No Prefácio de uma nova edição de sua obra, escrito em 1967, Hannah conceitua o ato de compreender. Diz ela que "compreender significa, em suma, encarar a realidade, espontânea e atentamente, e 'resistir' a ela - qualquer que seja, venha a ser ou possa ter sido".
É a partir do conceito de Hannah sobre o compreender que eu escrevo este artigo. Tento compreender a recente declaração da "psicóloga" Rozângela Justino nas "Páginas Amarelas" da atual edição da revista Veja, onde ela, desvairadamente, diz que a militância gay está ligada ao nazismo.
Certamente muitos de nós pensávamos que a incompetência desta senhora estava restrita à sua prática enquanto "psicóloga", aliás, é exatamente isso que o Conselho Federal de Psicologia reconhece na censura pública que impôs à Rozângela, confirmando a punição dada pelo Conselho Regional de Psicologia do RJ: que ela é uma incompetente. Contudo, ela foi além, mostrando com a tal declaração desvairada, que além de ser incompetente na sua profissão, é também enquanto "historiadora amadora", pois mostrou num importante periódico nacional sua burrice histórica. Mal intencionada e incompetente, é isso que a Rozângela Justino é!
É mal intencionada, pois tenta inverter os fatos ao dizer que o movimento gay se apropria da ideologia e do modus operandi do nazismo, assim, ela não só justifica ao público em geral a sua pervertida e adoecida visão da homossexualidade como também ganha junto ao público simpatia pela sua causa, pois o senso comum sabe, ainda que superficialmente, que o nazismo foi um mal e ainda é identificado com o Mal Absoluto. Mal intencionada, pois disseminando uma mentira, quer se colocar no papel de vítima e perseguida, enquanto na verdade, ela e seus pares cristãos fundamentalistas como Júlio Severo e toda essa laia fundamentalista são os algozes de homossexuais tanto quanto o regime nazista foi.
Quem são, na verdade, os nazistas dessa história? Jean Wyllys respondeu em seu blog a Rozângela: "nazista é a senhora!". Rozângela é tão incompetente, tão desvairada que não percebe que o que ela e seus pares tentam fazer é exatamente aquilo que eles nos acusam de fazermos: enquanto nós afirmamos a diversidade humana, eles querem plastificá-la, torná-la monocromática, e para isso, eles precisam eliminar os homossexuais "transformando-os" em heterossexuais, como se isso fosse possível.
Ao identificar homossexuais como doentes e pervertidos, sofredores de patologias, os "judeus" da vez, tentam, como Hitler, eliminá-los, não em campos de concentração nem com banhos em câmaras de gás, mas com terapias de reversão. Quem é cara pálida, o nazista nisto tudo? Quem trabalha para eliminar pessoas e suas características constitutivas - a orientação sexual - visando o estabelecimento de uma "raça" de heterossexuais? Quem usa de leituras pervertidas (sabemos que Hitler pervertia tudo o que lia e até o que via e ouvia a fim de corroborar sua loucura antisemita) das teorias da psicologia e até mesmo da Bíblia para corroborar sua nefasta prática?
Não vejo nenhum homossexual trabalhando pela destruição da família como tanto gostam de acusar os fundamentalistas religiosos! Ao contrário, vejo homossexuais lutando pelo direito de se unirem diante da lei, pela adoção de crianças abandonadas por heterossexuais a fim de lhes proporcionarem uma vida saudável, familiar, digna e honesta. Vejo homossexuais lutando por constituírem suas famílias e lutando pelo direito à igualdade diante da lei que lhes é negada pelo trabalho perverso de legisladores que professam uma fé tão pervertida quanto à de Rozângela Justino. Vejo homossexuais lutando pelo direito de existir, tendo sempre que fazer frente ao desejo sombrio, este sim nazista, de eliminá-los, de silenciá-los. Não vejo homossexuais tentando reverter a sexualidade de nenhum outro ser humano, mas lutando legitimamente pelo pleno direito de ser quem é.
