A primeira etapa do projeto envolveu visitas a seis casas religiosas - cinco em Passo Fundo e uma em Carazinho - onde foram conduzidas entrevistas com lideranças espirituais, registros fotográficos e audiovisuais, além de rodas de conversa e escuta ativa.
“Fazer cultura no interior já é difícil. Fazer um projeto sobre religiões de matriz africana só foi possível por causa da Política Nacional Aldir Blanc de Fomento (PNAB). Essa política dá acesso a quem nunca teve: pessoas pretas, pardas, indígenas, periféricas, LGBTQIA+, como eu”, destaca o idealizador Nicolas Lian.
Ele também conta que o intuito do projeto é dar visibilidade aos povos de terreiros e ressalta a receptividade das lideranças religiosas.
“Quando a gente chegou nos terreiros, a vontade das lideranças de falar, de contar suas histórias, de desmistificar os preconceitos foi enorme. Eles vivem a intolerância todo dia, e mesmo assim recebem a gente com generosidade, com verdade. Cada terreiro tem sua forma de pensar, de praticar, de viver — e isso mostra como há uma diversidade imensa dentro das próprias religiões afro-brasileiras, que quase ninguém conhece porque nunca tem espaço”.
Para a curadora e produtora-executiva Patrícia Vivian, o projeto é mais do que um registro, é um ato de resistência cultural: “registrar, ouvir e apresentar essas histórias com dignidade é uma forma de reconhecer o papel histórico das religiões de matriz africana e fortalecer o combate à intolerância religiosa”, analisa.
O pesquisador Abner Lopes também faz parte do projeto e salientou da importância de uma pesquisa com base teórica sólida para o combater o preconceito e o senso comum.
“Quando lidamos com temas que afetam diretamente a existência e a cultura de um povo, apoiar-se na ciência e em uma base teórica sólida é fundamental. A pesquisa bem-feita combate o preconceito e substitui o senso comum por conhecimento”, afirma o pesquisador.
A segunda etapa do projeto prevê a montagem de uma exposição fotográfica itinerante, acompanhada de materiais educativos, um livreto como glossário de termos afro-brasileiros, conteúdos digitais, vídeos documentais, oficinas formativas e ações de acessibilidade.
A mostra circulará pelas cidades como Marau, Erechim, Carazinho, Palmeira das Missões e Passo Fundo, cidade que concentra cerca de 40% dos tempos religiosos do norte gaúcho, segundo o IBGE, o que evidencia a necessidade de ações culturais que reconheçam e deem visibilidade a essas manifestações.
Fonte: https://www.gov.br/cultura/pt-br/assuntos/noticias/com-apoio-da-aldir-blanc-projeto-memoria-orgulho-e-identidade-valoriza-religioes-de-matriz-africana
Nota: esse projeto deveria ter alcance nacional.
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