quinta-feira, 6 de agosto de 2009

Falsos paladinos

Na trilha da Era dos Melindrados e no tema da Teoria de Conspiração, o público tem estado debaixo do fogo cruzado das opiniões de falsos paladinos.

O paladino é a figura do cavaleiro em armadura brilhante montado em um cavalo branco, pronto para lutar pela donzela em perigo, tão comuns no romance cavalheiresco da Idade Média.

Mas no caso desses vigaristas, o perigo consiste neles mesmos, uma vez que eles que criam a histeria, a paranóia e o medo na população para que, disfarçados de defensores dos valores sociais, consigam atingir seus verdadeiros objetivos.

O mais pernicioso é a questão da homossexualidade vs cristianismo.

Os cristãos fundamentalistas inventaram que existe uma conspiração por trás do legítimo direito que cabe aos homossexuais de terem a proteção da lei e do Governo contra a discriminação, a calúnia, a injúria e o preconceito contra esse grupo, que resultam em agressões físicas e morte.

Estes grupos tentam induzir o público inventando que a “verdadeira” intenção desse movimento é a de instaurar uma ditadura, tirar a “liberdade de expressão”, atentar contra a instituição familiar e liberar a pedofilia.

Tudo que o movimento GLBT pede e espera é um mínimo de respeito, tolerância e os direitos constitucionais que pertencem a todos os cidadãos, se há uma ditadura essa é a opinião doutrinária e dogmática dos fundamentalistas cristãos que insistem em divulgar publicamente a mentira que a homossexualidade é doença.

O reconhecimento, o respeito e o amparo legal a esse grupo não irá acabar nem suprimir a união heterossexual; irá ampliar o tacanho entendimento de que a unidade familiar seja apenas formada por uniões heterossexuais; irá reintegrar esse grupo à sociedade e à família, uma vez que são pessoas que nascem e fazem parte da família e da sociedade.

Esse é um respeito e reconhecimento a relações erótico/afetivas entre pessoas maduras, física, emocional e mentalmente, o que descarta a acusação de querer permitir a pedofilia. Existem mais casos de pedofilia entre lares formados por uniões heterossexuais, por parte de homens heterossexuais, por parte de sacerdotes cristãos, do que entre homossexuais, mas isso evidentemente é omitido.

O mais engraçado é a questão da proibição de fumar em locais fechados. Os cristãos fundamentalistas inventam que existe uma intenção do Governo em atentar contra a “liberdade individual” quando a questão é de saúde pública e de proteção dos direitos dos não-fumantes. Engraçado porque reclamam contra a intervenção do Governo na vida pessoal, mas não reclamam contra a intervenção do Vaticano na vida pessoal, como no uso de métodos contraceptivos. O que se pode e deve ressaltar é que a iniciativa do Governo é inócua, um placebo, que não resolve a questão da saúde pública e do ambiente.

O mais ridículo é a questão da retirada de imagens religiosas em repartições públicas. Os cristãos fundamentalistas inventam que existe uma conspiração ou ateísta ou comunista contra a Igreja, quando a questão é simplesmente aplicar o dispositivo constitucional que define o Estado como laico. O que se pode ressaltar é que esta é uma iniciativa igualmente inócua, mais um placebo, pois existem questões mais importantes nos dispositivos constitucionais para serem garantidas pelo Estado do que sua laicidade.

O público pode ou não ser enganado, depende da vontade de querer ser iludido, basta lembrar da recepção calorosa aos bispos da Renascer, presos nos EUA por crime financeiro. A verdadeira intenção dos falsos paladinos não é para defender a donzela, mas a de mantê-la encarcerada pelo medo a um dragão que não existe.

Um comentário:

Adília disse...

O ódio aos homosexuais é a outra face da misoginia, repare que é frequente encontrar-se esse ódio em individuos um pouco para o bronco e com a mania de que são muito machos. Temem que o reconhecimento de outros tipos de uniões que não as heterosexuais desestruture a familia patriarcal com a hierarquia do macho sobre a fêmea e nisso podem ter alguma justificação. Já reparou com certeza como perguntam ironicamente, revirando os olhos, quando confrontados com relações desse tipo quem é que vai ser marido e quem vai ser mulherzinha, a imaginação não dá para mais e a inteligência também não ajuda.