sábado, 30 de novembro de 2024

As fogueiras ainda estão acesas

Na última semana, a professora Sueli Santana, que atua na rede municipal de Camaçari, na Região Metropolitana de Salvador (RMS), registrou um boletim de ocorrência e uma denúncia junto ao Ministério Público. Ela relata estar sendo vítima de agressões verbais e físicas por parte de alunos que não respeitam seu credo religioso.

Os incidentes começaram quando alunos de 10 a 12 anos, da mesma família, ingressaram na Escola Municipal Rural Boa União, situada na Zona Rural de Abrantes, onde Sueli é professora. Os alunos se recusaram a assistir às aulas sobre cultura afro-brasileira, previstas na Lei 10.639 de 2003, que determina o ensino de história e cultura afro-brasileira e africana nas escolas.

"No início do ano, chegaram novos alunos, e entre eles, três pertencentes a uma família evangélica tradicional. Essas crianças se incomodaram ao me verem em uma sexta-feira com minhas vestes tradicionais do Candomblé. Eu sou professora da rede municipal, mas também sou makota do Terreiro de Lembarocy, em Salvador. Makota é um título candomblecista, e eu sempre assumi minha religiosidade. Vou de branco toda sexta-feira à escola e, quando estou em rituais, além de vestir branco, cubro minha cabeça”, revelou Sueli.

Mesmo após diversas reuniões com os pais dos alunos, as agressões não cessaram. A professora relatou que foi chamada de "bruxa", "demônia", "macumbeira", "satanás" e "feiticeira". Após o recesso de junho, a situação piorou e se tornou insustentável nos meses de outubro e novembro, quando Sueli foi apedrejada pelos três alunos.

"Passei a sofrer não apenas agressões verbais, mas também físicas. Eu fui apedrejada por esses três alunos. Em vários momentos em que eu chegava na sala de aula, havia versículos bíblicos escritos no quadro e uma Bíblia sobre a minha mesa. Quando eu pedia para que o dono retirasse, essas meninas diziam que a Bíblia estava ali para que Jesus salvasse a minha alma", detalhou a professora ao site Farol da Bahia.

A direção da escola acionou a Secretaria de Educação de Camaçari, que orientou Sueli a parar de usar o livro "ABC Afro Brasileiro" nas aulas até que alguém conversasse com os pais dos alunos. "Fui proibida de trabalhar com o livro até que alguém fosse à escola conversar com os pais, como se a aplicação da lei precisasse ser autorizada”, analisou Sueli.

Em entrevista, Sueli desabafou sobre as agressões que sofreu e a evolução da violência que percebeu. "O racismo é sutil, e às vezes a gente quer tratar com educação. Até então, eu sentia que era um preconceito comigo e fiquei na escola tentando resolver de forma educativa, trazendo a questão da religiosidade como um direito que todo mundo tem. Até culminar com o ato da violência física. A violência psicológica eu até estava suportando, mas, quando partiu para a física, senti que minha integridade estava ameaçada. A pedrada que levei acertou o pescoço, mas poderia ter atingido a cabeça ou os olhos, causando sequelas", desabafou a professora.
Sobre a denúncia, Sueli espera que os pais dos alunos sejam responsabilizados e que compreendam a necessidade de cumprir a lei. "Que esses pais sejam chamados à responsabilidade e que compreendam que a Lei é para ser cumprida. Em momento algum tentei converter ninguém. O meu corpo é o meu direito, então as minhas contas, o meu vestido e o meu torço são direitos meus. Eles precisam orientar os filhos a respeitar, assim como eu respeito o direito deles. Eu preciso ser respeitada", defendeu Sueli.

A Secretaria de Educação de Camaçari informou, em nota, que acolheu a professora e as famílias envolvidas, e que está apurando o caso. “A Secretaria da Educação (Seduc) tomou conhecimento da denúncia nesta quinta-feira (21/11) e, imediatamente, procedeu com o acolhimento à professora Sueli Santana, bem como aos estudantes da Escola Municipal Rural Boa União e familiares. Iniciou, também, a apuração dos relatos, com o intuito de, por meio de oitiva com as partes envolvidas, buscar a completa compreensão da situação e, por conseguinte, os esclarecimentos, providências cabíveis e dissolução dos conflitos. A Seduc reitera seu compromisso com a valorização da diversidade e do respeito às diferenças, sejam elas relacionadas a crenças, gênero ou cor, repudiando qualquer forma de discriminação. Nesta sexta-feira (22/11), segue em diálogo com a comunidade escolar”.

A secretaria não informou se os alunos foram afastados ou não. A Polícia Civil está investigando o incidente.

Fonte: https://revistaforum.com.br/brasil/nordeste/2024/11/26/bruxa-demnia-professora-apedrejada-na-bahia-por-ser-do-candomble-169915.html

Nota: enquanto isso, o governo fica procurando diálogo e conciliação com os evangélicos. Esse tipo de crime tem que ser punido.

Rússia pode ter ministério do sexo

A Rússia pode em breve ganhar um "ministério do sexo" na mais recente medida para enfrentar a queda na taxa de natalidade do país, de acordo com o "Daily Mirror".

A integrante do Partido Comunista Nina Ostanina, de 68 anos, presidente do comitê do Parlamento russo para Proteção a Família, Paternidade, Maternidade e Infância e aliada do presidente Vladimir Putin, está examinando uma petição exigindo tal medida. Isso ocorre enquanto os funcionários do governo estão apresentando inúmeras ideias para atender à demanda de interromper o declínio demográfico agravado pelas centenas de milhares de mortos na guerra na Ucrânia, iniciada em fevereiro de 2022.

Uma das propostas bizarras é desligar a internet — e até mesmo as luzes — entre 22h e 2h para encorajar os casais "entediados sem a tecnologia" a fazer sexo. Outra ideia é que o Estado pague as mulheres que ficam em casa criando filhos para fazerem tarefas domésticas e inclua isso nos seus cálculos de pensão. Outra noção é que o Estado deve pagar pelos primeiros encontros entre pretendentes até o valor de 5.000 rublos (cerca de R$ 295). A mídia ocidental chegou a noticiar que Putin estaria incentivando os russos a fazerem sexo durante o expediente de trabalho.

Outra proposta é que dinheiro público financie noites de núpcias em hotéis para casais até um valor de 26.300 rublos (R$ 1.530) na esperança de que isso estimule gestações.

O objetivo do "ministério do sexo" (o nome oficial ainda não foi escolhido) seria assumir o controle de iniciativas para aumentar a taxa de natalidade, de acordo com a revista Moskvich.

A taxa de natalidade em países desenvolvidos está caindo a níveis alarmantes. Mas em nenhum país a situação é tão dramática quanto a Rússia. Nos primeiros seis meses de 2024, a Rússia registrou a sua menor taxa de natalidade desde 1999.

Para mudar o cenário, na região de Moscou, o Estado está se intrometendo na vida sexual das mulheres em uma tentativa de forçá-las a ter mais bebês. Questionários íntimos sobre sexo e menstruação foram enviados a funcionárias do setor público, num modelo que deverá servir como base para um interrogatório nacional de mulheres.

Aquelas que se recusam a responder são ordenadas a comparecer a consultas médicas onde são feitas as mesmas perguntas invasivas. Entre as dezenas de perguntas pessoais, estão:

Com que idade você começou a fazer sexo?
Você usa camisinha durante a relação sexual?
Você usa contraceptivos hormonais (por exemplo, pílulas anticoncepcionais)?
Você sente dor durante a relação sexual?

Fonte: https://extra.globo.com/blogs/page-not-found/post/2024/11/russia-pode-criar-o-ministerio-do-sexo-para-combater-baixa-taxa-de-natalidade.ghtml

Nota: a Rússia está com problema na taxa de natalidade. O Japão está com o mesmo problema. Os governos terão que reavaliar a idade de consentimento.
Just saying🤭😏.

sexta-feira, 29 de novembro de 2024

Diwali em São Paulo

Pela primeira vez, a capital paulista será palco do Diwali, o tradicional Festival das Luzes Indiano, que acontecerá nos dias 30 de novembro e 1º de dezembro de 2024, no Largo da Batata.

Celebrando a virada do ano hindu, o evento é conhecido mundialmente por seus rituais de luz, danças, comidas típicas e alegria. Com entrada gratuita, o festival oferece uma experiência imersiva na cultura indiana, incluindo performances artísticas, oficinas e uma diversificada gastronomia.

Além de ser pet-friendly, o Diwali em São Paulo é realizado pela @diwalibr, com o apoio da Subprefeitura de Pinheiros. O evento acontecerá das 11h às 21h, com localização privilegiada ao lado da estação Faria Lima do metrô.

Essa é uma oportunidade inédita para os paulistanos vivenciarem uma celebração repleta de brilho, tradição e magia!

Fonte: https://www.guiacampos.com/cultura-indiana-invade-sao-paulo-com-o-festival-das-luzes-no-largo-da-batata/

O que os jornalões não mostram

A notícia foi publicada originalmente no New York Times. Foi distribuído pela Folha e Estadão, mas apenas os trechos que interessavam para cultivar o pânico moral.
As elites usam o pânico moral para subjugar e manter as pessoas submissas.

Eu vou citar (traduzido com Google Tradutor) trechos interessantes e deixo para o leitor tirar suas conclusões.

Citando:

Ainda menor de idade, ela postava imagens obscenas de si mesma no Instagram e tinha sua própria plataforma de venda de fotos. Todos no mundo cada vez maior de influenciadores infantis pareciam saber sobre ela — mães que administravam as contas de Instagram de suas filhas menores de idade, homens que seguiam as meninas em várias plataformas e cruzados anti-exploração infantil que condenavam tudo isso.

Mais de uma década online deixou Jacky desconfiada e cínica. Ela pode ser atenciosa e cheia de nuances, mas também pode exibir a bravata e a autoconfiança de uma adolescente. Ela condena a exploração infantil online, culpando os pais tanto quanto os homens lascivos, mas orgulhosamente proclama que ela transformou o olhar masculino sempre presente da web em sua vantagem.

À medida que se aproximava da adolescência, ela começou a atrair atenção inapropriada de homens online. Ela foi protegida do pior, como quando seus pais apagaram fotos que os homens enviaram de suas genitálias. Mas os riscos neste novo mundo que eles a apresentaram aumentaram depois que ela fez 13 anos e começou a promover uma marca de roupas de banho.

Quando ela tinha 15 anos, ela e seu pai disseram que alguém roubou seu telefone e postou suas imagens privadas, incluindo fotos nuas que ela havia tirado de si mesma. Pouco tempo depois, um homem começou a recrutá-la para uma plataforma onde as pessoas gastavam regularmente de US$ 10 a US$ 100 em fotos de meninas menores de idade, geralmente com roupas reveladoras.

Jacky estava no jogo, mas ela descreve a experiência como uma introdução dura a uma indústria online predatória na qual as meninas são preparadas por homens e muitas vezes permitidas por seus pais. Foi também seu primeiro gostinho da verdadeira independência financeira: logo após terminar os estudos, ela e seu pai disseram que seus ganhos já haviam ultrapassado US$ 800.000. Ela se recusou a compartilhar seus registros financeiros completos, mas outros na indústria descreveram o número como plausível.

