sexta-feira, 12 de junho de 2015

Nada de novo sob o sol

Na coluna do Paganismo do Patheos, na página do Agora, Conor Warren escreveu um texto com uma pergunta aparentemente simples: de quem é o sol?
O sol está associado a diversos Deuses e Deusas, foi adorado de diversas formas, por diversos povos. Isto deve dar um nó em muitos pagãos, então eu espero que meus irmãos e irmãs saibam ler história para perceberem que era normal e natural para nossos ancestrais tomarem um Deus ou Deusa de outro povo e identificar com um Deus ou Deusa de seu panteão, pelas semelhanças de atributos, poderes ou simbologia. Viam semelhanças, mas não os tratavam como sendo a mesma pessoa divina. Todos nós temos pais e nossos pais têm seus talentos, suas virtudes, seus atributos. No entanto, cada um tem o seu pai e sua mãe.
Os Deuses estabeleciam um vínculo com os povos que os adoravam similar ao relacionamento familiar, muito embora estes Deuses não tenham ou pertençam a uma etnia específica. Os Deuses têm muito mais uma conexão com o local de seu domínio do que com o povo que ali habita. Então é algo bastante evidente que cada pessoa divina escolha elementos da natureza para se manifestar e se revelar ao seu povo, por isso que o sol é um fenômeno natural com tantas pessoas divinas se identificando com ele.
Se há um ente divino que seja o sol propriamente dito, ele ou ela não parece se importar que outros Deuses ou Deusas usem esta lâmpada para se apresentar aos homens. Tal como o sol, o astro rei, este Rei ou Rainha deve ficar orgulhoso quando uma pessoa divina utiliza o sol como sua flâmula.
Os diversos Deuses e Deusas associados ao sol tinham um vínculo com uma determinada região e estabeleceram um vínculo com um determinado povo, com mitos, mistérios, ritos e sacerdócio específicos.
Deuses e Deusas não são ciumentos, não se importam que seu povo adorem outros Deuses e Deusas, mas certamente os Deuses e Deusas tem ciúmes se veem seu povo chamarem outro Deus ou Deusa para seus ritos e se sentem ofendidos se são chamados para ritos que não lhes pertence.
Muita coisa foi perdida e esquecida com a imposição do Cristianismo, o multiculturalismo era uma realidade desde o tempo de Alexandre o Grande e muitos Deuses e Deusas perderam esse vínculo com um determinado local e povo para se tornarem religiões populares. Meio como reflexo dessa perda de identidade e meio como resultado da massificação de certas ideias por celebridades pagãs, o Paganismo Moderno acabou assimilando esse conceito da Teosofia de que todos os Deuses são o Deus e que todas as Deusas são a Deusa. Estes conceitos são fartamente utilizados pelas Religiões da Deusa, pelo Dianismo e pela Pop-Wicca para conquistar a popularidade entre um público cada vez mais ansioso por espiritualidades, crenças e religiões alternativas. E isto apenas nos torna motivo de chacota, não de respeito.
Eu espero que o curioso, o simpatizante e o pagão moderno saibam primeiro respeitar seus antepassados e ancestrais, para então respeitar os mitos, os mistérios, os ritos, os sacerdócios e os Deuses.

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