sexta-feira, 24 de janeiro de 2025

O mundo a mercê de um psicopata

Por Paulo Henrique Arantes.

O mundo viveu a Idade das Trevas e a Era das Luzes. O exercício do poder ao longo do tempo foi deixando de se basear em vontades pessoais. Na civilização moderna, as nações regem-se por conjuntos de normas - as constituições - que garantem um curso à sociedade livre de retrocessos civilizatórios, baseado no respeito humano e focado no desenvolvimento socioeconômico. O governante pode elencar suas prioridades e trabalhar para executá-las, desde que não viole certos princípios humanísticos consagrados.

Claro, governos autoritários vilipendiam tais princípios, mas mesmo esses acabam se sujeitando, em maior ou menor grau, a certas normais civilizatórias consensuais. Até quem promove a guerra justifica-a pela necessidade de uso da força para se alcançar a paz. A busca da paz é, portanto e em tese, um consenso insofismável. Até grupamentos terroristas alegam almejar a paz - a paz por eles idealizada -, ainda que mediante atos de violência extrema.

O mundo poderia estar melhor, pois os governos ultrapersonalistas, calcados na figura de um imperador, foram rechaçados pela História. O predomínio da personalidade sobre os destinos de um povo é algo inaceitável no Século XXI, como já deveria ter sido nos Século XIX e XX. Eis que o país mais poderoso do planeta, por seu aparato bélico antes de tudo, elege um candidato a imperador para comandá-lo, alguém cuja personalidade é, claramente, a de um psicopata.

Já se descreveu a personalidade de Jair Bolsonaro neste espaço, a partir de análise feita por especialistas. Agora é a vez de Donald Trump, uma espécie de Bolsonaro dotado de inteligência, dinheiro e muito, muito mais poder.

Tal como o brasileiro, o americano é um psicopata.

Quem melhor escreveu sobre a psicopatia que acomete Bolsonaro foi o psiquiatra forense Guido Palomba, em artigo publicado na imprensa em março de 2021. A descrição veste em Trump à perfeição. Palomba invocou o psiquiatra alemão Kurt Schneider, autor do livro “Personalidades Psicopáticas”, para ir fundo na mente doentia.

Para o “pai dos psicopatas”, como Schneider é chamado, o psicopata caracteriza-se pela falta de compaixão (com imigrantes, por exemplo), por ser tosco (belo adjetivo) e anestesiado de senso moral. Que moral possui Donald Trump, condenado por fraudar pagamentos a uma atriz pornô?

O psicopata não tolera ser contrariado, é quase sempre mal-educado. Eis um trecho do texto primoroso de Palomba: “A inteligência limítrofe ou seletiva ( no caso de Bolsonaro, limítrofe: no caso de Trump, seletiva ) leva-os a praticar atos bizarros, por turrice e teimosia. Persistem voluntariosos, desde que seja em benefício próprio. Caso voltem atrás , não será pelo reconhecimento do erro, mas por estratégia momentânea. Em seguida, recidivam, às vezes de forma mais virulenta, por serem rancorosos e vingativos”.

Os psicopatas de Schneider representam elevada periculosidade social: “Nada os detêm, salvo a reprimenda enérgica, judicial e legal, única forma eficaz de pará-los”. No caso de Trump, a via judicial não foi suficiente. 

Resta a pergunta: o mundo civilizado dispõe de meios para evitar o subjugo ao psicopata Donald Trump?

Fonte: https://www.brasil247.com/blog/o-mundo-a-merce-de-um-psicopata

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