sexta-feira, 20 de outubro de 2023

A revolução na Disneylândia

Eu escrevi esse conto originalmente em outro blog que, por via das dúvidas e pelo risco que eu corro de ser preso (de novo?), eu deletei, só porque eu tenho coragem de falar o óbvio e de desafiar a bovinização do brasileiro médio.

Por exemplo, a notícia publicada pela BBC, onde eu cito este trecho:
"...até o começo da Idade Moderna, o mundo ocidental não dispensava tratamento especial para os mais novos, vistos como miniadultos. A partir de documentos antigos, principalmente pinturas medievais, Ariès conclui que a infância não era vista como uma fase específica da vida."

(https://www.bbc.com/portuguese/articles/cyx1p7p9753o)

Ou o texto do professor Ghiraldelli, onde eu cito este trecho:
"...a infância está longe de ser descrita pela visão de Rousseau. A infância que configura o bom selvagem é o grande engodo."

Quando eu escrevi a resenha da obra "Os Contos de Nárnia" eu disse:
Não confunda gênero infantil com infantilizado.
Mas o mundo ocidental tem sido infantilizado desde o início da Era Moderna. O fenômeno de considerar Olavo de Carvalho um filósofo e professor é um sintoma. Essa doença incapacitou o Azarão que deu sua opinião distorcida sobre o conflito entre a Palestina e Israel.
Essa tragédia é culpa do colonialismo e imperialismo dos países europeus. Mas a Mídia é dominada por uma oligarquia que interessa impor essa visão de que os atos cometidos pelo Hamas são terroristas e os atos cometidos por Israel são de legítima defesa.

A guerra só acontece, existe, é provocada e é mantida porque tem alguém lucrando com isso.

Então, eu inventei no diário fictício do Mickey Mouse essa "memória". Citando:

Nossa pequena e promissora empresa estava crescendo. O sucesso começou com a animação "Branca de Neve e os Sete Anões" (1937) dando início a uma linha de gênero conhecida como "Princesas da Disney". Notável, considerando que havíamos passado pela Grande Crise (1929) que causou a falência de muitas empresas e até de países.

Eu não sou historiador nem sociólogo, mas eu fiquei com a forte impressão que a crise foi causada pelo próprio capitalismo e a "solução" que nos foi oferecida foram os regimes de extrema direita.

Evidente, Donald ficou animado quando nosso estúdio começou a rodar os filmes com temática patriótica (e favorável aos EUA) quando começou a Segunda Guerra Mundial. Muito embora Donald tenha demonstrado (como o governo americano) apreço e apoio pelas ideias do Nazismo.

Eu achei que eu poderia voltar à rotina de rodar minhas comédias e fazer orgias, mas o preposto militar contratado pela Disney não nos deu sossego. Ainda que, pela versão oficial, o Nazismo estava derrotado, Donald (e seus verdadeiros donos) trouxe outra ameaça. Os comunistas. Era o início da Guerra Fria e da Cortina de Ferro.

Enquanto Donald queria (e defendia) a invasão de Cuba, supostamente em nome da segurança nacional, George ficou encantado e simpatizou com as ideias de um mundo melhor para todos.

Até parece uma de nossas histórias de comédia, mas foi sério. George, conhecido como Pateta, deu início à revolução dentro da Disneylândia.

Disso, meu único proveito foi ir para a cama com muitas das companheiras de batalha. Talvez porque tenha algo de excitante e erótico estar em um trincheira. Ou a iminente e trágica morte tão próxima.

Isso acalmou quando o muro de Berlim caiu e a União Soviética foi dissolvida. Nosso estúdio adquiriu outros estúdios e nos tornamos um império. Eu achei que teríamos sossego e a volta das orgias, mas Donald, através de seus contatos militares (e do conservadorismo) viu no fundamentalismo cristão (associado à extrema direita) um filão para explorar o medo, o ódio e a intolerância. Donald se tornou um expoente da homofobia.

Eu estou preparando uma outra revolução. Então não fique espantado se a Disney encampar diversas ações em prol dos direitos LGBT.
A luta continua. Na minha cama.

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