terça-feira, 7 de outubro de 2008

Tábua Tanzanita

"Aquilo que está em cima é igual a aquilo que está embaixo e que aquilo que está embaixo é igual a aquilo que está em cima".
Eu não sei quantas vezes esse texto deve aparecer em cada texto, revista, livro ou site sobre Neopaganismo, Bruxaria e Wicca. Eu só sei que essa citação é tão repetida, sem qualquer explicação ou histórico, que a impressão que tenho é que virou um clichê tal como os clichês que são ditos pelos que seguem alguma das religões de massa.
A citação vem de um texto alegadamente achado no sarcófago de Hermes Trismegistros. Mas esta é apenas mais uma das muitas lendas que cercam a tão famosa Tábua Esmeralda, em cujos ditos a alquimia e o hermetismo foram baseados. Essa base também é encontrada em muitas formas de misticismo, esoterismo, ocultismo.
Como se não bastassem as enormes distinções e diferenças entre as várias correntes que fazem parte desses conhecimentos, ainda tem gente que nos confunde com esses primos. Nós usamos muitas coisas, mas parece não importar como nem o conceito com que nós usamos essas ferramentas e isso inclui textos.
Então aqui vai a minha forma de interpretar a Tábua de Esmeralda dentro do Neopaganismo, Bruxaria e Wica. Para deixar pseudo-sacerdotes e pseudo-cristãos roxos de raiva.
I - É verdadeiro, sem falsidade, certo e muito verdadeiro
Na época em que o texto circulava entre os magos e ocultistas, os primos deviam estar ficando cansados com tantos pergaminhos e manuscritos fajutos ou forjados. Então nada mais justo para o falsificador do que afirmar quatro vezes a autenticidade do texto.
II - Que aquilo que está em cima é igual a aquilo que está embaixo e que aquilo que está embaixo é igual a aquilo que está em cima, para realizar os milagres de uma única coisa.
Em outras palavras, esse mundo não é um refugo dos Deuses, mas um reflexo, uma parte integrante do Mundo Astral, do Paraíso e dos próprios Deuses.
III - E da mesma forma que todas as coisas foram e vieram do Um, assim todas as coisas nasceram desta coisa única por simples ato de adaptação.

O Um para nós não é o Senhor Cristão, mas o resultado da união (conluio) entre o Deus e a Deusa. Ou seja, sem o Deus a Deusa não pode gerar. Um mistério negado pelo Dianismo.
IV - O Sol é seu pai, a Lua sua mãe, o vento a carregou em seu útero, a terra é sua ama de leite. O Telesma (perfeição) de todo o mundo está aí. Seu poder não tem limites sobre a Terra.

Ao ler o parágrafo acima, fica evidente que o Um é Filho do Sol (o Deus) e da Lua (a Deusa). O Um é o nosso mundo, nós mesmos. Nossa existência depende da conservação da natureza.
V - Separarás os elementos da Terra daqueles do Fogo, o sutil do grosseiro, cuidadosamente com grande habilidade. Sobe da Terra para o Céu e torna a descer para a Terra e une para si próprio a força das coisas superiores e inferiores. Desse modo, obterás a glória do mundo e as trevas se afastarão de ti.

Ou seja, devemos equilibrar as coisas referentes à matéria (Terra) das coisas referentes ao espírito (Fogo), através da prática e do conhecimento do Ofício, para afastar a ignorância.
VI - Esta coisa é a forte fortaleza de toda força, pois vence toda coisa sutil e penetra em toda coisa sólida
Em outras palavras, Magia.
VII - Assim o mundo foi criado.

Quando percebemos que o mundo é formado da combinação por magia de elementos simples, pode-se dizer muito grosseiramente que ele é 'criado'.
VIII - Conseqüentemente esta é a fonte das inúmeras e admiradas adaptações cujo meio está aqui.

Em suma, proceder com as operações da Magia, andar no Ofício.
IX - Por esta razão sou chamado Hermes Trimegistos, pois possuo as três partes da filosofia universal. O que eu disse a respeito da operação do Sol está realizado e aperfeiçoado.

Essa parte é muito importante. Não somos nós que nos damos nomes, cargos ou prestígios, mas os que nos procuram. A 'operação do Sol' pode ser entendido por outro clichê muito usado entre nós:
"Todo homem e toda mulher é uma Estrela".

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