A despeito de ser de autoria do sr Ratzinger e de que ele tenta puxar a sardinha para o lado da Igreja Católica, há que se levar em consideração o cerne da mensagem:
Bento XVI denuncia que o mundo atual considera a Deus "irrelevante e supérfluo" e afirma que, quando Deus desaparece do horizonte da pessoa, a humanidade perde a orientação e vai rumo à autodestruição.
O papa assinala que o tema de Deus é "central" também na época atual, na qual não se costuma desconsiderar que a importância da relação com Deus é essencial para o caminho da humanidade.
Bento XVI reitera a importância "essencial" que Deus tem para o ser humano, para sua vida pessoal e social, para entender a si mesmo e ao mundo.
Ressalta ainda a esperança que ilumina o caminho do homem na salvação depois da morte.
O papa se refere também aos diferentes caminhos que levam a afirmar "a verdade" sobre a existência de Deus, "esse Deus que a humanidade sempre, de alguma maneira, conheceu, apesar das vicissitudes de sua história".[EFE]
Bento XVI sublinhou esta Quinta-feira o contributo das religiões em favor da paz, assegurando que esta não existirá se os líderes políticos tentarem deixar as religiões à margem da vida social.
“A tão desejada paz só poderá surgir da acção conjunta dos indivíduos, que descobre a sua verdadeira natureza em Deus, e dos dirigentes das sociedades civis e religiosas que, no respeito pela dignidade e pela fé de cada um, souberem reconhecer e dar à religião o seu nobre e autêntico papel de plena realização e aperfeiçoamento da pessoa humana”, declarou.
No discurso conjunto que fez a sete novos embaixadores no Vaticano - Dinamarca, Finlândia, Letónia, Uganda, Sudão, Quénia, Bangladesh e Cazaquistão – o Papa defendeu que é necessário tender à paz universal, “sem utopias e sem manipulações”. “Todos sabemos que, para se estabelecer, a paz precisa de condições políticas e económicas, culturais e espirituais”, assinalou.
O Papa admitiu que por vezes é difícil a “coexistência pacífica das diferentes tradições religiosas, no seio de cada nação”.
“Mais do que um problema político, esta coexistência é também um problema religioso que se coloca a cada uma destas tradições, no seu próprio interior. Cada crente está chamado a interrogar Deus sobre a sua vontade a propósito de cada situação humana”, apontou.
Por isso, segundo Bento XVI, “reconhecendo Deus como único criador do homem – de todo e qualquer homem, qualquer que seja a sua confissão religiosa, condição social e opiniões políticas – cada um respeitará o outro na sua unicidade e na sua diferença”.
Mais à frente, o Papa disse que o mundo político e económico tem “dificuldade de dar ao homem o primeiro lugar”, frisando que “mais delicado ainda é admitir a importância e a necessidade do religioso, assegurando à religião a sua verdadeira natureza e o seu lugar na dimensão pública”.
Falando depois ao embaixador da Finlândia, Bento XVI aludiu especificamente ao contributo das religiões “no país e na Europa”, chamando a atenção para “certos valores que estão em risco de serem apagados pelo processo de secularização”, em particular no que se refere “à família e o respeito pela vida”.[Ecclesia]
Ou seja, o sr Ratzinger parece concordar com os ateus ao identificar a religião como sendo apenas o Cristianismo e como sendo Deus apenas o Cristão.
Quando não se reconhece a diferença entre tantas religiões e entre os Deuses adorados nestas, querendo fazer uma tábua rasa, definindo às demais religiões como meras versões ou heresias da Igreja Católica, não se está demonstrando qualquer respeito, não se está dando qualquer liberdade religiosa, não se está promovendo a tolerância. Vindo de quem vem, tal dissimulação e hipocrisia era de se esperar.
Eu dou razão aos ateus quando eles afirmam que, quando se precisa de um "Grande Irmão" para se ter uma conduta moral, é uma covardia. Pior, o sr Ratzinger se esquece ou omitiu propositalmente que a maior parte das violências e das guerras no mundo são causadas por causa da religião, ou melhor dizendo, do fanatismo e do fundamentalismo patrocinado por algumas delas.
Evidentemente que, como Pagão [e estudioso da história e antropologia], eu também ache que a humanidade esteja caminhando para a autodestruição, não apenas por ter voltado as costas aos Deuses Antigos, mas também por tratar a natureza com tanto desrespeito. Eu não fiquei surpreso com a notícia que o Acordo Climático em Copenhagen foi um fiasco.
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