sexta-feira, 7 de março de 2014

Tréplica aos Cristãos

Em um artigo de Brandon Vogt traduzido, listam-se dez refutações para os argumentos a favor do casamento homossexual.
Seguindo a mesma tônica, sem apelar a leitura do livro sagrado, eis que este pagão oferece a tréplica.

1. O casamento tem evoluído ao longo da história, então ele pode mudar de novo.
1. Diferentes culturas têm tratado o casamento de forma diferente. Alguns promoveram casamentos arranjados. Outros amarram casamento com dotes. Outros ainda viam o casamento como uma relação política através da qual poderia forjar alianças familiares.
Mas todas estas variações ainda abraçaram a essência fundamental, imutável de casamento. Eles ainda viram, em geral, como uma parceria, ao longo da vida pública entre um homem e uma mulher para gerar e criar filhos.
1. Se isto é verdadeiro, então casais heterossexuais que não tenham filhos tornam-se ilegais e ilegítimos. Casaia heterossexuais que adotam são ilegais e ilegítimos. Crianças que são criadas por tios e avós não são uma família.

2. Casamento do mesmo sexo é relativo principalmente à igualdade.
2. Igualdade não é de equivalência. Isso não significa que o tratamento de cada pessoa ou cada grupo, seja exatamente da mesma maneira. Para usar uma analogia, homens e mulheres têm direitos iguais, mas porque eles diferem significativamente eles exigem banheiros separados. Igualdade significa tratar igualmente coisas semelhantes, mas não as coisas que são fundamentalmente diferentes.
Questões: A igualdade de pessoas diferentes e igualdade de relacionamentos diferentes. As leis de casamento atuais já tratam todas as pessoas igualmente. Qualquer homem solteiro e mulher solteira pode se casar com outra, independentemente da sua orientação sexual, a lei é neutra em relação à orientação, assim como ignora raça e religião.
A verdadeira questão é saber se pessoas do mesmo sexo diferem significativamente dos relacionamentos com o sexo oposto, e a resposta é sim. A maior diferença é que os casais do mesmo sexo não podem gerar filhos, nem garantem o direito básico de uma criança de ser criada por sua mãe e seu pai. Estes fatos por si só significa que estamos falando de dois tipos muito diferentes de relacionamentos. É errado, portanto, assumir que o Estado deve, necessariamente, tratá-los como se fossem a mesma coisa.
Com todos os benefícios decorrentes do casamento, este injustamente aprova um conjunto de relações em detrimento de outras. Mas se o Estado apoiasse o casamento homossexual estaria então favorecendo homossexuais "cônjuges" em detrimento dos   casais heterossexuais solteiros. O argumento é para os dois lados e é finalmente auto-destrutivo.
2. Confusão conceitual. A questão é de igualdade legal, não de igualdade real. Ignorância legal. Toda a polêmica dos cristãos contra o casamento homossexual, excetuando a visão religiosa, é de base "legal", a Constituições dos países até o momento não tinham leis que incluissem ou reconhecessem o casamento homossexual. Ignorância de relacionamento. A diferença da forma de relacionamento não torna a base do relacionamento diferente. Em casais de sexos diferentes também ocorre a ausência de procriação, portanto, não pode ser a base legal para o reconhecimento para quaisquer uniões. Várias crianças são criadas por tios e avós, portanto, a criação das crianças pelos seus progenitores não pode ser a base legal para o reconhecimento de quaisquer uniões. Ignorância da constituição de um Estado de Direito. O Estado de Direito deve reconhecer toda forma de união entre pessoas adultas. Confusão legal. O reconhecimento do casamento civil entre pessoas não diminui, não obsta, nem cessa os direitos de famílias monoparentais.

