Em um texto meu, eu escrevi: “A Tradição Proteana teve seu
reconhecimento e linhagem revogados por terem alterado a ortopraxia”.
Antes que digam que eu estou inventando, eu vou contar a
história do cisma que ocorreu entre covens wiccanos. Para isso, eu devo antes
lembrar que a Wicca chegou aos EUA pelas mãos de Monique Wilson e por Raymond
Buckland se espalhou rapidamente entre os americanos. O problema é que a
expansão foi tão bem sucedida e encontrou tantos interessados que acabou
provocando um boom de grupos e covens que se apresentavam como sendo wiccanos
sem o sê-los, o que é conhecido como “wicca popular”, ou “neo-wicca”.
O Coven Proteus tinha sido fundado e era liderado por Judy
Harrow, sacerdotisa Gardneriana. Em algum momento ela e seus coveners decidiram
alterar algumas das práticas ritualísticas. Embora isto tenha sido discutido e
aprovado pelos seus antecessores, a alteração era significativamente diferente
do que era feito em outros covens gardnerianos. Conforme outros neófitos foram
iniciados e ascenderam ao 3°, a diferença entre o que se ensinava e o que tinha
sido aprendido ficaram mais evidentes, resultou então que o coven declarou
fundada a Tradição Proteana, enquanto que covens gardnerianos mais tradicionais
declararam que não reconheciam tal tradição, bem como não reconheciam seus
iniciados e sua linhagem.
Esta não é a única “divisão” na wicca tradicional, atualmente
os covens tradicionais que fazem parte da wicca tradicional britânica são compostos
pela Tradição Alexandrina, Tradição Central Valley [Kingstone, Majestic, Silver
Crescent, Mohsian] e Tradição Blue Star.
Isso deixa de fora diversos grupos e “tradições” que
apareceram nos EUA por volta da década de 70 e 80. Em meu tempo dentro da Amber
and Jet eu recordo com precisão como covens tradicionais viam a “linhagem de
Long Island” e o escândalo dos “diplomas” que circulavam pela comunidade pagã
como se fossem documentos legítimos de graduação no sacerdócio. John Halstead
acertou em cheio quando escreveu sobre as origens americanas da neo-wicca e
infelizmente a coisa desandou tanto que qualquer discurso ou esclarecimento irá
acabar melindrando a grande massa de pessoas que consomem a Wilka.
Há algo de interessante como qualquer um pode afirmar ou
declara suas opiniões e práticas na Wicca, exigindo ser reconhecido e validado,
ao mesmo tempo em que questiona e critica opiniões divergentes. Aparentemente todos
tem autoridade ou são porta-vozes da Wicca, exceto os sacerdotes e estudiosos
da Wicca Tradicional.
Eu espero que meus
leitores entendam quando eu exponho os princípio e características da Wicca
Tradicional isto não significa que eu estou desautorizando ou desvalorizando
suas crenças e práticas. Mas o Paganismo Moderno tem tantos caminhos, crenças e
práticas, porque o público cismou tanto com a Wicca? Dizem que ela é elitista,
fechada, que está dominando o cenário pagão... alguns dizem até que é sexista,
machista e homofóbica. Então porque ainda fazem questão de usá-la como rótulo? O
buscador será muito mais honesto e sincero se estudar, praticar e vivenciar seu
caminho, sua crença, estabelecendo vínculos com a natureza, seus ancestrais e
os Deuses Antigos, sem necessitar de um rótulo, sem necessitar de um estandarte
ou placa.
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