Em São Paulo, algumas ruas têm uma atividade tão característica que acabam se tornando referência, como se fossem "ruas temáticas", como a Santa Ifigênia, a 25 de Março, a Teodoro Sampaio.
Ainda não aconteceu, mas eu imagino como seria uma "rua temática" cuja característica fosse a religião. Na praça central, uma imensa igreja católica, com centenas de membros, a maioria católico nominal. Ao longo da rua, de um lado e de outro da calçada, se espalhariam as demais denominações do Cristianismo. Nas partes com moradores com nível de instrução maior e melhor situação financeira estariam as chamadas "religiões alternativas".
Ainda não está tão escancarado, mas tal como as demais "ruas temáticas", aqui religião e comércio seriam a mesma coisa. Cada qual tentando chamar mais clientela. Isso seria uma boa forma de entender como é possível que "religiosos" tenham defendido na Argentina a legalização do aborto. Ou então que igrejas tenham assinado um documento na Holanda contra a homofobia.
Daqui de minha lojinha, enquanto disputo clientes com os primos e os brimos, eu tento entender a polêmica que a famigerada IBWB causou na comunidade pagã brasileira ao criticarem a Globo por esta não ter dado espaço para a "religião da bruxaria" no programa "Sagrado". Opa, para tudo. Primeiro, a Bruxaria está mais para uma prática do que para uma religião. Segundo, a IBWB não é, nem de perto, a representante mais adequada da comunidade pagã brasileira. Terceiro, o programa é da Globo e cabe à empresa definir o conteúdo de seus programas. Na seqüência, vem a União Wicca [outra organização pagã] pedindo "explicações" por essa exclusão da religião Wicca do programa e a resposta não poderia ter sido mais clara. Até aí, nada de mais, certo? Errado. Pagãos, bruxos e wiccanos não passaram procuração alguma nem à IBWB, nem à União Wicca, nem ao Conselho de Bruxaria Tradicional para serem os representantes ou porta-vozes da comunidade pagã brasileira. Além da questão que, por princípio, condenamos o proselitismo. Temos diversos grupos, organizações e pessoas que estão divulgando e esclarecendo à opinião pública, então não cabe a nenhum grupo, organização ou pessoa em especial chamar a si a incumbência de nos representar.
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