Representantes da Comissão de Combate à Intolerância Religiosa comemoraram hoje (31) a confirmação de um encontro oficial com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Cerca de 40 pessoas debateram, no Rio, propostas para a redação de um programa nacional sobre o tema, que deverá ser apresentado ao presidente no dia 20 de novembro. Evangélicos não participaram da reunião.
"Queremos congregar todos os setores. Pela primeira vez, um presidente vai receber a comissão para discutir o tema. Vamos elaborar um projeto nacional", disse Ivanir dos Santos, do Centro de Articulação de Populações Marginalizadas (Ceap). Presidente da Federação Israelita do Rio, Sérgio Niskier disse não acreditar em ação de governo que "não nasça do clamor"."Não é um movimento vindo de um ato de bondade do governo, é um 'acordar'. A sociedade há muito tempo tem de dar um grito contra a intolerância", declarou. Em discurso, Niskier lembrou casos recentes de ataques sofridos por religiões de origem africana no Estado do Rio. "Já foi assim conosco. Depois dos judeus, vieram os ciganos, os comunistas, os homossexuais etc. O racismo não se contempla com seu primeiro alvo", disse. Segundo ele, sinagogas também são alvos de vandalismo no Rio.
No encontro, o subsecretário de Políticas Afirmativas da Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial da Presidência da República, Alexandro Reis, disse que o governo federal poderá financiar a criação de uma Delegacia de Combate à Intolerância Religiosa no Rio. Um dos convidados, o delegado Henrique Pessoa, coordenador de Inteligência da Polícia Civil do Rio, disse, porém, que a obra não é uma prioridade. "Ficamos um pouco decepcionados porque não têm havido denúncias", declarou. O delegado estimulou os presentes a divulgar que denúncias podem ser feitas por meio do site da Polícia Civil. "Podemos brigar por uma delegacia especializada, mas hoje a demanda é muda. É fato que muitas pessoas têm medo, mas é preciso descobrir um canal mais efetivo, porque senão vai ser difícil lutar (pela delegacia).
"Presidente da Associação de Educação Católica do Rio, Sérgio Maia apresentou um plano de mobilização das religiões pela educação e defendeu que a sociedade "tenha a convicção das contribuições africanas". Foram discutidos, entre outros pontos, o mapeamento de centros religiosos no País e a aplicação da lei que determina o ensino de História da África e Cultura Afro-brasileira nas escolas. A antropóloga Ana Paula Miranda foi convidada pelo grupo para elaborar um "dossiê da intolerância religiosa" no Estado.
Fonte: Bem Paraná
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