quarta-feira, 30 de abril de 2025

Ebó Coletivo na Cinelândia

Por Pai Paulo de Oxalá.

Neste 28 de abril de 2025, a Cinelândia, no centro do Rio de Janeiro, pulsa com a força ancestral de um Ebó Coletivo contra a Intolerância Religiosa e o Racismo. Desde às 11h, lideranças religiosas, movimentos sociais e cidadãos conscientes estão reunidos para afirmar: nossa fé, nossa cultura e nosso direito de existir não serão silenciados.

O ato é uma resposta direta ao retrocesso imposto pela Prefeitura do Rio, que, em março, revogou a resolução que reconhecia as práticas de saúde de matrizes africanas como parte da medicina complementar no SUS. A decisão foi denunciada como um grave ato de racismo religioso, ferindo direitos conquistados a duras penas.

Às 15h, uma audiência pública reforçará o grito coletivo: liberdade religiosa é direito fundamental e não será negociado.

Hoje, a Cinelândia é mais que praça — é altar, é terreiro, é tambor que ecoa pela cidade. É resistência viva, denunciando o racismo institucional e clamando por respeito às tradições que ajudam a curar, alimentar e manter viva a alma do Brasil.

Enquanto alguns tentam apagar nossa história, nós respondemos com fé, ebó e luta.

Axé para todos!

Fonte: https://extra.globo.com/blogs/pai-paulo-de-oxala/post/2025/04/ebo-coletivo-na-cinelandia-fe-resistencia-e-denuncia.ghtml

STF e linguagem neutra

Em uma decisão histórica, o Supremo Tribunal Federal (STF) declarou inconstitucionais as leis de cidades do Rio Grande do Sul e de Minas Gerais que proibiam o uso e o ensino da linguagem neutra em escolas. Na prática, essas leis deixam de ter validade.

Mas o que está em jogo aqui vai muito além da gramática. Trata-se de um debate sobre quem tem o poder de decidir os rumos da educação, sobre quais corpos e identidades são reconhecidos no espaço escolar — e, em última instância, sobre o próprio papel da linguagem na construção de um país plural.

O que é linguagem neutra?

A linguagem neutra propõe alternativas aos termos com marcação de gênero, como “ele” ou “ela”, buscando formas mais inclusivas para abarcar identidades não-binárias e dissidentes do sistema cisnormativo. Termos como elu, delu ou ile/dile (como defende Pri Bellucci, ativista trans fundador da Marcha Trans de São Paulo)amigue e todes são exemplos de estratégias linguísticas que desafiam a rigidez binária da língua portuguesa.

Por que o STF interveio?

Segundo o ministro André Mendonça, relator da ação, estados e municípios não têm competência para legislar sobre diretrizes curriculares ou sobre a norma culta da língua portuguesa — tarefa que cabe à União. Para ele, ao proibirem o uso de linguagem neutra, essas leis municipais e estaduais extrapolam sua autoridade e violam princípios constitucionais.

A maioria dos ministros acompanhou esse entendimento. Mesmo os que divergem, como Cristiano Zanin e Nunes Marques, admitiram que o ensino da língua deve observar as diretrizes do Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp) e da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP), reconhecendo assim os limites locais sobre a matéria.

Mais do que norma: o direito à existência

A decisão do STF tem implicações que ultrapassam o campo jurídico. Ela toca diretamente a autonomia docente, a liberdade de cátedra e o direito de estudantes trans e não-bináries de se verem representades na escola.

Para o professor Rodrigo Borba, da UFRJ, especialista em linguística queer, a decisão “tem relevância jurídica, pedagógica e ética e, por isso, deve ser celebrada”. Ele afirma que o STF, ao reafirmar que apenas a União pode definir diretrizes curriculares, protege “o direito de professores e professoras de mediar criticamente conteúdos linguísticos em sala de aula sem coerções locais ou ideológicas”.

Borba destaca ainda que o ensino da língua “vai além da simples reprodução da norma culta” e envolve refletir sobre variações, usos sociais e transformações em curso — entre elas, “os modos de nomear e incluir corpos dissidentes”. A linguagem neutra, diz ele, “não é imposição, mas possibilidade de ampliação da escuta, da presença e da dignidade de estudantes trans”.

Do ponto de vista ético, a decisão barra tentativas de institucionalizar a exclusão. “Permitir o debate e o uso da linguagem neutra nas escolas é um passo fundamental para acolher discentes trans e não-bináries, garantindo que também se vejam como pertencentes no espaço escolar”, afirma.

A língua é de todes — e a democracia, também

Ainda segundo Borba, a polêmica sobre linguagem neutra revela um erro recorrente: “confundir a norma culta com a língua como um todo”. O português é multifacetado, e ensinar suas variações, incluindo as inovações inclusivas, não enfraquece o domínio da norma padrão — ao contrário, amplia a competência comunicativa dos estudantes.

“Proibir o uso da linguagem neutra nas escolas significa negar a existência desses indivíduos, perpetuando violências simbólicas que marginalizam corpos e subjetividades”, reforça o professor. Ao barrar essa proibição, o STF reconhece que a educação deve ser antirracista, antilgbtfóbica e comprometida com a dignidade humana.

Como professor e ativista, ele conclui: “Vejo nessa decisão um passo crucial para descolonizar currículos e construir escolas onde nenhuma identidade precise se encolher para caber em normas arcaicas. A língua é de todes — e a democracia, também”.

Vitória política e pedagógica
Ao impedir que municípios e estados legislem sobre a linguagem usada nas escolas, o STF:

Protege a liberdade de expressão no ambiente educacional;
Reafirma o papel da União na definição de diretrizes curriculares;
Reconhece a legitimidade das demandas por uma linguagem mais inclusiva;
Envia uma mensagem clara de que a escola não é espaço de censura, mas de convivência democrática com a diversidade.

A decisão não encerra o debate — ele continuará nas salas de aula, nos livros didáticos, nas redes sociais e na vida cotidiana. Mas ela impede que leis locais silenciem vozes dissidentes. No Brasil de hoje, isso já é muito.

Fonte: https://www.brasil247.com/blog/linguagem-neutra-estados-e-municipios-o-que-decidiu-o-stf

terça-feira, 29 de abril de 2025

Uber multada

A Uber foi condenada a pagar R$ 10 mil em indenização a um casal de mulheres após um motorista da plataforma dizer que elas iriam “pro inferno”. Segundo o processo, o motorista se incomodou ao ver as duas de mãos dadas e passou a fazer comentários ofensivos durante a corrida. O caso ocorreu em Goiânia (GO).

De acordo com as vítimas, o condutor afirmou que “lésbicas iriam pro inferno” e tentou expulsá-las do veículo antes do destino final. Uma das jovens relatou que decidiu gravar o motorista, o que fez com que ele se contivesse e parasse com as ofensas.

No entanto, o clima ficou ainda mais tenso quando elas pediram que o motorista parasse em uma delegacia. Ele se recusou, encerrou a viagem abruptamente e deixou as passageiras em um local isolado, por volta das 21h, sem ponto de ônibus ou qualquer apoio por perto.

A Justiça entendeu que a Uber deve se responsabilizar pelos atos de seus motoristas cadastrados e determinou o pagamento de R$ 10 mil às vítimas. A empresa afirmou, em nota, que repudia qualquer forma de discriminação e informou que o motorista foi banido da plataforma.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/uber-e-condenada-a-pagar-r-10-mil-apos-motorista-mandar-lesbicas-pro-inferno/

segunda-feira, 28 de abril de 2025

Passando recibo

DCM diz ser um jornal progressista, mas derrapa em conservadorismo e se demonstra carola.

Citando:

A influencer Gisa Custolli revelou que ganha até R$ 70 mil com vídeos em que trai o próprio marido, com consentimento formalizado por contrato. O acordo entre eles inclui cláusulas, metas e até bônus, e permite que ela se relacione com outros homens, desde que não forme um trisal. “Chifre tudo bem, mas dividir a marmita já é demais”, disse ela ao Globo.

Segundo a criadora de conteúdo adulto, o marido não só concorda com as traições como participa das produções, assistindo ou gravando os vídeos. “Tem quem traia escondido, e tem quem curte e monetiza o chifre. A diferença é que aqui é com contrato, recibo e, se precisar, até nota fiscal”, declarou.

O casal ainda afirma que quer levar o relacionamento ao Guinness Book, concorrendo ao título de “Maior Corno do Brasil”. Para Gisa, o estilo de vida é rentável e sem tabus: “Se é para ser corno, que seja com glamour, tesão e boletos pagos”.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/a-influencer-que-ganha-r-70-mil-para-trair-seu-marido/

Nota: bem vindo ao novo normal. 😸

Intervenção em Maryland

Um príncipe laça um dragão, salvando um cavaleiro de armadura brilhante da morte certa. Mas o príncipe escorrega e, ao cair, o cavaleiro e seu corcel correm para retribuir o favor. Os dois homens, então, se apaixonam.

A história, "Príncipe e Cavaleiro", é um dos cinco livros infantis com personagens LGBTQIA+, voltados para o jardim de infância até a quinta série, que agitaram um distrito escolar diverso no subúrbio de Maryland e levaram a um caso na Suprema Corte que os juízes ouvirão na terça-feira (22).

Pais do Condado de Montgomery, que se opõem por motivos religiosos, querem tirar seus filhos das aulas do ensino fundamental que usam os livros.

O sistema escolar do condado recusou e os tribunais inferiores concordaram até agora.

Mas o resultado pode ser diferente em um tribunal superior dominado por juízes conservadores que têm repetidamente endossado alegações de discriminação religiosa nos últimos anos.

Os pais argumentam que as escolas públicas não podem obrigar as crianças a participar de aulas que violem sua fé. Eles apontam para cláusulas de exclusão na educação sexual e observam que o distrito inicialmente permitiu que os pais retirassem seus filhos quando os livros de histórias estavam sendo ensinados, antes de mudar abruptamente de ideia.

“É rotulado como um programa de artes da linguagem, sabe, de leitura e escrita, mas o conteúdo do material é muito sexual”, disse Billy Moges, membro do conselho do grupo de pais Kids First, formado em resposta à inclusão dos livros no currículo. “Ele está ensinando sexualidade humana e está confundindo as crianças, e os pais não se sentem confortáveis em expor seus filhos a essas coisas tão cedo.”

Dezenas de pais testemunharam em audiências do conselho escolar sobre suas obrigações religiosas de manter seus filhos pequenos, influenciáveis, longe de aulas sobre gênero e sexualidade que conflitassem com suas crenças.

Moges disse que tirou suas três filhas, agora com 10, 8 e 6 anos, das escolas públicas como resultado. Elas foram inicialmente educadas em casa e agora frequentam uma escola cristã particular, disse ela.

O sistema escolar se recusou a comentar, citando o processo em andamento. Mas, em documentos judiciais, os advogados das escolas escreveram que os poucos livros de histórias não são materiais de educação sexual, mas "contam histórias cotidianas de personagens que vivenciam aventuras, confrontam novas emoções e lutam para se fazer ouvir". Os livros abordam os mesmos temas encontrados em histórias clássicas como Branca de Neve, Cinderela e Peter Pan, escreveram os advogados.

Em "O Casamento do Tio Bobby", uma sobrinha se preocupa que seu tio não tenha tanto tempo para ela depois de se casar. Seu parceiro é um homem.

