Novos livros são publicados todo ano sobre as muitas formas de Neopaganismo e praticantes de todo lugar estão contribuindo para seu desenvolvimento com novas visões.
Entretanto, nem tudo vai bem. Nós chegamos bem longe nas ultimas décadas, mas nós não podemos descansar sobre os louros.
Existem muitos desafios que devemos enfrentar para preparar o caminho à frente. O propósito deste artigo é oferecer algumas sugestões quanto à natureza destes desafios e uma forma de começar a resolvê-los.
Resista ao fascínio das teorias de conspiração.
Queira ou não alguém se importar em ser levado a sério pelo publico em geral, o cultivo das teorias de conspiração como parte fundamental da narrativa coletiva eventualmente irá levar um grupo a autodestruição, isolado e incapaz de ser parte de qualquer realidade conjuntural. A atitude de "nós contra todos" não conduz a qualquer tipo de crescimento produtivo.
Nós estamos todos sabendo dos milhares que foram torturados e queimados, enforcados ou esmagados pelas autoridades cristãs no passado, mas é de mal gosto ao extremo tentar se apropriar da miséria de outros povos para reprimir as crenças de outras pessoas.
Nós sabemos também que existem diversas facções na sociedade atual que vêem o Neopaganismo é uma forma de conspiração satânica mundial, mas como podemos combater essas teorias de conspiração com mais teorias de conspiração? O que precisamos é distribuir informação realista.
As teorias de conspiração podem agir como um fator de unificação quando elas são usadas para conjurar imagens de um poderoso inimigo, irresistível e enganador, contra quem o grupo deve se proteger.
Os Cristãos tem usado esse tipo de imagem e esse é o método que devemos emprestar deles? Existem diversas formas de Neopaganismo, mas nós não podemos achar uma forma mais construtiva e sóbria de estabelecer o tipo de unidade que nós gostaríamos de ver?
O que é comumente esquecido é que o uso das teorias de conspiração não está limitada a pessoas de bom coração que genuinamente sente forças malignas agindo nos bastidores. O Terceiro Reich foi igualmente fundado em teorias de conspiração. As teorias de conspiração são brinquedos perigosos quando caem nas mãos erradas. Não devemos nunca colocar teorias de conspiração acima de nossa compaixão pela humanidade.
Não torne-se aquilo que condena.
Claro como um dia que há muitas pessoas que gostariam de ver o Neopaganismo ter um fim explosivo. Também tem muitos que tomam como sua missão especial na vida interferir com as vidas religiosas dos outros e tentam converter todo mundo para sua visão particular. Se os Neopagãos atraem a atenção da imprensa, nós somos muito frequentemente descritos como peões iludidos ou como capangas de Satan.
Cristãos fundamentalistas de direita parecem ser os oponentes mais estridentes ao Neopaganismo.
Nós devemos resistir à tentação em combater a estes ataques com os mesmos métodos usados por estas pessoas. Nós não precisamos levantar barricadas e nos colocar como representantes do divino.
Nós não precisamos cultivar nossos próprios dogmas de ferro para reprimir os heréticos e infiéis de nossas fileiras e mostrar uma fachada sólida. Quando falarmos contra os ataques deles, o façamos de uma forma sóbria e bem informada.
Conheça sua história.
Neopaganismo é isso mesmo: novo. Nos sentimos em casa em praticas antigas e visões mundiais e queremos ressuscitá-las como genuínas, caminhos religiosos praticáveis para o mundo atual.
Entretanto, nós sabemos que não podemos reviver tudo que nossos ancestrais faziam e nós temos que preencher as lacunas por nós mesmos. Ao fazê-lo torna nossa crença parecer falsa na visão de alguns, este é um sentimento razoável. Nós vivemos em uma sociedade que valoriza a autenticidade acima de tudo.
No pensamento moderno, a autenticidade é igual à realidade em si mesma e qualquer coisa que não é autêntica não pode ser real e portanto deve ser uma mentira.
Tudo tem um começo, inclusive a religião. Nossos ancestrais experimentaram a mudança e a inovação em suas práticas religiosas. Este é um processo natural e desejável e é bem melhor incentivar novas idéias brilhantes do que estagnarem algo velho simplesmente por ser velho. Mesmo o velho e o tradicional provavelmente começou como uma brilhante nova idéia.
A forma mais destrutiva de tentar ganhar autenticidade é inventar uma história. Nós podemos inventar novas práticas religiosas para a atualidade, baseadas em velhos valores, mas nós nunca devemos torcer ou reinventar a história para esta se ajustar às nossas necessidades.
Com esse conhecimento, nós podemos claramente ver aonde precisamos fazer esforços para preencher as lacunas em nossas crenças. Algumas práticas ancestrais precisarão ser descartadas.
Encare o presente.
Mesmo que sejamos capazes de saber tudo sobre antigas práticas religiosas e levarmos nossa crença exatamente igual como nossos ancestrais, tal tipo de crença não faz muito sentido nos dias atuais.
Nós não entenderemos as dificuldades e as ameaças que nossos antepassados enfrentaram.
Pelo fato que nos tornamos Neopagãos é algo que devemos a ancestrais mais recentes e nossos próprios esforços, estes esforços são algo que devemos guardar e celebrar.
Nascimento, envelhecimento, amor romântico e sensual, paternidade, morte e luto permanecem constantes e provavelmente ainda evocam as mesmas emoções que provocaram em nossos ancestrais.
Ao traduzir antigas divindades na linguagem moderna da crença, nós devemos pensar como os antigos atributos se relacionam com a nossa realidade.
Reduzir uma Deusa ou um Deus em um símbolo que sejam aceitáveis em um contexto moderno nos separam dos poderes da vida ou da morte que os Deuses parecem ter ou representar no mundo antigo.
Em essência, a experiência humana permanece intocável, mas circunstancias e valores não. Nós devemos encontrar uma forma prática para celebrar e expressar esta experiência básica humana em nossa vida religiosa.
A reintrodução do paganismo no palco mundial é um trabalho em progresso, não algo gravado em pedra. Nós queremos deixar um exemplo de pensamento critico, criativo e original diante das adversidades para nossas crianças e gerações futuras, que irão eventualmente olhar nosso esforços e aproveitá-los de acordo com suas próprias necessidades e padrões.
Autor: N.V. Andersen
Fonte: Mos Maiorum [link morto]
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