quarta-feira, 20 de agosto de 2025

O levante das lésbicas

O Dia Nacional do Orgulho Lésbico, celebrado nesta terça-feira (19), marca uma das mobilizações mais importantes da história da luta de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Transsexuais, Queer, Intersexuais, Assexuais, Pansexuais e mais (LGBTQIAP+) no Brasil. O movimento que deu origem à data ocorreu no Ferro’s Bar, em São Paulo, em 1983.

Localizado na rua Martinho Prado, no centro paulistano, o Ferro's Bar era um ponto de encontro da diversidade. Frequentado por jornalistas, artistas, prostitutas e, cada vez mais, por lésbicas organizadas em torno de suas pautas políticas, o espaço se tornou referência, especialmente para o Grupo de Ação Lésbica Feminista (GALF). Foi lá que as militantes passaram a vender a revista ChanacomChana, uma das primeiras publicações brasileiras voltadas à vivência lésbica.

O ambiente, contudo, não tinha o devido acolhimento ao público. Foram registrados episódios de discriminação, maus-tratos e até violência física contra as clientes lésbicas. Tudo isso, acrescido de anos da “Operação Sapatão” (que resultou na prisão de cerca de 200 mulheres em São Paulo), culminou na expulsão de integrantes do GALF por funcionários e donos do bar, além da proibição da presença no espaço.

O ato revoltou a clientela e a comunidade em torno do bar e, poucas semanas depois, em 19 de agosto de 1983, as lésbicas se uniram a feministas, militantes da então nascente luta LGBTQIAP+, lideranças políticas e figuras da imprensa para o que entraria para a história como o “Stonewall Brasileiro”. A vereadora Irede Cardoso (PT) foi a única política amplamente divulgada pela imprensa, na época, que esteve presente no levante e ajudou a inibir a ação da polícia.

Em plena ditadura militar, período marcado por perseguições, prisões e violência contra pessoas LGBTQIA+, o Levante do Ferro’s Bar tornou-se símbolo de resistência coletiva, e embrião das paradas de orgulho LGBTQIAP+ no país.

Tempos modernos

Apesar dos avanços em pautas LGBTQIAP+, poucos são os políticos que abertamente apoiam a causa ou se identificam como membros da diversidade. Há uma bancada significativa no Congresso Nacional, com cerca de 20 pessoas LGBTQIAP+ eleitas, 6 delas sendo lésbicas assumidas.

Entre os políticos assumidos, estão a governadora Fátima Bezerra (PT-RN), a ex-ministra do Esporte Ana Moser (PT), as deputadas federais Erika Hilton (PSOL-SP), Duda Salabert (PDT-MG), Dandara Tonantzin (PT-MG), e Daiana Santos (PCdoB-RS). Históricamente, há ainda figuras como o ex-ministro da Cultura, Gilberto Gil (PV), e o ex-ministro das Relações Exteriores, Marcelo Calero (PSD).

Fonte: https://revistaforum.com.br/brasil/2025/8/19/levante-do-ferros-bar-saiba-que-foi-ato-que-deu-origem-ao-dia-do-orgulho-lesbico-185753.html

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