sábado, 13 de junho de 2015

O mito e mistério dos guerreiros dançarinos

Korybantes eram dançarinos guerreiros que adoravam a Deusa Cibele com danças e tambores. Kuretes ou Kouretes eram nove dançarinos que adoravam a Deusa Réia.
Os coribantes podem ser comparados aos Dactyls, raça mítica associada à Grande Mãe. Eles eram espíritos masculinos, como os Cabiri, um grupo de divindades ctônicas.
No mito sobre o nascimento de Zeus, quando Gaia/Réia/Cibele veio a Creta e escondeu o infante Zeus em uma caverna, os coribantes cretenses ritualisticamente batiam suas lanças e escudos para que Cronos não o achasse.
Os salii podem ser comparados aos coribantes. Os salii eram sacerdotes ou guerreiros dançarinos do Deus Marte, pelos paramentos, pela relação de fraternidade e pelo rito de passagem, uma vez que os ritos eram executados por jovens rapazes que entravam na idade adulta.
Os coribantes eram chamados couretes por sua relação ao Grane Kouros, que era Zeus, depois foi identificado como Zagreus, ou Dioniso. A associação dos couretes com Dioniso segue um típico padrão de uma religião de mistério iniciática, representando o drama do nascimento, crescimento, morte e ressurreição. Nós podemos entender o drama entre Cronos e Zeus nesse sentido.
Nos mitos, Zeus nasceu em uma caverna na região de Dikte ou Ida, em Creta. Chamado de Grande Kouros, seu nome é invocado com júbilos, danças e músicas. Este ato, consumado pelo Deus em pessoa, garante a fertilidade dos campos e do gado. Aqui Zeus é identificado como um jovem que entra na idade adulta, não como filho de um Deus ou de uma Deusa, mas como um líder entre semelhantes, carregando o thiasos como as menades de Dioniso.
Os couretes aparecem no mito de nascimento de Zeus em conjunto com os mistérios de Demeter e Dioniso. Estrabão descreve os couretes como guerreiros dançarinos que ajudam Réia a esconder Zeus de Cronos. Como na história, o mito deve ser entendido como uma continuação de outro mito.
Para entender o mito do nascimento de Zeus, temos que entender o mito de Cronos. Assim como Zeus, Cronos estava predestinado a se rebelar contra seu pai, Urano, em benefício de Gaia e de seus irmãos. Cronos engolia seus filhos não por ser um pai desnaturado, mas porque temia e sabia que um de seus filhos haveria de destroná-lo. Cronos não é um arquétipo da pulsão humana pela destruição.
A imersão de Zeus como infante e Zeus como jovem que entra na idade adulta ressalta que este é um rito de passagem. Em todas as culturas humanas, o jovem passa por um rito de passagem, que encena sua morte e ressurreição, um rito iniciático, onde a criança morre, dando lugar ao adulto. O mito do nascimento de Zeus é igualmente um rito de passagem, um rito iniciático, quando a morte, ou o tempo, é vencido, para dar vez a uma nova vida, um novo tempo.
No mito de nascimento de Zeus, os couretes parecem servir ou adorar uma Deusa, mas seu objetivo é esconder, ocultar, proteger Zeus. Os couretes estavam, na verdade, protegendo o mistério que repousava dentro da caverna. Os couretes agem como guardiões do caminho iniciático, essa jornada que fazemos dentro do labirinto que existe em nós mesmos. Os couretes levam Zeus dos braços de Réia, para emancipar Zeus de Réia, para introduzir Zeus na fraternidade masculina, para ensinar Zeus suas obrigações como homem. Então os couretes estavam a serviço de Zeus, não de Réia.

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