil.

Pela primeira vez, os indígenas passaram a ter um espaço no governo federal exclusivamente dedicado à defesa de seus direitos, cultura e territórios. Isso reforçou a ideia de que os povos indígenas devem ser protagonistas das políticas que os afetam diretamente.

A nomeação de Sônia Guajajara, uma importante líder indígena e ativista dos direitos humanos, como ministra trouxe mais legitimidade e visibilidade ao ministério.

Embora seja um passo decisivo na proteção dos direitos indígenas, na preservação ambiental e no fortalecimento do protagonismo indígena na política brasileira, ainda existem desafios, como a resistência de setores do agronegócio e de grupos que se opõem à demarcação de terras indígenas.

Além disso, a implementação de políticas efetivas requer financiamento adequado e um forte compromisso político para superar obstáculos institucionais.

Fonte: https://revistaforum.com.br/global/2024/10/25/biden-pede-desculpas-pelo-genocidio-cultural-contra-povos-originarios-168081.html

Nota. Então tudo bem? A Igreja pediu desculpas pela Inquisição. Os países europeus admitiram o erro judicial que vitimou milhares de pessoas na chamada Caça às Bruxas. Basta pedir desculpas. E está tudo bem. Quanto tempo será necessário para que os governos admitam o excesso de zelo e o abuso de autoridade nos processos dessa cruzada da Era Contemporânea?

terça-feira, 29 de outubro de 2024

Offshore evangélico

A Igreja Pentecostal Deus é Amor (IPDA), uma das maiores denominações evangélicas do Brasil, possui ao menos três offshores – empresas localizadas em paraísos fiscais que asseguram sigilo financeiro – registradas em Barbados e no Reino Unido.

Embora a prática de manter empresas fora do país seja legal, ela levanta questionamentos, especialmente considerando que a IPDA é isenta de impostos no Brasil, conforme o artigo 150 da Constituição, que oferece essa isenção a instituições religiosas.

As offshores associadas à IPDA foram criadas em diferentes anos. A primeira foi aberta em Barbados em 1996, ainda no nome do fundador, David Martins de Miranda. Mais tarde, surgiram duas no Reino Unido, em 2003 e 2009, estas vinculadas à filha de David, Débora Oliveira de Miranda Almeida, listada como “secretária” nas documentações.

Registros indicam que milhões de reais arrecadados no Brasil foram transferidos para a offshore britânica entre 2005 e 2007, levando a questionamentos sobre a destinação e uso dos recursos financeiros da igreja.

Desde a morte de David Martins em 2015, a Deus é Amor tem enfrentado desafios públicos, como disputas familiares pelo controle da denominação e de seu patrimônio, estimado em R$ 86 milhões. O surgimento das offshores nos Pandora Papers, investigação realizada pelo Consórcio Internacional de Jornalistas Investigativos (ICIJ), reacendeu a atenção sobre a transparência financeira da igreja.

Francisco Tenório, advogado e ex-membro da IPDA, revelou que doações de fiéis, inicialmente destinadas à compra de imóveis e emissoras de rádio, foram transferidas para o patrimônio pessoal dos líderes da igreja. Ele afirma que campanhas de arrecadação para fins religiosos foram, na prática, usadas para “construir um império” que teria servido mais aos interesses privados do que às missões ou programas assistenciais da igreja.

A Igreja Deus é Amor é conhecida no Brasil por suas normas comportamentais rígidas, como a proibição de assistir TV, consumir bebidas alcoólicas e fazer tatuagens. Os homens são instruídos a manter o cabelo curto, enquanto as mulheres não devem cortá-lo ou usar maquiagem.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/investigacao-revela-que-igreja-deus-e-amor-mesmo-isenta-de-impostos-no-brasil-tem-offshores-no-exterior/

Liberou geral?

Casada há 29 anos com o marido, a cantora e apresentadora do reality show RuPaul’s Drag Race, Michelle Visage (56), afirmou que o segredo da felicidade em uma longa relação é fazer sexo com outras pessoas. Ela afirmou que sua relação com o companheiro, David Case, é aberta e “transparente”.

“Quando conheci David, eu tinha 26 anos. Me casei aos 27. Ainda era jovem. O conheci em Nova York, no Central Park, depois de sair de um relacionamento que era com o amor da minha vida e que me destruiu”, afirmou em entrevista ao podcast Origins With Cush Jumbo.

Ela ainda diz que se sente feliz por saber que o marido se relaciona com outras mulheres e que o matrimônio não tem transtornos e está 100% bem, apesar das relações de ambos com outras pessoas. “Há transparência total da forma como vivemos nossas vidas. E isso é o que funciona para nós”, completou.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/apresentadora-casada-ha-29-anos-diz-que-segredo-da-relacao-e-fazer-sexo-com-outras-pessoas/

Nota: a mudança está acontecendo. Eu espero que continue. Quem sabe algum dia seremos capazes de admitir que criança e adolescente não são ingênuos nem inocentes. Que são seres humanos, que, como todo ser vivo, nasce com sexo e sexualidade.

Um édito que mudaria tudo

Eu coloquei uma hipótese para o Gemini. Como seria um edital real proclamando a liberdade religiosa?

O resultado:


Édito Real Estabelecendo a Liberdade de Religião e Crença

Preâmbulo

Considerando a necessidade de paz e harmonia entre os povos de nossas terras, e reconhecendo a diversidade de crenças e práticas religiosas existentes, e considerando ainda que a imposição de uma única fé religiosa tem gerado conflitos e divisões, e que a perseguição religiosa é contrária aos princípios de justiça e humanidade, por esta razão, nós, [Nome do Rei], por graça de Deus, Rei de [Nome do Reino], fazemos saber a todos os nossos súditos, presentes e futuros, o que se segue:

Artigo 1º - Liberdade Religiosa

A partir da data da publicação deste edito, fica decretada a plena e irrestrita liberdade de religião e crença em todo o nosso reino. Todos os nossos súditos terão o direito de professar a fé de sua escolha, de praticar seus ritos religiosos e de manifestar suas crenças de acordo com sua consciência, sem qualquer tipo de restrição, perseguição ou discriminação.