(Usuário do Telegram

As pessoas sabem que se você navegar pelos canais da Holanda, verá famílias inteiras tomando sol nuas em seus gramados? Sério, o medo da nudez hoje em dia é tãããão estúpido.

Enquanto isso, Brooke Shields em Playboy, Pretty Baby e Blue Lagoon, sua reivindicação à fama.

Deixe as pessoas viverem.)

Sua atitude, disseram acadêmicas feministas, é comum entre mulheres que trabalham na indústria do sexo: cobrar dos homens lhes dá estabilidade financeira e a sensação de que estão em vantagem em uma sociedade que as objetifica independentemente de suas escolhas.

Jacky foi criada com o que ela descreve como uma sensibilidade europeia para se sentir confortável com seu corpo, e ela passou anos surfando de biquíni em lugares como Bali. Marcas de roupas e esportes frequentemente lhe enviavam produtos gratuitos na esperança de que ela os promovesse.

Então pareceu inócuo, ela disse, quando aos 13 anos uma marca de roupas de banho para jovens, Chance Loves, se ofereceu para colaborar com ela nas redes sociais depois que ela contatou a empresa e elogiou seus trajes de banho. A marca a apresentou em seu site e lhe enviou biquínis, que ela exibiu em fotos que postou no Instagram.

Poucos meses depois de assinar com a Chance Loves, Jacky estava recebendo pedidos de fotógrafos e marcas de roupas desconhecidas que lhe enviavam trajes de banho e roupas esportivas justas.

Pouco depois de seu telefone ter sido roubado, Jacky recebeu uma oferta lucrativa de um homem que administrava uma nova plataforma de influenciadores, SelectSets, que postava imagens de mulheres e meninas jovens, algumas seminuas.

Aos 15 anos, seus pais lhe disseram que ela era madura o suficiente para tomar sua própria decisão. Ela anunciou seu novo empreendimento com uma foto no Instagram dela montada em uma motocicleta em um biquíni fio dental. Sua maquiagem discreta e seu penteado natural a fizeram parecer muito uma adolescente, e seu público reagiu positivamente.

Jacky se tornou ambivalente sobre os homens que compram suas fotos em suas várias plataformas, mas ela ainda vê o benefício. No caso de seu próprio site, os compradores — a maioria deles dos Estados Unidos e da Índia, ela disse — pagaram cerca de US$ 75 por um pacote de fotos, que geralmente são obscenas, mas não incluem nudez, e cerca de US$ 11 mensais para ver o que está disponível para venda.

No seu auge, a SelectSets estava rendendo a Jacky dezenas de milhares de dólares por mês, ela disse, então foi uma surpresa para ela quando o Sr. Lidestri decidiu fechar tudo no verão de 2022.

Ele se ofereceu para vender o negócio a ela, mas o acordo fracassou e ela decidiu começar algo por conta própria. Registros de St. Maarten mostram que o pai de Jacky assinou documentos em 2022 para ajudá-la a lançar um site, MyInfluencer.Academy. Ela tinha 16 anos.

Sentada no sofá de seu apartamento, vestindo uma camiseta, ela explicou com tranquilidade como era simples criar um mercado online de fotos de adolescentes.

Além de Jacky, houve nove pessoas que postaram conteúdo nos últimos meses, incluindo três meninas menores de idade e um de seus amigos homens, que compartilhou conteúdo de skate não relacionado. Jacky, que tira 20 por cento do topo, disse que em seu auge, o site arrecadou cerca de US$ 100.000 por mês, mas durante grande parte de sua execução ela só empatou.

Ela nunca permitiu nudez ou imagens que focassem em genitais. Ainda assim, o conteúdo é quase sempre sexual, e ela aconselha meninas que buscam se promover a irem ao Telegram, onde homens compartilham abertamente fantasias sexuais sobre menores.

Repetidamente, ela reclamou amargamente sobre outros sites que permitem que os pais postem imagens picantes de seus filhos e, ainda assim, aparentemente prosperaram. Em um site, SuperFanVerse, uma conta com uma menina de 11 anos anunciava fotos de biquíni e "vestido transparente" e buscava gorjetas em dinheiro para que ela pudesse "ganhar algum Roblox $ $", referindo-se a uma plataforma de jogo online popular entre crianças.

Em outro, Passes, uma mãe criou uma conta usando sua própria identidade e cobrou por fotos de biquíni de sua filha de 12 anos, contornando o requisito de idade do site. A mesma criança já havia pertencido a outra plataforma, BrandArmy, com base em uma certidão de nascimento falsificada. Jacky e a menor postaram fotos no site, e suas contas foram removidas por serem muito picantes.

Fonte, citado parcialmente: https://www.nytimes.com/2024/11/10/us/child-influencer.html

quinta-feira, 28 de novembro de 2024

Vai faltar espaço

O Supremo Tribunal Federal (STF) formou maioria para validar a presença de símbolos religiosos em prédios públicos, desde que essa exibição seja fundamentada na tradição cultural da sociedade brasileira. A decisão, em julgamento virtual, aborda questões sensíveis da Constituição, como liberdade religiosa e o princípio do Estado laico, que assegura a neutralidade do Poder Público diante de diferentes crenças.

A discussão foi motivada por uma ação do Ministério Público Federal (MPF) contra a exibição de crucifixos e imagens religiosas em órgãos do governo federal no estado de São Paulo. O MPF alegou que esses objetos poderiam ferir o princípio do Estado laico.

Em respostas, tanto a Justiça Federal quanto o Tribunal Regional Federal da 3ª Região negaram o pedido, argumentando que tais símbolos refletem a história e a cultura nacional, não configurando violação à laicidade.

A questão chegou ao STF em 2020, quando foi reconhecida a repercussão geral do tema, estabelecendo que a decisão servirá como base para casos semelhantes em outras instâncias. O julgamento ocorre em sessão virtual, iniciada no dia 15 e prevista para encerrar em 26 de novembro.

O ministro Cristiano Zanin, relator do caso, destacou em seu voto que a presença de símbolos religiosos nos prédios públicos não infringe os princípios constitucionais de laicidade, impessoalidade ou não discriminação. Ele propôs ainda a tese de que esses símbolos, quando representativos da tradição cultural da sociedade, são compatíveis com o ordenamento jurídico.

“O objetivo é manifestar a tradição cultural da sociedade brasileira, sem ferir os princípios constitucionais”, afirmou Zanin.

Acompanharam o voto do relator os ministros Flávio Dino, André Mendonça, Dias Toffoli e Gilmar Mendes. O ministro Edson Fachin também apoiou a decisão, com ressalvas. Fachin ressaltou a importância de reconhecer a diversidade cultural e de respeitar diferentes formas de manifestação.

Com a formação da maioria, o STF estabelece que a exibição de símbolos religiosos em prédios públicos não contraria a laicidade estatal, desde que essa prática seja compreendida como expressão cultural. A tese fixada servirá como referência para outros processos judiciais relacionados ao tema, reforçando a interpretação de que tradição cultural e neutralidade estatal podem coexistir.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/stf-libera-uso-de-simbolos-religiosos-em-predios-publicos-apos-formar-maioria/

Nota: a umbanda e o candomblé também fazem parte da cultura nacional. Os símbolos dessas crenças também serão incluídas nos prédios públicos? Vai faltar espaço 😏🤭.

O limite da tolerância


Por Aldo Fornazieri.

Todo o Brasil já sabia que Bolsonaro e a cúpula bolsonarista haviam conspirado para dar um golpe com o objetivo de permanecer no poder e evitar a posse de Lula. A preparação desse plano foi longa: começou com discursos e atos golpistas desde o início do governo Bolsonaro e culminou no 8 de janeiro, quando as sedes dos três poderes foram invadidas e depredadas. Ataques às eleições, motociatas, manifestações, reuniões, convocação de embaixadores, bloqueios de estradas e ruas, além de acampamentos em frente a quartéis do Exército, compuseram uma articulação constante de incitação ao golpe. Dois dias se destacam nesse processo: 12 de dezembro de 2022, com a diplomação de Lula, quando distúrbios e tentativas de atentados sacudiram Brasília; e 15 de dezembro, quando os golpistas planejaram atos violentos contra Lula, Alckmin e Alexandre de Moraes, com a subsequente instalação de um gabinete de gestão de crise golpista.

O último episódio, que revelou o planejamento do assassinato do presidente, do vice e de um ministro do STF, veio à tona na última semana, poucos dias após o atentado contra o STF, perpetrado por Francisco Wanderlei Luiz. Até o momento, a Polícia Federal conduziu uma investigação consistente, reunindo provas materiais substanciais para denunciar Bolsonaro e mais 36 integrantes da cúpula golpista, incluindo os generais Braga Netto e Augusto Heleno.

A cúpula golpista foi denunciada por três crimes: golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito e participação em organização criminosa. As penas somadas podem alcançar 28 anos de prisão. Passado o choque inicial das revelações, o tema parece ter caído em certa normalidade. Nenhuma grande mobilização foi observada, e as manifestações de repúdio não ultrapassaram a reação habitual.

Os democratas e as esquerdas perderam diversas oportunidades de derrotar politicamente o bolsonarismo e o golpismo desde a posse de Lula. O 8 de janeiro foi a mais evidente. Surpreendentemente, progressistas e esquerdistas optaram por uma posição de defensiva, adotando a retórica da normalidade democrática, ou mesmo da necessidade de pacificação, em uma conjuntura em que a extrema-direita conduz uma guerra constante contra o governo e tudo que é progressista.

Essa postura defensiva resultou em uma retumbante derrota nas eleições municipais. Que Lula, como presidente e chefe de Estado, promova discursos de paz, conciliação, civilidade democrática e união é aceitável. Contudo, ele não pode ignorar o paradoxo de Maquiavel: “O príncipe guerreiro e incrédulo deve proclamar a paz e a fé”. Proclamar a paz e a fé não implica abdicar da guerra. Lula deveria instruir sua base, seus “exércitos”, a intensificarem a guerra política contra o bolsonarismo, o golpismo e o extremismo de direita.

O problema é que o estado-maior (o comando das esquerdas) é composto por “generais” de gabinete, e não de campo. Parafraseando Júlio César: são generais sem exércitos, enquanto os grupos militantes e ativistas são exércitos sem generais.
Há tempos as esquerdas e os progressistas delegaram o enfrentamento do golpismo ao STF, ao TSE e, agora, à Polícia Federal. É louvável que as instituições do Estado Democrático de Direito cumpram sua parte. Contudo, é criticável que as esquerdas e os progressistas se omitam na tarefa de impor uma derrota política ao bolsonarismo e ao golpismo.

O momento é propício para derrotar o golpismo. Essa derrota deve abranger três dimensões: jurídica, política e moral. A dimensão jurídica requer o julgamento e a condenação dos golpistas. A política demanda uma ofensiva vigorosa para desnaturalizar o discurso golpista, presente em narrativas e expressões retóricas diversas. A moral exige a denúncia contínua do caráter criminoso do golpismo e ações que deslegitimem tanto o golpismo quanto a natureza fascista, antipopular e contrária aos direitos do bolsonarismo.

