Eu parei de escrever nesse blog em 25/06/2016 e
voltei quase cinco anos depois. Muita coisa aconteceu nesse período, eu passei
por uma péssima experiência, mas não irei comentar sobre isso.
Eu vou focar em divulgar o Paganismo, a Bruxaria e a
Wicca. O que eu irei abordar, hoje, fez parte de minha viagem para o Chile em
outubro de 2018.
Ali eu pude ter contato direto com a cultura, a
religião e o povo original da América Latina. Em 23 de janeiro de 2016 eu
escrevi um texto sobre a “roda do ano latina”. Foi com surpresa e satisfação
que eu encontrei no Chile a Chakana [a “cruz andina”]:
“Chacana, Chakana: (n) (1) Escadas; escada. A Cruz andina, ou Inca , cruz que reflete os três mundos (Hanaqpacha – superior , Kaypacha – face da terra , Ukhupacha – inferior e interior), com um disco central representando o Hatun Inti (O Divino Sol Central). A representação inca da constelação Cruzeiro do Sul descrito como poder simbólico para ponte entre o céu e a terra. Uma cruz, especificamente a cruz andina.; um símbolo da simetria divina e equilíbrio”. [Inca Glossary]
“A
cosmovisão andina, a imagem que a cultura tem do mundo e das pessoas está muito
ligada à cosmografia, que é a descrição do cosmos e neste caso para o céu do
hemisfério sul; o eixo visual e simbólico é marcado pela constelação do
Cruzeiro do Sul, chamado Chakana. [snip]
No universo andino existem
mundos simultâneos, paralelos e interligados, que reconhecem a vida e a
comunicação entre as entidades naturais e espirituais. A visão é baseada em
cosmologia, que é a fase da explicação mitológica do mundo, e estão organizados
como a base da sintaxe do pensamento. [snip]
A Chakana é a
representação de um conceito com vários níveis de complexidade de acordo com a
sua utilização. É o nome da constelação do Cruzeiro do Sul, resume a cosmo
visão andina e é um conceito ligado a estações astronômicas. É considerada a
ponte ou a escada que permitiu que os povos andinos mantivessem seus cosmos
latentes de ligação, um anagrama de símbolos, definindo em si a filosofia de
vida, a ciência, a cultura andina. Para essa cultura haveria dois espaços
sagrados que se opõem uns aos outros: primeiro vertical, dividido ao meio (macho
e metade fêmea), segundo horizontal, dividido em seres celestiais e seres
terrestres e subterrâneos”. [Portal Terra Base]
Eu pude conhecer também o
povo Mapuche e sua Cosmovisão:
“A terra caracteriza e dá
sentido existencial aos mapuche, fazendo parte desde seu etnônimo (gente da
terra) até a espécie de seus sobrenomes, geralmente toponímias do lugar em que
historicamente vivem (ou viviam) as diferentes linhagens de parentesco.
Os Mapuche usam a ideia de
mapu para designar a Terra, compreendida enquanto seus territórios
tradicionais, contudo não somente no simples plano material. A ideia de mapu
não faz “só uma referência ao tangível, ao material, senão que possui uma
dimensão espacial que permite situar todas as dimensões da vida no universo. Ou
seja, possui também uma dimensão transcendente” (PAILLAL, 2006, p. 31). O
conceito de Mapu alude assim a um espaço tanto físico como metafísico, onde as
forças do bem e do mal se complementam e interagem.
O universo cosmogônico
Mapuche possuiria duas dimensões: uma vertical e outra horizontal. A primeira
faz referência a uma série de plataformas que estariam superpostas no espaço,
possuindo certa hierarquia, sendo as superiores relacionadas ao bem e as
inferiores ao mal. A mapu, estaria em um grau intermediário, espaço de
intersecção, lugar onde o bem e o mal permeiam sincronicamente.
Em relação à dimensão
horizontal, estas plataformas seriam todas quadradas e de igual tamanho.
Geograficamente, esta plataforma que é a mapu, está orientada segundo os quatro
pontos cardeais, tomando como referência o leste, materializado pela
cordilheira dos Andes, direção sagrada e positiva de onde nasce o sol, matriz da
presente concepção espacial.
