O dileto e eventual leitor deve estar cansado como eu da
ladainha do descrente falando que religião e ciência são incompatíveis e por ai
adiante. Que o Cristianismo tem lá suas lacunas, crimes e absurdos, isto eu não
contesto. Mas é igualmente irracional essa retórica do descrente em jogar todas
as religiões no mesmo saco. Que o Cristianismo deturpa e distorce a história,
isto eu não contesto, mas o descrente comete o mesmo “pecado”. Querem um
exemplo? Pois bem, o descrente omite ou desconversa quando é perguntado sobre o
outro lado da vida de “sir” Isaac Newton.
Aquele que é considerado o “Pai da Física Moderna” não era
ateu, mas teísta de alguma forma. Nasceu em um lar anglicano , mas tinha um
tipo de cristianismo que era considerado herético. Durante sua vida, além das
pesquisas que coroaram seu trabalho na ciência, Newton desenvolveu pesquisas
teológicas, além de alquimia e ocultismo. Newton acreditava que os antigos
filósofos e religiosos tiveram um vislumbre da verdade da natureza do mundo e
do universo, mas esta verdade, tendo-se ocultado dentro da linguagem da época e
de estudiosos medievais, exigia ser decifrada, a fim de ser compreendida. Embora
as leis do movimento e da gravitação universal se tornaram as descobertas mais
conhecidas de Newton, ele advertiu contra usá-las para ver o universo como uma
mera máquina, como se fosse um grande relógio. Ele disse: "A gravidade
explica os movimentos dos planetas, mas não pode explicar quem colocou os
planetas em movimento. Deus governa todas as coisas e sabe tudo o que é ou pode
ser feito". Atribui-se a ele, embora os descrentes neguem, uma obra
contendo profecias sobre o Fim do Mundo.
Newton, como muitos cientistas e filósofos, tinha uma visão
sobre o divino que certamente teve origem no Neoplatonismo, ideias presentes no
Gnosticismo, Hermetismo, Orfismo, Ocultismo, Alquimia e outras escolas
filosóficas e esotéricas. Newton contribuiu para formar a ideia de uma “religião
natural”, que é uma das ideias básicas do Paganismo Moderno.
Newton não está sozinho nesse panteão de heróis que tentaram
desvelar a verdade para todos, não aquela que convém a convenções e
instituições humanas, mas a verdade sobre a vida, o mundo e o universo. Outros
também contrariaram o poder da Igreja, da Academia e da Descrença.
A minha intenção é falar um pouco sobre estes personagens,
mas o dileto e eventual leitor deve estar imaginando qual relação existe entre Filosofia,
Neoplatonismo, Gnosticismo, Ocultismo e Paganismo Moderno. Cada coisa em seu
tempo, caro leitor. Por enquanto mitigue sobre o discurso do descrente e sobre
sua credibilidade.
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