Cernunnos é representado como uma criatura quimérica cujo o culto que remonta a época correspondente se muito o início da Idade de Bronze, cujo o nome se supõem foi conferido muito após ter sido fixado a crença devocional nesta divindade a partir de uma imagem encontrada num baixo-relevo em Paris que reproduzia um homem sentado de pernas cruzadas que ostentava chifres na cabeça onde lia-se abaixo a inscrição "( C ) ernunnos".
Nas narrativas míticas a figura de Cernunnos como personagem é bem confusa já que existem momentos onde ele é descrito ao lado de uma figura feminina com poderes sobrenaturais sobre a Natureza que figura por vezes como sendo sua "mãe" e em outras é identificado como sua "esposa" o que dá a vaga impressão da presença de um relacionamento incestuoso.
Para simplificar a compreensão do mito ficamos restritos ao que o poeta latino Marco Anneo Lucano (39/65 DC) narra em breves passagens em "Pharsalis" , cujas as fontes históricas prováveis foram Tito Livio, Asinio Pollione e Sêneca , a saber que Cernunnos nasce sem chifres e reina no submundo de onde ajuda a comandar com sua "esposa" ( alguns a identificando sob o nome de Epona e outros como "Dana" ) a vegetação e os animais até que em certo momento é traído por ela com "Esus" e dali surge uma "galhada" de cervo em sua cabeça.
A oportunidade desta traição surge por conta do fato que Cernunnos para cumprir com seus deveres tem que sempre durante certo tempo do ano recolher-se ao reino subterrâneo, deixando sua "esposa" sozinha por um longo período.
Observando que Lucius menciona no caso não bem diretamente "Cernunnos" e sim o amante fugaz de sua esposa a saber "Esus/Albiorix" onde o cita também sob a alcunha curiosa de "Rei do Mundo" e sendo parte de uma espécie de "trindade" em que figuravam ao seu lado de "Toutates/Teutates" como uma espécie de "deus da guerra" e "Taranis/Caturix" na condição de "Rei das Batalhas", fato que é curioso de analisar na medida em que vemos o mito de Cernunnos ter conotações mais que óbvias com assunto afetos mais fertilidade de maneira geral e agricultura de forma especifica do propriamente como tendo algo haver com batalhas , guerras e assuntos assemelhados como estas outras divindades citadas remontam arquetipicamente.
A sua verdadeira origem
O que surpreende logo de cara o mito de Cernunnos ao analisar comparativamente a mitologia celta é que ela não usa como recurso de enredo a figura de seres quiméricos, isto é, volta e meia até um personagem se "transmuta" em forma animal só que nenhum é representado como tendo parte humana e outra animal ao mesmo tempo.
Igualmente , a lenda em parte recorda o mito greco-romano de Hades e Perséfone/Proserpina onde ela passa metade do ano com sua mãe na superfície (Ceres/Deméter ) e a outra parte no mundo subterrâneo ao lado de seu esposo. Havendo é claro claras reverências a todo uma simbologia também vinculada a temas de fertilidade, agricultura, mudanças de estação e etc neste mito greco-romano. Seria coincidência?
Graças a arqueologia um pouco do mistério ao redor da figura tão deslocada de Cernunnos vai aos poucos, a saber a suposição básica era que Paris tinha sido fundada por uma tribo celta (os Parise) que depois foi melhorada pelos romanos a partir de sua conquista por volta de 52 AC caí por terra para ceder lugar a constatação de que a cidade foi na verdade erigida por completo pelos romanos desde o inicio.
Isto somado com a constatação que gregos pelo menos na região de Marselha e redondezas desde o século V AC figura como bem provável que o culto ao deus cornifero tenha sido trazido embrionariamente para região através dos gregos e depois apossado pelos romanos que deram as narrativas sua conotação guerreira, surgindo depois os celtas (ou melhor os parisi) para incorporarem sincreticamente em seu corpo de crenças a figura de Cernunnos.
Outra alternativa além dos gregos que surge é que ligures ou etruscos tenham trazido sua contribuição para a formação da imagem do "deus chifrudo" na medida em que é uma imagem típica de divindade vista entre povos que viviam da criação de caprinos e pastoreio bem como também eram povos que margeavam a região.
Fonte: Canal Celta
Nota: O estudo da história e da antropolgia demonstra que o hábito de assimilação cultural entre povos não é algo feito ou inventado apenas pela Igreja. O que é interessante de notar é que reconstrucionistas culturais tentam restabelecer aquilo que consideram como sendo a religião Celta, em seu mais pristino estado, sem se dar conta que o povo Celta é uma denominação usada para diversos grupos de povos, cujas culturas igualmente assimilaram outras culturas, de forma que é impossível estabelecer qual é a 'pura' religião Celta. O mito de Cernunnos e de Herne foram rapidamente assimilados pelos povos europeus por que remetiam aos mesmos mitos ancestrais que muitos deles trouxeram de suas terras natais. Achar e resgatar nossas raízes ancestrais e trazer para a atual realidade é uma coisa, deturpar essa herança e proclamar ilusões racistas como sendo ideais para a atual realidade é outra coisa.
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