No Patheos, na seção de Paganismo, Lilith Dorsey escreve a
coluna “Voodoo Universe” [Universo Vodu]. Ela escreveu um artigo sobre Dambala
e Aida Wedo, a saber, o Deus Serpente e a Deusa Arco Iris. Imediatamente eu
lembrei do filme “The Serpent and the Rainbown”, que recebeu aqui no Brasil o
título de “A Maldição dos Mortos Vivos”.
Aidàhwedó, Aido Wedo ou Dan Wedo é a “Serpente Arco-Íris”,
um Vodun raro e pouco conhecido, suas escamas tem o poder de refração de luz,
formando assim o arco-íris. É dito como um vódun podendo ser fêmea, mas em
outras casas sendo um vódun masculino.
Aido Wedo não é só o vódun do arco-íris mas é considerado
também um vódun da riqueza, da prosperidade e da vida. É considerado por muitos
o vódun de Obará-Mejí dos povos jejes devidos suas atribuições ligando-o ás
chuvas, fertilidade e prosperidade. Dan Wedo é simbolizado pela serpente
colorida e metamórfica, aquela que muda de cor e de tamanho, podendo também
mudar de sexo, o que explicaria seus cultos serem ligados ora fêmea, ora macho.
É assim que Dan Wedo faz seu trabalho no mundo, trazendo as cores para que possam ser trabalhadas por
vódun Yewá, as cores sofrem as mutações através da retina que absorvera a única
cor que o objeto não absorve, então, fica assim: Frekwén é luz branca que
contém todas as cores enquanto cabe à Dan Wedo separar essas cores e distrui-las,
mas como Yewá é a vódun da visão, cabe à ela absorve e enxergar a cor que Dan
Wedo separou, oque fará com que nossos olhos processe essa cor e seja
reconhecida por nosso cerébro, assim conseguimos enxergar as cores. É dito que
pessoas com problemas de distinguir cores como os daltônicos sofrem algum
desliso com esse vódun e se é preciso cultua-lo para que se possa estar em axé
com o vódun. Por isso pessoas desse vódun tem problemas de visão assim como as
filhas de Yewá, pois são eles próprios a visão, aqueles que distorcem a
realidade fazendo com que vejamos e entendamos o que se existe. É bem
complicado até porque não se sabe bem o que realmente existe ou não. [Alaketu Ode][link indisponível]
Dambala ou Dangbalá é o reflexo do arco íris no mar calmo ou
na lagoa, no vodu, Dambala é um dos mais importantes de todos os loa. Ela é
tanto membro da família Rada como uma raiz, ou racine Loa. É representado como
um serpente e associa-se estreitamente com cobras. Ela é considerado a mãe de
todos os loa e, juntamente com seu esposo/companheiro Ayidà Weddo, considerado
no Vodou haitiano o Loa de criação.
No vodu também, é considerado um vódun macho e que seria
casado com Aido-Wedo, este seria fêmea para eles. Já no Brasil, este vódun é
considerado fêmea e casada com o esposo Aido-Wedo. O que muda as visões de
cultos já que Aido-Wedo e Dangbalá são vóduns que conseguem se radicalizar a
qualquer momento e tornarem-se fêmea e macho, então Dagbalá quando se foi
levada ao caribe teve para eles uma visão de que seria homem, mas para o Brasil
de que seria fêmea. Essa definição varía também de casa para casa de axé. [Alaketu Ode][link indisponível]
Recentemente causou uma grande comoção nos EUA que a
premiação do Oscar, onde atores afro-descendentes estão anunciando um boicote à
premiação por ter poucos ou nenhum ator negro entre os indicados. Um protesto
inócuo, diante do racismo e genocídio que acontece todos os dias nos EUA, na
violência cometida pela Polícia contra afro-descendentes.
A Sétima Arte não tem apenas um preconceito contra atores
negros, o cinema também possui preconceito contra as religiões da Diáspora
Africana. O filme “A Maldição dos Mortos Vivos” é apenas um deles. Eu achei uma
lista de filmes que difamam essas religiões: “A Chave Mestra”, “O Advogado do
Diabo”, “Projeto Bruxa de Blair”, “Brinquedo Assassino”, “007 – Viva e Deixe
Morrer” e eu incluiria “Coração Satânico”.
Os negros não são desprezados apenas profissionalmente ou
religiosamente. Os meios de comunicação em massa em geral dão uma imagem nada
favorável aos negros. Para a cultura ocidental, branca e cristã, a pigmentação
da pele é um estigma social que resulta em racismo, xenofobia e exclusão
social. Existem até pagãos modernos que arrotam as glórias da estirpe, sem se
dar conta que nós todos somos mestiços e temos ancestrais em comuns com os
primeiros seres humanos que saíram da África no Paleolítico.
Não custa lembrar que a divisão dos continentes e a
definição da região de onde saíram nossos ancestrais em comum como “África” surgiu
somente na Alta Idade Média. Não é porque temos ancestrais em comum com os
atuais africanos que temos que ter a mesma espiritualidade, crença e religião. Nossa
espécie se distinguiu em diversos troncos e etnias na “Revolução do Neolítico”,
quando nossos antepassados começaram a desenvolver os primeiros sistemas
religiosos, época quando os Deuses começaram a se revelar para a humanidade,
cada qual com sua região e povo específico. Esta conexão é que nos dá o sentido
de raiz, origem e ancestralidade. Os Deuses Antigos e nossos ancestrais tinham
em comum a terra onde se estabeleceram, por isso que é necessário restabelecer esse vínculo ao que damos o nome de “tradição” e de “religião antiga”.
Ao contrário de outras tradições e caminhos do paganismo
moderno, as religiões da Diáspora Africana continuam mantendo seus princípios,
características, práticas e rituais, sem dar importância ao apelo comercial ou
aos apelos da “religião inclusiva” ou à pressão pela massificação. Cada tradição
da Diáspora Africana tem preservado seus mitos e Deuses que, por isso mesmo, são
tão belos e devem ser estudados pelo pagão moderno.
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