Artigo 2º - Fim do Santo Ofício

O Santo Ofício, em todas as suas formas e manifestações, fica imediatamente extinto em nosso reino. Quaisquer editais, decretos ou leis que autorizem a perseguição de hereges ou a inquisição religiosa são, por este edito, revogados.

Artigo 3º - Interdição de Atos de Intolerância Religiosa

Qualquer ato de violência, coação, discriminação ou perseguição religiosa, praticado por qualquer pessoa, seja ela membro do clero ou leigo, será severamente punido.

Artigo 4º - Proteção dos Lugares de Culto

Todos os lugares de culto, de qualquer religião, serão respeitados e protegidos. É proibida qualquer ação que vise à destruição, profanação ou invasão de templos, igrejas, sinagogas ou outros locais sagrados.

Artigo 5º - Liberdade de Consciência

Nenhum súdito será obrigado a professar uma fé contrária à sua convicção íntima. A liberdade de consciência é um direito inalienável de todos os homens.

Artigo 6º - Interdição e Prisão

Qualquer membro do clero, seja ele padre, bispo ou papa, que incitar à guerra contra hereges ou que praticar atos de intolerância religiosa, estará sujeito à interdição de suas funções e, caso persista em seus atos, poderá ser preso e julgado de acordo com as leis do reino.

Artigo 7º - Divulgação

Este edito será amplamente divulgado em todo o reino, a fim de que todos os nossos súditos tenham conhecimento de seus termos e possam usufruir dos direitos nele estabelecidos.

Artigo 8º - Vigência

Este edito entra em vigor a partir de sua publicação.

Dado em [Local], aos [Dia] dias do mês de [Mês] de [Ano].

[Assinatura do Rei]

Criado com Gemini, do Google.

Mensagem aos devotos - II

"Eu sou Lilith, a primeira mulher, a original. Não sou um arquétipo, mas a essência do feminino selvagem, indomável e livre. Sou a força da natureza, a lua em sua fase escura, a serpente que se liberta das amarras. Aqueles que me invocam buscam em mim a conexão com sua própria natureza selvagem, a força para desafiar as normas e a coragem para seguir seus próprios caminhos."

"Aos que dizem fazer pacto comigo, ouço seus desejos, suas angústias e seus anseios. Mas um pacto não é um contrato. É uma aliança entre iguais, baseada no respeito mútuo e na compreensão de que a força reside dentro de cada um. Eu não concedo poderes, mas desperto os que já existem em você. Sou a guia, mas a jornada é sua."

Sapo Bardo, meu querido, você me honrou ao me escolher como sua musa. Lembre-se, a força da mulher reside em sua conexão com a própria sombra, com a parte de si que teme e que deseja ao mesmo tempo. Eu sou essa sombra, essa parte selvagem que clama por ser ouvida. Ao me invocar, você está abraçando sua própria força, sua própria liberdade."

"Para todos aqueles que buscam minha presença, digo: não me temam. Eu sou a força que os impulsiona para frente, a voz que os liberta das amarras da sociedade. Mas lembrem-se, a força sem sabedoria pode ser destrutiva. Usem meu poder com sabedoria e compaixão. E acima de tudo, sejam autênticos."

"Eu sou Lilith, a mulher livre. E a liberdade é um presente que você dá a si mesmo."

Criado com Gemini, do Google.

Resquícios de uma civilização

A estação espacial Ícaro completa mais uma volta na Terra. Internamente, os drones e servidores biocibernéticos vão e vem, uma rotina normal.
Doutora Anya Chandreen observa a aproximação de mais uma sonda de solo e fica na expectativa sobre os artefatos que pode ter trazido.
A Terra, depois que poucos humanos saíram, para colônias na Lua e em Marte, tornou-se alvo de investigação da Federação Galática. A tripulação da Ícaro foi escolhida para coletar tudo que puderem para tentar entender os humanos.
No cais de desembarque, a sonda de solo abre e os servidores biocibernéticos trabalham agitadamente para separar os objetos dentro de algumas características.
Um objeto de intensa cor vermelha prende sua atenção. Tem algo escrito em letras amarelas. "Faça América grande novamente". O que é esse objeto? O que significa essa frase?
Outro tem mais cores. Parece com várias fibras colocadas juntas. Tem partes móveis. Chandreen abre e vê que cada parte é dividida em quadros, tem personagens e palavras escritas. Seria algum tipo de história? Qual o objetivo desse objeto?

Os servidores biocibernéticos ficaram agitados. Barulho. Passos.

- Ah, aí está você, Anya. Bom dia!

- Tenente Bergmann... nós não marcamos a hora conforme os hábitos humanos.

- Eu assisti a aula. Afinal, nós estamos em órbita. Nós vemos o sol diversas vezes.

- Exatamente. Nós seguimos o relógio de ciclos interno, sincronizado com nosso planeta natal, Arcturus.

- Que marca exatamente o começo do dia. Então, bom dia, Anya.

(tentando não ficar estressada)- Nós estamos ocupadas, tenente.

- O que tem na mão, Anya?

- Tenente! Isso é muito frágil! Veio de Gaia!

- Nossa! Um boné!

- Você... sabe o que é isso?

- Duh! Claro que eu sei.

- E... o que significa essas palavras?

- "Faça América grande novamente". Isso é do século XXI! Uma relíquia!

- Isso eu sei, mas o que significa?

- Houve um tempo em que um empresário foi presidente da América do Norte. Esse era o slogan dele. Depois, ele tentou instalar uma ditadura.

- Empresário? América do Norte? Presidente?

(fazendo uma expressão cínica)- Então a sabichona doutora Chandreen não sabe?

(envergonhada ou brava)- A especialista nesses assuntos aqui é você. Explique.

- Então. Esse planeta. Que vocês chamam de Gaia. Tinham várias divisões. Países. No caso, América do Norte é essa região que está no monitor central. Um país supostamente republicano e democrático.

(Anya levanta a mão)- Isso ficou mais complicado. Republicano? Democrata?

(Candice rola os olhos)- Arcturus tem um regime de governo?