3. Todo mundo tem o direito de casar com quem ele ou ela ama.
3. A maioria de nós reconhece que deve haver pelo menos algumas limitações sobre o casamento por razões sociais ou de saúde. Por exemplo, um homem não pode se casar com uma criança ou um parente próximo. E se um homem está realmente apaixonado por duas mulheres diferentes, ele não legalmente autorizados a casar com as duas, mesmo que ambos concordam com esse arranjo.
A verdadeira questão aqui não é se o casamento deve ser limitado, mas como. Para responder a isso, temos de determinar por que o governo se incomoda com o casamento. Não é para validar duas pessoas que se amam, agradável como que é. É porque o casamento entre um homem e uma mulher é provável que resulte em uma família com crianças. Desde que o governo está profundamente interessado na propagação e estabilização da sociedade, ele promove e regula este tipo específico de relacionamento acima de todos os outros.
Para colocá-lo simplesmente, aos olhos do estado, o casamento não é sobre os adultos, é sobre crianças.
Não há direito geral de ter qualquer relação reconhecida como casamento pelo governo.
3. Existem convenções socias e médicas. Convenciona-se que se casam pessoas maduras, em idade de consentimento. Convenciona-se, por razões de ordem médica, que aparentados não devem se casar. Entretanto, em algumas sociedades existe a convenção social de se permitir o casamento poligâmico, portanto, convenções socias não pode ser a base legal para o reconhecimento para quaisquer uniões. A preocupação do Estado de Direito é o de garantir os direitos de herança e sucessão das famílias, em suas múltiplas formas. Por exemplo, não se vê nenhum juiz ou governante anular um casamento por falta de filhos ou por morte de um dos conjuges. Portanto, a ausência de procriação não pode ser a base legal para o reconhecimento para quaisquer uniões. Confusão legal e ignorância de constituição. Um Estado de Direito tem o dever e a obrigação de reconhecer a união entre pessoas e resguardar os direitos legais e jurídicos advindos desta.

4. Casamento do mesmo sexo não irá afetar você, então por que se importa? 
4. Ela enfraqueceria o casamento. Após o casamento homossexual ser legislado na Espanha, em 2005, as taxas de casamento despencaram. O mesmo aconteceu na Holanda.
Após o casamento homossexual ter sido legalizado no Canadá, o Conselho Escolar Toronto implementou um currículo de promoção da homossexualidade e denunciando "heterossexismo".
Redefinindo o casamento iria ameaçar a liberdade moral e religiosa.
4. Utilização de dados estatísticos feitos de forma desonesta e de má-fé. Dados estatísticos dos países citados não sofreram alterações significativas no numero de casamentos. A desonestidade consuma-se ao comparar o total de casamentos da população e comparar com o percentual de casamentos heterossexuais. Dados estatísticos anteriores a legalização contavam apenas casamentos heterossexuais. Após a legalização, houve um aumento compreensível da procura por casamentos homossexuais, que anteriormente existiam de forma clandestina e ilegal. Consequentemente há um aumento no total geral, então ao se ler o total geral em relação a um total parcial, vai parecer que houve uma diminuição, o que é uma afirmação incorreta. Citação de evento local feito de forma tendenciosa, desonesta e de má-fé. Em Estados onde o devido reconhecimento dos direitos civis deve ser estendido a todos levou a ações para esclarecimento público e ao combate da discriminação e preconceito. Apenas grupos que tem conceitos religiosos fundamentalistas e dogmáticos se sentem ameaçados. Confusão ética e religiosa. Negar as pessoas o reconhecimento e o respeito a seus legitimos direitos civis é mais imoral. Liberdade de religião e de expressão não é permissão para divulgar qualquer forma de discriminação e preconceito.

5. Casamento gay não vai levar a outras redefinições.
5. Quando o casamento gira em torno de procriação, faz sentido limitar a um homem e uma mulher. Essa é a única relação capaz de produzir filhos.
A procriação é o principal motivo de o casamento civil ser limitado a duas pessoas.
5. Ignorância genética. Existem outras formas de procriação. Casais podem recorrer a fertilização "in vitro" ou à "barriga de aluguel". Ignorância de sentido. Se casamento tem a ver com a criação de crianças, casais podem adotar. Ignorância legal e jurídica. O Estado de Direito deve reconhecer toda forma de união entre pessoas adultas.
6. Se casais do mesmo sexo não podem se casar porque não podem se reproduzir, por que os casais inférteis se casam?

6. Se o casamento é sobre as crianças, por que o Estado deve permitir que o primeiro grupo se case?
6. A razão é que, enquanto nós sabemos que os casais do mesmo sexo são inférteis, geralmente não se sabe isso em casais de sexo oposto.
Casais férteis podem ter injustamente negado casamento sob tal cenário. Isso nunca é o caso de casais do mesmo sexo, que não podem produzir filhos juntos.
6. Tergiversação. Falta de resposta. Se a base legal de um casamento é a procriação, casais heterossexuais inférteis ou que adotam devem ser ilegais. Se a base legal de um casamento é a produção de filhos que sejam dos cônjuges, então as famílias que são estruturadas na figura do tio ou da avó devem ser ilegais.

