O cristão observa a Quaresma antes da Páscoa e é bem
interessante como existem diversas referências ao período de quarenta dias em
diversos mitos bíblicos. Em sua forma original, a Quaresma e a Páscoa ocorrem
na mesma época do Pessach. A narrativa mítica, compilada de diversas tradições
orais, conta que a Pessach ocorreu durante o Êxodo do povo Judeu do Egito, no
entanto estes fatos não possuem confirmação histórica, portanto é bem provável
que os rabinos do Sinédrio, ao compilarem a Torah, na época do Segundo Templo, convenientemente
encaixaram o Êxodo e a Pessach na mesma data das festividades babilônicas.
O povo Judeu tem origens em comuns com diversos povos do
Oriente Médio e seus ancestrais, os Hebreus, eram politeístas. O povo Judeu é
uma das Doze Tribos descendentes de Jacó, descendente de Isaque e Abraão,
apenas para ficarmos com alguns patriarcas míticos. Pelo texto compilado, a
árvore genealógica de Abraão remonta até aos filhos de Noé, assim os Judeus
explicam miticamente seu parentesco em comum com os Cananeus e outros povos
antigos do Oriente Médio. Ainda que tenham se tornado monoteístas, os Judeus
guardaram muito de sua herança cultural, então não é de todo surpreendente que,
durante seu Cativeiro na Babilônia, tenham facilmente adotado as crenças e
cultos babilônicos, o que deve ter deixado os rabinos com o problema de
encaixar a religião oficial do Sinédrio na religião popular.
Assim como os padres cristãos, os rabinos judeus fizeram uma
piedosa fraude e encaixaram o calendário babilônico nas tradições judaicas. Eis
o calendário babilônico que compreende o tempo da Pessach:
Ressurreição de
Tammuz, 20 de março e Morte de Tammuz, 21 de julho, onde se observava quarenta
dias de lamentação. [Assyrian Voice][link morto].
De acordo com os Evangelhos, Cristo estava celebrando a
Pessach, não a Quaresma ou a Páscoa, estas foram santas fabricações posteriores
da Igreja. No entanto, quando o Cristianismo tornou-se, graças ao Império
Romano [Constantino e Teodósio], a única religião oficial, os padres da Igreja
imitaram os rabinos do Sinédrio e cristianizaram uma celebração judaica que
tinha origens pagãs.
A Pessach, assim como a Quaresma, tem suas raízes na
celebração do Akitu, o Ano Novo Babilônico, celebrado durante o equinócio de
primavera (que ocorre nos dias 20 ou 21 de março), durava 12 dias e culminava
no Festival de Ishtar [hoje o domingo de Páscoa], celebrado no primeiro
domingo, após a primeira lua cheia, após o equinócio vernal. O Akitu era a
celebração do renascimento da natureza, o Festival de Ishtar era a celebração
da fertilidade e fecundidade da Deusa Mãe, quem gerou todos, bem como a
ressurreição de seu filho/consorte Tammuz, o “Filho de Deus Encarnado”. O período
de quarenta dias foi decretado como um período de lamentação antecipando a
morte de Tammuz, período que era acompanhado por restrições alimentares.
Estudiosos da religião e do mito de Tammuz reconhecem que as
mitologias babilônicas e bíblicas são a mesma história: a descrição da
concepção do Deus (o casamento sagrado no Akitu no equinócio vernal) e o
nascimento do Deus no solstício de inverno, cerca de nove meses depois, por
volta de 25 de dezembro, a morte do Deus no solstício de verão e então o renascimento
como o Filho de Deus, no equinócio vernal. [Speak Assyria][link indisponível]
Em suma, a Quaresma é pagã, a Páscoa é pagã.
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