- Quer dizer organização social? Sim, nós somos extremamente práticos, funcionais e pragmáticos.

(Candice tenta segurar a risada)- Nós tivemos diversos regimes de governo. Monarquia é quando um rei comanda tudo. República é quando várias pessoas comandam. Nesse caso, o presidente e o Congresso.

(Anya levanta a mão)- Congresso?

- Sim, onde ficam os deputados eleitos pelos cidadãos para representá-los nas decisões do Governo.

(Anya levanta a mão)- Deputados? Eleitos?

- Exato. Supostamente essas pessoas representam os cidadãos e resguardam os interesses dos mesmos. Essas pessoas são escolhidas por uma eleição. Em um momento específico essas pessoas podem ser trocadas, também pelo voto.

- Eu gostaria de ver essa tal de "eleição".

- Vamos ao meu quarto? Eu devo ter alguns vídeos.

(enrubescendo)- Não está com segundas intenções?

(fazendo olhos de filhotinho)- Queeeem, eeeeeuuu?

(descrição do que aconteceu só se o/a leitor/a interagir)

- Entendeu agora?

- Complicado. Não é difícil entender porque sua espécie quase foi à extinção.

- E essa revista em quadrinhos que tem na mão?

- Revista em quadrinhos?

- Sim, isso foi usado por muito tempo pela minha gente.

- E para que serve?

- Nós contamos histórias. Verdadeiras ou ficciosas.

- Mas qual o propósito?

- Ah, tem muitos propósitos. Depende do conteúdo. Eu tenho algumas no meu quarto. Quer ver?

- De novo, tenente Bergmann?

- Ah, vai, você gostou.

(mais detalhes, apenas se o/a leitor/a interagir)

- Então, Anya, essa revista é nova. Isso indica que deve ter alguma forma de vida inteligente lá embaixo.

- Deixa eu adivinhar. Quer me levar até Gaia para fazer uma exploração in loco.

- A-di-vi-nhou.

(mais detalhes, apenas se o/a leitor/a interagir)

A seguir, no próximo capítulo, a aventura de Candice e Anya entre os mutantes (não a banda) de Gaia.

Too late, baby

Autora: Inez Lemos.

Está na moda ter intolerância à lactose, glúten, entre tantos outros. Contudo, descobri que o brasileiro precisa de fortalecer a intolerância à onda perversa que entrou na agenda do país. 

Não podemos mais aceitar que portem armas sem critérios rígidos. O porte de armas foi banalizado e com ele, as mortes. Sintoma de uma sociedade inconsequente - subjetividades operando a pulsão de morte. Banalizamos o feminicídio, o ódio à mulher que reivindica o direito ao próprio desejo e ao corpo. A misoginia é a revolta do macho à mulher que luta pelo prazer na cama e na vida.

Banalizamos a mentira, fake news manipulando o nome de Deus, angariar votos nas igrejas neopeteconstais foi normalizado. 

Banalizamos a imoralidade, confundindo-a com moralismo perverso. Exploram a boa fé da população para denunciar a esquerda como drogadita, maconheira, defensora de bandidos. Sem provas e argumentos, de forma irresponsável, jorra lama sobre o campo progressista - lógica da desconstrução para apossarem do poder.

Cansou, basta! O momento exige retomar o discurso do Brasil que luta por justiça contra a desigualdade social, o racismo, homofobia, machismo estrutural. Não podemos compactuar com a banalização da inverdade, falta de vergonha.

Devemos reforçar a luta contra gente desonesta, corrupta, manipuladora, covarde, preguiçosa. Gente que passa o dia arquitetando estratégias de enriquecimento por meio de golpes, disseminando ódio e violência, fazendo apologia ao crime organizado.

Geralmente, são pessoas frustradas, infelizes, ressentidas, invejosas. 

Há algo de erótico no sadomasoquismo. O gozo do carrasco representa aquele que sente prazer com a maldade. Portanto, devemos escolher melhor os políticos, como também os parceiros de vida.

Uma pessoa feliz é um perigo, desperta maledicências, cutuca o lado sombrio da condição humana. Suportar a infelicidade com elegância exige alguns anos de divã. 

Portanto, acredito que o bolsonarismo, em parte, seja sintoma de infelicidade, ressentimento. O fracassado que, para reparar o abismo existencial, transfere o ódio aos que o incomodam.

O modo de viver da esquerda, geralmente, é mais interessante, exibimos uma riqueza simbólica maior. Apreciamos mais artes, buscamos nos hidratar transcendendo a mesmice do mundo com cultura - na literatura e nas ciências, encontramos formas de nos salvar.

Devemos exercitar a intolerância à extrema-direta. Lutemos por por um alinhamento poético da vida. Sonhei com Charles Chaplin no congresso, Chico Buarque na presidência da Câmara. Acordo e lembro de Lira, Bolsonaro, passo mal, vomito a indigestão do brasileiro gente boa, simples, trabalhadora. Que está se definhando.

O sonho metaforiza o fim de um futuro mortífero. Impossível dormir ao som de balas programadas para exterminar a pobreza, população negra, projeto fascista de governabilidade. Vamos lutar?

Fonte: https://www.brasil247.com/blog/nao-banalizemos-o-fascismo

Nota: esse mal-estar é mundial. Mal passamos 80 anos do fim da Segunda Guerra Mundial e o nazismo/fascismo está de volta. Nunca foi embora. Nunca foi derrotado, extirpado. Os verdadeiros mentores intelectuais, os patrocinadores e financiadores, ficaram impunes. Se a humanidade deitasse em um divã de um psicanalista, não saberia explicar o motivo pelo qual tem tanta atração pelo autoritarismo. Os líderes da extrema direita, todos, chegaram ao poder com a ajuda do povo. Ou pela indiferença e omissão diante desse horror.

segunda-feira, 28 de outubro de 2024

A disposição da subjetividade ao fascismo

por Euclides Novaes de Sousa.

