Korybantes eram dançarinos guerreiros que adoravam a Deusa
Cibele com danças e tambores. Kuretes ou Kouretes eram nove dançarinos que adoravam
a Deusa Réia.
Os coribantes podem ser comparados aos Dactyls, raça mítica
associada à Grande Mãe. Eles eram espíritos masculinos, como os Cabiri, um
grupo de divindades ctônicas.
No mito sobre o nascimento de Zeus, quando Gaia/Réia/Cibele
veio a Creta e escondeu o infante Zeus em uma caverna, os coribantes cretenses ritualisticamente
batiam suas lanças e escudos para que Cronos não o achasse.
Os salii podem ser comparados aos coribantes. Os salii eram
sacerdotes ou guerreiros dançarinos do Deus Marte, pelos paramentos, pela
relação de fraternidade e pelo rito de passagem, uma vez que os ritos eram
executados por jovens rapazes que entravam na idade adulta.
Os coribantes eram chamados couretes por sua relação ao
Grane Kouros, que era Zeus, depois foi identificado como Zagreus, ou Dioniso. A
associação dos couretes com Dioniso segue um típico padrão de uma religião de
mistério iniciática, representando o drama do nascimento, crescimento, morte e
ressurreição. Nós podemos entender o drama entre Cronos e Zeus nesse sentido.
Nos mitos, Zeus nasceu em uma caverna na região de Dikte ou
Ida, em Creta. Chamado de Grande Kouros, seu nome é invocado com júbilos,
danças e músicas. Este ato, consumado pelo Deus em pessoa, garante a
fertilidade dos campos e do gado. Aqui Zeus é identificado como um jovem que
entra na idade adulta, não como filho de um Deus ou de uma Deusa, mas como um
líder entre semelhantes, carregando o thiasos como as menades de Dioniso.
Os couretes aparecem no mito de nascimento de Zeus em
conjunto com os mistérios de Demeter e Dioniso. Estrabão descreve os couretes
como guerreiros dançarinos que ajudam Réia a esconder Zeus de Cronos. Como na
história, o mito deve ser entendido como uma continuação de outro mito.
Para entender o mito do nascimento de Zeus, temos que
entender o mito de Cronos. Assim como Zeus, Cronos estava predestinado a se
rebelar contra seu pai, Urano, em benefício de Gaia e de seus irmãos. Cronos
engolia seus filhos não por ser um pai desnaturado, mas porque temia e sabia
que um de seus filhos haveria de destroná-lo. Cronos não é um arquétipo da
pulsão humana pela destruição.
A imersão de Zeus como infante e Zeus como jovem que entra
na idade adulta ressalta que este é um rito de passagem. Em todas as culturas
humanas, o jovem passa por um rito de passagem, que encena sua morte e
ressurreição, um rito iniciático, onde a criança morre, dando lugar ao adulto.
O mito do nascimento de Zeus é igualmente um rito de passagem, um rito
iniciático, quando a morte, ou o tempo, é vencido, para dar vez a uma nova
vida, um novo tempo.
No mito de nascimento de Zeus, os couretes parecem servir ou
adorar uma Deusa, mas seu objetivo é esconder, ocultar, proteger Zeus. Os
couretes estavam, na verdade, protegendo o mistério que repousava dentro da
caverna. Os couretes agem como guardiões do caminho iniciático, essa jornada
que fazemos dentro do labirinto que existe em nós mesmos. Os couretes levam
Zeus dos braços de Réia, para emancipar Zeus de Réia, para introduzir Zeus na
fraternidade masculina, para ensinar Zeus suas obrigações como homem. Então os
couretes estavam a serviço de Zeus, não de Réia.
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