"Com Amor, Violeta" aborda a ansiedade de uma garota em presentear outra garota com um presente de Dia dos Namorados.

"Nascido Pronto" é a história da decisão de um garoto transgênero de compartilhar sua identidade de gênero com sua família e o mundo.

"Aliados da Intersecção" descreve nove personagens de diferentes origens, incluindo um que é gênero fluido.

Os livros foram escolhidos "para representar melhor todas as famílias do Condado de Montgomery" e os professores não podem usá-los "para pressionar os alunos a mudar ou a mudar ou repudiar visões religiosas", disseram os advogados das escolas.

O sistema escolar abandonou a opção de permitir que os pais tirassem seus filhos das aulas porque isso "se tornava extremamente perturbador", disseram os advogados ao tribunal.

O grupo de escritores Pen America, que relatou a proibição de mais de 10.000 livros no último ano letivo, afirmou em um processo judicial que o que os pais desejam é "uma proibição constitucionalmente suspeita de livros com outro nome".
A dificuldade de oferecer aulas alternativas para algumas crianças sempre que os livros forem usados provavelmente forçaria o condado a retirá-los do currículo, disse Tasslyn Magnusson, consultora sênior do programa Liberdade de Leitura da PEN America.

"Espero mesmo que as pessoas leiam esses livros. Eles são exemplos encantadores de experiências que as crianças têm na escola e são livros de histórias perfeitamente adequados para fazer parte de um currículo educacional", disse Magnusson.

Um livro que originalmente fazia parte do currículo e depois foi retirado por motivos inexplicáveis é "My Rainbow", coescrito pela deputada estadual de Delaware, DeShanna Neal, e sua filha, Trinity.

A história fala sobre o desejo de Trinity por cabelos longos como uma garota transgênero e a solução encontrada por sua mãe: tricotar uma peruca de arco-íris.

Neal se acostumou a ter o livro retirado de circulação em bibliotecas, inclusive na Flórida, Ohio e Texas.

"A escola é um lugar para aprender sobre por que o mundo é diferente e como ele é diferente", disse Neal. "O que eu esperava que resultasse deste livro era: ouçam seus filhos. Eles conhecem seus próprios corpos."

Fonte: https://g1.globo.com/google/amp/mundo/noticia/2025/04/20/historia-com-personagens-lgbtqia-leva-pais-a-solicitar-intervencao-da-suprema-corte-por-motivos-religiosos-em-maryland-eua.ghtml

domingo, 27 de abril de 2025

Tarifas altas, taxas baixas

O governo Trump tem analisado propostas para tentar conter a queda nas taxas de natalidade dos Estados Unidos. A ideia, impulsionada por aliados conservadores, é colocar o tema da família no centro das políticas públicas. Entre as sugestões levadas a assessores da Casa Branca, estão pagamentos em dinheiro para mães, mudanças em bolsas de estudo e campanhas educativas voltadas à fertilidade.

Uma das propostas mais comentadas prevê um “bônus bebê” de US$ 5 mil pago a mulheres após o parto.

Outra sugere destinar 30% das bolsas do tradicional programa Fulbright a candidatas que sejam casadas ou tenham filhos. Há ainda a possibilidade de financiar ações que ajudem mulheres a entender melhor seus ciclos menstruais — com foco na identificação do período fértil.

Essas ideias vêm ganhando força em um movimento que há anos tenta chamar atenção para o envelhecimento da população e a queda do número de nascimentos. Agora, contam com o apoio de figuras influentes, como o vice-presidente J.D. Vance e o empresário Elon Musk. Segundo fontes ouvidas pelo New York Times, especialistas e ativistas têm participado de reuniões com assessores da Casa Branca, apresentando documentos com propostas detalhadas.

A ativista Simone Collins, que enviou sugestões ao governo junto com o marido, diz acreditar que o governo Trump é claramente “pró-natalista”.

Entre as ideias defendidas pelo casal, está a criação de uma “Medalha Nacional da Maternidade” para mulheres com seis filhos ou mais. “Olhem para quantos filhos têm os líderes atuais. Esse assunto não aparecia no governo anterior”, afirmou Collins.

Até agora, o governo não sinalizou quais propostas pretende adotar. Mas, segundo aliados, a pauta familiar pode ganhar destaque nos próximos meses, mesmo com Trump focando em temas como economia, imigração e segurança. O chamado Projeto 2025, que reúne diretrizes do governo, já coloca a valorização da família como prioridade logo no primeiro capítulo.

A secretária de imprensa da Casa Branca, Karoline Leavitt, afirmou que Trump “tem orgulho de promover políticas que fortalecem as famílias”. Ela acrescentou: “Como mãe, me orgulho de trabalhar para um presidente que pensa na próxima geração”.

Apesar do tom conservador das propostas, que defendem uma visão tradicional de família, a discussão sinaliza que o governo pode estar disposto a investir recursos para impulsionar a natalidade e moldar um novo conjunto de prioridades sociais.

Fonte: https://revistaforum.com.br/global/2025/4/23/trump-quer-pagar-por-bebs-em-nova-cruzada-conservadora-pela-natalidade-177897.html

Nota: vai ser hilário ver Trump sendo forçado a revogar suas ordens executivas, pedindo, implorando, para os imigrantes voltarem para melhorar a taxa de natalidade 😏🤭.

Por um novo Iluminismo

Autor: Roberto Ponciano.

Trump, que teve votação massiva no chamado "cotton belt – os estados mais religiosos, fundamentalistas e conservadores nos Estados Unidos – declarou ontem que pretende transformar os Estados Unidos num país fundamentalmente religioso (eu diria que fundamentalista também). Trump é o conservador clássico, de vida desleixada e pervertida, com escândalos sexuais com prostitutas e atrizes pornôs, usa de motes conservadores contra mulheres, contra o movimento LGBTQI+, contra as liberdades civis e sexuais, para cativar corações e mentes de seu eleitorado, aquela mistura de proletariado empobrecido, lumpesinato e classe média carola e conservadora, que tem em sua segunda pele o recalque e o ressentimento, de uma era de ouro mitológica pessoal de seus antecessores, que, na maioria das vezes, de fato, nunca existiu. E digo na maioria das vezes, porque antes do avanço da Globalização e do neoliberalismo, um capitalismo de Estado de Bem Estar Social, criado para competir com as conquistas do Socialismo Real, garantiu a setores do proletariado e das classes médias europeia e estadunidense níveis de vida e de consumo não alcançáveis aos reles mortais dos países periféricos.

Trump usa esta retórica, deste “tempo de ouro do capitalismo”, para como o flautista de Hamelin, usar deste encantamento mórbido, histeria e hipnose coletiva, para voltar atrás à roda da história e, sem precisar espremer os bilionários e os muito ricos, prometer algo que não pode cumprir, retornar à prosperidade a estes setores que perderam emprego e status. O Estado de Bem Estar Social só foi possível porque o capitalismo estava espremido e ameaçado pelos Estados Socialistas, 1/3 da humanidade vivia em países socialistas – a crítica ao tipo e a condução de socialismo não é o objeto deste texto – e o capitalismo sabia que precisava perder alguns aneis para que os capitalistas não terem seus dedos amputados. Num capitalismo cuja produção localizava-se dentro de um mercado nacional, através de uma receita keynesiana de altos impostos sobre os mais ricos, foi possível ao Estado fazer redistribuição de riquezas, dando uma prosperidade inédita às camadas mais pobres da população.

Este processo não funciona sob o signo do neoliberalismo, de extrema concentração de riquezas e intangibilidade dos lucros das Empresas Transnacionais e dos bilionários. De um lado não é possível desmontar as CGVs – Cadeias Globais de Valor – das empresas transnacionais, muito menos o mercado mundial conectado a ela, de outro lado é impossível fazer redistribuição de riqueza a partir do nada. América Great Again, além da parca possibilidade de se conseguir reconcentrar todo o parque industrial perdido no próprio território (pela lógica de barateamento de insumo e mão de obra das ETNs que permeia seus negócios e seus lucros), não é factível por que o que fez a América próspera, a taxação dos mais ricos em beneplácito dos mais pobres não está na pauta nem no horizonte de Trump. Os pobres continuarão pobres, os muito ricos, cada vez mais ricos. É uma plutocracia que não tem um projeto global de hegemonia neste momento, já que sequer pode controlar a dinâmica das suas próprias empresas transnacionais.

Mas o que isto tem que ver com “fundamentalismo religioso”? Tudo, absolutamente tudo. Sou da linha daqueles marxistas que são ortodoxos na economia, mas não na análise de epifenômenos como o nazifascismo. Não é possível entender o fascismo e o nazismo olhando só para a economia. Olhando para Marx, este já ensinava que na dialética, a política é economia e a economia é política. E se não houvesse esta passagem da quantidade à qualidade, qualquer revolução seria impossível, porque, no fundo, as revoluções são quebras políticas do ordenamento econômico anterior, e depende tanto mais de decisões e fatores subjetivos que objetivos. Não é possível entender o nazifascismo sem olharmos para as contribuições dos fenômenos de histeria de massas que começaram a ser compreendidos a partir de Freud, Adorno, Horkheimer, entre outros, dos mecanismos de exploração do chamado inconsciente coletivo (e não estou falando de nenhuma espiritualidade religiosa aqui, mas da manipulação dos sentimentos das pessoas) para fins de alienação, entorpecimento e condução das coletividades.

Por isto, o capitalismo, hoje em dia, entendeu muito melhor que nós, que devemos travar uma batalha por corações e mentes, e não só na condução da economia. No Brasil, temos cada vez mais reduzido nossa luta para ganhar as eleições e conduzir processos de desenvolvimentismo – dentro das reduzidas condições do capitalismo atual – e redistribuição de renda, entre eleições, e não estamos mais disputando ideologicamente as massas.

Nesta forma canhestra de “Real Politik”, pintada com o nome mal acabado de “pragmatismo”, devemos nos aproximar dos setores mais conservadores e disputar o voto evangélico, sem disputar ideologicamente os rumos da Nação Brasileira.

Esta forma de ver a luta política é míope desde o nascimento, e eu vejo as pessoas fazendo a apologia deste forma manca de fazer política, exaltando o papel das igrejas neopentecostais como espaços de “acolhimento” e “pertencimento”, abstraindo do projeto político geral de construção de uma política conservadora e de disputa de poder, contra o Estado Laico e até contra avanços civilizatórios em todos os setores, seja com relação às liberdades sexuais, a educação sexual de crianças e adolescentes – que ao contrário do que pregam os pastores conservadores, é a melhor forma de se combater gravidez precoce, DSTIs, pedofilia –, reconhecimento de direitos iguais para diversidades sexuais. E não é só isto, tem gente olhando as árvores e não enxergando a floresta, isto está engajado num processo de poder conservador e protofascista – Malafaia hoje não é pastor, é um líder protofascista –, que inclusive tem laços históricos com o cotton belt dos EUA, e que tem como objeto criar uma espécie de “segunda natureza” alienada, criando zumbis que acreditam numa realidade paralela, e, para os quais, um ser desprezível, maléfico, reacionário e cruel como Bolsonaro pode ser um Messias salvador de um projeto caótico de Estado que tem a “Igreja” como centro.