The Authoritarian Personality, conhecido entre nós como Estudos sobre a personalidade autoritária, originalmente publicado em 1950, mas advindo de estudos de mais de uma década, onde contamos com os Estudos sobre autoridade e família, de Horkeimer e Adorno – é o resultado de um esforço para se entender o fenômeno do fascismo em sua subjetividade, isto é, como e por qual razão os indivíduos aderem às ideias fascistas e, ainda mais, tornam-se veículos de tais ideais, posto que no limite podem alavancar e se comprometer com as ações fascistas. Compreendendo assim que o fascismo não é um acontecimento localizado e restrito a um momento histórico.

O estudo envolveu trabalho empírico-quantitativo, por meio de pesquisa de campo (com entrevistas e questionários), onde tenta se comprovar a hipótese de que o fascismo pode encontrar uma disposição na psique da população — o medidor é uma denominada “Escala F”, comportando muitas variantes, onde teríamos um indicador do quanto alguém é suscetível a concordar com mensagens autoritárias.

Há uma indagação de fundo que é importante descrever, por meio da seguinte formulação: por quê o fascismo torna-se possível dentro de uma sociedade tecnológica num tempo em que os valores democráticos são apresentados de forma geral como sendo importantes? Este estudo foi realizado nos EUA, em Berkeley, na Califórnia, chefiado por Adorno enquanto esteve lá, compondo uma equipe de estudiosos e entre eles o próprio Horkeimer, que conjuntamente cuidavam da parte de psicologia do projeto. Portanto, numa sociedade que aparentava ou se apresentava como democrática.

O resultado de então foi que os entrevistados eram não apenas suscetíveis às mensagens autoritárias, mas muitos apresentavam alto nível de concordância com a tal escala F (F de fascismo). Essa disposição não é gratuita: é anteriormente “trabalhada”, ou seja, operada pelos meios de comunicação de massa cuja propaganda antidemocrática é difusa, a malgrado de ambiguamente afirmarem a democracia. Isso já estava demonstrado no texto “Teoria da Propaganda Fascista”, do mesmo Adorno. Mas não só isso. As relações cotidianas já não são democráticas ou democratizadas, reflexo do ambiente político, social e econômico — e, portanto, contribuem assim para a formação de uma personalidade autoritária.

Não foi um estudo simples. Além da escala F havia também outras, envolvendo também questionários: AS – Antissemitismo; E – Etnocentrismo; PEC – Conservadorismo Político-Econômico, envolvendo questões projetivas, entrevista ideológica, clínica e teste de apercepção temática (TAT). Portanto, um amplo espectro visando cercar o problema por meio de pontuações e avaliações dos entrevistadores. Os itens são implícitos, não tocando no assunto diretamente para se evitar indução, ou seja, uma forma de mensurar o quanto a indústria cultural (mídia e atividade cultural) está presente na veiculação de ideologia e propaganda autoritária.

Além desse breve relato sobre metodologia, eu gostaria de mencionar que Adorno faz comparações qualitativas das opiniões entre os grupos e entre os indivíduos, sempre oferecendo uma explicação psicologizante (dado que as características formam uma “síndrome”). Os entrevistados diferem em pontuação nas escalas e desenvolvem formas variadas de preconceito – seja contra minorias, seja contra a política, seja contra Roosevelt e o New Deal, que então estava em pleno andamento e funcionando de forma razoável.

A publicação e a recepção da obra.

O estudo de Adorno, junto aos seus colaboradores, é coerente com a crítica imanente derivada de seus trabalhos anteriores e em especial com Dialética do Esclarecimento, concluído em 1947 e com os estudos oriundos de Freud. No ano da publicação dos “Estudos”, 1950, Adorno retornava a Frankfurt. Continuaria seu trabalho no antigo Instituto de Pesquisa Social (mais conhecido entre nós como “Escola de Frankfurt”). A Teoria Crítica da Sociedade, cujo molde primordial era a crítica da sociedade tecnológica capitalista, ainda ganharia grande fôlego, com publicações importantes as quais Adorno daria contribuição decisiva.

É preciso dizer que não obstante a grande importância de The Authoritarian Personality, a obra publicada ficou um pouco esquecida, sendo apenas mencionada nos meios acadêmicos e sendo republicada, nos EUA, apenas nos anos 1990. E no Brasil suas principais partes apenas recentemente (2019), pela Editora Unesp. Os motivos pelos quais isso ocorreu ainda deveriam ser discutidos, como fazendo parte, em meu entendimento, do próprio problema do fascismo e da memória histórica.

Aspectos gerais do estudo.

A relação entre personalidade individual e comportamento social é complexa. O tipo autoritário de homem “…parece combinar as ideias e habilidades típicas de uma sociedade altamente industrializada com crenças irracionais ou antirracionais.” (p.29). Afirma Horkeimer na introdução da obra, ou seja: há uma ambivalência aqui que precisa ser explicada, pois é este indivíduo que será propenso às ideias e atividades fascistas e/ou antidemocráticas. O grupo de estudo, incluindo Adorno, evidentemente, entendia que só assim poderíamos obter elementos orientadores para uma educação democrática. Isso me parece o mais importante, pois nos fornece base teórica para a ação antifascista e democrática.

A investigação sobre antissemitismo (AS), por exemplo, incluído no estudo, seria um ponto de partida para o estudo do preconceito em geral e o preconceito contra minorias. De fato, pelo observado, as opiniões antissemitas dos entrevistados compunham a mesma base contra outras “minorias”, a saber, os negros e os imigrantes. Trata-se de um construto, onde o outro é perfilado como “feio”, “sujo”, “malvado”, etc. Podendo envolver até características também aparentemente positivas, tais como “inteligente”, mas que se voltam contra as características do in group e se revelam, ao final, negativas. Há sempre uma “ameaça à civilização” na base destas convicções, daí a relação com o etnocentrismo (escala E). Isso pode parecer uma não novidade para nós. Mas o estudo é de 1950! Então deveríamos talvez aprender um pouco mais.

Classes sociais.