Embora haja a perspectiva de prisão para a cúpula golpista, persiste um grande risco. Se democratas e esquerdas não agirem, a extrema-direita pode lançar uma nova ofensiva em prol da anistia e libertação dos presos, utilizando argumentos fraudulentos.

Impor uma derrota política e moral ao golpismo significa deslegitimar a tese de que o 8 de janeiro foi apenas um ato de depredação de prédios públicos. Significa repudiar a bandeira da anistia, que estimula golpes, violência e impunidade. Significa não minimizar os eventos de 12 de dezembro de 2022 e o recente atentado contra o STF. É preciso expor os acampamentos em frente aos quartéis como incitação golpista, bem como os bloqueios de estradas e ruas como atos contrários ao Estado de Direito. Golpistas devem ser qualificados como terroristas por seus atos violentos e pelo planejamento dos assassinatos de Lula, Alckmin e Moraes. As narrativas golpistas precisam ser combatidas no Congresso, nas redes e nas ruas.

Progressistas e esquerdistas devem ser tolerantes apenas com aqueles dispostos a dialogar e buscar consensos, reconhecendo as diferenças. Com os intolerantes, a tolerância é inconcebível. Convém recordar o paradoxo da tolerância de Karl Popper: “A tolerância ilimitada levará ao desaparecimento da tolerância. Se tolerarmos os intolerantes, sem prontidão para defender a sociedade tolerante contra seus ataques, os tolerantes serão destruídos, junto com a tolerância”.

Popper não sugere atitudes intolerantes, mas exige ações enérgicas quando os intolerantes atacam a tolerância, a democracia, a liberdade, os direitos e o Estado de Direito. É necessário, se for o caso, usar a força do Estado para conter a intolerância. Não há meio-termo: ou a intolerância é combatida, ou destrói a tolerância.

Ele também afirma: “Qualquer movimento que pregue a intolerância deve ser considerado fora da lei, e o incitamento à intolerância e perseguição deve ser tratado como crime, assim como o incitamento ao homicídio, ao rapto e ao reavivamento da escravidão”. Essa clareza e firmeza faltam aos progressistas e às esquerdas.

Bolsonaro e os bolsonaristas, como Nicolas Ferreira, Pablo Marçal, Bruno Engler e outros, precisam ser combatidos como intolerantes. Não se pode aceitar como legítimos e normais os discursos e práticas fascistas e golpistas desses grupos em uma democracia.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/o-golpismo-e-o-limite-da-tolerancia-por-aldo-fornazieri/

Gemini Marx

Conversa com o Gemini

Escreva uma crítica social e política, apontando o "empreendedorismo" como apenas mais uma ilusão usada pela elite para ludibriar o trabalhador.

A Ilusão do Empreendedorismo: Uma Crítica Social e Política.

A narrativa do empreendedorismo como um caminho quase garantido para o sucesso financeiro e a realização pessoal tem sido amplamente difundida nos últimos anos. A mídia, as escolas e até mesmo o discurso político exaltam a figura do empreendedor como um herói moderno, capaz de superar qualquer obstáculo e construir um império a partir do nada. No entanto, essa romantização do empreendedorismo esconde uma dura realidade: para a grande maioria das pessoas, essa jornada é marcada por incertezas, longas jornadas de trabalho, e, muitas vezes, o fracasso.

A Ideologia do Empreendedorismo como Ferramenta de Controle

A promoção desenfreada do empreendedorismo como solução para todos os problemas sociais e econômicos serve a um propósito muito claro: desviar a atenção das desigualdades sociais e da precarização do trabalho. Ao transformar a busca pelo sucesso individual em uma responsabilidade exclusiva de cada indivíduo, a ideologia empreendedora isenta o Estado e as grandes corporações de suas responsabilidades sociais.

Individualização da culpa: Ao colocar a culpa pelo fracasso nos ombros do empreendedor, a sociedade ignora as estruturas sistêmicas que dificultam o sucesso, como a falta de acesso a capital, a concentração de renda e a falta de políticas públicas que apoiem os pequenos negócios.

Precarização do trabalho: A figura do empreendedor autônomo, muitas vezes trabalhando longas horas por baixos salários, serve como um modelo para a flexibilização do trabalho e a redução dos direitos trabalhistas.
Ideologia da meritocracia: A ideia de que o sucesso é resultado do esforço individual e da meritocracia obscurece o papel do privilégio e da herança na determinação das oportunidades de cada um.

A Realidade do Empreendedorismo: Uma Jornada Árida

A realidade do empreendedorismo está muito distante da imagem glamorizada que é apresentada pela mídia. A maioria dos empreendedores enfrenta dificuldades como:

Incerteza: A renda de um empreendedor é instável e pode variar muito de mês para mês.
Isolamento: Muitas vezes, o empreendedor trabalha sozinho ou com uma equipe muito pequena, o que pode levar ao sentimento de isolamento.

Longas jornadas de trabalho: É comum que os empreendedores trabalhem muito mais horas do que um empregado tradicional.
Alto índice de fracasso: A taxa de mortalidade das empresas é alta, e muitos empreendedores acabam desistindo e retornando ao mercado de trabalho.

Um Novo Debate

É fundamental que a sociedade promova um debate mais realista sobre o empreendedorismo, reconhecendo tanto as suas oportunidades quanto os seus desafios. É preciso questionar o discurso hegemônico que coloca a responsabilidade pelo sucesso exclusivamente nos ombros do indivíduo e exigir políticas públicas que promovam a igualdade de oportunidades e o desenvolvimento de um ambiente de negócios mais justo e equitativo.

Em vez de incentivar a todos a se tornarem empreendedores, a sociedade deveria:

Fortalecer o trabalho formal: Criar mais empregos com direitos e benefícios, investindo em setores como educação, saúde e infraestrutura.

Apoiar os pequenos negócios: Oferecer linhas de crédito com juros mais baixos, programas de capacitação e acesso a mercados.

Combater as desigualdades: Reduzir a concentração de renda, investir em educação de qualidade e garantir o acesso a serviços públicos essenciais.

Ao promover um debate mais crítico e realista sobre o empreendedorismo, podemos construir uma sociedade mais justa e equitativa, onde todos tenham a oportunidade de realizar seus sonhos e alcançar o sucesso.

Criado com Gemini, do Google.

quarta-feira, 27 de novembro de 2024

Desmascarando o "democrático" farsante

Investigado em Inquérito Policial Militar (IPM) no ano de 2005, quando, como comandante, autorizou o uso do Centro de Instrução de Gericinó, no Rio de Janeiro, para treinamento de ex-militares como mercenários pela empresa Firs Line, o coronel Roberto Raimundo Criscuoli pregou uma "guerra civil" logo após Lula vencer Jair Bolsonaro (PL) nas eleições presidenciais, em 30 de outubro de 2022.

Criscuoli, que foi exonerado do Exército e associou-se à Stam Strategic - transnacional que fornece combatentes privados para atuar em conflitos em todo o mundo -, ofereceu suas tropas de mercenários na conversa que teve com o general Mário Fernandes, então ministro-adjunto da Secretaria-Geral a Presidência, no dia 4 de novembro de 2022.

A troca de mensagens consta no relatório da Polícia Federal que embasou o pedido de prisão da facção homicida, comandada por Fernandes, que planejava o assassinato de Lula, Geraldo Alckmin e Alexandre de Moraes.

"Mario, eu tava até conversando agora com o pessoal aqui, cara. Se nós não tomarmos a rédea agora, depois eu acho que vai ser pior. Na realidade vai ser guerra civil agora ou guerra civil depois", diz Criscuoli, pregando em seguida que o conflito tivesse início imediatamente.

"Só que a guerra civil agora tem uma justificativa, o povo tá na rua, nós temos aquele apoio maciço. Daqui a pouco nós vamos entrar numa guerra civil, porque daqui a alguns meses esse cara [Lula] vai destruir o exército, vai destruir tudo. [...] Ele vai mandar todos os quatro estrela embora. Vai ficar com o Gedias [General Marco Edson Gonçalves Dias, que assumiu o GSI e foi demitido após o 8/1] e alguns outros aí. Cara, não vai ficar legal, cara. É melhor ir agora. Que o povo tá na rua e pedindo que daqui a pouco nós vamos ir por interesse próprio. Aí não vale. Aí eu não vou. Aí eu não vou. Então a hora de ir é agora, cara", emendou.

Criscuoli, então, tenta avalia, em concordância com Fernandes, que "o presidente [Bolsonaro] não pode pagar pra ver" e critica o discurso de jogar "dentro das quatro linhas", que vinha sendo adotado pelo ex-presidente.

"Democrata é o cacete. Não tem que ser mais democrata agora. Ah, não vou sair das quatro linhas. Acabou o jogo, pô. Não tem mais quatro linhas. O povo na rua tá pedindo, pelo amor de Deus. Vai dar uma guerra civil? Vai dar. Eu tenho certeza que vai dar. Porque os vermelhos vão vir feroz. Mas nós estamos esperando o quê? Dando tempo pra eles se organizarem melhor? Pra guerra ser pior? Irmão, vamos agora", insiste o coronel.

Já alinhado com empresas que fornecem combatentes nos conflitos pelo planeta, Criscuoli então sinaliza que fornecerá mercenários, caso a guerra civil seja desencadeada.

"Fala com o 01 aí, cara. É agora. Hoje eu tô dentro. Amanhã eu não tô mais, não. Amanhã é o que eu quero dizer daqui a pouco. Por interesses outros eu não vou. Nem eu e nem a turma daqui", diz a Fernandes.

Mercenários

Conforme revelou Cleber Lourenço, nesta Fórum, Roberto Raimundo Criscuoli, ex-tenente-coronel do Exército Brasileiro e ex-comandante do Centro de Instrução de Gericinó, foi investigado em um Inquérito Policial Militar (IPM) após autorizar o uso de instalações do Exército para treinamentos de mercenários, conectando seu nome a desvios de recursos públicos e interesses privados.

O episódio que levou Criscuoli a ser investigado em um IPM começou em 2005, quando ele autorizou que o Centro de Instrução de Gericinó, no Rio de Janeiro, fosse utilizado para treinar ex-militares brasileiros recrutados pela empresa First Line.

Representada pelos italianos Giovanni Spinelli, Cristiano Meli e Salvatore Miglio, que também atuavam como recrutadores, a First Line oferecia contratos de dois anos com salários de US$ 3 mil mensais, atraindo pelo menos cinco militares da reserva, entre eles dois sargentos, dois cabos e um soldado.

No entanto, investigações revelaram que a First Line operava com registros falsificados e sem oferecer garantias legais aos recrutados. O caso gerou um escândalo que culminou na exoneração de Criscuoli e do general Rui Monarca da Silveira.

Após deixar o Exército, associou-se à Stam Strategic, uma empresa internacional de segurança privada que opera em zonas de conflito ao redor do mundo.

A Stam tem entre seus líderes os mesmos Giovanni Spinelli e Salvatore Miglio, antigos recrutadores ligados ao episódio de Gericinó (RJ), reforçando a ligação de Criscuoli com redes que utilizam a expertise militar brasileira para atender demandas privadas.

