Começaram as festas em homenagem a Santo Antônio, em Barbalha. Na tarde de ontem, ocorreu a procissão do pau da bandeira, que abriu as comemorações na cidade.
À entrada da cidade, o cartaz imenso anuncia. É lá onde ocorre "a maior festa de Santo Antônio do mundo", segundo os barbalhenses. Na tarde de ontem, a cidade que tem pouco mais de 53 mil habitantes se encheu de mais gente.
Todos queriam participar da abertura da Festa de Santo Antônio. Principalmente todas. A tradição foi novamente cumprida e se renovou. Desta vez, no lugar de aroeira, foi um tronco de angico de 25 metros que cerca de 40 homens carregaram por seis quilômetros até a praça principal de Barbalha. Pesava quase duas toneladas e meia. Era o início dos festejos ao santo padroeiro, que seguem até dia 13. Acompanhar a procissão do pau de Santo Antônio é atração da cidade. A queima de fogos, no meio da tarde, é aviso de que o tronco acabara de sair do sítio São Joaquim e ganhava a avenida Jules Rimet. A essa hora, os encontros já haviam começado. Multidão fora de casa. Pelas calçadas, as famílias se apinhavam para ver o pau passar. Nas ruas, ninguém se arriscava a disputar caminho com o monte de carregadores ao redor do tronco. Perigo de acidente.
São apenas poucos segundos com o pau de angico apoiado nos ombros dos carregadores. Passos curtos, poucos e ligeiros, a tora torna ao chão, num movimento rápido e bruto. É nesse intervalo em que os homens se abastecem com aguardente. "Ajuda, dá força a eles", garante João José de Oliveira, 49, que, há 16 anos, é responsável por distribuir a bebida "para quem quiser". Nunca sobra nada dos 200 litros que ele leva no carro da Cachaça do Sr. Vigário.
De cima do carro de som, é Silva Neto quem incentiva o pessoal. Ele é o locutor oficial da festa há, pelo menos, 20 anos: "Girou lá atrás, pessoal. Vamos colocar o pau no ombro". Os carregadores se abaixam e nem dá tempo contar direito. "Ê ô...". O pau sobe e caminha mais um pouco nas ruas pelos ombros dos homens. É o desafio a ser vencido em nome de Santo Antônio, lembra o locutor. Ninguém pode falhar. "É tradição", ele não deixa esquecer. Qualquer vacilo ou tropeço de um é motivo de pequena confusão de todos - muitas vezes, difícil de perceber se é brincadeira ou séria.
Do lado, o público que assiste à prova de resistência saúda o santo com vivas, como que dando força aos carregadores. No meio da gente, tem todo tipo. Como a bebida é liberada, não faltam os enxeridos que exageraram nas doses se achegando às moças sozinhas. Ir desacompanhada não é recomendável, alertam os freqüentadores. Outros grupos se formam nas ruas transversais e preferem celebrar a festa dançando forró nas esquinas. Os paredões de caixa de som se formam logo e o forró eletrônico se mistura aos gritos dos homens com o peso nos ombros. A tradição ali perdeu o sentido.
Autora: Daniela Nogueira
Fonte: O Povo [link morto]
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