O dia era 7 de Janeiro de 2015, 11h30 de uma manhã como tantas outras numa rua movimentada no centro de Paris. Em pouco mais de dois minutos, 11 pessoas foram mortas a tiro de kalashnikov por dois homens com a cara coberta que invadiram o edifício e a redacção do jornal satírico francês Charlie Hebdo. Outra mais haveria de morrer na rua – um polícia executado que tentou impedir a fuga dos autores do atentado em nome da Al-Qaeda da Península Arábica – e outras 11 ainda ficariam feridas.
Os artigos e cartoons da jornal foram utilizados como justificação para o ataque, perpetrado por dois irmãos franceses de origem argelina que queriam "vingar" o que consideravam ser a profanação do profeta Maomé. Entre as vítimas estavam oito membros da redacção do jornal: os designers Cabu, Charb, Honoré, Tignous e Wolinski, a psicanalista Elsa Cayat, o economista Bernard Maris e o revisor Mustapha Ourrad.
O ataque, que ocorreu na altura em que decorria a reunião semanal da equipa do jornal, originou uma das maiores caças ao homem dos tempos recentes em França. A polícia identificou os irmãos Said e Chérif Kouachi como os autores do ataque e tudo terminou dois dias depois num tiroteio nos arredores de Paris em que ambos foram mortos. O ataque levou a uma onda de solidariedade por todo o mundo nunca antes vista. Muito deste apoio foi organizado online através da hashtag #JeSuisCharlie (que significa, numa tradução literal, eu sou Charlie).
Passaram-se dez anos desde essa manhã, que deu início ao debate sobre a existência de limites à liberdade de expressão, que na última década não deixou a ordem do dia, e a um período negro na História recente de França, que seria palco de outros atentados terroristas ainda mais sangrentos. O Charlie Hebdo publica esta terça-feira um número especial para assinalar os dez anos do atentado, com cerca de 40 caricaturas, e em que a mensagem principal é a "indestrutibilidade" da liberdade de expressão.
Fonte: https://www.publico.pt/2025/01/07/fotogaleria/charlie-hebdo-413071
Nota: no mundo ocidental dito civilizado não estamos completamente isentos, a arte está ameaçada, inclusive por ações terroristas, por parte de conservadores e fundamentalistas cristãos.
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