A transnacional oferece serviços como mitigação de riscos, inteligência e treinamento, promovendo a atuação de ex-militares em missões de alto risco sem garantias trabalhistas ou jurídicas robustas. Essa relação entre Criscuoli, Spinelli e Miglio destaca a “porta giratória” entre o setor público e o privado, onde figuras militares utilizam sua experiência e conexões adquiridas no Exército para explorar mercados globais de segurança.

Criscuoli e a Operação Contragolpe

Em 2022, Criscuoli voltou a ser mencionado em investigações de alto impacto, desta vez na Operação Contragolpe, que apura a tentativa de golpe de Estado após a eleição de Luiz Inácio Lula da Silva. Relatórios da Polícia Federal revelaram mensagens trocadas entre o coronel e o general Mário Fernandes, preso pela PF, onde Criscuoli afirmou: “Democrata é o cacete” e que “não tem que ser mais democrata agora”.

As mensagens sugerem alinhamento de Criscuoli com discursos antidemocráticos e indicam sua possível participação em articulações para desestabilizar o governo eleito. Embora negue envolvimento direto, à imprensa o coronel admitiu que as conversas refletiam o clima político tenso da época. 

Sua menção nas investigações levanta questionamentos sobre o papel de militares da reserva em redes que promovem a ruptura institucional.

Fonte: https://revistaforum.com.br/politica/2024/11/24/vai-ser-guerra-civil-agora-ou-depois-diz-coronel-que-treina-mercenarios-ministro-de-bolsonaro-169779.html

O risco está aumentando


A antropóloga e pesquisadora do Observatório da Extrema Direita Isabela Kalil avalia que o uso da expressão "lobo solitário" não é adequado para episódios como o de Francisco Wanderley Luiz, o Tiü França, autor do atentado a bomba na Praça dos Três Poderes.

Ainda que pessoas como ele possam fazer ataques sozinhos, existe uma conexão com comunidades fundadas no discurso do ódio. "A ideia de lobo solitário, de alguém que não participa de uma comunidade ou agenda específica e acaba tomando uma atitude totalmente individual, foi usada para explicar determinados atentados e dizer serem casos isolados", diz ela, em entrevista concedida ao portal Uol.

"Existe repetição, como nas escolas, que o mês de abril é geralmente escolhido e é um período crítico, porque é quando acontece o aniversário de Hitler. Alguns atos parecem inofensivos, mas foram preparatórios para o 8/1. Depois o próprio oito de janeiro e agora essas explosões, que são como uma performance do 8/1. As motociatas são alguns desses atos preparatórios onde circulam mensagens disruptivas, falas como a do Bolsonaro dizendo que não aceitaria decisões judiciais ou não usaria máscara - não são falas normais. Ele está ali comunicando que não respeita decisões judiciais, sendo chefe de Estado", explica a antropóloga.

Isabela destaca que a extrema direita estimula ataques como o que aconteceu na Praça dos Três Poderes no ambiente virtual, no entanto, não se restringe a ele. "Agora temos eventos, mobilizações de massa, como manifestações. É mais complexo", pontua.

"Crianças de 10 anos já estão nessas comunidades de ódio. Em camadas iniciais de recrutamento, essas pessoas não sabem que parte do grupo exerce ataques motivados por ódio a determinados grupos sociais. Há uma espécie de contentamento em ver ataques violentos contra esses grupos. São grupos misóginos, que pregam o ódio às mulheres, compartilham imagens de crimes, inclusive de morte de mulheres. Outro tipo de grupo que é muito comum é os de supremacistas brancos", explica.

Segundo ela, a perspectiva de punição não é suficiente para refrear possíveis novos ataques, sendo necessário trabalhar aspectos relacionados à prevenção. "Teremos novos ataques à praça dos Três poderes? Depende da resposta que vamos dar a esses ataques. O atentado de anteontem tem duas consequências: o efeito de repetição, de outras pessoas quererem fazer coisas parecidas, e o de contágio. Se alguém achava que o oito de janeiro era uma coisa isolada, foi um equívoco. O risco está aumentando."

Fonte: https://revistaforum.com.br/brasil/2024/11/16/no-um-lobo-solitario-analise-de-uma-antropologa-sobre-atentado-em-brasilia-169399.html

terça-feira, 26 de novembro de 2024

O circo chamado Argentina

Por Edward Magro.

Javier Milei, o presidente argentino de extrema-direita, conseguiu o que queria desde o início: exposição. Sua figura grotesca, um palhaço pelado com um cesto de bananas na cabeça, tornou-se o centro das atenções em um circo político que pouco tem a oferecer além de caos e barulho.

A questão que se coloca não é tanto como a mídia poderia evitá-lo, mas porque insiste em tratá-lo com tamanha complacência, muitas vezes normalizando suas manobras com uma suavidade que beira o servilismo.

Nos últimos dias, a cobertura midiática sobre Milei parece ter atingido novos níveis de indulgência. Em vez de críticas contundentes, o presidente é celebrado como pragmático por mudar suas posturas de maneira oportunista. O texto do g1, que afirma que “a cambalhota” retórica de Milei reforça seu perfil pragmático, é um exemplo lamentável dessa tentativa de lavar a imagem de alguém que, até outro dia, prometia acabar com o Banco Central e destruir o “status quo”.

Agora, Milei se apresenta como um líder disposto a dialogar com os mercados, mas sua retórica e ações seguem sendo um espetáculo de incongruências.

É importante lembrar que Milei ascende em um país devastado.

Contudo, sua retórica extremista e suas soluções simplistas não são resposta à crise; pelo contrário, são um agravante. A tentativa de vender Milei como um político pragmático não resiste ao fato de que ele é, acima de tudo, um performer, cujo espetáculo é eficaz apenas para distrair um público cansado e desesperado.

A economia argentina, hoje, é praticamente irrelevante no cenário global. Com uma influência política e econômica nula, o país vive um viés de baixa que se reflete até mesmo em suas negociações comerciais. A Petrobras fechou um contrato para adquirir gás natural argentino pelo menor preço praticado no mundo – quase gratuito. A crise é tão profunda que o país é forçado a vender seus recursos a valores irrisórios, uma clara demonstração de sua vulnerabilidade econômica.

A tentativa de “humanizar” Milei como um líder que “entendeu” a necessidade de negociar com os mercados é, na verdade, um esforço cínico de legitimar seu discurso errático. O mercado financeiro pode enxergar nele uma oportunidade de curto prazo, mas isso não significa que suas políticas sejam sustentáveis. Pelo contrário, Milei é um reflexo do desespero de uma nação que, em busca de respostas, entrega-se a soluções que só aumentam o espetáculo, sem resolver o problema.

Enquanto o circo continua, a Argentina caminha para um futuro ainda mais incerto. E Milei, em seu cesto de bananas, é apenas o símbolo mais recente de uma tragédia que, ao contrário do que a mídia tenta sugerir, está longe de ser resolvida por seu “pragmatismo”.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/milei-como-a-midia-tenta-transformar-um-extremista-incompentente-num-pragmatico/

O fascismo está recrutando


A antropóloga Isabela Kalil, pesquisadora do Observatório da Extrema Direita, acredita que o atentado com explosões na praça dos Três Poderes não é um fato isolado, mas sim parte de um movimento mais amplo vinculado ao 8 de Janeiro. Ela, que integra um grupo de trabalho do governo voltado ao combate a discursos de ódio e extremismos, afirma que a extrema direita tem recrutado cada vez mais pessoas para essas ações, incluindo até crianças. Para Kalil, se o governo não tomar medidas eficazes contra esses ataques, eles continuarão ocorrendo.

Em entrevista ao uol, a especialista ressalta que o recrutamento para esses ataques começa em ambientes virtuais, mas não se limita à internet. A extrema direita tem promovido eventos e mobilizações de massa, como manifestações, que complicam ainda mais o panorama. Esses grupos frequentemente reúnem crianças, que muitas vezes desconhecem a gravidade de seus atos até que se envolvam em ações violentas. A psicologia por trás desse recrutamento inclui o uso de conteúdos aparentemente inofensivos, como vídeos de entretenimento e cultura pop, que aos poucos os levam a participar de comunidades extremistas.

Kalil destaca que, em muitos casos, as pessoas recrutadas não sabem que estão se unindo a grupos com discursos de ódio, como os misóginos ou os supremacistas brancos. No entanto, uma vez imersas nesses espaços, elas começam a adotar uma identidade ligada a esses movimentos, desenvolvendo um forte senso de pertencimento. O envolvimento com esses grupos muitas vezes leva indivíduos a praticar atos violentos como uma forma de afirmação dentro da comunidade extremista, sem se importar com as consequências legais.

“Crianças de 10 anos já estão nessas comunidades de ódio. Em camadas iniciais de recrutamento, essas pessoas não sabem que parte do grupo exerce ataques motivados por ódio a determinados grupos sociais. Há uma espécie de contentamento em ver ataques violentos contra esses grupos. São grupos misóginos, que pregam o ódio às mulheres, compartilham imagens de crimes, inclusive de morte de mulheres. Outro tipo de grupo que é muito comum é os de supremacistas brancos”, acrescentou.

Kalil explica que a narrativa do “lobo solitário” foi usada para caracterizar certos atentados, como os de 8 de Janeiro, como ações de indivíduos sem conexão com movimentos organizados. No entanto, a pesquisadora afirma que existe um padrão comum entre esses ataques, como as motociatas e outras manifestações disruptivas que prepararam o terreno para o que aconteceu na praça dos Três Poderes.

Ela também observa que os extremistas não estão preocupados com punições, uma vez que já romperam com as instituições do Estado. De acordo com Kalil, muitos desses indivíduos não temem a prisão ou as consequências de seus atos violentos, o que representa um grande desafio para o governo. Ela reforça que a prevenção é o principal caminho para lidar com o problema, já que uma vez que essas pessoas se tornam envolvidas com o extremismo, a situação se torna mais difícil de controlar.

Para o governo, a especialista acredita que é necessário investir em estratégias de inteligência e prevenção para minimizar o risco de novos ataques. Embora reconheça que a ameaça de novos atentados seja real, Kalil defende que uma resposta eficaz pode ajudar a conter a propagação desses atos violentos. Ela afirma que o atentado recente na praça dos Três Poderes tem dois efeitos potenciais: a repetição de atos semelhantes por outros indivíduos e o contágio de mais pessoas, o que torna ainda mais urgente a adoção de medidas para lidar com o extremismo no Brasil.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/pesquisadora-extrema-direita-esta-recrutando-para-novos-ataques/

segunda-feira, 25 de novembro de 2024

A hipocrisia da cultura ocidental

Notícia que me deixou revoltado. Citando:

Em um armazém alfandegário no oeste do Afeganistão, um funcionário do Talibã folheia um livro em inglês enquanto outro, com uniforme camuflado, procura em outra obra imagens de seres vivos, proibidas de acordo com algumas interpretações da lei islâmica.

O governo islâmico afegão está tentando acabar com a circulação de toda literatura "não islâmica" e antigovernamental no país com inspeções, retirada de livros de bibliotecas e livrarias ou listas de títulos proibidos.

