Estas são as principais doutrinas que devem ser conhecidas por quem for prudente:
1) A primeira destas diz respeito aos Deuses: que Eles são. Um dos Deuses é Zeus, o supremo soberano, ao mesmo tempo o maior e o melhor que é possível ser. Está por cima de toda esta ordem e é singularmente a mais alta Divindade. É no Seu próprio ser e na sua integralidade completamente não gerado; é pai e o mais alto dos criadores de todos os outros Deuses. O seu filho mais velho, também sem mãe, e segundo Deus, é Poseidon. Assuntos secundários foram conferidos por Zeus a Poseidon, que é mestre de todas as coisas que não são do Alto; e, além disso, Poseidon é a origem e o criador dos céus. Usa os outros Deuses como coadjuvantes, como irmãos, todos eles sem mãe e supercelestiais - aqui Se incluem tanto os Olimpianos como os Tartáreos. Gerou com Hera, uma Deusa que produz matéria, outros Deuses no seio dos céus, tanto a geração celestial das estrelas como a geração ctónica e os espíritos que estão por natureza perto de nós. Em Hélios, o mais velho dos Seus próprios filhos, depositou a Sua confiança como mestre dos céus, e, além disso, Hélios é a fonte das coisas mortais que aí se encontram. Todavia, Ele conseguiu isto com Kronos, um dos Titãs do Tártaro e Seu líder.
Os Tartáreos são diferentes dos Deuses Olímpicos. Os Olimpianos são os criadores e regedores dos imortais nos céus, mas os Tartáreos governam os mortais aqui; portanto, Kronos dos Tartáreos, Ele próprio líder dos Titãs, governa sobre todos os mortais. Hera, a segunda após Poseidon entre os Olimpianos, é a criadora e regedora da matéria mais elevada, em si mesma indestrutível. Fez isto pelas coisas feitas em conjunto com Poseidon. Poseidon manda em toda a forma tanto dos imortais como dos mortais. É o mestre no Universo. Verdadeiramente ordenou toda a ordem. Uma vez que Zeus, sozinho na Sua singularidade da Sua mais alta Divindade, governa à parte e acima do Universo. Que seja esta então a primeira doutrina que alguém compreende e em que acredita.
2) A seguir, que estes Deuses fazem por nós. Por um lado, Eles salvaguardam-Se a Si mesmos de imediato, por outro, através de Si mesmos seguram o que Lhes é inferior, e todos são inteiramente colocados no seu devido lugar de acordo com as leis de Zeus.
3) A seguir, que Eles não são responsáveis por quaisquer males, nem no Universo nem para nós, no entanto, são os principais responsáveis pelas coisas boas.
4) E em adenda a estas coisas, por um destino inalterável e inexorável derivado de Zeus, cada qual cumpre o seu propósito de acordo com o melhor. Estas são as doutrinas que dizem respeito aos Deuses.
5) A respeito do universo, primeiro que o universo é eterno. Tanto o segundo como o terceiro nível dos Deuses está nele. Este universo foi concebido por Zeus; não teve início no tempo nem terá um fim.
6) A seguir, que dos muitos universos, foi ajuntado numa unidade.
7) A seguir, que o melhor do possível foi feito, de tal modo que nada foi deixado de fora e tudo o que lhe fosse acrescentado seria excessivo.
8) Além disso, o que foi estabelecido desta forma irá sempre ser preservado sem perturbação. Estas são então as doutrinas sobre o universo.
9) A respeito de nós próprios, primeiro que a nossa alma, sendo da mesma espécie que os Deuses, é imortal e permanece neste universo durante todo o tempo e é eterna.
10) A seguir, que a alma é enviada cá para baixo pelos Deuses com o propósito de tomar um corpo mortal, uma vez num corpo, noutra vez noutro corpo, em nome da harmonia do Universo. Que, mesmo que tenhamos uma parte nas coisas mortais, algo em nós é dos imortais e esta é a nossa forma. Deste modo, o universo em si próprio está unido a si mesmo.
11) A seguir, que o bem está em nós, naturalmente através dos nossos laços aos Deuses, e este é o objectivo da vida.
12) Além de tudo isto, deve também ser sabido que a nossa felicidade está na nossa parte imortal, posta aí pelos Deuses que unem a nossa gente, e essa é a substância e mais importante parte do homem.
Estas, doze ao todo, são as principais doutrinas a respeito dos Deuses, deste universo e da nossa natureza. Se alguém, motivado pela prudência referentes ao que é necessário, quiser também ser realmente prudente, deve então saber e estar consciente destas coisas.
Fonte: Gladius
PS: Georgius Gemistos [1355-1452] foi um filósofo e erudito grego neoplatônico, um dos pioneiros no revival do aprendizado dos mestres gregos no início da Renascença na Europa Ocidental.
Seu platonismo, no qual se mesclam elementos neoplatônicos, neopitagóricos e aristotélicos, configura-se como um emanatismo aonde a alma é uma emanação das idéias, que por sua vez emanan do Uno, ou de Deus e aspira a uma restauração do politeísmo grego, ao qual devia subordinar-se o cristianismo.[wikipédia]
Notadamente, a concepção de Georgius reflete a degeneração da religião pré-cristã que existia na Grécia no século XIV-XV, algo que teve início na chamada Era Dourada, quando as cidades-estado da antiga Grécia tentavam a todo custo estabelecer o domínio destas sobre as cidades rurais, através da propagação dos ideais filosóficos "racionais" contra os "supersticiosos", os ideais "civilizados" contra os "selvagens", os ideais "urbanos" contra os "rurais".