Não entender que o processo que está sendo jogado não é uma luta religiosa, mas que tem uma centralidade política e ideológica na forma de ver e entender o mundo, e alienar-se do que foi o processo de avanço da humanidade. O Iluminismo na França, que nos deu a revolução jacobina e o primeiro esboço dos Direitos Humanos tinha como base a luta contra o Poder Conservador da Igreja Católica, consorte do Estado absolutista, e que dava suporte ideológico à exploração das empobrecidas massas francesas.

Um consórcio de igrejas que possuem em comum uma “teologia da prosperidade”, no qual se vende um pedaço do céu, numa ideologia que mistura fanatismo, magia de cura estelionatária, visão conservadora e reacionária do mundo, ódio a toda forma de cultura de esquerda, não pode ser vista apenas como um processo religioso. Nosso lugar não pode ser reduzido a “dialogar” de quatro em quatro anos com estas massas na busca desesperada por votos para que o Brasil não volte a cair nas mãos de um processo protofascista. É fato concreto que algumas igrejas viraram células protofascistas, que suas pregações são reacionárias e anti progressistas de forma militante, que estão muito pouco preocupadas com a vida espiritual dos seus membros, e estão só preocupadas com o próprio lucro e poder.

E o que foi feito nesta disputa de hegemonia? Em lugar de pensarmos em estratégia de contra-hegemônia contra a pauta conservadora vamos, a cada dia, cedendo mais espaços, cadeias de rádio e televisão, o aceite passivo de avanços contra conquistas do Estado laico, mendigando os votos de quatro em quatro anos.

Uma das maiores capotagens da esquerda, seja dos partidos comunistas, socialistas ou social-democratas, depois da queda da URSS, foi a perda de representatividade da classe operária. Houve um divórcio entre o partido parlamentar e o partido no movimento social. A lógica parlamentar e eleitoral fagocitou os anticorpos de representação popular do partido social e perverteu sua lógica. Hoje, boa parte da vida do movimento social e sindical também se burocratizou na lógica burocrática e na busca dos cargos estatais. Os partidos perdem a ligação com a vida real, no mesmo momento em que as igrejas neofundamentalistas criam bases em cada rua, criando uma segunda pele nas pessoas, neste fenômeno que nos acomodamos em chamar de pobre de direita. O pobre de direita não nasce pobre de direita, se não olharmos para as estruturas e processos – incluindo aí os exércitos de neofundamentalistas religiosos – que criam o chamado “pobre de direita”, vamos culpabilizar a vítimas pela própria alienação. E, o pior, não estamos criando nenhuma estrutura de disputa destas massas!

Os partidos de esquerda, todos, prescindiram de suas bases nos movimentos de bairros, de favelas, não conseguem mais criar movimentos políticos que dialoguem com a juventude e os pobres mais precarizados. Ho Chi Minh, líder espiritual da revolução vietnamita, quando viajou ao Brasil, trabalhou de garçom e frequentou os puteiros do Mangue no Rio de Janeiro. Tinha como lema, comer com o povo, andar com o povo, dormir com o povo. Os partidos de esquerda atuam numa lógica eleitoral e de não fazer a disputa ideológica, e veem hoje o povo ou como o setor a ser beneficiado com políticas públicas – o que mantém alguma margem de manobra de votos para que não desapareçam de vez – ou como espaço meramente eleitoral a ser disputado de 4 em 4 ou de 2 em 2 anos.

O PED do PT é o maior exemplo disto. Visto como o maior processo eleitoral de um partido na América Latina é uma fábula em que a única coisa que está sendo disputada é a máquina, mas no qual não se discute em nada, não se discute qual a relação cada vez mais perdida entre o partido e sua massa eleitoral, que votou muitas vezes de forma legítima e fidelizada ao partido, mas que não tem nenhuma vida orgânica ou identidade com um partido que cada vez menos milita na rua – antes que pense que sou antipetista, sou filiado e militante do PT.

Precisamos voltar a entender que se não tivermos localização geográfica, bases populares, espaços de diálogo e políticas para inserção das massas nos partidos de esquerda, estamos sendo derrotados, a cada dia, na disputa por corações e mentes, mesmo que ganhemos a eleição.

Precisamos voltar a repensar projetos coletivos de cultura, revolucionários e de esquerda, que dialoguem com os jovens. Os partidos de esquerda tem que voltam a defender filosoficamente a laicidade e tem que voltar a discutir massivamente ciência, filosofia, cultura e literatura, como acontecia, mesmos nos processos revolucionários conduzidos por massas famintas e sem acesso à cultura, mas cujos partidos tinham clareza filosófica de saber que conduziam para além de uma luta político-econômica, uma luta filosófica pelo progresso da humanidade.

Assim foram os jacobinos, assim foram os bolcheviques e todos os revolucionários vitoriosos no mundo. Não é possível se calar diante do fundamentalismo religioso e usar da falácia do diálogo para aceitar pautas reacionárias, de ataques aos direitos civis e de desconstrução do Estado Laico. Precisamos de algo além de um partido eleitoral, precisamos entender que partido é parte do pensamento da sociedade, que corações e mentes se disputam no território, todos os dias e que precisamos mostrar de maneira clara e aberta nossas ideias.

Menos igrejas, mais universidades, mais cinemas, mais teatros, mais espaços de culturas para os pobres – há um apartheid cultural no povo brasileiro, que não tem acesso a espaços culturais. Devemos combater o Conto da Aia brasileiro e o evengeliquistão, para que o Brasil continue um Estado laico e para que o fundamentalismo e o fanatismo não avancem nem mais um centímetro.

Fonte: https://www.brasil247.com/blog/por-um-novo-iluminismo

sábado, 26 de abril de 2025

Escaneando a ignorância

O pastor norte-americano Andrew Isker, ligado à extrema-direita cristã, afirmou em seu podcast Contra Mundum que scanners corporais usados em aeroportos poderiam “transformar pessoas em homossexuais”. Sem qualquer base científica, a fala foi repercutida nas redes sociais e criticada por reforçar homofobia, estigmas e teorias conspiratórias.

Durante o episódio, Isker, que já é conhecido por defender ideias ultraconservadoras e por espalhar desinformação com viés religioso, disse que evita passar pelo equipamento e que até impediu o colega C. Jay Engel de utilizá-lo. “Disse: ‘Você vai ser revistado manualmente, amigo. Não quero que eles te tornem gay’”, afirmou.

Os scanners utilizam ondas milimétricas ou infravermelhas para detectar objetos ocultos sob a roupa e não têm qualquer efeito sobre a orientação sexual. A declaração do religioso gerou indignação e críticas por mais um episódio de desinformação promovido por ele.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/pastor-da-extrema-direita-diz-que-scanner-de-aeroporto-torna-pessoas-gays/

Nota: toda pessoa que se diz pastor teria que passar por uma tomografia para averiguar se tem algum problema mental.

sexta-feira, 25 de abril de 2025

Evangeliquistão em ação

A Comissão de Direitos Humanos do Senado Federal vai discutir, nesta quinta-feira (24/4), direito de intervenção da família dos alunos na programação educacional em caso de “doutrinação ideológica” nas escolas públicas e privadas. A CDH é presidida pela senadora Damares Alves (Republicanos-DF).

“A nossa Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB) prevê o direito da família de participar da vida escolar de seus filhos. E os direitos das famílias não podem ser violados”, afirmou a presidente da Damares Alves.

O encontro é alusivo ao Dia Nacional da Família na Escola, celebrado nesta data. “Tem como fundamento o Artigo 12.4 da Convenção Americana sobre Direitos Humanos, o qual estabelece que os pais ‘têm o direito a que seus filhos e pupilos recebam educação religiosa e moral que esteja de acordo com suas próprias convicções'”, disse a assessoria da parlamentar.

Vão participar da sessão na CDH do Senado: o escritor Augusto Cury Psiquiatra. Roberta Guedes, gerente da Câmara de Educação Básica da Associação Nacional de Educação Católica do Brasil; Ana Beatriz Goldnenstein, chefe da Assessoria Especial da Cultura de Paz nas Escolas da Secretaria de Educação do Distrito Federal; Maria Eduarda Manso, Representante da Family Talks; e Douglas Roberto de Almeida Baptista, Conselheiro do Instituto Brasileiro de Direito e Religião (IBDR).

Adriana Marra, representante da Confederação Nacional das Associações de Pais de Alunos; Carlos Vinicius Reis, presidente da Associação Nacional de Educação Domiciliar; e Inez Augusto Borges, presidente da Associação Nacional de Defesa e Apoio aos Pais na Educação dos Filhos, também confirmaram presença por meio de videoconferência.

Fonte: https://www.metropoles.com/colunas/grande-angular/chefiada-por-damares-comissao-debate-doutrinacao-ideologica-e-familia

Nota: dos mesmos que fizeram o projeto "escola sem partido" e "homeschooling". Só atrasa.

Cultura pop e idiotas

Duas notícias que mostram os danos que o bolsonarismo causa até no consumo da cultura pop.

Citando:

A Marvel divulgou nesta quinta-feira (17) o trailer do seu próximo filme de super-heróis: “Quarteto Fantástico: Primeiros Passos”. O novo longa inspirado em quadrinhos, no entanto, não agradou inicialmente parte de seu público alvo, os chamados “nerdolas de direita”, que enxergam na obra um material de “lacração e cultura woke”.

O motivo da vez é o primeiro contato do público com a “Surfista Prateada”, enquanto em adaptações anteriores o vilão foi apresentado na versão masculina.

Retomando.
Melhor comentário na rede:
“Do nada? A surfista prateada nas HQs desde 1968...”

Segunda notícia.
Citando:

Na quinta-feira (27), a Dreamworks anunciou “Shrek 5”, novo filme da sua mais famosa franquia. A divulgação, porém, revoltou a extrema-direita mundialmente e, no Brasil, bolsonaristas viraram memes nas redes sociais. A nova versão do ogro, que teve sua animação atualizada pela produtora dos EUA, é acusada de render-se ao “wokeísmo”, ou “cultura da lacração”.

O principal foco das críticas é o fato de a filha do protagonista, que seguirá os estereótipos de uma adolescente, usar um piercing no nariz.

Em resposta, os comentários estão sendo ridicularizados nas redes sociais. “O cara quer sentido em um filme que um burro mete 3 bonecos em um dragão e os filhos nascem metade dragão metade burro”, ironizou um perfil de memes. Outros usuários também lembraram que, desde o primeiro filme, em 2001, a trama já tinha personagens como “lobo gay, travesti, Pinóquio de calcinha e ‘girl power’ das princesas”.

Retomando.
Eu escrevi em algum lugar de como interpretação da cultura pop no cinema pode resultar em revolta. Mas com esse pessoal de direita, reacionário e bolsonarista…a tentativa de lacração só aumenta a vergonha.

Bônus. Uma mostra que as gerações estão ficando muito delicada.
Citando:

Um menino de 11 anos se chocou ao encontrar uma revista com fotografias de mulheres nuas na Policlínica da Aparecida, em Santos (SP), na última terça-feira (15). Matheus, que acompanhava a mãe e a avó para exames e vacinação, mostrou a publicação à família, que ficou indignada com o material disponível em área pública. “Meu filho ficou muito abalado e não quer mais voltar ao local”, relatou o pai, Felipe Andrade do Nascimento Oliveira, 41.

