Os povos antigos faziam seus templos no alto dos montes, dentro de uma floresta sagrada, ao redor de uma árvore consagrada ao Deus ou Deusa a quem o templo era dedicado. A ligação entre os Deuses e a Natureza era perceptível pelos fenômenos naturais e, por extensão, à Flora e à Fauna atribuídos aos Deuses. Cada Deus e Deusa era patrono/a de uma árvore sagrada e era simbolizado/a por um animal totem, através de uma intrincada simbologia mítica.
Entre os Sumérios era comum ver os Deuses sendo representados com fenômenos naturais e celestiais, ao lado de uma árvore ou de animal. O desenvolvimento dessa Arte Sagrada passou a representar exclusivamente formas mais estilizadas da árvore e do animal sagrados.
Os Egípcios adotaram essa simbologia, representando seus Deuses e Deusas em estilo zoomórfico. Mesmo os Deuses e Deusas que mantiveram formas mais humanas ainda eram representados com fenômenos naturais ou celestiais ou com características da Flora e da Fauna, como Nuit sendo representada como um céu estrelado, Isis sendo representada como um pássaro e Osíris sendo representado como um tronco.
Os Caldeus assimilaram a arte estilizada dos Sumérios e misturaram com a arte estilizada dos Egípcios. O Templo dos Deuses foi estilizado na forma de duas árvores, cujos topos se entrelaçavam, simbolizando o Firmamento e os ramos entrelaçados simbolizando as diversas dimensões da Realidade Divina, até o mundo material. Estas imagens eram ladeadas ora por animais sagrados, ora por entidades zoomórficas e, no centro, era colocado mais um tronco que servia de ligação entre o Firmamento e o Mundo.
Como o Templo dos Deuses era a representação das árvores sagradas, com um lado representando o Deus e o outro representando a Deusa patronos do templo, o tronco no meio era a representação do Deus Rei Sagrado Sacrificado, o filho dos Deuses Antigos, que se oferecia para o sacrifício para que, com sua morte, pudesse cumprir sua função de ser a ponte entre os mundos, senão a própria Axis Mundi, através da qual os mortos poderiam sair do Submundo e retornar ao Firmamento.
Osiris era filho de Deuses Ancestrais, era Deus dos Mortos e era representado tanto por um tronco como com um pilar. Assim também foram Prometeu, Mithra, Dioniso e Cristo. A cruz de ank, a chave da vida eterna controlada por Osiris, é o criptograma do Templo de Deus e do Pilar Central; a cruz gamada é o criptograma da transposição entre mndos; a cruz de tau é o criptograma da ligação ente o Firmamento e o Mundo.
Em todos os mistérios iniciáticos do Deus Rei Sagrado sacrificado existe essa identificação, ligação ou assimilação com o tronco central, o pilar do equilíbrio, a ponte da ressurreição. Por isso, esses Deuses se tornam os Juizes da Humanidade, aqueles que são responsáveis pela guarda das Leis Divinas, quando não agem como restauradores ou autores de uma nova aliança para combater as distorções contra as Leis Divinas.
Com o crescimento das cidades e a construção de templos em pedra, as árvores e o tronco assumiram totalmente a forma de pilares e a simbologia foi levada para dentro das cerimônias, onde a mulher se tornou o Templo dos Deuses e o homem se tornou o Pilar Central, para que no Hiero Gamos fosse reencenada a criação do mundo e a continuidade da vida. A existência do mundo dependia da união entre um sacerdote e uma sacerdotisa nesses ritos de sexualidade sagrada, onde o resultado da consumação sagrada (a descendência) cumpria o papel de Redentor da Humanidade.
A simbologia cerimonial do Templo dos Deuses e do Pilar Central continuaram a serem desenvolvidas até perderem totalmente sua características mundanas relacionadas à Flora e à Fauna, assumindo um caráter puramente criptográfico entre os Israelitas, uma vez que imagens de entidades espirituais eram proibidas pela religião estatal institucionalizada. Os sacrifícios dos animais totens que simbolizavam os Deuses Reis Sagrados Sacrificados foram substituídos por sacrifícios propiciatórios a Yahveh, que perdeu sua identidade mítica em troca de outra como Deus da lei e da Justiça sobre a Humanidade mais exarcebada. Mesmo assim, essa simbologia resistiu enigmáticamente na forma de adornos, como os querubins sobre a Arca da Aliança, os pilares na frente do templo de Salomão e a Árvore da Vida na Qbalah. Mais tarde, na doutrina escatológica e soterológica da Igreja Cristã, ambas as identidades se condensariam e se mesclariam em Cristo, tanto que este é representado ora suspenso em um tronco, ora em uma cruz Grega, ora em uma cruz Romana.
Toda essa herança cultural foi transmitida primeiro aos Gregos e depois aos Romanos, se espalhando por todo o Império Romano, se misturando e mesclando com crenças locais. Com a ascenção ao poder da Igreja Cristã, essas práticas e crenças forma banidas e perseguidas, sumindo dos grandes centros urbanos, mas sobrevivendo nas vilas e cidades mais ligadas ao campo, no que mais tarde daria ao que a Igreja Cristã chamaria de Bruxaria e culto ao Diabo, no que resultou na grande histeria da Caça às Bruxas.
Nos locais onde secretamente ainda eram preservadas essas práticas e crenças antigas, outros grupos igualmente proibidos e perseguidos encontraram abrigo, proteção e uma fonte de conhecimento ancestral que mais tarde daria origem ao Renascimento do Ocultismo por pessoas mais acadêmicas e aristocráticas, no que resultou nas Missas Negras, nos manuais de Magia Negra e no suposto ‘satanismo literário’.
No fim do século XIX aqueles que cultuavam as antigas crenças assumiram o título de Culto das Bruxas, passando a se organizar e a tomar medidas para proteger o culto aos Deuses Antigos contra a infiltração acadêmica e aristocrática. Apenas na metade no século XX as leis contra a Bruxaria foram revogadas, tornando possível a divulgação ao público de obras relativas a esse Culto das Bruxas, contendo essa mistura de crenças antigas, crenças locais, misticismo ocidental e oriental.
O uso da Árvore da Vida na Bruxaria e na Wica, em sua raiz mítica Caldéia, tem uma função cerimonial que é o Grande Rito; tem uma função tealógica que é a Polaridade Sagrada e tem uma função magico-espiritual que são os Três Níveis (corpo, alma e espírito). As colunas direita e esquerda, Jaquim e Boaz, Força e Beleza, são os pilares, os troncos, as árvores sagradas dos Deuses Antigos. A coluna central, Baphomet, Virtude, é o Mediador, a Kundalini, a Yggdrasil, o Hiero Gamos. Esses mitos e mistérios iniciáticos estão presentes na Runa das Bruxas, na arrumação do altar em par de pares de instrumentos, na marcação do círculo e dos quadrantes, no desenho de sigilos e pentáculos, nas palavras das evocações e invocações.
Através dessa simbologia mítica, a celebração dos sabats e dos esbats se tornam a reencenação da criação do mundo, removem os véus que separam as dimensões e os bruxos tornam seus corpos a ponte entre o Firmamento e o Mundo.
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