Nossa espécie é única, em muitos sentidos. Nós produzimos e transmitimos um conjunto de conceitos, imagens e símbolos que perfazem a cultura. Nossa espécie é a única a manifestar conscientemente e socialmente tal produção e transmissão. Nossa espécie é a única a se reinventar de tempos em tempos, aperfeiçoando ou revolucionando suas concepções sobre nós mesmos, sobre o mundo e sobre a vida.
No campo mundano nossa espécie avançou, revolucionando na economia, na tecnologia, na sociedade, na política. Mas no campo sentimental, erótico-afetivo e religioso nossa espécie estagnou, quando não tem um perigoso retrocesso.
Antigamente, quando honrávamos nossos ancestrais, quando tínhamos fortes laços com nossa comunidade, quando respeitávamos os ciclos da natureza, quando estávamos cientes de nossa comunhão com o mundo, nós simplesmente acreditávamos nos Deuses que estavam intimamente vinculados com nossa origem, com nossa identidade, com nossa essência, nós éramos capazes de amar e compartilhar indistintamente.
O tempo passou, nós crescemos e desenvolvemos um peculiar estranhamento com aqueles valores básicos que eram a nossa razão de ser. Esquecemos de nossos ancestrais, criamos um individualismo suicida. Ao invés de trabalhar com a natureza, passamos a forçá-la a atender as nossas necessidades alimentares e econômicas. Passamos a nos alienar do mundo e negligenciar nossa essência. Construímos sociedades ordenadas pelo medo, violência e ódio. Por um moralismo hipócrita e um puritanismo neurótico, nós criamos diversos tabus e proibições que empobreceram nossa capacidade erótico-afetiva. A pobreza, a miséria, a guerra, a criminalidade são meros sintomas dessa nossa doença.
Imagine agora uma alternativa para que seja possível retomar em nossas mãos as rédeas de nossas vidas, reaver a liberdade que existia antes, ter livre-arbítrio com consciência e responsabilidade, reconquistando o poder que delegamos a outrem, fazer as pazes com nossa comunidade, com nossa essência, com a natureza, o mundo. Utopia? Impossível? Talvez, para quem se acostumou a viver como um rebanho e teme se revoltar contra os lobos que os pastoreia. O Paganismo é esta alternativa existe e torna possível a revolução espiritual necessária para que nos tornemos mais humanos.
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