Oquei, eu descasquei, mastiguei e cuspi fora o estelionato
esotérico. Mesmo assim eu acho crucial descrever a importância da consciência e
suas manifestações, como a memória, o pensamento e a razão. Quando se fala em
consciência, falamos também em mente, praticamente sinônimos. Colocando em
termos bem simples e superficiais, essa concepção [ocidental] é completamente
oposta à concepção [oriental] de que o nosso “verdadeiro” Eu [ou Self] é a consciência,
não a mente.
Na mitologia nórdica Odin tem dois corvos: Hugin [pensamento]
e Munin [memória]. Odin adquiriu a sabedoria [outro atributo da consciência]
após ter se sacrificado voluntariamente na árvore Yggdrasil.
Na mitologia grega, Mnemosine é a Deusa [titanesa] da
memória. Ela também concede o dom de raciocinar, prever e antecipar resultados.
Ela é a mãe das Musas.
Também na mitologia grega, Apolo é o Deus da razão. E do
raciocínio lógico. A filosofia contemporânea cunhou o termo apolíneo exatamente
por isso.
Na mitologia grega, na origem de Atena, ela é resultado da
união de Zeus com Métis [oceânida], ou que ela “brotou” da cabeça de Zeus
depois que este engoliu Métis, a Deusa da prudência e da astúcia, que são
atributos da inteligência e produtos da mente.
A nossa mente é a nossa consciência e vice-versa. Se for possível
apontar onde nosso “verdadeiro” Eu ou Self se encontra, como reflexo dos Deuses,
nisso consiste nossa mente, nossa consciência. Ali repousa o nosso espírito e
nossa alma. O corpo é o vasilhame, o veículo, no qual nossa mente se aloja. Sem
essa encarnação, sem o mundo e a vida, seria impossível aprender, crescer e
amadurecer.
Não busque por culpados além de você mesmo. Os Deuses nos
concedem a vida exatamente para que possamos ser conscientes e com ações
concretas, intenções legítimas e palavras coerentes nós possamos conciliar
nossa dupla natureza: titânica e olímpica.
Pedir perdão a uma entidade que, supostamente, nos criou tal
como somos, ou seja, criou também nossa natureza, é estúpido e inútil. O “perdão
dos pecados” é a mesma atitude negligente de pais omissos que passam a mão na cabeça
da criança travessa. Por isso que cristãos são tão imaturos. Procuram pelo
perdão, mas voltam a cometer os mesmos erros. O erro não está no corpo, nem no
mundo, mas em nós, em nossas atitudes, ações e palavras.
Tal como o corpo, o pensamento, o sentido e a emoção são
ferramentas. O erro não recai na ferramenta, mas no artífice. Nossos Deuses não
julgam nem condenam. Eles apenas esperam que nós deixemos de ser imaturos e
sejamos responsáveis. Em suma, que façamos uso de nossa mente e consciência.
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