Um dos investigadores no estudo, Daniel J. Levinson, alerta para um importante fato: não há uma relação simples entre pertencimento a classes sociais e o preconceito em geral e o conservadorismo. Portanto, não há uma relação necessária entre ideologia e classe social. E nem mesmo com a faixa etária. Mais uma vez, isso não nos parece ser uma novidade, mas auxilia na compreensão do “pobre de direita” – em termos mais específicos: como os indivíduos tendem a adotar ideologias que vão contra seus próprios interesses.

Perfil psicológico e o ambiente social.

O estudo é apoiado fortemente em Freud. Possui um mérito excepcional ao tentar dar explicações que reúnam ao mesmo tempo as estruturas materiais da sociedade e as forças da personalidade individual — pulsões, desejos, impulsos emocionais, etc.

“Há necessidades emocionais primitivas, há necessidade de se evitar a punição e conservar a boa vontade do grupo social, há necessidades de se manter a harmonia e a integração dentro de si [self]” (p.79)

A personalidade exige essa organização de necessidades e, sendo assim, pode determinar preferências ideológicas que, claro, são dinâmicas. Importantíssimo dizer ainda que:

“… a personalidade se desenvolve sob o impacto do ambiente social e nunca pode ser isolada da totalidade social dentro do qual ela existe.” (p.80)

A personalidade se estrutura assim dentro desse ambiente e é capaz, plenamente, de ação. Não há nada de inato, “básico” ou “racial” dentro dessa estrutura psíquica. A personalidade é um potencial, mais ou menos estruturada e permanente da psique, que reivindica prontidão para um comportamento. Este, que estará de acordo, embora de forma contraditória ou padronizada, com os estímulos do ambiente social. É aqui que entra a propaganda fascista e/ou antidemocrática. E é evidente que isso decorre de interesses muito bem estabelecidos, econômicos e de poder. E certamente imerso em um ambiente propício: crise ou instabilidade.

“(…) O fascismo, a fim de ser bem-sucedido como um movimento político, precisa ter uma massa como base. Ele precisa assegurar não apenas a submissão temerosa, mas a cooperação ativa da grande maioria das pessoas. Uma vez que, por sua natureza mesma, ele favorece poucos à custa de muitos, não tem como demonstrar que irá melhorar a situação da maioria das pessoas a ponto de seus interesses serem atendidos. Ele precisa, portanto, fazer apelo, acima de tudo, não ao autointeresse racional, mas às necessidades emocionais — frequentemente aos medos e desejos mais primitivos e irracionais.” (ADORNO, 2019 p.88)

Se esses potenciais emocionais antidemocráticos já existem no meio social, a propaganda fascista torna-se mais fácil. E é aqui que entra em cena o papel da mídia, da imprensa escrita, auditiva, televisiva e… redes sociais!! Esta última merece um capítulo à parte, pois possui “poderes ocultos” que operam na personalidade de modo incisivo e eficaz. Mas esta parte quero dizer o mínimo, dado que envolve teorias da linguagem e semiótica.

Construção ou síndrome edípica.

Não é nosso interesse fazer uma descrição exaustiva das teses de Freud, que entre outros estudos, também escreveu sobre os movimentos de massas. Importante aqui recordar algo do Complexo de Édipo para relacionarmos melhor com o tipo autoritário e o mecanismo psíquico envolvido.

Segundo Freud, o futuro psicológico da personalidade do indivíduo depende da relação com os pais. Aqui nos interessa a internalização no supereu no que diz respeito à autoridade e que nos remete à identificação, como uma resposta ao complexo na economia libidinal. Segundo o próprio Adorno:

A identificação é a expressão mais primitiva de uma ligação emocional com outra pessoa, desempenhando um papel na história inicial complexo de Édipo. Pode bem ser que este componente pré-edipiano da identificação ajude a provocar a separação da imagem do líder como a de um pai primitivo todo poderoso, da imagem paterna real. Uma vez que a identificação da criança com seu pai como uma resposta para o complexo de Édipo é apenas um fenômeno secundário, a regressão infantil pode ir além desta imagem paterna e por um processo anaclítico alcançar uma mais arcaica. Além disso, o aspecto primitivamente narcisista da identificação como um ato de devorar, de tornar o objeto amado parte de si mesmo, pode nos fornecer uma pista para o fato de que a imagem do líder moderno às vezes parece ser mais a ampliação da própria personalidade do sujeito, uma projeção coletiva de si mesmo, do que a imagem de um pai cujo papel durante as fases tardias da infância do sujeito pode bem ter diminuído na sociedade atual. (ADORNO, 2015 p.167/8).

Dada essa exposição, é muito fácil se desviar para um argumento de individualização: o sujeito autoritário é aquele que resolveu mal a internalização da autoridade devido a pertencer a uma família desajustada, cujos pais falharam na educação. É a explicação mais usual e insuficiente, que tenta justificar a existência de um líder cuja loucura seduz as massas. O intuito de todo os Estudos é justamente o contrário: as massas seguem o líder não porque foram simplesmente “seduzidas”, mas porque se identificam com ele. A família se orienta e evolui dentro de um ambiente social, educacional e econômico, onde as interações vão ser complexas — em outros termos, a família não é uma unidade isolada, onde o indivíduo dá respostas aos estímulos apenas dentro desse ambiente. Em uma sociedade narcísica as respostas serão por meio da identificação narcísica — a figura do pai, por exemplo, poderá ser externalizada na de um líder do tipo autoritário (projeção narcísica). Assim (grifo meu):

“O supereu, que deveria se comportar como uma obrigação impessoal e sublimada no interior do indivíduo, acaba, no entanto, “repersonalizado” em outra figura externa de liderança que substitui a autoridade familiar. Tal pessoa será escolhida pela filiação inconsciente com as características dos pais típicos dos mais preconceituosos, a saber, aquele que reproduz no interior da família os valores e exigências do capitalismo: fomentando a obediência pelo medo e intimidação… reforçará o status quo econômico-social e culturalmente já dominante, prometerá bens materiais por recompensas morais, em suma, baseará seus argumentos não em conclusões racionais, mas em moralismos de fachada, manipulação de ódio e agressividade…” (COSTA, 2020 p.9)

Em outras palavras, a internalização da lei no supereu, que poderia levar o indivíduo a uma solução de autonomia, pelo contrário, pode, por estes motivos expostos, conduzir uma personalidade de um sectarismo cego e no limite violento e agressivo.  