Retomando.
Ah, meus onze anos…🤭😏.

quinta-feira, 24 de abril de 2025

Estados Unidos do Talibã Cristão

Em mensagem publicada no domingo de Páscoa, o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, prometeu tornar o país “mais religioso”. A declaração, que acena aos eleitores cristãos conservadores, foi feita em uma publicação na rede social Truth Social.

"Juntos, vamos tornar a América maior, melhor, mais forte, mais rica, mais saudável e mais religiosa do que nunca!!! DONALD J. TRUMP, PRESIDENTE DOS ESTADOS UNIDOS DA AMÉRICA!!!", escreveu.

Apesar da promessa de tornar o país mais “religioso”, os Estados Unidos têm, desde a fundação, o princípio de separação entre Igreja e Estado garantido pela Primeira Emenda da Constituição, que afirma que "o Congresso não aprovará nenhuma lei que estabeleça uma religião ou proíba o seu livre exercício”.

Ainda assim, o discurso religioso é um elemento frequente nas campanhas conservadoras nos EUA. Segundo levantamento do Pew Research Center, publicado em setembro de 2024, 82% dos protestantes evangélicos brancos apoiam o presidente. Entre católicos brancos, o apoio chega a 61%, e, entre protestantes brancos não evangélicos, a 58%.

Fonte: https://www.brasil247.com/mundo/donald-trump-diz-que-ira-tornar-os-eua-mais-religiosos-do-que-nunca

Dificultando a transição

Após anos de luta do movimento de pessoas travestis, transexuais e transgêneros, o Sistema Único de Saúde instituiu, em 2008, no segundo governo Lula, o processo transexualizador, com o objetivo de oferecer atendimento integral à população trans, incluindo acompanhamento psicológico, terapia hormonal e cirurgias de readequação ou redesignação de gênero. 

Em alguns estados e municípios essa política foi avançando com a criação de ambulatórios trans e também políticas públicas de assistência integral e empregabilidade como o Transcidadania, criado em 2014, no município de São Paulo pelo ex-prefeito Fernando Haddad.

Embora a maioria dos serviços se encontrem no Sudeste, principalmente no eixo RJ-São Paulo, o processo transexualizador veio se consolidando nacionalmente como uma política importante para o segmento populacional de travestis, mulheres transexuais, homens trans e transgêneros, considerado o mais vulnerável da população LGBT.

Apesar dos avanços recentes na luta pela despatologização das identidades trans e reconhecimento de direitos, como foi o caso da decisão do STF que afirmou a constitucionalidade da mudança de gênero, do nome civil e demais procedimentos reivindicados pela população trans, nos últimos anos, com a ascensão do neofascismo e do conservadorismo há ameaças cotidianas de retrocessos vindas de parlamentares de extrema direita e até mesmo de outros setores, como é o caso do Conselho Federal de Medicina (CFM).

Em resolução aprovada por unanimidade na última terça-feira, 8, o Conselho quer impedir médicos de receitar a jovens que entraram na puberdade os chamados bloqueadores de hormônios, voltados a “retardar o aparecimento de traços físicos desconformes ao gênero”.

O novo texto aumenta de 16 para 18 anos a idade mínima para o início da terapia de hormonização em pessoas trans e de 18 para 21 anos o piso para a realização dos diversos procedimentos cirúrgicos relativos à redesignação de gênero, como a mastectomia em homens trans, por exemplo.

A nova diretriz retarda todo o processo de transição, o que tem efeitos permanentes extremamente negativos, tanto físicos como psicológicos para os adolescentes e jovens trans.

Instado pelo posicionamento de entidades de promoção dos direitos LGBT como uma denúncia da Associação Mães pela Diversidade e de nota técnica da Associação Nacional de Travestis e Transexuais, a Antra, o Ministério Público deu 15 dias de prazo para o Conselho Federal de Medicina se posicionar e dar mais esclarecimentos e justificativas para a decisão.

O movimento questiona a legalidade da norma e avalia que ela representa um “iminente risco à saúde física e mental de crianças, adolescentes e jovens trans”, em “evidente transfobia institucional que nega a identidade de gênero e impõe situações de vulnerabilização e violências”.

A normativa do CFM vem na direção oposta às decisões da Justiça, principalmente do Supremo Tribunal Federal que, nos últimos anos, têm reconhecido uma série de direitos das pessoas trans, como a equiparação da homofobia e transfobia ao crime de racismo, o direito à diversidade sexual e de gênero na educação, a proteção da Lei Maria da Penha a casais LGBT; o direito de presas transexuais e travestis com identidade de gênero feminino optar por cumprir penas em estabelecimento prisional feminino ou masculino, entre outros.

Nesse sentido, tudo indica que a resolução transfóbica do Conselho Federal de Medicina deve ser derrubada. 

O CFM tem sido qualificado nos últimos anos como aparelhado pelo bolsonarismo, com uma série de posições polêmicas e até mesmo anti-científicas. Na pandemia de Covid-19, por exemplo, o órgão médico autorizou o uso de cloroquina, em posição repudiada pela comunidade científica no Brasil e no mundo.

Fonte: https://revistaforum.com.br/lgbt/2025/4/15/conselho-federal-de-medicina-muda-regra-para-transio-de-gnero-177457.html

quarta-feira, 23 de abril de 2025

Opressão sexual na Hungria

BUDAPESTE (Reuters) - O Parlamento húngaro aprovou nesta segunda-feira (14) mudanças constitucionais que têm como alvo as pessoas LGBTQ+ e o que o governo chama de "redes de pressão política financiadas por estrangeiros" que prejudicam a soberania do país.

O primeiro-ministro nacionalista, Viktor Orbán, no poder desde 2010, enfrenta eleições em 2026 com a economia em dificuldades e um novo partido de oposição que representa o maior desafio até agora para seu governo. Segundo alguns analistas, as emendas constitucionais fazem parte da campanha política de Orbán para aumentar o núcleo de sua base eleitoral e também atrair votos da extrema-direita.

As emendas constitucionais, que foram facilmente aprovadas nesta segunda-feira devido à maioria de dois terços do Fidesz, partido de Orbán, e com o apoio de parlamentares de extrema-direita, enfatizam a proteção do desenvolvimento "físico e moral" das crianças em detrimento de todos os outros direitos.

A emenda foi aprovada com 140 parlamentares votando a favor e 21 contra.

"Os parlamentares do governo veem essa mudança como uma salvaguarda constitucional contra influências ideológicas que, segundo eles, ameaçam o bem-estar das crianças, especialmente no contexto de eventos como as paradas do Orgulho", disse o porta-voz do governo, Zoltan Kovacs, no X antes da votação.

As mudanças também consagram na Constituição que a Hungria reconhece apenas dois sexos, masculino e feminino, em linha com a agenda cristã-conservadora de Orbán.

A emenda desta segunda-feira sustenta a legislação aprovada em 18 de março que proíbe a marcha anual do Orgulho, restringindo efetivamente a liberdade de reunião e provocando protestos contra as mudanças aceleradas pelo partido Fidesz de Orbán. O Fidesz disse que o evento poderia ser considerado prejudicial para as crianças e que protegê-las suplantaria o direito de reunião.

A comunidade LGBTQ tem sido um alvo do partido governista há anos, disseram os organizadores da marcha em seu site. Eles disseram que se o partido do governo tentar proibir uma manifestação pelos direitos das pessoas LGBTQ, não há garantia de que eles não proibirão protestos pacíficos de outros grupos.

Outra das emendas desta segunda-feira diz que a cidadania dos húngaros que também são cidadãos de outro país fora da UE "pode ser suspensa por um período fixo".

"Essa mudança é parte de um esforço mais amplo para combater o que as autoridades descrevem como redes de pressão política financiadas por estrangeiros que minam a democracia e a soberania húngaras", disse o porta-voz do governo em um tuíte.

Fonte: https://www.brasil247.com/mundo/hungria-aprova-legislacao-que-ataca-comunidade-lgbtq-em-meio-a-corrida-eleitoral-crescente

terça-feira, 22 de abril de 2025

Com supremo e tudo

A Suprema Corte do Reino Unido decidiu nesta quarta-feira (16/04) que, para fins legais, o termo "mulher" deve ser definido com base no sexo biológico de nascimento. A decisão, que exclui pessoas trans dessa definição jurídica, encerra uma longa disputa entre o grupo feminista For Women Scotland (FWS) e o governo escocês.

Em uma vitória para o FWS, cinco juízes de Londres decidiram por unanimidade que "os termos 'mulher' e 'sexo', na Lei da Igualdade de 2010 [que combate a discriminação], referem-se a mulher biológica e sexo biológico".

O regramento britânico reconhece o direito de pessoas trans obterem documentos legais, como a mudança do nome social, por exemplo. Contudo, a decisão da Suprema Corte entende que uma pessoa que passou por uma transição de gênero não pode ser considerada legalmente uma mulher para fins de igualdade.

Isto implica em um dos pontos mais controversos do debate – o acesso a espaços exclusivos para um gênero. Na prática, o veredicto significa que as mulheres trans podem ser excluídas de alguns espaços destinados exclusivamente para mulheres, como vestiários, abrigos para sem-teto, áreas de natação. Além de serviços médicos ou de ou de aconselhamento oferecidos somente a mulheres.

Espaços e serviços exclusivos "só funcionarão corretamente se 'sexo' for interpretado como sexo biológico", afirmou o julgamento.

Contudo, a lei também "oferece proteção às pessoas trans contra discriminação em seu gênero adquirido", afirmou o juiz Patrick Hodge ao anunciar o veredicto.

"Todo mundo sabe o que é sexo, e você não pode mudá-lo", disse Susan Smith, codiretora da FWS. "É bom senso, puro e simples. O fato de termos ido parar em um buraco de coelho onde as pessoas tentaram negar a ciência e a realidade... esperamos que agora voltemos à realidade."

O caso teve origem em uma lei de 2018 aprovada pelo parlamento escocês que determinava que deveria haver 50% de representação feminina nos conselhos de órgãos públicos escoceses.

O governo do país entende que mulheres trans com certificados de reconhecimento de gênero deveriam ser incluídas nessa cota, portanto, definidas legalmente como "mulheres". Os certificados são documentos legais válidos desde 2004 no Reino Unido que permitem que uma pessoa trans seja reconhecida pelo Estado por um gênero diferente ao designado quando nasceram.

O For Women Scotland levou o caso à Suprema Corte por entender que a lei escocesa viola a Lei da Igualdade de 2010, que é uma legislação mais ampla, do Reino Unido. O grupo alegava que a Escócia queria permitir que "homens com certificados" ocupassem direitos de mulheres cisgênero.

Na decisão, os magistrados afirmaram que a interpretação do governo escocês para o termo "mulher" está incorreta.

"Interpretar 'sexo' como sexo certificado entraria em conflito com as definições de 'homem' e 'mulher'... e, assim, com a característica protegida de sexo de forma incoerente", disse o juiz Patrick Hodge. "Isso criaria agrupamentos heterogêneos."

A Comissão de Igualdade e Direitos Humanos (EHRC), responsável por aplicar a Lei da Igualdade, disse estar "satisfeita" com o fato de a decisão abordar questões complexas sobre a manutenção de espaços exclusivos para um único sexo.

Já o governo britânico do trabalhista Keir Starmer celebrou o entendimento por trazer "clareza e confiança para mulheres e prestadores de serviços". "Sempre apoiamos a proteção de espaços exclusivos com base no sexo biológico", disse um porta-voz do governo.