A ideia do mundo quadrado,
sendo os vértices os pontos cardeais é representada no kultrun, um dos
instrumentos musicais mais importantes da cultura Mapuche, utilizado
tradicionalmente em rituais xamânicos. “O kultrun é o resumo do conjunto da
criação que a machi utiliza para seus serviços como símbolo e expressão do
poder” (PIUTRÍN, 1985, p. 121). É justamente no centro deste quadrado, o centro
do universo, que as comunidades Mapuche localizam sua morada. Este ponto é
demarcado fisicamente no terreno por meio do nillatúe, um monumento
antropomórfico de madeira colocado em um campo aberto na comunidade Mapuche,
sendo um espaço sagrado onde se celebram de tempo em tempo rituais de
fertilidade (nillatún).
Cabe ressaltar dois pontos
fundamentais da cosmovisão Mapuche. O primeiro é o caráter animista desta
cultura, ou seja, a ideia de que todos os elementos da natureza são vivos,
conscientes e possuem ânima (espécie de energia, o qual os Mapuche chamam de
newén). Assim, por exemplo, uma planta medicinal possui em sua essência um
determinado newén; sendo justamente este, incorporado por aquele que ingere a
planta, o responsável pela cura do enfermo. O segundo aspecto importante é o da
reciprocidade, ideia fundamental no “Kimün Mapuche” (sabedoria Mapuche), na
qual pauta-se a ideia do equilíbrio das relações, fundamental a sua
perpetuidade”. [https://pt.wikipedia.org/wiki/Mapuches]
Aqui vale a pena anotar o
simbolismo do kultrun:
“O kultrun ou cultrún representa na visão de mundo
Mapuche metade do universo ou o mundo em sua forma semiesférica; Os quatro
pontos cardeais são representados no patch, que são os poderes onipotentes de
Ngnechen, dominador do universo, que são representados por duas linhas como uma
cruz e suas extremidades se ramificam em mais três linhas, representando as
pernas do choique (avestruz) ; Dentro das salas que são divididas pelas linhas
descritas acima, as quatro estações do ano são desenhadas.
Desde os tempos antigos, o conhecimento sobre a natureza se reflete neste instrumento sagrado. Nele você pode ver o que existia como uma linha que divide geográfica e naturalmente esta nação-nação, a Cordilheira dos Andes, marcando seus extremos: Pikun (Norte) e Willi (Sul); Outra linha imaginária que corta transversalmente é aquela que representa a trajetória do sol, Puel (Leste) e Gulu (Oeste). Desta forma, o conhecimento dos pontos cardeais é evidenciado.
Também pode ser visto nas
salas em que se divide o Kultrun das diferentes estações do ano:
Pukem (inverno): É o
momento em que o Xufken Mapu renova sua fertilidade através da chuva e da
claridade do Antu (Sol), pois é aqui que os dias começam a se alongar. Com os
diferentes elementos que usarão posteriormente para trabalhar na próxima etapa.
Pewü (primavera): é o
segundo estágio, pu kvuzaw (empregos) começam a se desenvolver . É quando as
famílias se preparam para sair do inverno. Além disso, é produzido o lxofij We
Coyin (broto da planta). O lof organiza o uso produtivo dos espaços para
superar as más condições do Xufken Mapu (solo), degradado pelos reduzidos e
sobrecarregados.
Walüng (verão): época de
colheita. Aqui o pugejipun começa a acontecer . Cada comunidade faz isso em
datas diferentes, mas sempre em apoio a kvyen (lua cheia). A celebração do
gejipun é a oportunidade de fortalecer sua identidade como povo. As autoridades
originais ( Lonko, Pijan kuse, Werken ) guiam cada pombal . O Weupife
(historiador) recria a memória. O gvlam (conselho) que é transmitido permite
recuperar a dignidade e o futuro.
Rimu (outono): É aqui que
a família se prepara para o retorno aos seus espaços de inverno. Os frutos da
colheita são armazenados, é também a época do Xafkintu (troca), uma época de
muito frio onde a vida familiar é compartilhada de forma mais intensa e permite
a prática intensiva da educação mapuche, ou seja, a transmissão do kimvn
(conhecimento). , através do epew (história), mvxam (conversa), picikece jogos
( gvjiw Polton, awar kuzem ) que eles compartilham com os idosos”. [Pueblos
Originarios – traduzido pelo Google Tradutor]
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