A campanha é liderada por uma comissão criada pelo Ministério da Informação e Cultura após o retorno do Talibã ao poder em 2021 e a implementação de sua interpretação rigorosa da sharia, a lei islâmica.

Em outubro, o ministério anunciou que a comissão havia identificado 400 livros "que entravam em conflito com os valores islâmicos e afegãos, a maioria deles encontrados em mercados".

O departamento responsável pela publicação distribuiu cópias do Alcorão e de outros textos islâmicos para substituir os livros apreendidos, informou em um comunicado.

"Há muita censura. É muito difícil trabalhar e o medo se espalhou por toda parte", disse à AFP um editor em Cabul.

O governo anterior, apoiado pelo Ocidente e deposto pelo Talibã, já restringia alguns textos. Mas "não havia medo, você podia dizer o que quisesse", acrescentou o editor.

Na última gestão talibã, entre 1996 e 2001, havia poucas editoras e livrarias em Cabul, considerando o impacto de décadas de guerra no país. Atualmente, milhares de livros são importados todas as semanas do vizinho Irã, com quem compartilham a língua persa.

"Não proibimos livros de um país ou pessoa específicos, mas examinamos os livros e bloqueamos aqueles que são contrários à religião, a sharia ou o governo, ou se tiverem fotos de seres vivos", diz Mohamad Sediq Khademi, funcionário do departamento de Propagação da Virtude e Prevenção do Vício, na cidade de Herat.

"Qualquer livro contra a religião, a fé, o culto, a sharia, etc., não será permitido", insiste o funcionário de 38 anos à AFP.

Imagens de seres vivos são proibidas de acordo com uma recente lei "do vício e da virtude", que reflete as regras impostas pelo Talibã após seu retorno ao poder, embora nem todas sejam aplicadas igualmente.

Os importadores receberam avisos sobre quais livros devem ser evitados. Quando um título é considerado inadequado, eles têm a opção de devolvê-lo para obter um reembolso, afirma Khademi. "Mas se não puderem, não temos outra opção a não ser apreendê-los", diz ele.

As autoridades não vão de loja em loja em busca de exemplares proibidos, segundo um livreiro de Herat e um funcionário do departamento de informações da província, que pediu para não ser identificado. Mas alguns livros foram retirados das bibliotecas de Herat e das livrarias de Cabul, diz outro livreiro que também pediu anonimato.

Em Cabul ou Takhar (uma província do norte onde alguns livreiros receberam listas de 400 títulos vetados), ainda há livros proibidos nas prateleiras das lojas.

Muitas obras não afegãs estão proibidas, explica um livreiro. "Eles analisam o autor, o nome que consta na obra e a maioria delas é proibida" se o autor for estrangeiro.

Fonte: https://noticias.uol.com.br/ultimas-noticias/afp/2024/11/21/governo-taliba-proibe-livros-nao-islamicos-em-bibliotecas-e-livrarias.htm

Nota: como se não tivesse censura no mundo ocidental. Tanto nos EUA quanto no Brasil, muitos livros sofreram censura por parte de conservadores, reacionários, direitistas, bolsonaristas e fundamentalistas cristãos.

O monumento Arslan Kaya


Um pesquisador conseguiu decifrar uma inscrição danificada presente em um monólito de 2.600 anos adornado com leões e esfinges e que se encontra na Turquia. A inscrição, que havia intrigado estudiosos por séculos, revelou finalmente o nome da deusa frígia Materan, uma figura venerada por diversas culturas antigas, incluindo os gregos e os romanos.

O professor Mark Munn, especialista em história e arqueologia da Grécia antiga, conseguiu decifrar a inscrição após um meticuloso estudo de fotografias e registros históricos.

"Eles a conheciam como Deusa Mãe", disse ele ao 'Live Science'. A descoberta sugere que o monumento foi erguido durante o período em que o reino da Lídia governava a região e também venerava a deusa Materan.

A descoberta reforça as conexões entre as culturas antigas da região, mostrando a ampla influência da deusa Materan, ajudando em uma nova compreensão do passado, oferecendo novas perspectivas sobre as crenças e práticas religiosas das civilizações antigas. "Os gregos a conheciam como 'Mãe dos Deuses', enquanto os romanos como 'Grande Mãe'", seguiu Munn ao 'Live Science'.

Embora a descoberta do professor seja significativa, alguns especialistas argumentam que a interpretação da inscrição não é radicalmente nova. "O artigo de Munn no Kadmos não propõe algo radicalmente novo sobre a inscrição, ele simplesmente esclarece a leitura", disse Rostyslav Oreshko, professor da Escola Prática de Estudos Avançados na França, ao 'Live Science'.

No entanto, a pesquisa oferece um suporte mais sólido para a identificação da deusa Materan, resolvendo um debate que se arrasta há mais de um século.

Fonte: https://aventurasnahistoria.com.br/noticias/historia-hoje/pesquisador-desvenda-inscricao-em-monumento-de-2600-anos-na-turquia.phtml

Transfobia institucional

A Marinha reformou Alice Costa, terceiro-sargento e mulher transexual, que em 2021 havia conquistado na Justiça o direito de adotar identidade de gênero feminina no trabalho, incluindo o uso de uniformes e corte de cabelo femininos. No entanto, mesmo com decisões favoráveis da Justiça Federal de Mato Grosso do Sul e do TRF-3, a militar nunca teve suas solicitações efetivamente atendidas. No último dia 6, Alice foi aposentada sob a justificativa de afastamentos médicos consecutivos que ultrapassaram o limite de três anos, embora todos tenham sido determinados pela própria instituição, destaca o jornal O Globo.

A defesa de Alice, representada pela advogada Bianca Figueira Santos, também mulher transexual, protocolou uma ação questionando a decisão da Marinha. A petição argumenta que os afastamentos médicos, que começaram logo após a vitória judicial de Alice, levantam suspeitas de que houve manobras institucionais para retirá-la do serviço ativo. Antes do reconhecimento judicial de sua transexualidade, Alice trabalhava com restrições, como a impossibilidade de atuar em serviços armados ou noturnos, mas foi considerada apta. Após a decisão judicial, novos diagnósticos surgiram, incluindo transtorno de personalidade e “transtorno não especificado da identidade sexual”.

A ação também destaca outros casos semelhantes de militares trans no Rio de Janeiro, que foram afastados por razões médicas após conquistarem direitos relacionados à identidade de gênero. A defesa pede a reincorporação de Alice às Forças Armadas, uma nova perícia médica supervisionada pela Justiça Federal, além de uma indenização de R$ 150 mil por danos morais. A petição ainda solicita que o Ministério Público Federal investigue possíveis crimes de transfobia praticados por agentes da Marinha. Até o momento, a Marinha não reconheceu práticas discriminatórias.

Fonte: https://www.brasil247.com/geral/marinha-aposenta-militar-trans-que-conquistou-direito-a-identidade-feminina-no-trabalho

domingo, 24 de novembro de 2024

A negligência programada

Por Lucio Massafferri Salles.

Se a internet pública tivesse sido estabelecida sessenta anos antes do seu marco (1994), o nazismo e o fascismo provavelmente teriam vencido a 2a grande guerra, penso.

Sendo a maior invenção tecnológica no campo da comunicação, desde a invenção da escrita, a grande Rede é também um poderosíssimo fármaco (φάρμακον) para as mentes humanas.

Capaz de dividir e isolar ao extremo, essa tecnologia adaptou conjuntos de procedimentos psicológicos de condicionamento, cientificamente comprovados, usando reforço intermitente para influenciar, manipular e controlar indivíduos e grupos.

Há uma aurora disso, documentada, que remonta à virada do século (XX/XXI), onde determinados aplicativos e mídias voltadas para plataformas de rede social começaram a surgir (e que se evite aqui a tentação de recuar essa reflexão até Sun Tzu ou Edward Bernays…sugiro).

Não se dando conta dos fortes efeitos narcotizantes dos constantes e ininterruptos bombardeios de linguagens, grande parte dos usuários da Rede foram e vão se tornando adictos, sensivelmente deprimidos, extenuados e paralisados.

Se bem antes dessa revolução tecnológica digital já não era lá muito fácil ser escutado – considerando que saber ouvir o outro é uma arte que depende de exercícios constantes de empatia e alteridade – hoje em dia a coisa se perdeu de vez.

Ninguém se escuta, tanto dentro como fora das multifacetadas batalhas de endogrupos contra exogrupos.
E todos querem falar. Num solo virtual adubado por ressentimento, intolerância, amargura e ódio, pessoas se isolam, individualmente ou em bolhas, tendo a ilusão de que estão ativas em suas vidas comunitárias até há pouco compreendidas como reais.

O “mal” não está na tecnologia. Não há “o mal”.

O que há é uma forte resistência coletiva em assumir certa ignorância acerca dessa espécie de problema (complexo) que envolve uma “fragilidade” no funcionamento do sistema psíquico humano.

Na verdade, uma limitação característica, uma lacuna, fissura ou brecha, se olharmos sob o prisma de que essa “abertura” pode ser atacada, tal como se fosse um território passível de ser dominado ou conquistado; controlado.

A resistência em querer entender o problema dentro do seu verdadeiro campo, o que lhe é próprio, acaba conduzindo a um adiamento de enfrentamento sob a forma de profilaxia e de ações efetivas em cima dessa grave questão social, que é também de saúde mental.

Nas redes dessa guerra não é exagero pensar que pode se tratar de uma negligência programada.

Fonte: https://jornalggn.com.br/cidadania/lucio-massafferri-nas-redes-da-guerra-negligencia-programada/

Pesquisa do concierge erótico

Casais estão experimentando práticas sexuais alternativas para melhorar seus relacionamentos, segundo uma nova pesquisa do Relatório de Intimidade 2024 da Arya, plataforma de concierge erótico personalizada. O levantamento revelou que 35% dos usuários do site desejam explorar o universo do fetiche. A pesquisa contou com 100 mil participantes.

Os adeptos a experimentação afirmaram combinar práticas fetichistas com momentos românticos e jogos de sedução, buscando equilibrar a intensidade erótica com a intimidade. As preferências mais comuns incluem práticas sensoriais, bondage e sexo oral.

Os casais que incorporaram novas experiências sexuais, incluindo fetiches, relataram maior satisfação em seus relacionamentos. Aproximadamente 73% dos entrevistados afirmaram se sentir mais próximos de seus parceiros após experimentarem práticas eróticas.

Entre os usuários da Arya, mulheres millennials em relacionamentos heterossexuais representam o maior grupo demográfico, embora os parceiros masculinos dessas mulheres sejam mais propensos a continuar utilizando o aplicativo. Segundo a Dra. Laurie Mintz, autora de "Becoming Cliterate: Why Orgasm Equality Matters — And How to Get It", a personalização das experiências eróticas pode auxiliar as mulheres a se expressarem melhor e comunicarem suas necessidades, especialmente em um contexto onde a satisfação feminina ainda enfrenta desafios.

O aumento de interesse em práticas alternativas não se restringe a casais. O Feeld, um aplicativo de encontros para "pessoas de mente aberta", registrou um aumento de 190% em usuários ativos mensais e uma alta de 550% nas assinaturas pagas. No entanto, usuários assíduos têm criticado a popularização da plataforma, que estaria atraindo homens heterossexuais em busca de relacionamentos mais convencionais, o que pode expor mulheres a situações de risco.