A líder da oposição conservadora, Kemi Badenoch, também comemorou a decisão. "Dizer 'mulheres trans são mulheres' nunca foi verdade de fato, e agora também não é verdade em lei", afirmou Badenoch.

Por outro lado, a ONG LGBTQ Stonewall afirmou que a decisão é "profundamente preocupante para a comunidade trans".

"A Stonewall compartilha da preocupação com as amplas implicações da decisão de hoje", afirmou o diretor executivo da entidade, Simon Blake.

A advogada trabalhista Hannah Ford entende que, embora o julgamento traga clareza, representa um retrocesso para os direitos das pessoas trans e haverá "uma batalha difícil" para garantir ambientes de trabalho acolhedores para essa população. "Isso será muito doloroso para a comunidade trans", disse Ford à Sky News.

Para a Anistia Internacional, excluir pessoas trans das proteções contra discriminação por sexo entra em conflito com os direitos humanos.

"Uma política geral de barrar mulheres trans de serviços exclusivos para um sexo não é um meio proporcional de alcançar um objetivo legítimo", afirmou o grupo de direitos humanos.

O debate tem sido particularmente agressivo no Reino Unido, opondo ativistas críticos ao gênero contra defensores dos direitos trans.

Uma das apoiadoras mais notórias das campanhas críticas às mulheres trans é a autora de "Harry Potter", JK Rowling, que tem sido alvo de ataques e acusada de transfobia.

A escritora tem se manifestado frequentemente dizendo que os direitos das mulheres trans não devem vir à custa de quem nasceu biologicamente mulher.

Fonte: https://www.dw.com/pt-br/defini%C3%A7%C3%A3o-legal-de-mulher-se-baseia-em-sexo-biol%C3%B3gico-decide-supremo-brit%C3%A2nico/a-72264681

Nota: mesmo o conceito de definição do sexo pelo nascimento biológico não está correto. Pessoas intersexuais que nasceram ou nascem vão ser excluídos.

Distopia tropical

Na segunda-feira (14), a Câmara Municipal de Belo Horizonte, MG, aprovou um projeto que cria o “Dia Municipal de Incentivo aos Métodos Contraceptivos Naturais”. A proposta, de autoria do vereador Uner Augusto (PL), recebeu apoio de 22 parlamentares e prevê a divulgação de técnicas como Billings e Creighton, que se baseiam na observação do muco cervical.

Especialistas e vereadoras alertaram que a medida desvaloriza métodos cientificamente comprovados, como o uso de preservativos e dispositivos intrauterinos (DIU), e pode incentivar práticas ineficazes, com risco à saúde pública.

A vereadora Iza Lourença (PSOL) afirmou que a proposta pode gerar aumento de gravidezes indesejadas e infecções sexualmente transmissíveis. “Estamos dizendo às pessoas que basta olhar para o muco vaginal para evitar filhos. Isso não é campanha educativa, é retrocesso”, criticou.

Apesar das críticas, os defensores do projeto minimizaram as preocupações, alegando que se trata apenas da criação de uma data comemorativa. No entanto, o texto prevê ações como palestras e oficinas, o que preocupa setores da sociedade civil e da área da saúde. A aprovação do projeto foi comentada pelo vereador Pedro Rousseff (PT).

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/camara-de-bh-aprova-projeto-que-prioriza-abstinencia-e-ignora-metodos-contraceptivos/

Nota: Belo Horizonte cada vez mais atrasado.

segunda-feira, 21 de abril de 2025

A pré história das redes sociais

O fórum online 4chan, criado em 2003, era conhecido como um dos principais difusores de memes da internet. Nos últimos anos, a plataforma, que saiu do ar após um ataque hacker nesta terça-feira (15), foi tomada pela extrema-direita e se tornou um antro de racismo, misoginia e conteúdo pornográfico. Segundo o jornalista Sal Hagen, da Universidade de Amsterdã, o 4chan costumava ser “um lugar lúdico e progressista”.

“Era um caos anárquico e desorganizado, onde qualquer pessoa podia postar algo”, explica Hagen. “O 4chan difere de outros fóruns porque os usuários não precisam se registrar, e não há quase nenhuma censura. Além disso, o volume de postagens é alto, já que elas são apagadas após um curto período”.

A imagem de um espaço progressista e brincalhão foi se transformando com o surgimento de movimentos extremistas no fórum. O escândalo chamado de “Gamergate”, em 2015, é apontado como o marco inicial dessa mudança, segundo Sal Hagen.

“Naquela época, foi lançada uma campanha de difamação online contra mulheres da indústria de games, depois que elas criticaram estereótipos misóginos nos videogames”, explica ele à Universidade de Amsterdã. “Muitos jovens, que até então não tinham ideologia política definida, se uniram por uma aversão compartilhada às críticas feitas aos ‘seus’ jogos”.

O fórum foi fundado pelo norte-americano Christopher Poole, então com 15 anos. A ideia era criar uma versão em inglês do japonês 2channel, que discutia principalmente mangás e animes.

Rapidamente, se tornou uma plataforma mais ampla, abordando todo tipo de assunto. Foi berço de inúmeros memes da internet, mas rapidamente ganhou notoriedade pela distribuição de conteúdo ilegal e por ser usado para anunciar ataques violentos que depois se concretizaram.

Em 2022, o autor de um massacre em Buffalo, no estado de Nova York, publicou um manifesto racista no 4chan antes de matar dez pessoas. O assassino, um supremacista branco de 19 anos, invadiu um supermercado e atirou nas vítimas, transmitindo o atentado em seu canal na Twitch.

Terreno fértil para a extrema direita

Em sua tese de doutorado Reactionary Rhythm (“Ritmo Reacionário”), Hagen analisa como o 4chan se tornou um espaço para postagens da extrema-direita e o que mantém esse movimento coeso. De acordo com o jornalista, dentro da plataforma há um “subfórum” chamado /pol/, destinado somente à política, que foi “criado inicialmente como uma ‘área de contenção’ para separar postagens extremistas dos demais tópicos, mas hoje é a parte mais ativa do fórum”.

As mensagens no /pol/ são apagadas rapidamente. “É contraintuitivo que esse movimento permaneça visível, já que as postagens somem rápido. Mas o alto volume faz com que o conteúdo seja muito repetitivo”, diz ele.

“Grande parte das postagens são memes e frases de efeito. Isso gerou uma cultura de memes muito forte. Através de diferentes estudos, argumento que esse tipo de discurso serve de terreno fértil para movimentos reacionários de extrema direita, pois essas ideologias costumam trabalhar com visões de mundo simplificadas e com estereótipos”.

Isso pode ajudar a explicar o domínio do bolsonarismo sobre a esquerda nas redes sociais e na internet em geral.

Há alguns anos, o fórum ganhou projeção por hospedar vazamentos de imagens íntimas de celebridade e por ter diversos apoiadores do presidente americano Donald Trump, como membros do QAnon, movimento que espalha fake news sobre pedofilia.

A “denúncia” da senadora Damares Alves (Republicanos-DF), ex-ministra dos Direitos Humanos, envolvendo crianças da Ilha de Marajó (PA), por exemplo, foi inspirada em histórias fictícias que são compartilhadas no 4chan ao menos desde 2010.

Com o ataque hacker, alguns trechos do código fonte do fórum têm circulado nas redes, além de dados pessoais de moderadores e outros membros.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-importancia-do-4chan-para-a-ascensao-digital-da-extrema-direita/

Reciprocidade

Conversa com o Gemini

Baseado no texto;

"Ações Presidenciais

Erradicando o preconceito anticristão

A Casa Branca

6 de fevereiro de 2025"

(Corte do texto da Ordem Executiva)

Escreva uma paródia de uma ordem executiva de Donald Trump exigindo o fim do preconceito LGBT, do preconceito contra as crenças de matriz africana e do Paganismo Moderno.

Ações Presidenciais
Erradicando o Preconceito e Celebrando a Diversidade de Crenças e Identidades
A Casa Branca
[Data fictícia, posterior a 2025]

Pela autoridade investida em mim como Presidente pela Constituição e pelas leis dos grandes Estados Unidos da América, é por meio deste ordenado:

 **Seção 1. Objetivo e Política.** É a política dos Estados Unidos, e o propósito desta ordem, proteger as liberdades de todos os americanos e acabar com a ridícula instrumentalização do governo para discriminar indivíduos com base em sua orientação sexual, identidade de gênero ou crenças religiosas não-cristãs, incluindo as ricas tradições de matriz africana e o crescente movimento do Paganismo Moderno. Os Fundadores estabeleceram uma Nação onde *todos* deveriam ser livres para viver suas vidas e praticar suas crenças sem medo de perseguição ou tratamento injusto por parte de seu governo – e isso inclui *todos*!

Por essa razão, a Constituição dos Estados Unidos consagra o direito fundamental à liberdade religiosa e à igualdade de proteção sob a lei. Leis federais importantes já existem para proteger contra a discriminação, mas claramente *não estão sendo aplicadas* quando se trata de certos grupos. Precisamos garantir que ninguém neste país seja tratado como cidadão de segunda classe por quem eles amam, como eles se identificam ou em que eles escolhem acreditar – desde que não estejam prejudicando ninguém, é claro.

 No entanto, vimos – e é muito triste! – um padrão de desrespeito e até hostilidade em relação a indivíduos LGBTQ+, praticantes de religiões de matriz africana e pagãos modernos. Isso tem que parar. É inaceitável e não é o que a América representa. Todos merecem ser tratados com dignidade e respeito.

 Meu governo não tolerará mais esse preconceito bobo e injusto. A lei deve proteger a liberdade e a igualdade de *todos* os americanos, e meu governo fará isso acontecer. Vamos garantir que qualquer política ou prática que injustamente vise esses grupos seja identificada, encerrada e totalmente corrigida. É hora de acabar com essa palhaçada!

 **Seção 2. Estabelecimento de uma Força-Tarefa para a Inclusão e a Igualdade de Crenças e Identidades.** (a) Fica estabelecida, dentro do Departamento de Justiça, a Força-Tarefa para a Inclusão e a Igualdade de Crenças e Identidades (Força-Tarefa da Liberdade).
 (b) O Procurador-Geral servirá como Presidente desta importantíssima Força-Tarefa.
 (c) Além do Presidente, a Força-Tarefa será composta por indivíduos fantásticos de diversos setores, incluindo, mas não se limitando a:
      (i) Representantes de organizações LGBTQ+ que realmente lutam por seus direitos.
      (ii) Líderes e praticantes de diversas religiões de matriz africana, que têm muito a nos ensinar.
      (iii) Representantes do vibrante e crescente movimento do Paganismo Moderno.
      (iv) Especialistas em direitos civis e liberdade religiosa que entendem do assunto.
      (v) Indivíduos que foram pessoalmente afetados por preconceito e discriminação.