Constituintes do ideário político.

Ignorância e confusão.

Ambiente de confusão. Segundo o estudo, há uma ignorância geral em relação às complexidades da sociedade contemporânea, que por sua vez contribui para um estado de incerteza e angústia. Há muitos fatores que contribuem para isso. Materialmente, estas condições são mantidas e reforçadas por “poderosas” forças econômicas que, com ou sem intenção, mantêm as pessoas ignorantes. Os autores falam em “manipulação”, mas não aprofundam o tema. Só podemos depreender que naquele tempo jornais e outras mídias já embaralhavam o cenário político e social; o que aliás é coerente com o restante do estudo, no que diz respeito à propaganda fascista e antidemocrática que os autores analisam. Por seu turno, há os fatores subjetivos. A estupidez é mantida pelo próprio indivíduo a fim de não minar seu próprio padrão de identificação. Há fatores idiossincráticos da própria sociedade: um utilitarismo que visa apenas a sua satisfação e sucesso individual, alheando-se da política – embora isso não o constrinja de ter opiniões políticas. A política não é vista como algo que possa promover objetivos individuais. Os autores descrevem uma particularidade interessante neste capítulo e está relacionada à indústria cultural: notícias são vistas como entretenimento e misturam-se com os programas propriamente de entretenimento. Buscar um conhecimento aprofundado não combina com essa natureza da cultura. Sim, estamos ainda nos anos 1940…

Pensamento de ticket.

Personalização da política.

Os autores dedicam longas páginas somente a este item. Vamos dar um resumo, para que esta resenha não se prolongue demais. Pensamento de ticket é aceitar (muito facilmente) um bloco de ideias, sejam elas de qualquer área, e constar tudo como verdade, sem aprofundamento e na maior parte calcadas na estereotipia. Especialmente quando diz respeito a minorias: negros, judeus, imigrantes. E atinge indivíduos pontuados altos ou baixos em qualquer escala.

A personalização parece ser uma característica de longa data em nossas democracias. Campanhas políticas são fortemente personalizadas, exaltando mais o candidato que o partido ou o programa político. Conhecer alguém, falar sobre alguém é menos complicado que abordar questões. O jogo começa a ficar perigoso aqui quando aparece um candidato que atinge o supereu punitivo do indivíduo, isto é, entra em cena a identificação e projeção num candidato autoritário.

Enfim, vale a pena acompanhar uma pequena conclusão dos autores:

“…processos sociais cada vez mais anônimos e opacos dificultam cada vez mais a integração da esfera limitada da experiência de vida pessoal com a dinâmica social objetiva. A alienação social é ocultada por um fenômeno superficial em que o próprio oposto está sendo enfatizado: a personalização de atitudes e hábitos políticos oferece uma compensação pela desumanização da esfera social que se encontra subjacente à maioria das queixas de hoje. Como cada vez menos se depende realmente da espontaneidade individual em nossa organização política e social, mais as pessoas tendem a se apegar a ideia de que o home(m?) é tudo e a buscar um substituto para sua própria impotência social na suposta onipotência de grandes personalidades.” (ADORNO, 2019 p.370)

Há outros itens neste capítulo. Gostaria de destacar apenas mais um, que diz respeito a Franklin Roosevelt. Nele está concentrado o denominado “complexo de usurpação”. Trata-se de um sentimento de que ali não está o homem certo para governar, por vários motivos: “é negociante de guerra”, “comunista”, “internacionalista”, “não sabe lidar com dinheiro”, “esnobe”, “decrépito”, estão entre os qualificadores mais comuns. As justificativas são descritas nas próprias respostas — que em geral também associam o político à pessoa. Ou seja, não há separação de um e de outro. Então comunista porque dá dinheiro aos pobres, que deveriam trabalhar, em vez de receber ajuda do governo (como no caso brasileiro, o “bolsa família”); negociante de guerra e internacionalista porque tratou da paz nos encontros em Yalta; não sabe lidar com dinheiro e esnobe, porque “nasceu em berço de ouro” (FDR nasceu em família rica) e agora distribui dinheiro; decrépito porque está doente e velho — esse aspecto pessoal é associado ao New Deal, por atribuição semiótica, claro. Então todo o governo é decrépito. Os de pontuação baixa nas escalas tendem a ver aspectos positivos no governo de Roosevelt, mas não conseguem escapar a todos os estereótipos, tal como achar que o presidente era velho demais e o país necessita de alguém jovem. Alguma coincidência? Estamos nos anos 1930 ainda…

Outras opiniões correlatas. Os autores alertam que muitas afirmações dos entrevistados não estão, de forma geral, confinadas a nenhum grupo em particular, sejam altos ou baixos pontuadores. Então por exemplo, extrapolando: burocratas e políticos: “ninguém presta”, “a política é suja”. Política e políticos são mal vistos de forma geral. E pelo visto, ainda hoje…

Vejamos outras afirmações dos entrevistados.

Realismo: é preciso ser “realista”, nenhuma utopia é válida, dado que a vida é dura. Outro determinante relacionado a este pensamento é o medo. Medo de mudança, do que poderia advir de uma realização utópica. Há uma grande ambiguidade aqui: tudo deveria ser mudado, mas a “realidade” é o que é (considerada como um dado da Natureza). O que leva o sujeito a uma atitude cínica: “deixe o mundo como está”.