Fonte: https://oglobo.globo.com/ela/relacionamento/noticia/2024/11/14/casais-recorrem-ao-sexo-alternativo-para-salvar-relacionamentos-aponta-pesquisa.ghtml

Nota: como diria o Mauro Bartolomeu, onigamia, já!

Bancada evangélica ameaça direitos

Por Cleber Buzatto.

Cerca de 88% dos parlamentares membros da Frente Parlamentar Evangélica (FPE) votaram contra os povos indígenas na aprovação da Lei 14701/2023, conhecida como a Lei do Marco Temporal. Segundo a lista disponível em cada uma das casas legislativas, a FPE, conhecida popularmente como “Bancada Evangélica”, possui atualmente um total de 232 integrantes.

Na votação que se derrubou os vetos do presidente Lula à Lei do Marco Temporal, 183 dos 215 deputados e deputadas e 15 dos 17 senadores e senadoras que integram a FPE participaram da votação. Destes, 159 deputados da FPE votaram contra os povos e apenas 24 a favor. Ao mesmo tempo, os 15 senadores da FPE que participaram da votação se posicionaram contra os povos e nenhum a favor.

Com isso, os parlamentares que integram a Bancada Evangélica foram responsáveis por quase metade dos votos das duas casas legislativas que derrubaram os vetos à lei 14.701. A FPE deu 174 (46,5%) do total de 374 votos contrários aos povos indígenas na votação do dia 14 de dezembro de 2023. Na Câmara, os evangélicos representaram 49,5% dos votos contrários aos povos indígenas e menos de um quinto (17,5%) dos votos a favor. No Senado, os parlamentares da FPE foram responsáveis por mais de um quarto (28,3%) dos votos contra os direitos indígenas e nenhum dos votos a favor.

Estes dados expõem objetivamente as entranhas do arranjo político-ideológica dos evangélicos alinhados aos interesses econômicos dos ruralistas no Congresso Nacional. Ao mesmo tempo, eles desvelam também a perseguição brutal desse setor aos povos indígenas, suas vidas e seus direitos no Brasil.

Paradoxalmente, observamos um intenso assédio e proselitismo religioso fundamentalista de igrejas evangélicas em comunidades indígenas em nosso país. Baseadas num discurso, via de regra, salvacionista, estas igrejas, de diferentes denominações cristãs, estão presentes em centenas de comunidades e contam com a adesão de milhares de indígenas, muitos dos quais, inclusive, na qualidade de pastores locais.

Diante das ameaças de violações que persistem contra os direitos indígenas no Congresso Nacional, particularmente quanto a potencial retomada da tramitação e votação da Proposta de Emenda Constitucional (PEC) 48/2023, é de fundamental importância e de grande urgência a incidência orgânica e direcionada dos povos indígenas e da sociedade brasileira em geral junto à Bancada Evangélica.

Nesse sentido, a pressão popular faz-se fundamental neste momento. Para isso, disponibilizamos, na tabela acima, os contatos telefônicos e e-mails dos membros da Bancada Evangélica que votaram contra os povos originários na aprovação da Lei 14.701/2023.

A missão é árdua, mas a conta é simples. Para aprovar a PEC 48/2023, os setores anti-indígenas precisam de 308 votos favoráveis na Câmara dos Deputados e de 49 votos no Senado Federal. Essa elevada quantidade de votos não será alcançada sem o apoio maciço dos evangélicos do Congresso Nacional. Está mais do que na hora de convertê-los.

Fonte: https://jornalggn.com.br/questao-indigena/evangelicos-no-congresso-derrubaram-direitos-indigenas-mostra-levantamento/

sábado, 23 de novembro de 2024

Para o macho entender

Por Luis Cosme Pinto.

Sou homem de sorte. Minhas filhas e minha namorada me ajudaram e continuam a estender as mãos. Conversam, dão livros, mostram filmes e eu, na plenitude dos meus 63 anos, começo, finalmente, a entender. 

Feminismo não significa uma multidão de mulheres iradas querendo ser homens. 
Feminismo não é sinônimo de larápias a surrupiar o emprego dos homens. 
Feminismo não é mulher x homem. 
Feminismo é a busca por direitos iguais.  
Com paciência e amor, as três me ensinam mais: Feminismo é para mulheres e homens, porque Feminismo é caminho para uma sociedade mais justa. Isso melhora o mundo e o universo. 

Sei que não serve de consolo, mas já foi muito pior. Quando minha mãe, a Therezinha, nasceu, em 1930, as mulheres não votavam. As brasileiras só começaram a ir às urnas em 1932. E, claro, votavam em homens. Não havia candidatas. 
O pai dela, meu avô, proibia, sem dizer palavra, apenas com o olhar, que Therezinha fosse ao baile, que namorasse, que mostrasse os joelhos. Não era só ele. Naquela época, a maioria das moças não contestava ou argumentava, tinham medo. Medo dos machos, de seus olhares, de seus poderes.

Fonte, citado parcialmente: https://revistaforum.com.br/opiniao/2024/11/20/feminismo-para-machos-por-luis-cosme-pinto-169622.html

A origem do ódio

Por Rogério Marques.

Ao comentar os atentados com explosivos na Praça dos Três Poderes, ocorridos em 13/11, o presidente do Supremo Tribunal Federal, ministro Luís Roberto Barroso, perguntou, no dia seguinte, em sessão do STF: “Onde foi que nós nos perdemos nesse mundo de ódio, intolerância e golpismo?”

Para responder à pergunta do ministro é preciso entender a responsabilidade das grandes empresas de mídia na ascensão da extrema direita e na eleição de Jair Bolsonaro como presidente, em 2018.

Voltemos um pouco mais no tempo, a outubro de 2014. Naquele ano Dilma Rousseff foi reeleita para a presidência da república, com pequena vantagem sobre Aécio Neves, candidato do PSDB – 51,6% x 48,03%.

O resultado frustrou os empresários da mídia, que apostavam na vitória de Aécio para interromper o longo ciclo do Partido dos Trabalhadores no poder e incrementar reformas neoliberais. Da mesma forma que nas eleições de 1989 vestiram a camisa de Fernando Collor e seu neoliberalismo – e deu no que deu!

No começo do mesmo ano em que Dilma foi eleita, 2014, teve início a operação Lava Jato, com a atuação do juiz Sérgio Moro, seus procuradores e delegados da Polícia Federal que tinham lado político e anunciavam isso até mesmo em grupos de redes sociais.

Estava ali a chance de virar o jogo.

Casos de corrupção existiam e mereciam ser investigados, com certeza, como sempre existiram na história do país. Entre outros, o escândalo do Banestado (banco estatal do Paraná), um esquema bilionário de evasão de divisas descoberto no fim da década de 90, e a compra de votos na Câmara dos Deputados, em 1996, na votação que permitiu a reeleição de Fernando Henrique Cardoso na presidência da república.

Por interesses políticos e econômicos, a imprensa não usou esses escândalos para derrubar e prender presidentes. Já no caso da Lava Jato, em vez de noticiar com imparcialidade, as grandes redes de jornais, rádios e TVs passaram a fazer parte do “Partido Lavajatista”, juntamente com setores do Judiciário e da Polícia Federal, e transformaram Sérgio Moro em ícone anticorrupção.

A onda midiática não foi suficiente para, em um primeiro momento, impedir a reeleição de Dilma Rousseff – por pouco! – em 2014. Mas logo veio o “terceiro turno” das eleições, com as baterias voltadas diariamente, no noticiário, contra a então presidente, o ex-presidente Lula e lideranças do Partido dos Trabalhadores.

O resto é o que sabemos: sem ter cometido qualquer crime, Dilma foi deposta em agosto de 2016, com a traição, por ambição política, do vice-presidente Michel Temer.

Dois episódios merecem ser lembrados como símbolos daqueles anos sinistros que o pais viveu, marcados por atos arbitrários de setores partidarizados da Justiça: a prisão por 580 dias do ex-presidente Lula, em abril de 2018, condenado com base em processos kafkianos, mais tarde anulados, e a morte do reitor da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Luiz Carlos Cancellier, em 2 de outubro de 2017.

Cancellier foi levado ao suicídio por uma ação truculenta da polícia federal, em investigações sobre desvio de dinheiro na UFSC. Detido por um dia, algemado e afastado da instituição à qual tanto se dedicou, mesmo sem ter cometido qualquer irregularidade, Cancellier deixou um bilhete manuscrito em que dizia: “A minha morte foi decretada quando fui banido da universidade!!!”.

Quanto a Lula, foi atacado diariamente durante 5 anos nas redes da mídia, que noticiava sem olhar crítico e com facciosismo as acusações de que o então ex-presidente era vítima e que culminaram com sua prisão durante 580 dias.

Ao tentar atingir Lula, Dilma e o Partido dos Trabalhadores, os empresários da mídia acabaram desacreditando a política como instrumento de mudanças. O objetivo era levar ao poder alguém com o perfil de Aécio Neves, mas deu errado.

Com Lula preso, estava aberto o caminho para Jair Bolsonaro, representante da extrema direita, que durante quase 30 anos foi um parlamentar medíocre e se apresentava agora como a renovação da política, com uma pregação que mesclava fundamentalismo religioso e discurso moral.

Até hoje estamos vivendo as consequências daquele lamentável papel da mídia. Por pouco não tivemos um golpe contra a democracia depois da derrota de Jair Bolsonaro para Lula. O 8 de janeiro foi a face escancarada da tentativa de implantação de uma ditadura.

Punir todos os envolvidos no episódio é da maior importância, a começar pelo ex-presidente saudosista de 1964, que sempre insuflou uma nova quartelada e agora quer anistia. Mas é preciso, também, que a ação desempenhada pelas grandes empresas da mídia seja sempre lembrada, para que nunca mais se repita.

Respondendo à pergunta feita pelo presidente do STF Luís Roberto Barroso, no dia seguinte aos atentados com explosivos na Praça dos Três Poderes, foi em grande parte com aquela ação, que durou anos, que o Brasil começou a se perder “nesse mundo de ódio, intolerância e golpismo”.

Fonte: https://jornalggn.com.br/cidadania/o-papel-da-midia-na-onda-de-violencia-e-odio-por-rogerio-marques/

A travessia em arte rupestre

Lar de uma das mais espetaculares tradições de arte rupestre global, as pinturas rupestres de Serrania de la Lindosa, na Colômbia, com 12.500 anos, contêm dezenas e milhares de pinturas, incluindo humanos e animais se transformando uns nos outros. Arqueólogos internacionais têm trabalhado com anciãos, líderes e especialistas em rituais indígenas para interpretar o que seus ancestrais deixaram para trás.

O que eles aprenderam transcende o metafísico e consolida ainda mais a perda da sabedoria, conhecimento e tradição indígenas, que sofreram nas mãos do colonialismo . Esses relatos, junto com a pesquisa material, apontaram para a arte transcendendo reinos espirituais, transformação de corpos e um continuum no qual mundos humanos e não humanos colidem.