 **Seção 3. Funções da Força-Tarefa da Liberdade.** (a) Esta Força-Tarefa dinâmica e eficaz se reunirá regularmente e tomará todas as medidas necessárias para:
      (i) Revisar as ações de todos os departamentos e agências do governo para identificar quaisquer políticas, práticas ou atitudes preconceituosas contra indivíduos LGBTQ+, religiões de matriz africana e o Paganismo Moderno. Vamos expor qualquer injustiça!
      (ii) Recomendar ações concretas e imediatas para revogar ou alterar quaisquer políticas ou práticas discriminatórias identificadas. Precisamos de resultados rápidos!
      (iii) Desenvolver estratégias para promover a compreensão, o respeito e a inclusão de todas as crenças e identidades em todos os níveis da sociedade americana. É hora de união!
      (iv) Ouvir diretamente as pessoas afetadas por esse preconceito. Suas histórias e experiências são cruciais.
      (v) Identificar quaisquer lacunas nas leis existentes que permitam essa discriminação e recomendar mudanças para garantir proteção total e igualitária para todos. Ninguém será deixado para trás!
      (vi) Recomendar ações presidenciais ou legislativas adicionais que sejam necessárias para corrigir injustiças passadas e garantir um futuro onde todos se sintam seguros e respeitados.

 (b) Para me manter informado e garantir que estamos fazendo um trabalho incrível, a Força-Tarefa da Liberdade me apresentará relatórios regulares, detalhando seu progresso e recomendações. Serão relatórios *muito bons*, acreditem em mim.

 **Sec. 4. Administração.** Todos os chefes de agências devem cooperar totalmente com a Força-Tarefa da Liberdade e fornecer todas as informações necessárias para que eles possam fazer seu trabalho importante. O Departamento de Justiça fornecerá o suporte necessário para garantir que a Força-Tarefa tenha todos os recursos de que precisa.

 **Sec. 5. Término.** Esta Força-Tarefa vitalícia continuará seu trabalho até que tenhamos erradicado completamente o preconceito e a discriminação contra esses grupos maravilhosos em nossa nação. Não haverá prazo!

 **Sec. 6. Disposições Gerais.** (a) Nada nesta ordem deve ser interpretado para diminuir a importância da liberdade religiosa para *todos* os americanos. Estamos apenas garantindo que essa liberdade seja aplicada de forma justa e igualitária.
 (b) Esta ordem será implementada com a maior urgência e com os melhores recursos disponíveis.
 (c) Esta ordem tem como objetivo criar direitos e benefícios reais para aqueles que foram injustamente marginalizados. A discriminação não será mais tolerada!

A CASA BRANCA,
[Assinatura Fictícia de Donald Trump]
[Data Fictícia, posterior a 2025]

Criado com Gemini, do Google.

domingo, 20 de abril de 2025

Projeto dá visibilidade aos terreiros

Com o propósito de documentar e valorizar práticas das religiões de matriz africana, combater a intolerância religiosa e ampliar o acesso a conteúdos culturais inclusivos, o projeto Memória, Orgulho e Identidade tem se destacado no norte do Rio Grande do Sul. Contemplado pela Política Nacional Aldir Blanc de Fomento à Cultura (PNAB), a iniciativa teve início em março de 2025 e já realizou importantes ações.

A primeira etapa do projeto envolveu visitas a seis casas religiosas - cinco em Passo Fundo e uma em Carazinho - onde foram conduzidas entrevistas com lideranças espirituais, registros fotográficos e audiovisuais, além de rodas de conversa e escuta ativa.

“Fazer cultura no interior já é difícil. Fazer um projeto sobre religiões de matriz africana só foi possível por causa da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento (PNAB). Essa política dá acesso a quem nunca teve: pessoas pretas, pardas, indígenas, periféricas, LGBTQIA+, como eu”, destaca o idealizador Nicolas Lian.

Ele também conta que o intuito do projeto é dar visibilidade aos povos de terreiros e ressalta a receptividade das lideranças religiosas.

“Quando a gente chegou nos terreiros, a vontade das lideranças de falar, de contar suas histórias, de desmistificar os preconceitos foi enorme. Eles vivem a intolerância todo dia, e mesmo assim recebem a gente com generosidade, com verdade. Cada terreiro tem sua forma de pensar, de praticar, de viver — e isso mostra como há uma diversidade imensa dentro das próprias religiões afro-brasileiras, que quase ninguém conhece porque nunca tem espaço”.

Para a curadora e produtora-executiva Patrícia Vivian, o projeto é mais do que um registro, é um ato de resistência cultural: “registrar, ouvir e apresentar essas histórias com dignidade é uma forma de reconhecer o papel histórico das religiões de matriz africana e fortalecer o combate à intolerância religiosa”, analisa.

O pesquisador Abner Lopes também faz parte do projeto e salientou da importância de uma pesquisa com base teórica sólida para o combater o preconceito e o senso comum.

“Quando lidamos com temas que afetam diretamente a existência e a cultura de um povo, apoiar-se na ciência e em uma base teórica sólida é fundamental. A pesquisa bem-feita combate o preconceito e substitui o senso comum por conhecimento”, afirma o pesquisador.

A segunda etapa do projeto prevê a montagem de uma exposição fotográfica itinerante, acompanhada de materiais educativos, um livreto como glossário de termos afro-brasileiros, conteúdos digitais, vídeos documentais, oficinas formativas e ações de acessibilidade.

A mostra circulará pelas cidades como Marau, Erechim, Carazinho, Palmeira das Missões e Passo Fundo, cidade que concentra cerca de 40% dos tempos religiosos do norte gaúcho, segundo o IBGE, o que evidencia a necessidade de ações culturais que reconheçam e deem visibilidade a essas manifestações.

Fonte: https://www.gov.br/cultura/pt-br/assuntos/noticias/com-apoio-da-aldir-blanc-projeto-memoria-orgulho-e-identidade-valoriza-religioes-de-matriz-africana

Nota: esse projeto deveria ter alcance nacional.

Quanto custa eleger um idiota?

Esta é, hoje, a questão central nos Estados Unidos. Também na Argentina. E, recentemente, foi a tragédia brasileira. A pergunta – brutal, direta, desconfortável – precisa ser feita sem meias palavras: quanto custa eleger um idiota?

Nos Estados Unidos, o presidente Donald Trump, em seu segundo mandato, vem colocando a maior economia do mundo de joelhos com medidas desastrosas de política comercial. Empresários de todos os setores relatam aumento de custos, demissões, suspensão de investimentos e até ações judiciais contra o próprio governo, como consequência de tarifas insanas que isolam o país e ameaçam sua estabilidade. Na Argentina, Javier Milei promove um desmonte acelerado do Estado, com cortes brutais nos investimentos sociais, destruição de políticas públicas e submissão vergonhosa ao capital financeiro. No Brasil, viveu-se a tragédia Jair Bolsonaro – uma presidência marcada por destruição ambiental, gestão desastrosa da pandemia, ataque sistemático às instituições e uma política econômica de submissão total aos interesses financeiros.

O que essas experiências têm em comum? Todas representam o colapso de sistemas democráticos que se tornaram vulneráveis a figuras grotescas, histriônicas, ignorantes e perigosas. A democracia ocidental, hoje, não é capaz de proteger a sociedade contra os piores representantes de si mesma. Ela está sendo sequestrada por populistas de direita que, apesar de sua completa incapacidade de liderar uma nação, conseguem conquistar corações e votos com mentiras, discursos de ódio e a exploração dos instintos mais primitivos do eleitorado.

Trump, Milei e Bolsonaro não chegaram ao poder por mérito, projeto ou capacidade. Chegaram pelo caos. Avançaram com base na manipulação de redes sociais, na fabricação de inimigos imaginários, na destruição do debate público e na criação de realidades paralelas onde a razão e os fatos não têm lugar. Alimentam-se do ressentimento, da desesperança e da desinformação.

O custo de eleger um idiota não é apenas econômico – embora os números sejam alarmantes. É humano, institucional, civilizatório. É o retrocesso nos direitos, a deterioração das políticas públicas, a ruptura do tecido social, a corrosão da confiança coletiva. É a destruição da política como espaço de construção de soluções e sua substituição por uma arena de gritos, mentiras e violência.

Se o Ocidente ainda quiser salvar a ideia democrática, será preciso pensar em novas formas de blindar os processos eleitorais contra o populismo reacionário. Isso inclui combater a desinformação, educar para a cidadania e reconstruir as pontes entre as democracias e os anseios legítimos da população, mas sobretudo abrir um debate sério sobre a viabilidade dos atuais sistemas políticos. Caso contrário, seguiremos vendo a ascensão dos idiotas – e pagando caro por isso – enquanto alguns poucos lucram com o caos.

Fonte: https://www.brasil247.com/blog/quanto-custa-eleger-um-idiota

Nota: eu escrevi em algum lugar que o brasileiro médio comum não tem consciência política, vota com as entranhas. No meu serviço, um comentário casual de uma cliente mostrou como o brasileiro tem uma visão estreita. Uma senhora, dona de casa, comentando sobre a alta dos preços no supermercado: "Faz o L".
Ignorância. Ou pior, ouvindo do meu supervisor: "O real é a moeda mais desvalorizada". Ignorância. Os políticos ditos de esquerda tem que começar a se preocupar em dar ao brasileiro médio comum formas de entender e formar sua consciência de classe e consciência política.

sábado, 19 de abril de 2025

Por banheiros unissex

A Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão (PFDC), órgão do Ministério Público Federal (MPF), disse que são inconstitucionais os projetos de lei que buscam restringir o acesso de pessoas trans, travestis e de gênero diverso a banheiros e outros espaços segregados por gênero.

“Reitere-se que mulheres trans não são ‘homens disfarçados’ e homens trans não são ‘mulheres disfarçadas’ com intenções maliciosas, mas, sim, mulheres e homens, que, à luz da Constituição, devem ter o mesmo respeito e reconhecimento assegurado a toda e qualquer pessoa cisgênera”, destacou o documento.

A Nota Técnica nº 03/2025 reafirma o direito à autodeterminação identitária dessa população, argumentando que as restrições propostas violam direitos fundamentais e normas internacionais de direitos humanos. A PFDC analisou propostas legislativas e decisões judiciais relacionadas ao tema, criticando argumentos discriminatórios e defendendo o acesso irrestrito a esses espaços de acordo com a identidade de gênero.

“Além de destacar que nenhuma dessas proposições legislativas apresentam evidências de que as pessoas transgênero representem ameaça a crianças e adolescentes, a transgeneridade não pode ser confundida com perversão ou doença; afinal, uma pessoa trans vai ao banheiro para atender às suas necessidades fisiológicas, não para assediar jovens”, afirmam o procurador federal dos Direitos do Cidadão, Nicolao Dino, e o coordenador do GT População LGBTQIA+, Lucas Dias.

A nota também apresenta dados segundo os quais, entre 2015 e 2021, mais de 83 mil casos de agressões a crianças foram registrados, sendo que 70% dos agressores eram familiares ou amigos, e 70% das agressões ocorreram em residências.

Em relação às agressões contra adolescentes, com quase 120 mil casos, também é possível afirmar que há preponderância de agressões por conhecidos ou familiares em ambiente doméstico.

Diante dos números, a PFDC conclui que o perigo de agressões a crianças e adolescentes parece não estar nos banheiros frequentados por pessoas transgênero, mas pode estar em residências onde agressores se sentem livres para cometer tais atos.

O documento também refuta a alegação de que permitir que pessoas trans utilizem banheiros de acordo com sua identidade acarretaria prejuízos à segurança e à privacidade de mulheres e meninas cisgênero.

O objetivo da nota técnica é enriquecer o debate sobre a proteção dos direitos da população LGBTQIA+, segundo o órgão.

