Aqui eu citei no artigo “intervalo Autocrítico” um trecho do
livro “História da Bruxaria”, de Jeffrey Russel e Brooks Alexander. Basicamente
os autores atribuem o ressurgimento da Bruxaria como consequência do Movimento
Romântico por volta do século XVIII.
A título de esclarecimento, na sequencia eu escrevi o artigo
“Ensaio de História”, sem contar com inúmeras citações do livro de Stuart Clark
que servem como um contraponto ao texto de Russel e Alexander. Ainda assim são
meras hipóteses, não uma tese.
O Paganismo Moderno também é considerado como tendo origem
nesse Movimento Romântico, tanto no meio acadêmico como no meio pagão. Mas um
evento histórico não pode ser compreendido sendo alijado e afastado do processo
histórico, ou das causas e contextos que resultaram neste fato histórico. O Movimento
Romântico foi precedido pela Renascença, cuja cultura artística, literária e
acadêmica recebeu influência dos mitos antigos, dos pensadores antigos, mas
também do Neoplatonismo, a escola de pensamento que estruturou a filosofia e a
teologia do Cristianismo.
Conforme eu vou buscando, pesquisando, lendo e estudando,
eis que eu me deparo com um nome: Jorge Gemisto Pleton.
Jorge Gemisto Pleton foi um filósofo e erudito grego neoplatônico,
um dos pioneiros no renascimento do aprendizado dos mestres gregos no início da
Renascença na Europa Ocidental.
Pleton participou do Concílio de Ferrara, onde iniciou sua
lições de filosofia platônica, que impulsionaram a criação da Academia
Florentina por Cosme I de Médici, em 1459. Seu platonismo, no qual se mesclam
elementos neoplatônicos, neopitagóricos e aristotélicos, configura-se como um
emanatismo aonde a alma é uma emanação das idéias, que por sua vez emanam do
Uno, ou de Deus e aspira a uma restauração do politeísmo grego, ao qual devia
subordinar-se o cristianismo. [Wikipédia]
Antes dele, apenas o imperador Flávio Cláudio Juliano,
chamado de Juliano, o Apóstata, tentou fazer algo parecido.
Em 12 de dezembro de 361, Juliano entrou em Constantinopla
como imperador único, sem precisar vencer nenhuma batalha , como um eleito dos
deuses para defender o império das provações que se apresentassem. Ao assumir o
comando do império, Juliano assumiu sua crença no paganismo e se colocou sob a
proteção de Zeus e Hélio. O período em que Juliano governou ficou conhecido
“restauração pagã”, pois houve uma tentativa por parte do imperador de
restaurar a cultura pagã do império. O novo imperador, embora batizado e
educado no cristianismo, adotou as antigas crenças pagãs greco-romanas, o que
lhe valeu posteriormente o apelido de "Apóstata". Apesar de ter
tomado medidas como a proibição do exercício do ensino pelos mestres cristãos,
e das ordens para que abrissem os templos e restituíssem o culto aos deuses, o
governo de Juliano não foi marcado pela intolerância religiosa ou perseguição
aos cristãos. [Wikipédia]
Há que se salientar que, embora muitos patriarcas do
Cristianismo foram neoplatônicos, os pensadores neoplatônicos não eram,
necessariamente, cristãos. O preguiçoso e intelectualmente desonesto verá neles
algo como um ateísmo antigo, só que não. Muito do que na atualidade é consumido
como esoterismo e ocultismo está presente nas obras neoplatônicas. Os famigerados
livros de magia, chamados grimórios, foram coletâneas de textos de escolas de
mistério, como o Orfismo, o Gnosticismo e o Hermetismo, de onde surgiu a
alquimia e diversas ordens místicas do ocidente.
Ainda é uma hipótese, não uma tese, mas derruba a teoria de
Russel e Alexander. Gemisto Pleton demonstra que o Paganismo ainda estava bem
vivo, mesmo depois da supressão cultural cometida pelo Cristianismo. Gemisto
Pleton mostra que havia muitas diferenças entre aquilo que a Igreja mandava
crer e o que os cristãos efetivamente acreditavam e praticavam e foi na
religião, crença e folclore popular que a religião antiga sobrevive até hoje.
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