7. As crianças não serão afetadas, pois não há diferença entre pais do mesmo sexo e do sexo oposto pais.
7. Vários estudos recentes têm posto que tal alegação no desprezo. Em junho, a professora  Loren Marks publicou um artigo peer-reviewed em Pesquisa em Ciências Sociais. O sociólogo Mark Regnerus do Texas divulgou um estudo abrangente intitulado "Como são diferentes os Filhos adultos de pais que têm relações do mesmo sexo?" Sua pesquisa utilizou uma amostra grande, aleatória e nacional e o seu âmbito foi sem precedentes entre os trabalhos anteriores neste campo.
7. Recurso a estudos feitos de forma tendenciosa, desonesta e de má-fé. Os estudos citados foram todos refutados pela Comunidade Científica.

8. A oposição ao casamento do mesmo sexo é baseada na homofobia, fanatismo e no ódio religioso.
8. Tolerar opiniões não requer consagrando-as através de lei. Pode-se tolerar defensores do casamento homossexual, e seriamente aceitar a idéia, enquanto ainda rejeitá-la por razões imperiosas.
Homofobia. Isto se refere a um medo da homossexualidade, e a suposição é que as pessoas que se opõem casamento homossexual fazem isso porque eles estão com medo irracional. Mas, como mostra este artigo, há muitas boas razões para se opor a casamento do mesmo sexo que nada têm a ver com o medo.
8a. Ódio religioso. Algumas pessoas não concordam com o casamento homossexual, apenas por razões religiosas. Mas, de novo, como este artigo demonstra, pode-se discordar por outros motivos, sem apelar para a revelação, a Bíblia divina ou de qualquer autoridade religiosa.
Se essas acusações eram todas verdadeiras, isso significaria que a esmagadora maioria das pessoas ao longo do tempo - que na maioria apoia o casamento tradicional - também seria homofóbicos, fanáticos intolerantes. Isso inclui os pensadores mais profundos em muitas tradições diferentes: Sócrates, Platão, Aristóteles, Musônio Rufus, Xenófanes, Plutarco, São Tomás de Aquino, Immanuel Kant e Mahatma Gandhi.
8b. Equivoco de circunstância. A opinião é algo pessoal. As leis devem ser impessoais. A opinião pessoal não pode ser base para a rejeição ao legitimo reconhecimento e respeito dos direitos civis das pessoas. Tergiversação. Falta de resposta. As tréplicas mostram que não existem razões nem motivos para fazer oposição ao reconhecimento e respeito do legitimo direito civis das pessoas, independentemente de opinião pessoal, crença religiosa ou opção sexual. Falha de argumento. Apelação. As pessoas famosas citadas podem ter eventualmente dito algo sobre o casamento heterossexual, sem que isso necessariamente possa ser considerado como reconhecimento exclusivo a este tipo de relacionamento. Se tais declarações são aceitáveis, devem-se aceitar também declarações sobre o casamento homossexual. Se tais declarações são aceitáveis, devem-se aceitar as declarações contra o casamento heterossexual, tal como ocorreu na história da Igreja.

9. A luta pelo casamento do mesmo sexo é como o movimento dos direitos civis dos anos 1960.
9. A sugestão aqui é que o sexo é semelhante à raça, e, portanto, negar o casamento por qualquer razão é errado.
9. Erro de leitura e interpretação de texto. Equivoco de motivo. Engano deliberado na interpretação de um evento da história. O movimento pelos direitos civis não se tratava apenas da questão dos direitos aos afro-descendentes, mas também dos direitos às mulheres, entre outros. O movimento surgiu com a exata intenção de garantir a todas as pessoas o devido reconhecimento e respeito, legal e jurídico, de seus direitos civis.

10. O casamento entre pessoas do mesmo sexo é inevitável, então devemos ficar do lado certo da história.
10. Cada redefinição foi imposta pelos deputados estaduais e os tribunais. No geral, os americanos permanecem fortemente a favor do casamento tradicional. A maioria das pesquisas mostra que cerca de dois terços do país querem manter o casamento como ele é.
10. Erro de localidade. Erro de motivoDesvio de assunto. Em diversos países foi reconhecido o direito legitimo das pessoas por intermédio de leis. A realidade mundial não pode ser resumida a análise de casos peculiares, como os EUA. Até há pouco tempo, aconteceram celeuma e polêmica nos EUA sobre a libertação dos escravos, tendo ocorrido inclusive uma Guerra Civil por isso. O mesmo não ocorreu em outros países, onde a escravidão foi abolida.

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