Hitler, no seu desvario em "criar" uma nova raça, marcou homossexuais com triângulos rosa, os confinou em campos de concentração, os despojou de sua dignidade humana ao tratar como bicho o que é gente. Nesta vida, mata-se de muitas maneiras e uma delas é a negação do direito ao outro de existir como ele é. Mata-se, matando no outro o que lhe constitui e o identifica socialmente. Mata-se usurpando do outro sua cidadania, o marginalizando, tirando deste, sua igualdade em relação aos outros seres humanos. Mata-se, tentando, a partir de uma prática perversa, charlatã, "curandeira", reverter, reorientar a sexualidade do diferente, como faz Rozângela Justino e seus pares psicólogos "cristãos".
Rozângela diz em vários textos e declarações à imprensa que está sendo silenciada, amordaçada, impedida de praticar sua profissão. Diz que "ajuda" homossexuais que voluntariamente desejam reorientação de sua sexualidade, mas não enxerga que essa gente legitimamente sofrida, vítimas de uma sociedade homofóbica, de uma religião homofóbica, de uma família homofóbica, buscam, na verdade, auto-aceitação, autocompreensão; precisam de reafirmação e de tratamento digno que lhes garanta a plena aceitação de si mesmos para terem vida feliz. E o que Rozângela faz? "Mata" a verdade dessas pessoas, adoecendo-as ainda mais, o que realmente pode levar-lhes à morte. Quem não conhece ou jamais ouviu falar de homossexuais que se mataram por não se aceitarem como tais, não-aceitação esta agravada pela religião, família e sociedade?
Rozângela, a desvairada, declarou a Veja: "Essas pessoas que estão homossexuais estão ligadas a todo um poder nazista de controle mundial". Mas pergunte a ela quem é o Exodus Internacional ou pesquise sobre essa famigerada organização de evangélicos fundamentalistas que fazem o mesmo trabalho que esta senhora faz e verão que quem se alinha a um "poder mundial" que visa eliminar homossexuais é ela mesma! O Exodus Internacional promove o que chamam de "seminários" e "workshops" em todo o mundo, sempre usando a estrutura de uma igreja local. "Eliminar" homossexuais "transformando-os" em heterossexuais é a especialidade da organização internacional.
Copiado de Acapa.
2 comentários:
Já tive oportunidade de comentar este tema em outro blog e o que então escrevi foi o seguinte: A causa dos homossexuais está muito ligada à causa feminista, pois o ódio contra os homossexuais é o produto natural de uma sociedade de supremacia masculina que para se manter tem de reforçar a identidade masculina e não pode permitir-se abrir brechas; ora de acordo com a lógica do sistema os homossexuais são uma vergonha para o macho tradicional. Daí ser curioso constatar a solidariedade, as vezes mesmo inconsciente, das mulheres para com os homossexuais, que já não é tão visivel em relação às lesbicas.
Além disso mais uma ressalva para tentar centrar a questão: é bom lembrar que não foi só o nazismo que perseguiu os homossexuais, também regimes de esquerda os perseguiram, por exemplo, o regime do Fidel, com todo o seu igualitarismo também os perseguiu; isto porque de esquerda ou de direita o que todos tinham em comum era que continuavam a integrar e a defender o sistema patriarcal e a considerar as mulheres cidadãos de segunda ou terceira categoria.
concordo que o gay é visto como inferior por ter o papel sexual passivo feminino que é visto como inferior e portanto é uma hierarquia de genero acham vexatorio pra um genero superior ter um papel sexual associado ao genero inferior e concordo em parte que ha algo entre mulheres e gays mas discordo quando vc diz que lesbicas sao rejeitadas conheci uma colega bi que era machista e so tolerava o lesbianismo na propria wiki países da polinesia e outros tambem so permitem o sexo lesbico pois nao ha penetração ha tambem essa mistificação de que o penis é algo desonrador maculador entao a pessoa penetrada passa a ser impura contaminada tudo isso vem dos semitas duvido que havia moralidade pre semita nessa direção em athenas a despeito da padroeira da cidade ser mulher as mulheres viviam trancadas enquanto caras iam cortejar jovens no ginasio era proteção do dna sem abrir mao do prazer nem os muslos trancafiam mulheres elas saem com burca e membro masculino ou seja em relação a repressao de genero o pagao podia ate ser avançado pois hierarquia de genero foi a primeira a surgir mas a sexualidade ainda era livre os semitas que sofismaram ambos e reprimiram ambos ao ver links
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