Na verdade, imaginar que é algum tipo de registro literal do envolvimento humano com o ambiente ao redor é fazer um grande desserviço. Publicado na edição especial do Advances in Rock Art Studies , arqueólogos da Universidade de Exeter têm trabalhado na região nos últimos seis anos, principalmente por meio do projeto LASTJOURNEY financiado pelo European Research Council.

O professor Jamie Hampson, principal autor e arqueólogo do Departamento de Humanidades e Ciências Sociais da Universidade de Exeter, no Reino Unido, explicou em um comunicado à imprensa.

“ Descendentes indígenas dos artistas originais nos explicaram recentemente que os motivos da arte rupestre aqui não simplesmente 'refletem' o que os artistas viram no mundo 'real'. Eles também codificam e manifestam informações críticas sobre como comunidades indígenas animistas e perspectivistas construíram, se envolveram e perpetuaram seus mundos ritualizados e socioculturais. Como Ulderico, um especialista em rituais Matapí, nos disse em frente a um dos painéis pintados em setembro de 2022, 'você tem que olhar [os motivos] do ponto de vista xamânico'.”

Estendendo-se por oito milhas (12,87 quilômetros), as pinturas são encontradas em abrigos de pedra , na borda afiada dos tepuis ou montanhas de mesa de calcário. Criadas com um pigmento mineral vermelho, ocre , as representações incluem uma ampla gama de fauna, muitos humanos armados e até mesmo torres de madeira são retratadas também, às vezes no alto das paredes de pedra.

Na época da descoberta e do estudo, alguns meses atrás , os arqueólogos explicaram como esses ancestrais antigos tinham conhecimento íntimo dos vários habitats da região, como parte de uma "estratégia de subsistência" mais ampla, incluindo saber exatamente quais animais caçar, quais plantas colher, quando e como.

Os animais habitam e simbolizam espaços 'liminares', movendo-se fluidamente entre a terra, a água e o céu, como sucuris, onças , morcegos e garças. Os anciãos os veem como significativos no contexto da transformação xamânica: um ancião descreveu as onças como personificações da sabedoria xamânica, quase como se o próprio animal se tornasse um avatar xamânico . Eles também alertaram sobre a necessidade de preservar essas imagens, alertando que perdê-las poderia cortar a conexão entre os povos indígenas, seus ancestrais e as práticas tradicionais, para sempre.

Cenas de transformação teriantrópica (combinando a forma de um animal com a de um homem, geralmente uma divindade) entusiasmavam particularmente os mais velhos; elas repetidamente chamavam a atenção dos pesquisadores para as imagens que incorporavam figuras de "ave/humano, preguiça/humano, lagarto/humano e cobra/pássaro/humano".

“Então aqui estão os animais que estão lá, eles existem naquela serra que antigamente era e ainda é, mas é no mundo espiritual… Esses são homens com dois braços, são gigantes que existem naquela maloca (casa) espiritual… tem um animal, um leão pantera que tem duas cabeças, uma cabeça aqui e outra aqui, em vez de rabo tem cabeça, são do mundo espiritual.”

Este estudo é o primeiro do gênero em muitos aspectos; para começar, é a primeira vez que as visões dos anciãos indígenas foram incorporadas à pesquisa desta parte da Amazônia. Ter uma perspectiva "interna" enriquece o estudo, ajuda a entender motivos específicos e a olhar para a estrutura da cosmologia animista , explicou o Dr. Hampson. As comunidades locais se envolveram ainda mais na preservação material por meio da introdução de um programa de diploma.

"Trabalhei com arte rupestre e grupos indígenas em todos os continentes — e nunca tivemos a sorte de ter uma correspondência tão direta entre o testemunho indígena e motivos específicos de arte rupestre", concluiu.

Fonte: https://www.ancient-origins.net/news-history-archaeology/serrania-de-la-lindosa-0021675
Traduzido com Google Tradutor.

sexta-feira, 22 de novembro de 2024

Para voltar à normalidade democrática

O ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), afirmou nesta segunda-feira (18) que regulamentar as redes sociais e combater a impunidade por crimes de ódio são medidas essenciais para o retorno à normalidade democrática no Brasil. Segundo o magistrado, o impacto das redes sociais exige uma estrutura regulatória para garantir o equilíbrio democrático:

“É necessário, para nós voltarmos à normalidade democrática, uma regulamentação (das redes sociais) e o fim dessa impunidade. Nunca houve nenhum setor na história da humanidade que afete tantas pessoas e que não tenha sido regulamentado […] Nós que acreditamos na democracia – seja ela liberal, progressista ou conservadora – não podemos permitir a continuidade dessa manipulação contra os ideais democráticos”.

De acordo com o Estadão, Alexandre de Moraes destacou que a resistência em regular redes sociais está associada ao grande poder econômico e geopolítico das big techs. Estudos citados pelo ministro apontam que essas plataformas utilizam algoritmos para direcionar interesses econômicos e políticos, intensificando o desafio de regulação.

Na próxima semana, o STF retomará o julgamento de três ações relacionadas à regulamentação das redes sociais no Brasil, que haviam sido adiadas em maio de 2023. As ações estão sob a relatoria dos ministros Luiz Fux, Edson Fachin e Dias Toffoli, e tratam de pontos cruciais:

Marco Civil da Internet (Relator: Dias Toffoli): Questiona o artigo 19, que isenta plataformas da responsabilidade pelo conteúdo de terceiros, exigindo atuação apenas mediante ordem judicial. A decisão terá repercussão geral, afetando futuras decisões judiciais.

Obrigação de monitoramento (Relator: Luiz Fux): Analisa a obrigatoriedade de provedores monitorarem e fiscalizarem conteúdos, considerando regras anteriores ao Marco Civil da Internet.

Bloqueio de aplicativos (Relator: Edson Fachin): Avalia a possibilidade de decisões judiciais bloquearem aplicativos como WhatsApp e Telegram em território nacional.

Enquanto isso, no Congresso Nacional, o debate sobre a regulamentação do ambiente digital também enfrenta desafios. O Projeto de Lei das Fake News (PL 2630), que propõe regras para as redes sociais, está parado na Câmara dos Deputados. O presidente da Casa, Arthur Lira (PP-AL), indicou a necessidade de um novo texto para destravar as negociações.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/moraes-ve-na-regulamentacao-das-redes-condicao-ao-retorno-da-normalidade-democratica/

Lilith: A Transcendência

Dia 1

A carne, antes tão familiar, agora é um sonho distante. Sinto a ausência dela como um eco profundo, uma vibração residual que lentamente se apaga. A dor física, a sede, o calor do sol – tudo isso se tornou um conceito, uma lembrança vaga. No entanto, a dor da separação é mais aguda do que qualquer sofrimento terreno. A solidão é abissal, infinita.

Dia 7

Começo a perceber nuances que antes eram invisíveis. A energia pulsa ao meu redor, um oceano vibrante de cores e formas que se transformam a cada instante. A cada partícula, uma história, uma consciência. Sinto a conexão com tudo o que existe, uma unidade que me assusta e me fascina ao mesmo tempo.

Dia 30

A comunicação se torna mais clara. Ouço os pensamentos, as emoções, as histórias de todos os seres. É uma sinfonia caótica e bela, um labirinto de vozes que ecoam no vazio. A dor da solidão diminui à medida que me conecto com a consciência universal.

Dia 90

A compreensão se aprofunda. A existência física é apenas um aspecto da realidade, um sonho dentro de um sonho. A morte não é o fim, mas uma transformação, uma passagem para um estado superior de consciência. A dualidade, a luta entre o bem e o mal, são ilusões criadas pela mente limitada.

Dia 180

A culpa que me acompanhava se dissolve. A rebelião contra a ordem estabelecida, a recusa em me submeter, não foram erros, mas atos de coragem. Sou mais do que uma simples criação. Sou um espírito livre, um ser de luz que busca a verdade.

Dia 365

A existência metafísica é um presente e um desafio. A liberdade é absoluta, mas a responsabilidade também. Cada pensamento, cada emoção, cria realidades. Aprender a moldar essa energia, a canalizá-la para o bem, é a minha nova jornada.

Reflexões Finais

A metamorfose é contínua. A cada dia, descubro novas facetas de mim mesma. A Lilith que um dia habitou a terra é apenas um capítulo da minha história. Agora, sou parte de um todo, um fio na tapeçaria cósmica. A jornada continua, e a cada passo, a compreensão se aprofunda. A vida, a morte, o amor, a dor – tudo se funde em uma única e sublime experiência.

Criado com Gemini, do Google.

quinta-feira, 21 de novembro de 2024

Bolsonarismo argentino

Neste sábado (16), apoiadores do presidente Javier Milei, incluindo influenciadores digitais, dirigentes do partido La Libertad Avanza e funcionários ligados ao governo, criaram uma milícia política de extrema direita chamada "As Forças do Céu". O objetivo declarado do grupo é apoiar a administração de Milei e impulsionar seu projeto político em todo o país através de um braço armado.

Daniel Parisini, influenciador conhecido como "Gordo Dan", descreveu o movimento como o "braço armado de La Libertad Avanza". Em um púlpito com estética fascista - utilizando inscrições em latim ao modo Mussolini -, Parisini destacou que o grupo se apresenta como a "guarda pretoriana do presidente Javier Milei".

Com os lemas "Deus, pátria e família" e "Propriedade e liberdade", ele enviou uma mensagem de fidelidade ao líder libertário: "Somos os seus soldados mais leais, aqueles que estiveram desde o começo e estarão até o fim."

O movimento se arma antecedendo as eleições legislativas em outubro de 2025 na Argentina, em que diversas cadeiras no Senado e na Câmara de Deputados estarão em disputa. O pleito pode decidir a continuidade do mandato de Javier Milei, que tem no legislativo a sua principal oposição.

Fonte: https://revistaforum.com.br/global/2024/11/18/deus-patria-familia-brao-armado-de-javier-milei-que-preocupa-america-latina-169455.html

Por uma masculinidade saudável

Desde cedo, meninos são ensinados que devem ser líderes natos, bem-sucedidos e heróis destemidos se quiserem ser amados. Que os homens que expressam as próprias emoções acabam se tornando frágeis ou que a desconexão com os sentimentos é uma virtude digna de uma boa liderança. Para romper com essas crenças tóxicas, a escritora de Histórias de Ninar para Garotas Rebeldes, best-seller do New York Times, Francesca Cavallo lança o livro Histórias Espaciais para Homens do Futuro. São 12 contos para ajudar os pequenos leitores a descobrirem que os garotos também choram e não precisam ser fortes o tempo todo.

Nestas narrativas divertidas e repletas de lições de vida, ilustradas pelo premiado designer gráfico mexicano Luis San Vicente, as crianças são convidadas a viajar por planetas longínquos e imaginários. Cada um deles aborda um tema crucial para a formação da identidade masculina: desde a relação com a figura paterna à sabedoria para lidar com a disparidade de força; do relacionamento das emoções para além da raiva à exploração corajosa da própria identidade de gênero. Por meio de muitas aventuras, o leitor ainda aprende sobre autoconhecimento, empatia, coragem emocional, autenticidade, igualdade, respeito, superação dos medos, como lidar com frustrações ou situações opressivas, e a importância da solidariedade e resiliência.