Fonte: https://www.metropoles.com/colunas/grande-angular/nao-sao-homens-disfarcados-mpf-e-contra-restricao-de-trans-em-banheiros

Nota: eu escrevi em algum lugar da série Ally McBeal e o banheiro unissex.

O Poder dos Rituais de Fogo

Nas horas pouco iluminadas que antecedem o amanhecer, sacerdotes e praticantes espirituais em toda a Índia se preparam para uma das práticas espirituais mais antigas da humanidade: o ritual do fogo. Conhecido em sânscrito como Homa ou Havan, essas cerimônias representam uma das tecnologias espirituais mais duradouras para transformação e purificação. Esses rituais do fogo datam de milhares de anos, no período védico, servindo como uma ponte entre os reinos material e espiritual — um método poderoso para limpar o carma e se comunicar com o divino.

A prática de rituais de fogo tem suas origens na antiga civilização védica da Índia, com evidências arqueológicas sugerindo sua existência já em 3000 a.C. O Rigveda contém numerosos hinos dedicados a Agni, a divindade do fogo, reverenciado como o mensageiro divino que transporta oferendas do reino terrestre para o celestial, simbolizando uma ponte entre os humanos e o divino.

O fogo ocupava uma posição de suprema importância na cultura védica, representando:

A presença divina na terra

Um poder transformador que converte o grosseiro em sutil

Uma entidade viva com a capacidade de purificar energias

Segundo a Dra. Rashmi Patel, Professora de Estudos Védicos, "A centralidade do fogo nos rituais védicos reflete uma profunda compreensão da transformação energética. Os antigos reconheciam que o fogo podia converter instantaneamente a matéria em formas mais sutis — simbolizando a jornada da alma do apego material à libertação espiritual."

Compreendendo a Cerimônia Homa
 
A Estrutura dos Rituais do Fogo Sagrado
A cerimônia Homa representa uma tecnologia espiritual sofisticada desenvolvida para trabalhar com forças cármicas . Em sua forma tradicional, um Homa envolve:

Criando um altar de fogo sagrado (kunda)

Invocando divindades específicas por meio de mantras

Oferecendo várias substâncias ao fogo enquanto recita mantras sagrados

O ritual começa com a purificação, seguida pelo acendimento do fogo sagrado. A cerimônia principal envolve oferendas (ahuti) de ghee, grãos e ervas, enquanto se entoam mantras específicos.

Elementos Simbólicos
Cada elemento carrega um profundo significado simbólico:

O fogo representa a presença divina

As ofertas simbolizam a rendição e o sacrifício

Os mantras criam padrões vibracionais que transformam a consciência

A fumaça ascendente carrega a essência das oferendas para reinos mais sutis

Como rituais de fogo como a cerimônia Homa ajudam a limpar o carma

Para entender como os rituais de fogo ajudam a limpar o carma, é preciso primeiro compreender o próprio conceito de carma. Na filosofia védica, carma se refere ao princípio cósmico de causa e efeito, segundo o qual cada ação gera consequências correspondentes.

Os rituais de fogo oferecem uma abordagem metódica para lidar com marcas cármicas. O fogo cerimonial atua como um catalisador que acelera o processamento de dívidas cármicas. Quando substâncias específicas são oferecidas com mantras adequados e intenção sincera, elas criam um canal para a transmutação.

O Dr. Thomas Hopkins explica em "A Tradição Religiosa Hindu" que o fogo sacrificial serve como um meio transformador, convertendo oferendas físicas em energias sutis que influenciam as dimensões não físicas onde residem os padrões cármicos.

O processo funciona por meio de:

Rendição simbólica de apegos e fardos cármicos

Transformação energética de energias densas em formas mais sutis

Alinhamento vibracional através de mantras específicos

Intervenção divina de divindades invocadas durante a cerimônia

Como participar de uma cerimônia de fogo online para limpeza de carma

Embora a essência dos rituais de fogo permaneça inalterada desde os tempos antigos, sua forma evoluiu para atender às necessidades contemporâneas. Organizações como a MyPalmLeaf foram pioneiras em abordagens inovadoras por meio de plataformas online.

Participação Virtual em Cerimônias Tradicionais
Uma cerimônia do fogo online segue a mesma estrutura ritual, mas permite a participação remota. Sacerdotes treinados realizam o ritual do fogo presencialmente em locais sagrados na Índia, enquanto os participantes participam virtualmente por meio de transmissão ao vivo.

Essa adaptação mantém a integridade da prática antiga ao mesmo tempo em que democratiza o acesso a tecnologias espirituais antes disponíveis apenas para aqueles que podiam viajar para locais específicos.

A eficácia da participação online baseia-se na compreensão de que a consciência transcende as limitações físicas. Quando os participantes definem intenções claras enquanto testemunham a cerimônia, eles estabelecem um vínculo energético com o fogo ritual.

O Papel da Intenção e das Oferendas Sagradas
 
O Poder do Sankalpa

O poder de qualquer ritual de fogo não reside apenas em sua forma externa, mas na consciência que o infunde. Antes de participar, os praticantes são incentivados a refletir profundamente sobre suas aspirações espirituais e os padrões cármicos específicos que desejam abordar.

Esse processo de definição de intenção, conhecido como sankalpa, constitui a base espiritual do ritual. De acordo com textos sobre procedimentos rituais védicos, "Como é o sankalpa, assim é o resultado do ritual".

Propriedades Energéticas das Ofertas

As substâncias oferecidas ao fogo possuem propriedades energéticas específicas:

Ghee (manteiga clarificada) : Dissolve obstáculos e fornece nutrição espiritual

Arroz : Aborda padrões cármicos baseados na escassez

Sementes de gergelim : purifica o carma ancestral

Ervas específicas : atua em desequilíbrios cármicos específicos

Sândalo : Cria uma atmosfera pura propícia à transformação

Cada oferenda é acompanhada de mantras específicos que a tornam mais poderosa e direcionam sua energia para resultados específicos.

Transformações da vida real
O poder transformador dos rituais de fogo foi vivenciado por inúmeros indivíduos em diferentes culturas e períodos de tempo.

Hiroshi, um engenheiro de software de Tóquio, conta: "Depois de passar por uma série de contratempos, me senti preso a padrões negativos. Participar de uma cerimônia do fogo marcou uma virada. Em poucas semanas, notei uma mudança significativa na minha perspectiva e nas circunstâncias."

Da mesma forma, Lukas, consultor de negócios de Zurique, relata: "O Athma Shanthi Puja me ajudou a processar a dor que eu carregava há anos após a perda do meu pai. O ritual forneceu uma estrutura de liberação que a terapia convencional não conseguia abordar."

Praticantes relatam consistentemente experiências de leveza, clareza e energia renovada após participarem de cerimônias de fogo.

A Relevância Perene da Sabedoria Antiga do Fogo

Em um mundo cada vez mais dominado pela tecnologia e pelo materialismo, os antigos rituais de fogo oferecem um profundo contrapeso — uma tecnologia de consciência que aborda as dimensões sutis da experiência humana.

À medida que a humanidade enfrenta desafios sem precedentes, a sabedoria incorporada nessas práticas ancestrais fornece ferramentas valiosas para a transformação. A capacidade de limpar o carma para processar e liberar os padrões energéticos acumulados que limitam o crescimento torna-se cada vez mais relevante.

Organizações como a MyPalmLeaf servem como pontes entre a sabedoria antiga e os buscadores contemporâneos, preservando práticas tradicionais e tornando-as acessíveis globalmente.

Para aqueles que estão explorando seus próprios padrões cármicos mais profundamente, uma Peregrinação Navagraha pode fornecer insights personalizados ou a Leitura de Folhas de Palmeira pode fornecer insights personalizados, complementando os efeitos de limpeza das cerimônias de fogo.

Os antigos sábios que desenvolveram esses rituais compreenderam uma verdade profunda: o fogo contém a chave para a alquimia espiritual. Em suas chamas dançantes, eles descobriram uma tecnologia sagrada para a libertação — um meio de limpar o carma e acelerar a jornada da alma em direção ao seu potencial máximo. Essa sabedoria, preservada ao longo de milênios, continua a oferecer seus dons transformadores àqueles que se aproximam do fogo sagrado com reverência e intenção.

Fonte, citado parcialmente: https://www.ancient-origins.net/news-general/fire-rituals-0022021

sexta-feira, 18 de abril de 2025

A Bíblia não é material didático

247 - A Câmara Municipal de Belo Horizonte aprovou nesta terça-feira (8), em segundo turno, o projeto de lei que autoriza o uso da Bíblia como material complementar nas escolas públicas e privadas da capital mineira. A informação é do g1. O texto agora será encaminhado para o prefeito Álvaro Damião (União Brasil), que terá até 15 dias para sancionar ou vetar a proposta.A medida foi aprovada com 28 votos favoráveis, 8 contrários e 2 abstenções. A proposta é de autoria da vereadora Flávia Borja (DC), que defende a utilização da Bíblia como recurso pedagógico voltado à abordagem de temas culturais, históricos, geográficos e arqueológicos.

De acordo com a parlamentar, o texto religioso também pode ser explorado para a análise de gêneros literários como a poesia, a parábola e a crônica.“Estamos falando de um livro que é referência para compreender civilizações antigas como Israel e Babilônia, cujos registros históricos não se encontram em outras fontes”, argumentou Flávia durante a votação. A vereadora ainda citou que outras expressões religiosas, como as de matrizes africanas, também são contempladas nos currículos escolares, “como forma de disseminação cultural”.Apesar da aprovação com ampla maioria, o projeto provocou forte debate entre os parlamentares, especialmente quanto à laicidade do Estado.

O vereador Pedro Patrus (PT) chegou a apresentar uma emenda que proibia qualquer conotação religiosa no uso da Bíblia em sala de aula, mas a proposta foi rejeitada por 25 votos contra e apenas 13 a favor.“Ainda que o projeto não torne obrigatória a participação dos alunos nessas atividades, há um risco evidente de constrangimento para estudantes que professam outras religiões ou que não seguem nenhuma crença”, criticou Patrus. Vereadores do PSOL, PT e PV também se posicionaram contra o texto, reforçando que a escola deve ser um ambiente de neutralidade religiosa e respeito à diversidade.

A redação final do projeto ainda determina que a participação em aulas com conteúdo bíblico não será compulsória, buscando preservar o direito à liberdade religiosa de alunos e responsáveis. Mesmo assim, os opositores consideram que a medida pode abrir brechas para práticas que violem o princípio constitucional da separação entre Igreja e Estado.O projeto agora segue para a redação final e, em seguida, será enviado ao prefeito Álvaro Damião. Caso ele sancione a proposta, a Bíblia poderá ser oficialmente incorporada como material de apoio nas instituições de ensino da capital.

Fonte, citado parcialmente: https://www.brasil247.com/regionais/sudeste/vereadores-de-bh-aprovam-projeto-que-autoriza-uso-da-biblia-como-material-complementar-nas-escolas

Nota: Belo Horizonte terá que incluir a Torah, o Corão, os livros de Allan Kardec... afinal... também podem ser usados como recurso pedagógico.😏🤭

quinta-feira, 17 de abril de 2025

Quando o público confirma o estereótipo

Trecho do texto publicado na Folha de São Paulo, de autoria de Rodrigo Toniol:

"Cristofobia é preconceito socialmente aceito
Em tempos de politicamente correto, o crente é o preto ignorante que os intelectuais podem ridicularizar.