1) A primeira destas diz respeito aos Deuses: que Eles são. Um dos Deuses é Zeus, o supremo soberano, ao mesmo tempo o maior e o melhor que é possível ser. Está por cima de toda esta ordem e é singularmente a mais alta Divindade. É no Seu próprio ser e na sua integralidade completamente não gerado; é pai e o mais alto dos criadores de todos os outros Deuses. O seu filho mais velho, também sem mãe, e segundo Deus, é Poseidon. Assuntos secundários foram conferidos por Zeus a Poseidon, que é mestre de todas as coisas que não são do Alto; e, além disso, Poseidon é a origem e o criador dos céus. Usa os outros Deuses como coadjuvantes, como irmãos, todos eles sem mãe e supercelestiais - aqui Se incluem tanto os Olimpianos como os Tartáreos. Gerou com Hera, uma Deusa que produz matéria, outros Deuses no seio dos céus, tanto a geração celestial das estrelas como a geração ctónica e os espíritos que estão por natureza perto de nós. Em Hélios, o mais velho dos Seus próprios filhos, depositou a Sua confiança como mestre dos céus, e, além disso, Hélios é a fonte das coisas mortais que aí se encontram. Todavia, Ele conseguiu isto com Kronos, um dos Titãs do Tártaro e Seu líder.
Os Tartáreos são diferentes dos Deuses Olímpicos. Os Olimpianos são os criadores e regedores dos imortais nos céus, mas os Tartáreos governam os mortais aqui; portanto, Kronos dos Tartáreos, Ele próprio líder dos Titãs, governa sobre todos os mortais. Hera, a segunda após Poseidon entre os Olimpianos, é a criadora e regedora da matéria mais elevada, em si mesma indestrutível. Fez isto pelas coisas feitas em conjunto com Poseidon. Poseidon manda em toda a forma tanto dos imortais como dos mortais. É o mestre no Universo. Verdadeiramente ordenou toda a ordem. Uma vez que Zeus, sozinho na Sua singularidade da Sua mais alta Divindade, governa à parte e acima do Universo. Que seja esta então a primeira doutrina que alguém compreende e em que acredita.
2) A seguir, que estes Deuses fazem por nós. Por um lado, Eles salvaguardam-Se a Si mesmos de imediato, por outro, através de Si mesmos seguram o que Lhes é inferior, e todos são inteiramente colocados no seu devido lugar de acordo com as leis de Zeus.
3) A seguir, que Eles não são responsáveis por quaisquer males, nem no Universo nem para nós, no entanto, são os principais responsáveis pelas coisas boas.
4) E em adenda a estas coisas, por um destino inalterável e inexorável derivado de Zeus, cada qual cumpre o seu propósito de acordo com o melhor. Estas são as doutrinas que dizem respeito aos Deuses.
5) A respeito do universo, primeiro que o universo é eterno. Tanto o segundo como o terceiro nível dos Deuses está nele. Este universo foi concebido por Zeus; não teve início no tempo nem terá um fim.
6) A seguir, que dos muitos universos, foi ajuntado numa unidade.
7) A seguir, que o melhor do possível foi feito, de tal modo que nada foi deixado de fora e tudo o que lhe fosse acrescentado seria excessivo.
8) Além disso, o que foi estabelecido desta forma irá sempre ser preservado sem perturbação. Estas são então as doutrinas sobre o universo.
9) A respeito de nós próprios, primeiro que a nossa alma, sendo da mesma espécie que os Deuses, é imortal e permanece neste universo durante todo o tempo e é eterna.
10) A seguir, que a alma é enviada cá para baixo pelos Deuses com o propósito de tomar um corpo mortal, uma vez num corpo, noutra vez noutro corpo, em nome da harmonia do Universo. Que, mesmo que tenhamos uma parte nas coisas mortais, algo em nós é dos imortais e esta é a nossa forma. Deste modo, o universo em si próprio está unido a si mesmo.
11) A seguir, que o bem está em nós, naturalmente através dos nossos laços aos Deuses, e este é o objectivo da vida.
12) Além de tudo isto, deve também ser sabido que a nossa felicidade está na nossa parte imortal, posta aí pelos Deuses que unem a nossa gente, e essa é a substância e mais importante parte do homem.
Estas, doze ao todo, são as principais doutrinas a respeito dos Deuses, deste universo e da nossa natureza. Se alguém, motivado pela prudência referentes ao que é necessário, quiser também ser realmente prudente, deve então saber e estar consciente destas coisas.
Fonte: Gladius
PS: Georgius Gemistos [1355-1452] foi um filósofo e erudito grego neoplatônico, um dos pioneiros no revival do aprendizado dos mestres gregos no início da Renascença na Europa Ocidental.
Seu platonismo, no qual se mesclam elementos neoplatônicos, neopitagóricos e aristotélicos, configura-se como um emanatismo aonde a alma é uma emanação das idéias, que por sua vez emanan do Uno, ou de Deus e aspira a uma restauração do politeísmo grego, ao qual devia subordinar-se o cristianismo.[wikipédia]
Notadamente, a concepção de Georgius reflete a degeneração da religião pré-cristã que existia na Grécia no século XIV-XV, algo que teve início na chamada Era Dourada, quando as cidades-estado da antiga Grécia tentavam a todo custo estabelecer o domínio destas sobre as cidades rurais, através da propagação dos ideais filosóficos "racionais" contra os "supersticiosos", os ideais "civilizados" contra os "selvagens", os ideais "urbanos" contra os "rurais".
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