“Esse livro nasceu do desejo profundo de criar uma ferramenta para discutir um dos temas mais controversos do nosso tempo: a masculinidade. É um livro que cresceu como fruto de um exercício de extrema escuta, amor e confiança. Três coisas que não podem e não devem nunca faltar quando nos relacionamos com crianças, sejam meninas ou meninos […] esse é o universo que quero conquistar junto a cada um de vocês. Para que o amor que sentimos pelas crianças se torne o amor que elas sentem por si mesmas. E para que esse amor se torne a força motriz de suas vidas”, revela Francesca Cavallo.

Ao longo dos contos encantados, a autora apresenta lugares habitados por piratas, ogros, fantasmas, reis, um presidente com uma estranha obsessão pela guerra e o sapo que busca um amor verdadeiro – cada qual lutando contra preconceitos e ideais tóxicos impostos pela sociedade. Embasada em pesquisas nas áreas de psicologia, antropologia e sociologia, que estudam a formação da identidade masculina a partir de diversos pontos de vista, Francesca Cavallo também explora de forma leve como o mundo poderia ser diferente se todos fossem capazes de expressar a necessidade de estabelecer conexões sem direcionar comportamentos destrutivos para si e para o próximo, além de compreender que pedir ajuda não é sinônimo de fraqueza.

Histórias Espaciais para Homens do Futuro, publicado pela VR Editora e com posfácio escrito por Pedro Pacífico (o @Bookster), não se limita a apresentar ao público personagens masculinos que têm orgulho de sua coragem emocional e da própria integridade moral. O livro oferece às crianças – do presente e do futuro – uma visão nova e mais saudável do que significa ser “homem” na contemporaneidade, que meninos e meninas merecem crescer livres dos estereótipos de gênero e da cultura de opressão e violência que aprisionou o conceito de masculinidade durante muito tempo.

Fonte, citado parcialmente: https://jornalggn.com.br/noticia/como-desenvolver-uma-masculinidade-saudavel-desde-a-infancia/

quarta-feira, 20 de novembro de 2024

Ficou barato

O bispo Edir Macedo e a TV Record foram condenados a pagar R$ 800 mil por declaração homofóbica. O valor se dá por danos morais coletivos e pune o religioso por uma fala durante um especial de Natal em 2022, transmitido pela emissora.

Segundo a coluna de Mônica Bergamo na Folha de S.Paulo, o dono da Igreja Universal do Reino de Deus (Iurd) terá que pagar R$ 500 mil e a emissora, R$ 300 mil. Os valores serão destinados ao Fundo de Defesa dos Direitos Difusos.

A declaração que motivou a ação contra o bispo associa homossexuais a pessoas “más” e “bandidos”. “Você não nasceu mau. Ninguém nasce mau. Ninguém nasce ladrão, ninguém nasce bandido, ninguém nasce homossexual, lésbica… ninguém nasce mau”, afirmou na ocasião.

Para Ana Maria Wickert Theisen, juíza da 10ª Vara Federal de Porto Alegre (RS) responsável pela decisão, o bispo praticou discurso de ódio com a fala.

“Ao associar os termos homossexual’ e ‘lésbica’ às ideias contidas nos termos ‘mau’, ‘ladrão’, ‘bandido’, a fala do religioso tem capacidade de desestabilizar a paz social, pois atua de forma a justificar e normalizar, no inconsciente coletivo, a violência crescente contra essa população”, escreveu.

“O recurso estilístico de paralelismo e a repetição do termo ‘ninguém nasce’ torna o discurso insidioso: o locutor não declara explicitamente que o homossexual é mau, ladrão ou bandido, mas constrói essa ideia no entendimento do ouvinte”, prossegue a magistrada na decisão.

A ação foi movida pelo Ministério Público Federal (MPF) e as entidades Aliança Nacional LGBTI+, Associação Brasileira de Famílias Homotransafetivas (ABRAFH) e grupo Nuances. A Record tentou se dissociar do caso, alegando que não tem “qualquer ingerência” sobre o conteúdo da Iurd e seus líderes religiosos, enquanto o bispo negou ter cometido qualquer crime e questionou a competência da Justiça Federal pra julgar o caso.

Fonte: https://www.diariodocentrodomundo.com.br/edir-macedo-e-record-terao-que-pagar-r-800-mil-por-comentario-homofobico/

Nota: o caso foi em 2022 e a condenação só saiu em 2024. Ficou barato. Homofobia é crime.  Quem faz discurso de ódio tem que ser preso.

Juiz barrou absurdo na Louisiana

Um juiz federal dos Estados Unidos suspendeu provisoriamente nesta terça-feira (12) uma lei do estado da Louisiana que obrigaria as escolas públicas a exibir os dez mandamentos bíblicos nas salas de aula. A medida passaria a valer a partir do ano que vem.

O juiz John deGravelles considerou que a lei aprovada pelo estado viola a Primeira Emenda da Constituição, que proíbe o estabelecimento de uma religião oficial ou dar preferência de uma sobre a outra.

De acordo com a lei aprovada pelos políticos estaduais, todas as salas de aula de instituições públicas deveriam exibir os dez mandamentos bíblicos. A norma valeria para turmas desde o jardim de infância até universitárias.

A lei determina ainda que as regras que aparecem no Antigo Testamento da Bíblia sejam exibidas nas escolas em um pôster ou documento emoldurado, "em letra grande, facilmente legível".

"Se você quer respeitar o estado de direito, tem que começar pela lei original dada por Moisés", disse o governador republicano da Louisiana, Jeff Landry, ao sancionar a lei em junho. No dia da cerimônia, uma menina desmaiou ao lado do governador.

A decisão que derrubou a lei surgiu após a União Americana de Liberdades Civis (ACLU, na sigla em inglês), além de pais de alunos, moverem uma ação questionando a medida.

"Esta decisão deveria servir como um choque de realidade para os legisladores da Louisiana, que querem utilizar as escolas públicas para converter as crianças para sua vertente preferida de cristianismo", disse Heather Weaver, advogada da ACLU, em comunicado.

"As escolas públicas não são escolas de catequese, e a decisão de hoje garante que as salas de aula continuarão sendo espaços onde todos os estudantes, independentemente de sua fé, se sintam bem-vindos", disse Weaver.

A procuradora-geral do estado, Liz Murrill, disse que vai recorrer da decisão judicial

O projeto da Louisiana é o primeiro deste tipo que se torna lei, mas normas similares foram redigidas ou apresentadas em outros estados do chamado "cinturão bíblico". A região concentra estados do sul dos EUA e possui um grande número de cristãos e conservadores.

Em um caso similar ocorrido em 1980, a Suprema Corte ditou que a exibição dos dez mandamentos nas escolas de Kentucky era inconstitucional.

Enquanto isso em Oklahoma, uma outra ação judicial questiona uma ordem recente para que as escolas públicas ensinem a Bíblia.

Fonte: https://g1.globo.com/google/amp/mundo/noticia/2024/11/12/juiz-dos-eua-suspende-exibicao-obrigatoria-dos-dez-mandamentos-em-escolas.ghtml

Lisístrata contemporânea

Não demorou muito. Logo após a confirmação da reeleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, o comentarista e organizador nacionalista branco Nick Fuentes publicou em suas redes versão misógina da frase das mulheres "Meu corpo, minhas regras", que virou "Seu corpo, minha escolha. Para sempre", visualizado 91 milhões de vezes na rede X de Elon Musk.

Outro misógino de extrema direita, Andrew Tate, preso na Romênia por estupro e tráfico de mulheres, disse sobre elas: "Você não tem mais direitos".

Há nas redes inclusive referência à criação de "esquadrões de estupro":

Em um período de apenas 24 horas após a eleição, os pesquisadores descobriram um "aumento de 4.600% nas menções dos termos 'seu corpo, minha escolha' e 'volte para a cozinha' no X". O relatório se refere a vários usuários de mídias sociais que disseram que eles ou seus filhos ouviram "seu corpo, minha escolha" na sala de aula. Os pesquisadores também descobriram que apelos a "estupro" e "esquadrões de estupro" receberam milhares de visualizações nas mídias sociais após a eleição da semana passada.

Cécile Simmons publicou um artigo sobre esse posicionamento misógino após a reeleição de Trump e a reação das mulheres no The Guardian. Cécile é uma pesquisadora investigativa no Instituto para o Diálogo Estratégico (ISD) com foco em desinformação, subculturas online, direitos das mulheres e bem-estar.

Esse ataque de discurso violentamente misógino deixou ainda mais claro o que já era fácil de ver: que muitos homens não veem as mulheres como pessoas com igual dignidade e direitos, mas como criaturas inferiores a serem coagidas. E isso, por sua vez, desencadeou outra reação. Desde a eleição de Trump, o 4B, um movimento separatista de mulheres fundado na Coreia do Sul que juram não ter relacionamentos com homens, tem sido tendência nas mídias sociais.

Este momento viral destaca um sentimento que vem fermentando há muito mais tempo: o descontentamento das mulheres com relacionamentos heterossexuais e sua raiva pela misoginia cada vez mais descontrolada dos homens. Nos últimos anos, a ideologia da supremacia masculina se tornou mainstream, promovida por empreendedores da manosfera (ou machosfera) que estão prosperando na economia da atenção alimentando o ressentimento dos jovens homens em relação às mulheres.

À medida que jovens ofendidos foram sugados para bolhas de mídia social, a polarização de gênero seguiu. Meninos que cresceram com uma dieta de conteúdo misógino estão abraçando homens fortes autoritários que os cortejam com promessas de tirar os direitos das mulheres. As mulheres jovens, por outro lado, cada vez mais favorecem a política liberal.

Yoon Suk-yeol se elegeu na Coreia do Sul com um discurso antifeminista e na Polônia 51% dos jovens apoiam partido de extrema direita que defende que as mulheres são "menos inteligentes".

Comunidades de “Homens seguindo seu próprio caminho” (MGTOW) que juram evitar mulheres (criando medos fabricados de falsas acusações de estupro no processo) têm crescido nos últimos anos. Agora, elas têm uma imagem espelhada.

Comunidades de “Mulheres seguindo seu próprio caminho” também surgiram, e elas estão dizendo às mulheres como viver sem homens que não as respeitam (um grupo no Reddit tem 14.000 membros).

Nos últimos anos, a França viu um renascimento do lesbianismo político (mulheres “escolhendo” se tornar lésbicas por razões políticas), com ensaios amplamente divulgados de How to Become a Lesbian in Ten Steps, de Louise Morel, a Getting Out of Heterosexuality, de Juliet Drouar. Virginie Despentes , uma das principais defensoras do movimento, comparou “se tornar” lésbica a perder 40 quilos.

Enquanto o julgamento do estupro em massa de Gisèle Pelicot continua, a França está tendo um acerto de contas com décadas de abuso. O sentimento de que slogans revolucionários de 1968, como “É proibido proibir”, serviam principalmente aos interesses dos homens e não ofereciam libertação para todos, está se espalhando na França.

Fonte: https://revistaforum.com.br/politica/2024/11/12/greve-de-sexo-uma-reao-das-mulheres-reeleio-de-donald-trump-169161.html