sexta-feira, 7 de outubro de 2022

A intolerância religiosa vai piorar

Autor: Leandro Machado.

A pesquisadora Tayná Louise De Maria, doutoranda em História Comparada pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), acredita que a intolerância religiosa vai ficar mais forte depois das eleições deste ano.

Para ela, discursos e posturas da campanha do presidente e candidato à reeleição, Jair Bolsonaro (PL), incentivam a perseguição aos seguidores de religiões afro-brasileiras, como o candomblé e a umbanda.

Isso porque Bolsonaro tem associado de maneira negativa seu adversário, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), a demônios e correntes religiosas de matriz africana.

"A intolerância e o racismo religiosos vão tomar proporções maiores depois das eleições. Os fundamentalistas vão se sentir mais à vontade", diz De Maria, que pesquisa o fundamentalismo cristão no Brasil.

Em agosto, por exemplo, a primeira-dama Michelle Bolsonaro criticou Lula nas redes sociais por um vídeo em que o petista aparece sendo abençoado por mulheres de religiões afro-brasileiras.

"Isso pode, né? Eu falar de Deus não pode, né", escreveu a primeira-dama, em resposta a uma publicação de uma vereadora bolsonarista que falava que Lula "vendeu a alma" para vencer as eleições.

Bolsonaristas também tem associado a companheira de Lula, a socióloga Rosângela Lula da Silva (conhecida como Janja), às mesmas religiões de matriz africana. O presidente também tem dito que as eleições são uma batalha do "bem contra o mal" — e ele seria o bem.

Nesta quarta-feira, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) determinou a retirada das redes sociais de um vídeo que ligava Lula ao satanismo.

Por outro lado, Bolsonaro também foi ligado aos maçons depois de um vídeo de 2017, em que ele aparece em uma loja da maçonaria, viralizar nas redes sociais nesta semana.

Para Tayná Louise De Maria, o petista tem pouco a ganhar com vídeos como esse, e deveria se aproximar de religiosos progressistas que o ajudem a conversar com a parcela evangélica do eleitorado.

Já a campanha de Bolsonaro, diz a pesquisadora, se apoia no fundamentalismo cristão e racismo religioso para tentar vencer as eleições no segundo turno.

Fonte: https://www.bbc.com/portuguese/brasil-63152672

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