Crônicas de Furland.
Todos os personagens são fictícios, zoomórficos e maiores de idade.
Nós estamos no melhor momento do ano. Perto da melhor festa do ano. Evidente que eu falo de Halloween, que eu conheço como Sanhaim.
Muitas faculdades estão nas provas de fim de ano. Os alunos estão com muita coisa para estudar e tem os trabalhos de conclusão de curso.
Lorena é um caso à parte. Mesmo sentada na "turma do fundão", suas notas eram exemplares. Apenas nas apresentações diante da classe, os professores ficavam mais ressabiados.
Lorena explicava fazendo performance. No mundo humano, isso geralmente gera confusão e protesto dos conservadores.
Isso não era problema em Yffiburg. O problema era a falta de espaço. Nas apresentações de Lorena, tinham que ceder o espaço do teatro e mesmo assim ficava lotado.
Lorena é um caso completamente fora de qualquer curva. Ela (ele?) é uma pessoa intersexual. Tem dias que se sente mais garoto e assim se porta. Tem dias que se sente mais garota e assim se porta. Se é que existe algum papel definido em ser homem ou mulher.
Os cidadãos nascidos em Yffiburg não tem o mesmo problema dos humanos nascidos aqui. Enquanto pessoas ignorantes negam e omitem a existência de pessoas intersexuais e transgênero, aqui em Yffiburg é tão banal quanto beber água.
Eu não especifiquei a espécie de Lorena. O Gemini sugeriu que fosse uma gata. Ou gato. Para seus muitos admiradores e admiradoras, são seus... dotes que interessam.
Eu, coitado de mim, não consigo olhar direito para ela (ele?). Dois belos melões. Duas belas nádegas. Suas roupas pouco escondem aquelas partes que sempre são mais visadas.
Eu, que sou primitivo, ainda homem e heterossexual. Velho. Mesmo nesse mundo, como Sapo Bardo, eu duvido que teria alguma chance com as mulheres (cis ou trans) dessa cidade.
Lorena estava livre das provas de fim de ano e dos trabalhos de faculdade. Então ela teria três meses para decidir qual outro curso, de qual faculdade, faria. Três meses. Faz tempo que ela (ele?) estava de olho em um dispositivo mecânico/eletrônico/digital para sua ginástica de Eros.
Ela (ele?) iria precisar de grana. Então pegou um classificado de emprego e foi olhando os anúncios. Até encontrou algo interessante. Então resolveu colocar ela mesma (ele mesmo?) um anúncio.
Dizia o anúncio:
"Procuro trabalho em Yffiburg!
Sou a Lorena, alguém que vai mudar a sua vida. Minha aparência é variável, adaptável, conforme o humor, o ambiente e a companhia. Às vezes, sou como um macho, outras vezes, sou como uma fêmea.
Busco um ambiente de trabalho que valorize a individualidade. Tenho habilidades em cuidar de coisas e pessoas. Sou adaptável, curiosa e sempre disposta a aprender coisas novas.
Se você procura alguém com uma perspectiva única e que traga um toque de magia para o seu negócio, me contrate!"
(Sugestão dada pelo Gemini, com edições)
O jornal (revista? estação de rádio? de televisão? site da internet?) recebeu tantas cartas (ligações? e-mails?) que tiveram que pedir ajuda de outros jornais.
Isso era bastante peculiar, mas em Yffiburg, ao contrário do mundo humano, são as empresas que competem para contratar os habitantes. Lorena podia escolher o trabalho, o horário, o local e o salário.
Uma resposta cativou sua atenção. (Adendo. Eu decidi a espécie de Lorena. Raposa). O nome era familiar. Olga. Seria sua boa e velha tia, moradora de uma enorme mansão?
O endereço também lhe era muito familiar. decidiu ir, para ver se seus instinto e intuição estavam certos.
Bingo. Praça da Aveleira. Cruzamento da avenida Carvalho e rua Azevinho. Era a casa (mansão?) de sua tia Olga.
Animada, Lorena tocou a campainha e tratou de gritar.
- Ooooi? Tiiiaaa Oooolgaaa! Sou eu, Loreeeeenaaa!
- Só um minuto, querida!
Uma voz doce e gentil ressoou de dentro da mansão.
- Hei, barulhenta! Quem pensa que é? Onde está sua educação?
Um vulto enorme, duas vezes maior do que ela (ele?). Era Rudolf. Com seu icônico nariz vermelho. Ela ouviu falar que ele tinha um emprego com Nicholas Claus, vulgo Papai Noel.
