Trecho do texto publicado na Folha de São Paulo, de autoria de Rodrigo Toniol:
"Cristofobia é preconceito socialmente aceito
Em tempos de politicamente correto, o crente é o preto ignorante que os intelectuais podem ridicularizar.
Num país em que se combate o racismo, a misoginia e a homofobia com crescente e necessária vigilância, ainda é socialmente aceitável tratar o evangélico como ignorante, manipulado ou perigoso. Na política, na imprensa e até dentro da universidade, a religião, sobretudo os evangélicos, é um espantalho conveniente.
É público que líderes como André Valadão produzem discursos de intolerância. E é evidente que o conservadorismo religioso mobiliza valores que precisam ser criticamente analisados. Faço isso com frequência nesta mesma coluna. Mas isso é muito diferente de reproduzir falas genéricas, do tipo "os evangélicos destilam ódio". Isso não apenas reforça caricaturas, como também empobrece o debate.
O mundo evangélico, como o universo religioso em geral, é mais amplo, contraditório e interessante do que sugerem as visões maniqueístas. A primeira lição da antropologia é: não se compreende um grupo apenas por seus porta-vozes. É preciso observar práticas, contradições, cotidianos. Escuta e presença, não atalhos.
Infelizmente, o problema não se restringe à imprensa. Mesmo na universidade, sobretudo em departamentos distantes dos estudos sobre religião, vejo com frequência colegas tratarem a fé com ares de superioridade e desprezo. O desconforto com o crescimento do campo evangélico, principalmente entre os mais pobres, negros e periféricos, às vezes escorrega para uma postura que oscila entre o medo moral e o desprezo estético.
É como se estivéssemos diante do último grupo social contra o qual o elitismo esclarecido se permite descarregar sua indignação sem culpa. O "crente" virou o novo bode expiatório legitimado.
Tratar milhões de brasileiros como massa de manobra é um erro analítico, ético e político. Reduzir a experiência religiosa a uma simples alienação é uma forma sofisticada de desumanização. E, mais do que isso, é inviabilizar qualquer projeto democrático que pretenda ser inclusivo.
A regra segue sendo a crentofobia. O evangélico, no imaginário de parte da opinião pública, tornou-se sinônimo de atraso, ignorância e ameaça. Isso é confortável, porque localiza no "outro" o problema que não queremos ver em nós mesmos, mas também é perigoso. Quando o outro vira inimigo, a escuta se interrompe, e a política cede lugar à guerra moral."
Retomando.
Como eu escrevi em algum lugar.
Se o cristão segue, curte ou frequenta os cultos desses pastores que disseminam discurso de ódio, então ele (ou ela) concorda com o discurso.
O antropólogo/jornalista não deve andar muito de ônibus, metrô ou trem. Nem deve andar pelo centro de São Paulo. Nem deve ser importunado no sossego do seu lar e descanso por missionários cristãos.
Nós vemos constantemente ações de políticos vinculados ao conservadorismo, à direita (alternativa ou extrema) e também à grupos de fundamentalistas cristãos, propondo pautas excludentes contra populações vulneráveis e leis que violam o princípio constitucional do Estado Laico.
O jornalista/antropólogo falhou em sua análise sociológica, pois não percebeu a existência de um motivo político e econômico na presença massiva do Evangelismo na periferia.
O que produziu o traficante crente e a expulsão das crenças de matriz africana.
Apesar das exceções e diversidade do público evangélico, a maioria confirma o estereótipo.
Nenhum comentário:
Postar um comentário