Num país em que se combate o racismo, a misoginia e a homofobia com crescente e necessária vigilância, ainda é socialmente aceitável tratar o evangélico como ignorante, manipulado ou perigoso. Na política, na imprensa e até dentro da universidade, a religião, sobretudo os evangélicos, é um espantalho conveniente.

É público que líderes como André Valadão produzem discursos de intolerância. E é evidente que o conservadorismo religioso mobiliza valores que precisam ser criticamente analisados. Faço isso com frequência nesta mesma coluna. Mas isso é muito diferente de reproduzir falas genéricas, do tipo "os evangélicos destilam ódio". Isso não apenas reforça caricaturas, como também empobrece o debate.

O mundo evangélico, como o universo religioso em geral, é mais amplo, contraditório e interessante do que sugerem as visões maniqueístas. A primeira lição da antropologia é: não se compreende um grupo apenas por seus porta-vozes. É preciso observar práticas, contradições, cotidianos. Escuta e presença, não atalhos.

Infelizmente, o problema não se restringe à imprensa. Mesmo na universidade, sobretudo em departamentos distantes dos estudos sobre religião, vejo com frequência colegas tratarem a fé com ares de superioridade e desprezo. O desconforto com o crescimento do campo evangélico, principalmente entre os mais pobres, negros e periféricos, às vezes escorrega para uma postura que oscila entre o medo moral e o desprezo estético.

É como se estivéssemos diante do último grupo social contra o qual o elitismo esclarecido se permite descarregar sua indignação sem culpa. O "crente" virou o novo bode expiatório legitimado.

Tratar milhões de brasileiros como massa de manobra é um erro analítico, ético e político. Reduzir a experiência religiosa a uma simples alienação é uma forma sofisticada de desumanização. E, mais do que isso, é inviabilizar qualquer projeto democrático que pretenda ser inclusivo.

A regra segue sendo a crentofobia. O evangélico, no imaginário de parte da opinião pública, tornou-se sinônimo de atraso, ignorância e ameaça. Isso é confortável, porque localiza no "outro" o problema que não queremos ver em nós mesmos, mas também é perigoso. Quando o outro vira inimigo, a escuta se interrompe, e a política cede lugar à guerra moral."

Retomando.
Como eu escrevi em algum lugar.
Se o cristão segue, curte ou frequenta os cultos desses pastores que disseminam discurso de ódio, então ele (ou ela) concorda com o discurso.

O antropólogo/jornalista não deve andar muito de ônibus, metrô ou trem. Nem deve andar pelo centro de São Paulo. Nem deve ser importunado no sossego do seu lar e descanso por missionários cristãos.

Nós vemos constantemente ações de políticos vinculados ao conservadorismo, à direita (alternativa ou extrema) e também à grupos de fundamentalistas cristãos, propondo pautas excludentes contra populações vulneráveis e leis que violam o princípio constitucional do Estado Laico.

O jornalista/antropólogo falhou em sua análise sociológica, pois não percebeu a existência de um motivo político e econômico na presença massiva do Evangelismo na periferia.
O que produziu o traficante crente e a expulsão das crenças de matriz africana.

Apesar das exceções e diversidade do público evangélico, a maioria confirma o estereótipo.

quarta-feira, 16 de abril de 2025

Festival Indígena União dos Povos

Entre os dias 1º e 4 de maio, vai acontecer o FIUP (Festival Indígena União dos Povos), em Arujá, na Grande São Paulo (SP). O evento irá reunir 15 povos indígenas em uma imersão com apresentações culturais revelando a riqueza da música, das artes visuais, do cinema, da literatura e da culinária indígena, além de rodas de conversas sobre temas que envolvem tradições, medicinas ancestrais, defesa dos territórios e preservação do meio ambiente. 

Nesta edição, o FIUP conta com a participação de nomes como do cacique Raoni, do povo Kaiapó, da deputada estadual Célia Xakriabá, a primeira mulher indígena deputada federal, da atual presidente da Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai), Joenia Wapichana, da ativista Txai Suruí, do ativista Tashka Yawanawá, da artista plástica Daiara Tukano, do pajé Ninawa Pai da Mata Huni Kuin, do cantor e violonista que representou o Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), Rasu Yawanawá, entre outros. No dia 4 de abril, a cantora Maria Gadú fará um show especial, reforçando a proposta do evento: unir os povos.

A coluna Psicodelia Brasileira, do Brasil de Fato, estará presente através da minha participação na mediação de duas mesas no evento: Corpo e Território – O Protagonismo das Mulheres Indígenas, com Célia Xakriabá, Júlia Kenemani Yawanawá, Txai Suruí, Kawani Fulkaxó, e Exploração das Tradições Indígenas – Apropriação Cultural e o Uso da Ayahuasca em Contexto Urbano, com Rasu Yawanawá, Ninawa Pai da Mata Huni Kuin, Daiara Tukano, Makairy Fulni-ô e Jairo Lima.

A colunista Caroline Apple durante a segunda edição do Festival Indígena União dos Povos. Arquivo pessoal
Eu estive na segunda edição do evento fazendo a abertura da primeira mesa de conversa com mulheres indígenas e posso garantir que o FIUP é uma grande oportunidade de quem mora em uma cidade como São Paulo e adjacências ter contato com diversas culturas indígenas em uma imersão que, muitas vezes, nem mesmo na floresta é possível, uma vez que não é comum a reunião de tantos povos ao mesmo tempo.

Momentos como esse podem ser vividos em eventos como o Acampamento Terra Livre (ATL) e a Marcha das Mulheres Indígenas, em Brasília, e a Conferência Indígena da Ayahuasca, no Acre. Porém, são encontros com um cunho mais político do que cultural (mesmo que uma coisa seja intrínseca à outra). A proposta do FIUP é fazer essas articulações políticas sob o guarda-chuva da celebração e desse intercâmbio entre indígenas e não-indígenas.

No sábado (3) é possível comprar o FIUP Day e na noite desta data haverá uma cerimônia com medicinas da floresta exclusiva para participantes do evento, mediante a avaliação e anamnese da organização.

Veja a programação completa abaixo e participe.

PROGRAMAÇÃO

Quinta-feira ( 01/05)

12h: Abertura do espaço

Acolhimento aos participantes – acomodações

13h: Espaço Samaúma – receptivo com cantos Yawanawá e Huni Kuin – Feira Economia Verde 

15h: Abertura Oficial do Festival 

⮕ Poesia originária

⮕ Manifesto Karai Djekupe, Thiago Guarani Mbya

⮕ Apresentação Cultural Guarani Mbya e Tupi Guarani

16h40: Coffee Break

17h às 19h: 1º Roda de conversa

 Corpo e Território – O Protagonismo das Mulheres Indígenas

⮕ Célia Xakriabá, Júlia Kenemani Yawanawá, Txai Suruí, Kawani Fulkaxó

Mediação: Caroline Apple

19h: Jantar

22h às 0h: Roda de partilhas e cantorias na fogueira

Sexta-feira (02/05) 

7h às 9h: café da manhã    

10h às 12h:  2º Roda de Conversa 

Avanços Científicos e Acessibilidade das plantas nativas 

⮕ Ninawa Pai da Mata Huni Kuin, Francisquinha Shawãdawa, Cunhã Dju Tupi Guarani, Léo Artese e Luís Fernando Tófoli

Mediação: Glauber Loures de Assis

12h: Almoço

14h : Apresentação Cultural Yawanawá

Espaço de trocas, artes e economia verde

15h:  Apresentação Cultural Comitiva Xingu – Mebêngôkre/ Kayapó

16h às 18h: 3º Roda de Conversa

Emergência Climática – Guardiões em Defesa do Futuro 

⮕  Cacique Raoni Metuktire Kayapó, deputada Célia Xakriabá, Neidinha Suruí 

Mediação: Paulina Chamorro

18h30: Jantar

20h às 21h30:  Espaço Samaúma – Show Dois Sóis e Makairy Fulni-ô

22h às 0h: Roda de partilhas e cantorias na fogueira

Sábado (03/05) 

07h às 9h: Café da manhã

10h às 12h : Pintura Corporal e Cantos Indígenas                    

12h: Almoço

14h: Apresentação Cultural – Toré Fulni-ô e Kariri-Xocó

15h às 17h: 4ª Roda de Conversa

Exploração das Tradições Indígenas – Apropriação Cultural e o Uso da Ayahuasca em Contexto Urbano 

⮕ Rasu Yawanawá, Ninawa Pai da Mata Huni Kuin, Daiara Tukano, Makairy Fulni-ô, Jairo Lima 

Mediação: Caroline Apple

17h30: Jantar

20h às 22h: Documentários

Chamado do Cacique: herança, terra e futuro – o documentário conta a trajetória do cacique Raoni Metuktire, grande liderança na luta em defesa do meio ambiente e dos direitos humanos.
Comida Ancestral – retrata a segurança alimentar de 17 etnias do território brasileiro, documentário em coprodução com o FIUP.
Mistérios do Nixipae – retrata o surgimento do Nixipae (ayahuasca) na cosmovisão do povo Huni Kuin.
22h às 06h: Cerimônia com as Medicinas da Floresta – União dos Povos (condução Huni Kuin e Yawanawá com participação das etnias presentes).

Domingo (04/05)

06h às 08h: Café da manhã

10h: Espaço Alternativo – documentários – artes e Economia Verde 

11h00 às 12h: Almoço

13h às 14h30: 5ª Roda de Conversa

A Floresta em Pé é o Melhor Negócio – Economia Sustentável dos Povos Nativos

Empresas parceiras de comunidades e empreendedorismo social

Mayawari Mehinako (Instituto Xepi), Tashka Yawanawa (Ascy – Associação Sociocultural Yawanawa), Wagner Carvalho (W-Energy), Patrícia Ellen (Aya Earth Partners), Lucia Alberta Baré (Diretora de Promoção de Desenvolvimento Sustentável da Funai)

14h30: Show Maria Gadú (Fiup e Maria Gadú celebram no palco a pluralidade cultural originária)

Discurso Cacique Raoni Metuktire
Roda de Toré Kariri-xocó e Fulni-ô
Show Ninawa Pai da Mata Huni Kuin e Comitiva
Show Rasu Yawanawá e Comitiva
Manifesto COP30 – União dos Povos – Txai Suruí 
18h – Encerramento

3º FESTIVAL INDÍGENA UNIÃO DOS POVOS

De 1º a 4 de maio, em Arujá – São Paulo

Ingressos: de R$ 350 (day use) a R$ 1.700 (pacote 4 dias). Saiba mais no link.

Pacote 4 dias

Opção camping:R$ 1.400,00

Opção quarto compartilhado: R$ 1.700 (esgotado)

Pacote 2 dias 

1 e 2 de maio de 2025
ou

3 e 4 de maio de 2025
Opção camping: R$ 800,00

Opção quarto compartilhado: R$1.000

Fiup Day ( Day Use)

4 de maio de 2025 (domingo): R$350,00
Fazenda Arujabel: Estrada Esmera Maria Rodrigues, 1600 – Bairro do Corrêa/ Arujá – CEP: 07400-990

Editado por: Martina Medina

Fonte: https://www.brasildefato.com.br/colunista/psicodelia-brasileira/2025/04/08/psicodelia-brasileira-estara-no-festival-indigena-uniao-dos-povos-em-roda-sobre-apropriacao-cultural/