Mas eu fiquei mais intrigado com a reação do DCM, um jornal dito progressista.
Citando:
A cantora, compositora e historidadora (sic) Tertuliana Lustosa protagonizou uma polêmica durante sua apresentação no seminário “Gênero para além das fronteiras”, realizado na Universidade Federal do Maranhão (UFMA) na última quinta-feira (16). Em um ato que gerou repercussão nas redes sociais, a artista subiu em uma mesa de uma sala de aula e expôs os glúteos enquanto cantava letras de teor erótico. A universidade já anunciou que está averiguando o incidente.
(https://www.diariodocentrodomundo.com.br/essencial/video-historiadora-travesti-faz-danca-erotica-na-ufma-educando-com-o-c/)
Em nota, a universidade afirmou: “Como sabido, a Universidade é um espaço plural e de diálogos, dedicado ao conhecimento, à diversidade de ideias e ao respeito mútuo. Por isso, entendemos que a liberdade de expressão é um pilar fundamental da academia, mas também ressaltamos a importância de se manter um ambiente harmônico e respeitoso para todos os membros da nossa comunidade.”
“Por ser um lugar de múltiplas formas de conhecimento, os cursos de graduação e de pós-graduação possuem autonomia para discutir os variados temas que permeiam a nossa sociedade e que se apresentam a partir de diversas teorias científicas. Ressalta-se, contudo, que a UFMA não compactua com quaisquer ações que possam desrespeitar os valores e princípios basilares da instituição”, diz outro trecho.
A universidade acrescenta que está “averiguando o ocorrido e tomará as providências cabíveis”. “A UFMA informa que está averiguando o ocorrido e tomará as providências cabíveis, após o comprometimento de ouvir todas as vozes, reafirmando seu compromisso com um ambiente acadêmico inclusivo, respeitoso e transparente”, destacou.
(https://www.diariodocentrodomundo.com.br/educando-com-o-c-ufma-repudia-danca-erotica-de-historiadora-travesti/)
Tertuliana também publicou, no início do ano, o livro “Manifesto Traveco-Terrorista”, que se divide em dois textos, o primeiro que segue o nome da publicação e o segundo intitulado “Educando com o Cu”, expressão que foi repetida na performance erótica na UFMA.
Em suas redes sociais, ela comentou a performance na universidade, alegando que sua proposta vai além do que muitos consideram tradicional dentro das instituições de ensino. “Convido vocês a conhecer a minha pesquisa: Educando com o Cu e entender que a universidade é, sim, lugar de múltiplas formas de conhecimento, inclusive do proibidão. Obrigada pelo convite, Gaep-UFMA”, escreveu ela.
(https://www.diariodocentrodomundo.com.br/educando-com-o-c-quem-e-a-historiadora-que-fez-danca-erotica-em-universidade/)
O discurso pronto das “múltiplas formas de conhecimento” é bonito, mas não se aplica ao caso. A universidade acolhe “formas de conhecimento” que preenchem determinados critérios de cientificidade.
O funk proibidão entra como objeto de estudo, não como “forma de conhecimento”.
A democratização do acesso à educação superior, que é uma conquista importante, vai perdendo sentido à medida em que este ensino superior se mostra menos capaz de prover os conhecimentos que deveria.
Com base em uma postura muitas vezes paternalista e condescendente, para não dizer arrogante e preconceituosa, vamos rebaixando nossos parâmetros, permitindo a contaminação por abordagens místicas, mitológicas ou simplesmente pelo oportunismo disfarçado de militância identitária.
Em vez de democratizar o acesso às ferramentas que proporcionam o pensamento crítico e emancipador, distribuímos diplomas. Que dizem cada vez menos das competências de quem os porta, que se desvalorizam.
(https://www.diariodocentrodomundo.com.br/a-travesti-na-ufma-e-a-esquerda-que-facilita-o-trabalho-da-extrema-direita-por-luis-f-miguel/)
Retomando.
A didática deve ser lúdica. O corpo também é ferramenta educacional. Como podemos ter aulas de educação sexual sem demonstração prática? Então eu quero travestis na faculdade. Eu quero putas na faculdade. Que o corpo seja usado como instrumento de ensino. Só assim nos libertamos desse sistema de repressão e opressão sexual.
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