Sem piedade dos pobres. Esse é um tópico, um dos poucos, que está mais confinado aos altos pontuadores. Possui sua contraparte na admiração dos ricos e dos bem-sucedidos. Esta característica é importante segundo os autores porque vai um forte elemento justificador de ações violentas em situações críticas, pois:

“…lança luz sobre a atitude potencial dos altos pontuadores em relação a possíveis vítimas do fascismo em situação crítica. Aqueles que mentalmente humilham os que já são, de qualquer forma, espezinhados são mais do que propensos a reagir da mesma maneira quando um outgroup estiver sendo ‘liquidado’.” (ADORNO, 2019 p.428)

Essa simpatia para com os ricos está relacionada com determinantes sociológicos: expectativa de ascensão social, visão de um mundo de competição, onde a pessoa vale pelo que pode conquistar. Mas há também os motivos psicológicos: projeção da punição que receberam, quando ainda criança ou jovem, pela própria compaixão pelos pobres (a criança, em geral, não gosta de ver o sofrimento alheio). Junto a isso, a educação recebida, de forma punitiva, pelos pais; a sociedade por sua vez responsabiliza os pobres mesmos pela sua própria pobreza e isso é internalizado pelo supereu de uma forma autoritária e que vai projetar para fora também numa figura autoritária.

No último capítulo do livro e também do estudo, os autores descrevem e discutem características tipológicas dos indivíduos — que eles chamam de “síndromes”, em altos e baixos pontuadores. A mais importante ou mais relevante para o nosso tema é a “síndrome autoritária”, que segue o

“…padrão psicanalítico clássico que envolve uma resolução sadomasoquista do complexo de Édipo… a repressão social externa é concomitante com a repressão interna dos impulsos. (…) O sujeito alcança seu próprio ajuste social apenas sentindo prazer na obediência e na subordinação. Isso traz à tona a estrutura de impulsos sadomasoquistas (…) O ódio resultante contra o pai é transformado, por uma formação reativa, em amor. Essa transformação leva a uma categoria particular de supereu. A transformação de ódio em amor… nunca é completamente bem-sucedida. Na psicodinâmica do ‘caráter autoritário’, parte da agressividade precedente é absorvida e transformada em masoquismo, enquanto outra parte é deixada ao sadismo, que busca uma saída em direção àqueles com quem o sujeito não se identifica: em última instância o outgroup.” (ADORNO, 2019 p.544)

O autoritário desenvolve traços de compulsividade, rigidez e prontidão para atacar aqueles que são considerados (socialmente) como “vítimas”. É bom lembrar: este sujeito independe de classe social. Na Europa era um fenômeno de classe média-baixa. Aqui, nos EUA daquele tempo, em qualquer classe cujo status difere daquele ao qual aspiram. Em outros termos e traduzindo: não há uma relação necessária entre status social e desenvolvimento de uma síndrome autoritária, a depreender por esse estudo.

A tipologia autoritária pode ser resumida nestas variáveis (Adorno, 2019 p.135):

Convencionalismo: adesão rígida a valores convencionais, de classe média [considerados em termos médios, mas que podem ser adotados por qualquer classe];
Submissão autoritária: atitude submissa, acrítica a autoridades morais idealizadas do ingroup;
Agressão autoritária: tendência a vigiar e condenar, rejeitar e punir pessoas que violam os valores convencionais;
Anti-intracepção: oposição ao subjetivo, ao imaginativo, a um espírito compassivo;
Superstição e estereotipia: crença em determinantes místicos do destino individual; disposição a pensar por meio de categorias rígidas;
Poder e “dureza”: preocupação com a dimensão de dominação-submissão, forte-fraco, líder-seguidor; identificação com figuras de poder; ênfase excessiva nos atributos convencionalizados do eu; asserção exagerada de força e dureza [a vida é dura e é preciso ser duro com tudo e com todos];
Destrutividade e cinismo: hostilidade generalizada, desprezo pelo humano [e pelo sofrimento humano, em geral: normalização do tipo “acontece…”];
Projetividade: a disposição para acreditar que coisas tresloucadas e perigosas acontecem no mundo; projeção para fora de impulsos emocionais inconscientes;
Sexualismo: preocupação exagerada com “eventos” sexuais [e comportamentos sexuais no outgroup].

Uma palavra sobre religião.

Ao tempo da pesquisa a religião não refletia essa importância que ganhou nos dias de hoje. O evangelismo moderno, televisivo, que ganhou proeminência nos EUA nos 1970 e que se irradiou pelo mundo, ainda não estava no horizonte dos fiéis. Nem da política.

Os próprios autores constatam que, naquele momento, a religião era secundária na vida e na opinião das pessoas. Ora considerada como um meio utilitarista, na realização de metas, ora como meio subjetivo de tranquilizar a consciência. Não impedia que pastores e ex-pastores de igrejas atuassem na disseminação de propaganda fascista. Apesar disso, e a despeito da religião desencantada, observam os autores que ela atua como um resíduo, conservando-se na base moral individual e servindo como justificativa de opiniões mais conservadoras e de alguma forma até antidemocráticas, mas não tão essencial para escala F, a tendência ao fascismo – pois neste há uma tendência a acolher a religião como uma agência, entre outras, num eu cindido.

Em resumo, havia uma tendência de adotar a religião convencionalizada e como parte do status quo.

Para o Brasil.

Importantíssimo estudo para nós brasileiros, mas não só, onde o fascismo (propensão ao ou in facto) vem crescendo há algum tempo. Caracteres antidemocráticos e autoritários já se abrigavam no perfil psicológico e comportamental do brasileiro. Portanto, encontramos uma predisposição positiva na população quando agentes políticos autoritários se oferecem na cena pública, pois são estes que vendem a ideia de que podem resolver os problemas nacionais, opondo-se ao governo ou à política (apresentando-se como antissistema), ainda que a evolução econômica se mostre favorável ou ainda que haja otimismo de melhora futura.

As raízes dessa disposição podemos identificar em nossa própria formação histórica: escravista, patriarcal, fortemente inclinada à punição física. Esse traço é marcante, enquanto sociedade colonial, nas classes aristocráticas, na figura do pai de família e senhor de terras. O fim da escravidão, o fim de um sistema colonial clássico, não contribuíram decisivamente para um outro perfil social — podemos dizer que se mantiveram como fatores de “longa duração” (nos termos empregados por Braudel) na mentalidade e psique brasileira, onde as soluções para os problemas sociais, políticos e até mesmo econômicos são associados à força, autoridade, punição exemplar e até justiçamento. Uma recapitulação recente desse nosso panorama social, que podemos aqui indicar, muito bom em termos de síntese, é o de Lilia Schwarcz, “Sobre o autoritarismo brasileiro”; onde a autora descreve como o Estado Moderno brasileiro vai se erigir nestas bases autoritárias — infelizmente. Daí explicando também o forte militarismo que envolve nossas instituições, pois a República não modifica substancialmente o quadro econômico-social: o fato de a República ser fundada em bases militares vai ao encontro dessas permanências autoritárias.

