Autor: Jorge Adoum.
O sexo é a força mais poderosa da natureza. Sem sexo não poderia haver geração, nem mundo, nem humanidade, nem ação. Sem geração nada haveria que regenerar, não haveria humanidade nem alma para imortalizar, nem necessidade da existência de Deus.
O sexo é o princípio, é a imortalidade, é a divinização!
A atividade sexual mal dirigida pode aniquilar e destruir a alma. Mas o sexo não pode ser condenado; somente o homem se está fazendo merecedor de condenação, porquanto usa como meio de destruição aquilo que lhe foi dado como salvador. Está nas mãos do homem escolher o que ele quer fazer com este sublime princípio.
A adoração do sexo, ou culto fálico, foi a forma comum de todos os povos; é um culto inspirado pela manifestação da Natureza no seu grande Mistério da vida e da procriação.
Esse sublime culto chegou ao seu desenvolvimento máximo entre os antigos egípcios, assírios, gregos, romanos e demais povos da Antiguidade em toda parte da terra: Pérsia, Ásia Menor, Etiópia, Ilhas Britânicas, México, América do Sul e outras partes do hemisfério.
Até hoje existe essa religião na Índia e entre os nusairitas do Líbano, e tem mais de 100 milhões de adeptos e verdadeiros adoradores fálicos sem nenhum indício de degeneração do sexo pelas práticas indignas e pervertidas hoje existentes universalmente nos países que se consideram civilizados.
Todas as religiões atuais estão fundamentadas na Religião Fálica e não passam de modificações ou continuação das formas arcaicas adaptadas às condições modernas, aos ambientes e propósitos.
O impulso animador de toda vida orgânica é o instinto sexual; o sexo é o chamado universal rumo à reprodução; a Natureza assim o pede e a lei divina o sanciona. O chamado do sexo é o que atua na luta pela existência no mundo animal; é a fonte de todo esforço e emoção humanos, por mais sublimes ou por mais degenerados que possam ser os desejos que atuam por trás da paixão.
A lei de atração entre os sexos opostos para se unirem tem por objeto a produção de um novo ser, o qual por sua vez oferece a oportunidade para uma nova alma e um receptáculo para a Chama Sagrada. Este impulso é o fator mais poderoso em tudo quanto concerne à raça humana. É o mais alto dom de Deus outorgado ao homem.
O apetite sexual não é apetite animal, ao contrário, é o desejo mais elevado que a Deidade pôde depositar no ser humano; é um meio nos propósitos de Deus para a imortalidade da alma do indivíduo e o bem-estar de todos os homens. O sexo é a base da sociedade e o manancial da vida humana, de felicidade e de eternidade.
Sem o instinto sexual sobreviria a exterminação da raça e, depois, numa geração se despovoaria o mundo. O próprio céu seria algo sem razão. Contudo, as religiões atuais consideram o sexo denegrido e sujo.
O sexo tem a raiz na Divindade, porque sem sexo não pode existir o amor, que é a fonte da inspiração de toda beleza, moralidade e sublimidade. Nunca poderá haver amor, inspiração e beleza de sentimentos num homem sexualmente impotente. A Chama Inefável não pode manifestar sua luz através do ser assexuado ou impotente.
Sem sexo não há amor e sem amor não há religião. As emoções religiosas brotam do poder animador da natureza sexual. A Religião Fálica adorava o mistério da Vida da criação ou reprodução: era a devoção ao Poder Criador Onipotente…
A procriação e a transmissão da vida de uma geração a outra é o mais maravilhoso mistério, que faz com que a planta brote da tenra semente, e põe um novo ser sobre a terra; foi, é e será o mistério dos mistérios. Esse mistério está encerrado no grânulo da vida segundo o denomina a ciência moderna.
A Religião do Falo ensina até hoje que, ao orar, o homem invoca Deus; mas, ao unir-se sexualmente à sua mulher, se converte em Deus.
O Fogo do sexo é o Fogo da Santidade; a origem do sexo tem a raiz na própria Divindade. O sexo está em Deus, assim como o Filho está no Pai. O sexo e a santidade são duas linhas paralelas que se encontram em Deus…
Mas os olhos do libertino e os do hipócrita e fanático não podem ver esse encontro!
A união carnal, para os “adoradores do sexo”, é obra luminosa. Toda união é motivo de criação ou expressão. O mal não está no ato, e sim nos pensamentos que o precedem e o acompanham…
O sexo é o fruto da árvore da vida, que está no meio do jardim do Éden; ao comê-lo, o homem se faz Deus, “e o homem fez-se um de nós”, dizem os Elohim da Bíblia.
Contudo, apesar de ser a árvore da vida, o homem morreu!
A Árvore da Vida não pode causar a morte; o homem, porém, ao comer o fruto, pecou, e foram os seus pecados que o mataram. O sexo é o caminho à iluminação, mas a paixão sexual é o Querubim com a espada flamígera, que por si mesmo impede ao homem impuro a entrada no Éden.
A castidade afastada do sexo não tem valor algum!
A verdadeira castidade deve estar na pureza e na santidade do sexo.
O verdadeiro casto é aquele que leva à Divindade a sua virilidade.
Deus fez-se homem por meio do sexo, e o homem se fez Deus mediante o sexo. Fugir do sexo é tão nocivo como buscar somente nele o prazer. O prazer sexual fora da pureza sexual é incompleto.
Quem é Yeová, o Deus dos judeus e dos cristãos? É o Yod, o falo masculino, unido a Eva, o órgão feminino; ambos formam o poder criador das antigas religiões. A união sexual, em toda manifestação da natureza, é a união de duas metades, para formar o Yeová da Bíblia.
O sexo deve ser amor, mas o amor não deve ser sexo, pois há sexualidade carnal e sexualidade espiritual. A carnal é o nascimento e a morte, ao passo que a espiritual é a ressurreição eterna. O fogo de Jeová na Sarça de Horeb não é senão o fogo do sexo… na sarça do sistema seminal.
“Não vos aproximes daqui: descalçai vossos pés, porque o solo que pisais é sagrado!”
Fonte: https://www.gnosisonline.org/o-aspecto-falico-das-religioes/#comments
Nota: faltou o autor falar que existe também o culto da Yoni, a Vulva Sagrada.
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