sexta-feira, 5 de fevereiro de 2021

O culto de Antínoo

Grande parte da vida do escravo Antínoo é contestada, assim como sua data de nascimento. Entretanto, acredita-se que ele tenha nascido entre 110 a 122 d.C. Além disso, sua ascendência também gera diversos questionamentos, já que, devido a sua aparência, é provável que ele não seja de origem grega.

Todavia, o passado desconhecido não representou um obstáculo para Adriano, imperador romano que governou de 117 a 138 d.C, uma vez que o jovem Antínoo foi nomeado seu escravo favorito. 

Em 123 d.C., Adriano foi até a cidade de Claudiópolis e encontrou o futuro escravo pela primeira vez. O homem foi selecionado pelo imperador, mas foi encaminhado para a Itália a fim de ser educado por uma pedagoga imperial. Era o começo de uma aproximação que se tornaria um relacionamento. Para o biógrafo de Antínoo, Royston Lambert, os dois não se tornaram amantes nesse exato momento.

Mais tarde, em 125, Adriano também foi para o país e, em menos de três anos, Antínoo tornou-se o seu favorito. Foi quando o soberano decidiu que voltaria para a Grécia, mas poucas pessoas o acompanharam. Entre eles, Antínoo havia sido escolhido, uma vez que era considerado a única pessoa que mantinha laços profundos com o imperador.

De acordo com diversos historiadores, acredita-se que o casamento de Adriano e com a imperatriz Víbia Sabina não foi um sucesso. Além disso, o homem nunca expressou atração sexual por mulheres e já havia se envolvido com outros homens. Não obstante, os cidadãos da Grécia aceitavam livremente a relação entre um homem e um jovem. 

Para Lambert, o imperador acreditava que Antínoo era inteligente e sábio. Além disso, eles também tinham um amor mútuo pela caça. Mais tarde, o político escreveu uma poesia erótica sobre o escravo. Segundo os historiadores, tornou-se explícita a relação entre os dois a partir da leitura do registro. 

Desde então, diversos cidadãos notaram a existência de relações do soberano com outros homens. Embora a situação fosse aceita em alguns lugares, outros o criticavam veemente. No entanto, em 130 d.C., ambos seguiram para a Líbia, onde havia o rumor sobre um leão que assustava a população. Dessa maneira, o soberano e o escravo o caçaram. Devido à luta, Antínoo deixou a imagem de jovem para trás e passou a ser visto como um homem.

No final do mesmo ano, Adriano e sua comitiva se reuniram e foram até o rio Nilo. Entretanto, durante a trajetória, todos decidiram parar em Hermópolis para visitar o santuário do deus Troth. Porém, ao se aproximar do rio, Antínoo caiu e veio à óbito.

Sua morte, que ainda é um mistério, conta com diversas suposições. Segundo os historiadores, a mais aceita é de que o escravo morreu devido ao afogamento.

Entretanto, alguns cidadãos da época acreditavam que ele poderia ter sido morto devido aos rumores do relacionamento, que se espalhavam pelo Império Romano. Não obstante, muitos levavam em consideração a história dos dois amantes e diziam que a própria corte foi responsável pelo assassinato.

Outras versões tentam provar que ele foi morto durante uma castração voluntária ou até mesmo uma morte causada por intoxicação. Entretanto, o biográfico Lambert desmente as duas possibilidades.

Isso porque através dos registros históricos de Dio Cassius, nenhuma delas é válida. Segundo ele, o homem morreu devido a um sacrifício humano voluntário. No século II, muitos acreditavam que a morte de uma pessoa resultaria no rejuvenescimento e melhoras na saúde de outra.

Dessa maneira, como o imperador estava doente há anos, Antínoo fez o sacrifício para salvar a vida do soberano. Entretanto, mesmo com tantos rumores, Adriano fez questão de falar publicamente sobre a morte do escravo.

Mesmo sem evidências do local onde o corpo foi enterrado, acredita-se que seus restos foram levados até a propriedade rural do soberano, localizado em Tibur.

Depois de sua morte, Adriano considerou seu escravo como símbolo divino e anunciou a construção de uma cidade intitulada Antinoopólis em sua homenagem. Além disso, o imperador nomeou uma estrela com o nome de Antinoo e promoveu a disseminação do culto em todo o Império Romano.

Fonte: https://aventurasnahistoria.uol.com.br/noticias/almanaque/lacos-profundos-e-tragedia-antinoo-o-escravo-que-roubou-o-coracao-do-imperador-adriano.phtml

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