quinta-feira, 12 de junho de 2008

A Cristianização da Europa

Eu considero digno de pena o neopagão, o bruxo e o wiccano que defende a atitude do Politicamente Correto, postulando arbitrariamente que: “A Wicca não é confrontar ou combater o Cristianismo. Refutar essa crença ou esse legado histórico não é ‘nosso’ propósito, nem deveria ser o propósito de qualquer religião. Uma religião, qualquer religião versa sobre crença, não a negação da crença de outros”. Esse tipo de atitude é temerária, pois se supõe que ao ‘mostrar respeito’ aos Cristãos esses necessariamente vão nos dar respeito. Considerando que a cada dia aumentam os casos de fanatismo, fundamentalismo e intolerância, deixar de refletir ou responder aos discursos difamatórios e caluniadores é o mesmo que concordar com a violência causada devido ou por causa desses discursos. Eu sou um neopagão, não uma avestruz.
Eu encontrei um texto, com um argumento e algumas perguntas feitas por um cristão que devem ser respondidas por neopagãos, bruxos e wiccanos simplesmente porque se nos calarmos estaremos dando razão à perseguição, ao preconceito e à intolerância.
Argumento e perguntas:

Uma forma de apontar os defeitos da posição dos neopagãos está em mostrar que a Europa e áreas ao redor foram completamente convertida ao Cristianismo que não restou liturgia pagã alguma. As divindades do Paganismo Europeu não foram capazes de garantir a sobrevivência de seus credos. Eles perderam e perderam tão feio que os neopagãos tiveram que inventar suas próprias liturgias e teologias.
Alguém poderia perguntar: “Por que você adora divindades tão impotentes? Se eles não puderam proteger seus antigos adoradores com seus poderes, então como podem confiar neles para os proteger hoje? Por que foi que os pagãos ancestrais se tornaram cristãos, para começar? O que foi que eles acharam deficiente no Paganismo que os levou a rejeita-lo e a confiar em Cristo?”
Refutação e respostas:
O que os Cristãos esquecem é que o Deus Cristão tem origem no Deus Judaico, no Deus Israelita, cujo povo foi continuamente subjulgado por povos Pagãos Politeístas, como os Egípcios, os Assírios, os Persas, os Gregos e os Romanos. De certa forma, Deus não conseguiu manter o credo de seu ‘povo escolhido’, pois podemos ver na própria bíblia os Israelitas adorarem Deuses Pagãos. Em muitos aspectos, mesmo os Cristãos primitivos não tinham um consenso quanto o que seria a religião Cristã e era muito comum ver Cristãos adotarem o Gnosticismo, o Mitraismo e outras religiões existentes no Império Romano. O que hoje se chama de Cristianismo é o resultado mais de um processo humano do que divino.

A resposta da razão da conversão dos Pagãos está na própria história da Europa e do Cristianismo.
O fenômeno do Cristianismo como uma religião bem sucedida é o resultado de um processo histórico que durou vários séculos, agindo de diferentes formas conforme a região por onde o Cristianismo passou.
Historicamente, o que é chamado hoje em dia de Paganismo apenas teve início após o decreto do Imperador Teodósio (puramente por razões de Estado) tornando o Cristianismo a religião oficial do Império Romano, o que tornou as demais religiões proibidas exatamente por serem consideradas ‘cultos Pagãos’. Após o decreto, a Igreja Cristã passou a fazer parte do Estado o que ajudou e muito à Igreja Cristã na conversão dos Pagãos, com os meios dados pelo aparato estatal. Os Pagãos foram constrangidos a se converterem ou terem sua cidadania e seu patrimônio confiscados. Em locais onde os interesses políticos e econômicos impossibilitavam o uso da conversão forçada, usou-se o sincretismo religioso, ou seja, crenças locais foram misturadas ao culto oficial e Deuses locais foram transformados em santos cristãos, portanto, muito da liturgia e Deuses pagãos ainda sobrevive de forma sutil dentro do Cristianismo contemporâneo.
Os Pagãos eram, antes de tudo, pessoas práticas e pragmáticas. Para eles, o Deus Cristão era mais um Deus, igualmente merecedor de adoração e como a conversão ao Cristianismo era uma lei do Imperador ou muitas vezes era incentivada pelo rei local interessado nos subsídios que viriam de Roma, os Pagãos se convertiam, mas não de forma absoluta, eles se tornaram Cristãos nominacionais, mas mantiveram muitas de suas tradições e crenças dentro do sincretismo permitido pela Igreja Cristã. Portanto, nós, neopagãos, não estamos inventando nossas liturgias e teologias, apenas estamos recuperando aquilo que ficou escondido e enterrado por séculos de opressão religiosa, gostem os Cristãos ou não.

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