- Oi, Rudolf. Não lembra de mim? Lorena. Eu sei que lembra.
O rosto (focinho?) de Rudolf ficou vermelho como seu nariz. Sim, ele lembra. Ele era apenas um aprendiz de rena do natal. Era para apenas ele entregar o presente de natal para Lorena. Lorena pegou algo mais além do presente. Foi a primeira vez dele.
Tentando disfarçar, Rudolf vira o rosto (focinho?) fingindo indiferença.
- Bah! Grande coisa! Aqui é uma casa de família. Eu acho bom se comportar.
- Isso quer dizer que não quer "brincar" comigo, Rudolf?
(vapor sai dos ouvidos, apitando)- Você ouviu. Comporte-se.
- Boa tarde Lorena. Obrigada por vir. Pode limpar minha casa? Eu quero que esteja toda limpa até a festa de Sanhaim.
- Vai receber visita de outras bruxas?
(Rudolf, bravo)- Lorena! Comporte-se!
- Está tudo bem, querido. Ela não está errada. Sim, meu anjo, eu vou reunir minhas colegas da assembléia de bruxas.
- Xácomigo, tia Olga!
Lorena sabe onde fica a despensa. Ali acha um uniforme de empregada. Desses que atiçam o fetiche. Curto e apertado para seu corpo, mas para ela (ele?) estava perfeito.
Olga Dunkel herdou a mansão da família. Aquilo era grande demais e caro demais para ela.
Então ela adaptou a mansão para ser um hotel. Raramente tem vagas. Ali tem moradores temporários e permanentes.
Evidente, ela reserva os melhores quartos para as bruxas e bruxos. Muitas celebridades do mundo Furland passam temporadas ali.
Esse é o caso de Wolfred. Fez um enorme sucesso na peça Chapeuzinho Vermelho, como o Lobo Mau. Mas ficou com trauma em contracenar com jovens atrizes.
Depois fez sucesso com a peça Os Três Porquinhos. Acreditou que seria bom variar, tentar ter um relacionamento homossexual. Mas novamente, fez o papel do Lobo Mau.
Quando ficava estressado, buscava descanso na mansão de Olga. Foi o que fez, quando conseguiu férias de seu papel como Lobo Mau nas produções da Disney.
Estava sonhando com um papel de príncipe ou de herói quando uma cantoria veio ressoando pelos corredores.
Ele conhecia aquela voz. Seguiu o som. O som estava mais intenso na biblioteca. Abriu a porta. Lá estava. Ele conhecia. Lorena. Foi em uma encenação da peça O Pequeno Príncipe.
A peça era muito diferente do livro. Fora de Yffiburg, era impensável. Um sorriso cínico brotou de suas mandíbulas.
Aproximou-se, cautelosa e silenciosamente. Então a agarrou.
- Bom dia, Lorena.
- Senhor Wolfred?
- Senhor? Eu não sou tão velho. Você continua maravilhosa.
Wolfred a beijou e suas mãos enormes e fortes percorreram o corpo dela. Ela não reclamou nem resistiu. Dava sinais que estava curtindo aquele assédio.
(detalhes apenas se o/a leitor/a interagir)
Os dois estavam no chão, sem fôlego, quando deram pela presença de Rudolf. Roxo. Com a boca aberta, como se estivesse com um grito preso na garganta.
Sem perder a postura, Lorena fez psiu com a mão.
- Quer se juntar a nós, rena-piloto?
Algumas horas depois, os três estavam largados pelo chão. Wolfred juntou a força que restava e levantou.
- Venha. Vamos. Está tarde e ainda tem muita limpeza a fazer. Eu te ajudo.
Ele chutou Rudolf.
- Você também, imprestável.
Com a ajuda de Wolfred e Rudolf, Lorena conseguiu limpar tudo no tempo certo.
Olga, satisfeita com o serviço, entregou um bolo de notas.
- Tia Olga, aqui tem mais dinheiro do que o combinado!
- Eu sei, meu anjo. Considere isso um pagamento pelo seu "serviço extra" com o senhor Wolfred e Rudolf.
Olga então teve um estalo.
- Gostaria de ficar, querida? Em breve muitas bruxas vão chegar.
- O senhor Wolfred também está convidado?
- Claro, querida. Rudolf também, caso ele queira.
Rudolf temia perder o emprego, mas temia mais perder a oportunidade de continuar com o triângulo amoroso.
Feliz Halloween para todos.
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