Em geral se crê que a união sexual tem apenas dois objetivos, o do erotismo – prazer erótico – e o da reprodução, mas na verdade há outros objetivos e, por mais inacreditável que seja para a maioria das pessoas, existe um aspecto ligado à comunhão com o Divino. Podemos dizer que a união sexual pode não ter como motivação somente a gratificação erótica, e a reprodução da espécie, mas também uma forma de complementação dos seres, tal como acontece com dois elementos químicos que se combinam, com dois imãs que se unem.
O masculino, assim como o feminino, é incompleto até se unirem. Diziam os antigos que a unificação física com a mulher era um dos poucos meios do homem se tornar espiritualmente completo e assim poder chegar à gnose, ao conhecimento do lado divino quando ainda encarnado. Um ponto básico do misticismo do Antigo Egito prendia-se ao Mito de Osíris onde consta haver ele sido dividido em pedaços e espalhados pela terra, e que Isis começou a junta-los para reconstituí-lo . No sentido simbólico isso mostra a importância do masculino pelo Divino Feminino cuja meta é o da completitude do masculino – Osíris – é através da União com o divino feminino – Isis.
Outras cosmogonias, motivadas pelo predomínio social do masculino, colocaram a fracionabilidade como sendo inerente ao pólo feminino, assim criaram a Eva Bíblica. Inverteram os pólos tirando a incompletitude – fragmentação – do pólo masculino e colocando-a no feminino. Eliminaram o Divino Feminino, apagaram o papel de Isis. Expurgaram o Divino Feminino substituindo-o pelo masculino, desde então o masculino passou a ser o lado Salvador.
Os egípcios, tendo ciência da divisão de Osíris, primava pela união das partes, do masculino com o feminino para se complementarem e constituírem a unicidade.
A sociedade separatista afastou a mulher do sagrado chegando a colocá-la no lugar de causadora do “pecado original” e consequentemente descriminá-la em uma posição de inferioridade e de gênese de todos os males oriundos da fracionabilidade.
No Antigo Egito a posição da mulher era deveras respeitável, seus direitos eram praticamente iguais aos do homem, pois os sacerdotes sabiam do Divino Feminino. Na verdade a figura de Isis no mínimo era tida como igual para igual com a de Osíris. Por isso, ali os ritos sexuais eram considerados uma forma de ligação entre o inferior e o superior, por meio dos quais o ser podia vivenciar, mais que um prazer erótico, vivenciar um estado de êxtase no qual ficava com a mente totalmente vazia, afastada de tudo o que constitui predomínio da mente e assim poder “ver” Deus.
O modo como os Mestres da antiguidade encaravam o sexo é totalmente diferente, diametralmente o oposto ao modo como o encaramos hoje em dia. Eles não consideravam a supremacia do lado erótico, o da gratificação dos sentidos físicos. Sabiam que o sexo é que possibilita a caiação de novas vidas, o milagre dos milagres, e só um deus podia realizar milagres.
Nesse contexto a união sexual tem também o seu lugar no processo é manifestação da espiritualidade, e nesse sentido transcende um nível mais elevado do que um simples ato prazeroso, uma cerimônia profundamente sacrossanta.
O conceito de sexo como caminho para Deus, a princípio, era mesmo um tanto espantoso, embora muitas Tradições envolvesse o sexo ritualístico praticado dentro dos Templos. Os templos da antiguidade diferiam dos de hoje em que eles existem como local para oração. No passado muitos aspectos da espiritualidade eram praticados nos templos.
Os primeiros judeus acreditavam que o Santo dos Santos do Templo de Salomão abrigava não só Deus, como também sua poderosa consorte feminina, Shekinah (sentido simbólico). Daí, os homens que buscavam a integridade espiritual vinham também ao Templo visitar sacerdotisas – ou hierodulas – com quais faziam amor e assim experimentar o Divino através da união física.
O uso do sexo pela humanidade para comungar diretamente com Deus representava uma séria ameaça à base do poder da Igreja Católica. Aquilo deixava a Igreja de fora, debilitando o status que ela mesma se atribuíra de único caminho para Deus. Por isso a Igreja fez de tudo para demonizar o sexo e reinterpretá-lo como um ato pecaminoso e repulsivo.
Embora nossa herança milenar e nossa própria fisiologia nos digam que o sexo é natural – um caminho muito puro para a evolução espiritual – mesmo assim, a religião moderna o deprecia considerando-o vergonhoso, ensinando-nos a temer os nossos desejos sexuais como se fossem inspirações demoníacas.
