quarta-feira, 27 de setembro de 2023

O poder dos estereótipos

O Wild Hunt publicou uma resenha interessante da animação Nimona, disponível na Netflix (eu não estou ganhando um centavo com isso)
Eu vou destacar alguns trechos (traduzidos) e comentar.

Citando:
"Nimona (2023), de Nick Bruno e Troy Quane, é um filme de animação engraçado, triste e doce que exige que seus espectadores considerem cuidadosamente a demanda típica de nossa sociedade de que as pessoas permaneçam fiéis a uma identidade imutável."

A preocupação, recente, dos estúdios, na representatividade da comunidade LGBT não tem como interesse a luta pelo respeito e reconhecimento de seus direitos, mas para manter a audiência e lucrar com isso.

Citando:
"Como uma pessoa que é “melhor e [tem] trabalhado mais arduamente”, Bal representa qualquer minoria que teve de ser não apenas tão boa, mas melhor do que aqueles que nasceram num ambiente privilegiado para obter qualquer medida de aceitação. Embora os personagens sejam diversos, as mulheres ocupem posições de poder e o amor de Bal por Ambrosius seja apresentado sem nenhuma piscadela maliciosa no diálogo ou no design do personagem, ele ainda é tratado como um outro devido à sua origem de “garoto de rua”. “Plebeu” é usado como um insulto, e sua armadura é cinza e preta, diferentemente dos tons platinados dos demais candidatos à cavalaria."

Ou seja, o personagem apresenta uma imagem estereotipada, do vilão, do rejeitado social (por sua origem, etnia, língua, crença, sexualidade ou opinião política). Eu tenho consciência de que sou privilegiado por causa de minhas características. Mas isso não significa que seja fácil nem que eu não tenha obstáculos e dificuldades. Então eu tenho consciência de uma realidade social que segrega algumas pessoas, tornando tudo muito mais difícil.
Existe então uma falha no roteiro, afinal, Nimona, que deveria cumprir o papel da aceitação das diferenças, procura Bal exatamente por reconhecer nele a imagem do vilão, em busca de ocupar a vaga de capanga dele.
A sugestão da animação falha porque mostra Nimona sendo fiel à sua natureza como metamorfo, achando que isso vai convencer o público geral, que sofre com a influência do conservadorismo e do fundamentalismo cristão. Bal está dividido e lutando contra o estereótipo que é reconhecido pela Nimona e ela/ele mesmo tem dificuldade em aceitar sua natureza.

Como nós estamos no mundo do cinema, podemos aguardar o final feliz, ainda que forçando muito o roteiro.

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