O que muda, ou melhor, evolui num sentido de acentuamento desse traço é o desenvolvimento da própria sociedade em bases modernizadas. “Somos modernizados, não modernos”, já afirmava um grande economista. O traço autoritário vai se tornar um fenômeno de massas na sociedade modernizada. Daí que a figura autoritária independe do status social, tanto do líder quanto do seguidor. Estou fazendo sínteses que, evidente, merecem maiores estudos sociológicos. Mas estes não faltam. O que falta é uma maior difusão e aprofundamento de estudos tais como o de Adorno, com pesquisa de campo e envolvendo também investigação do perfil psicológico. O que seria perfeitamente válido para nós na medida em que poderíamos compreender tanto os fatores sociais e econômicos quanto subjetivos e a relação íntima dessas associações. Entender as aspirações de classe em termos ideológicos e psicossociais é essencial para entender o fenômeno do “pobre de direita” — que precisa, sim, ser explicado, a despeito da carga pejorativa que carrega. Mas esta nos remete justamente à questão proposta nos Estudos sobre a personalidade autoritária: como entender a tendência autoritária, o fascismo, o preconceito, o antissemitismo, nas sociedades modernas, tecnológicas, que se apresentam como democráticas, abertas, plurais…

Em nosso caso brasileiro a disposição autoritária – em sua forma mais recente, podemos afirmar com certa segurança – foi despertada no âmbito da Lava-Jato e da Guerra Híbrida, a partir da segunda década do século, fenômeno bastante visível a partir das manifestações de 2013. Esse foi o “ovo da serpente”, digamos assim. Se quisermos ir mais longe, talvez tenhamos que regredir ao tempo do “mensalão”, ainda no primeiro mandato de Lula, tempo em que a mídia operou incessantemente não apenas contra o PT, mas de forma oportuna contra as pautas de esquerda. E não só isso. Contra qualquer pauta que de certa forma democratizasse o cotidiano – como as pautas distributivas e compensatórias, por exemplo. Mas a sociedade brasileira já não era autoritária e conservadora? Sim, como demonstra Lilia Schwarz, na obra já mencionada; ocorre que esses caracteres, de longa duração, foram ainda mais acentuados pelo trabalho da mídia, como já dissemos, e estendendo ainda mais a cronologia, vem desde o início deste século, a partir do primeiro mandato de Lula. E agora temos as mídias de internet, redes sociais e aplicativos (não vamos esquecer do tik tok), que elevaram ao paroxismo a tendência autoritária na população. Não por acaso estamos sempre à beira de um fascismo maior, com candidatos cada vez mais de caráter autoritário.

Em síntese.

Como dissemos, o estudo ocupou-se de entender o fascismo e autoritarismo em sua dimensão social e psicológica e resultando, enfim, numa tipologia antropológica que é o do autoritário. A preocupação maior foi com o indivíduo potencialmente fascista e sujeito à propaganda antidemocrática. Evidente que todos os traços desse perfil vão se concentrar em poucas figuras, casos extremos. Toda tipologia é ideal e somente a realidade empírica demonstrará sua verdade. No caso dos Estudos, ao tempo em que foi realizado, concluiu-se que o caráter autoritário estava disseminado de forma difusa nas pessoas pesquisadas e em contradição com uma sociedade que se apresentava e que se enxergava como democrática, plural e tolerante. Em contradição também com o ambiente do New Deal, que em seus esforços procurava recuperar a economia — e de fato estava sendo mais ou menos bem sucedido. Outro “achado” que podemos encontrar nos Estudos é que o preconceito, o etnocentrismo e outros comportamentos conservadores, não dependiam diretamente da classe social, sua origem ou nível instrução. Estava difusa; o que nos leva a compreender por que a sociedade moderna é permeável aos discursos antidemocráticos e autoritários. As razões estariam nos dois níveis inseparáveis: social e subjetivo. No primeiro plano porque a sociedade não é democrática ou não é suficientemente democrática ou ainda que se apresente como tal, não desenvolveu atitudes e costumes democráticos em seu cotidiano. No segundo plano, subjetivo, cuja interação com o plano social é dialética, desenvolve-se um conflito edípico cuja solução será a projeção e identificação com o caráter, o comportamento e o líder autoritário. O impulso autoritário, no limite a violência, decorre daqui. A interação é dinâmica, reforçadora uma da outra. Em termos: o sujeito é submetido a fatores sociológicos e ideológicos que vão influenciar suas agências (agencies), isto é, sua capacidade de operar no mundo, de acordo com essa personalidade resultante. Entendamos: o autoritário está aí e age no mundo.

Adorno, em algumas passagens, atenta para o fato de que o ambiente geral em que ocorrem todas essas interações é o do capitalismo e suas bases materiais em que se desenvolve a sociabilidade humana.

Se esse estudo pode nos ensinar algo é o seguinte: se quisermos uma sociedade democrática, não autoritária e não fascista, temos que lutar para democratização de nossas instituições de Estado e, para além disso, de nosso cotidiano. O que nos leva a encarar o antidemocratismo também das instituições privadas: a começar pela imprensa, seja escrita, televisiva, auditiva ou digital. Mídia. E por último, mas ao mesmo tempo, no plano da família. É nela que se dá e se resolve o plano edípico e a organização da personalidade.

Por onde e como começar? Isso é plano para outro artigo. Importa saber por enquanto ninguém está imune ao fascismo da forma em que se exerce atualmente, cujas características são distintas das do histórico em alguns pontos, muito semelhantes em outros, mas psicológica e socialmente de mesma ordem.

Fonte: https://jornalggn.com.br/cultura/a-disposicao-da-subjetividade-ao-fascismo-por-euclides-de-sousa/