Autor: Laércio do Egito
O masculino, assim como o feminino, é incompleto até se unirem. Diziam os antigos que a unificação física com a mulher era um dos poucos meios do homem se tornar espiritualmente completo e assim poder chegar à gnose, ao conhecimento do lado divino quando ainda encarnado. Um ponto básico do misticismo do Antigo Egito prendia-se ao Mito de Osíris onde consta haver ele sido dividido em pedaços e espalhados pela terra, e que Isis começou a junta-los para reconstituí-lo . No sentido simbólico isso mostra a importância do masculino pelo Divino Feminino cuja meta é o da completitude do masculino – Osíris – é através da União com o divino feminino – Isis.
Outras cosmogonias, motivadas pelo predomínio social do masculino, colocaram a fracionabilidade como sendo inerente ao pólo feminino, assim criaram a Eva Bíblica. Inverteram os pólos tirando a incompletitude – fragmentação – do pólo masculino e colocando-a no feminino. Eliminaram o Divino Feminino, apagaram o papel de Isis. Expurgaram o Divino Feminino substituindo-o pelo masculino, desde então o masculino passou a ser o lado Salvador.
Os egípcios, tendo ciência da divisão de Osíris, primava pela união das partes, do masculino com o feminino para se complementarem e constituírem a unicidade.
A sociedade separatista afastou a mulher do sagrado chegando a colocá-la no lugar de causadora do “pecado original” e consequentemente descriminá-la em uma posição de inferioridade e de gênese de todos os males oriundos da fracionabilidade.
No Antigo Egito a posição da mulher era deveras respeitável, seus direitos eram praticamente iguais aos do homem, pois os sacerdotes sabiam do Divino Feminino. Na verdade a figura de Isis no mínimo era tida como igual para igual com a de Osíris. Por isso, ali os ritos sexuais eram considerados uma forma de ligação entre o inferior e o superior, por meio dos quais o ser podia vivenciar, mais que um prazer erótico, vivenciar um estado de êxtase no qual ficava com a mente totalmente vazia, afastada de tudo o que constitui predomínio da mente e assim poder “ver” Deus.
O modo como os Mestres da antiguidade encaravam o sexo é totalmente diferente, diametralmente o oposto ao modo como o encaramos hoje em dia. Eles não consideravam a supremacia do lado erótico, o da gratificação dos sentidos físicos. Sabiam que o sexo é que possibilita a caiação de novas vidas, o milagre dos milagres, e só um deus podia realizar milagres.
Nesse contexto a união sexual tem também o seu lugar no processo é manifestação da espiritualidade, e nesse sentido transcende um nível mais elevado do que um simples ato prazeroso, uma cerimônia profundamente sacrossanta.
O conceito de sexo como caminho para Deus, a princípio, era mesmo um tanto espantoso, embora muitas Tradições envolvesse o sexo ritualístico praticado dentro dos Templos. Os templos da antiguidade diferiam dos de hoje em que eles existem como local para oração. No passado muitos aspectos da espiritualidade eram praticados nos templos.
Os primeiros judeus acreditavam que o Santo dos Santos do Templo de Salomão abrigava não só Deus, como também sua poderosa consorte feminina, Shekinah (sentido simbólico). Daí, os homens que buscavam a integridade espiritual vinham também ao Templo visitar sacerdotisas – ou hierodulas – com quais faziam amor e assim experimentar o Divino através da união física.
O uso do sexo pela humanidade para comungar diretamente com Deus representava uma séria ameaça à base do poder da Igreja Católica. Aquilo deixava a Igreja de fora, debilitando o status que ela mesma se atribuíra de único caminho para Deus. Por isso a Igreja fez de tudo para demonizar o sexo e reinterpretá-lo como um ato pecaminoso e repulsivo.
Embora nossa herança milenar e nossa própria fisiologia nos digam que o sexo é natural – um caminho muito puro para a evolução espiritual – mesmo assim, a religião moderna o deprecia considerando-o vergonhoso, ensinando-nos a temer os nossos desejos sexuais como se fossem inspirações demoníacas.
Autor: Laércio do Egito
Original perdido.
Um comentário:
Ótimo texto. A comunhão c/ o divino através do sexo não é novidade entre os orientais, mas no ocidente e nas religiões abraamicas, a função principal do sexo é a procriação. A questão é estar ciente de que as três funções do sexo (união com o divino, prazer e reprodução)podem se dar isoladamente ou em conjunto (muma relação estável).
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