Ele passou anos de sua vida isolado de tudo e de todos, até mesmo dos carinhos de seus pais. Toda comida era esterilizada antes de entrar na bolha, qualquer objeto era minuciosamente inspecionado para que não tivesse aparas ou pontas que pudessem feri-lo.
O menino cresceu e seus professores o educaram através de vídeos, explicando as matérias ou lendo literatura para ele. Muito tempo se passou e o menino se tornou um adolescente e envelheceu sem ter uma namorada.
Ele chegou até os quarenta anos quando, enfim, os médicos conseguiram desenvolver uma terapia que talvez pudesse desenvolver nele a resistência necessária para viver fora da bolha. Evidentemente, havia inúmeros riscos, mas como ele havia atingido a idade adulta, ele assinou o termo de responsabilidade e recebeu a terapia. Foram semanas, meses e anos de algum sofrimento até que algum resultado fosse conseguido, mas por fim, aos 45 anos, os médicos finalmente chegaram ao consenso de que ele podia sair da bolha.
Houve uma enorme comoção e muitos criticaram a decisão, mas o menino que se tornara um senhor saiu da bolha e chorou de emoção por poder respirar o mesmo ar que respiramos e sentir a sensação do toque das coisas. Ele teve que aprender a sentir, experimentar a sensação do sabor, até de coisas simples como sujeira, sabão, água. Ele se feriu, ficou doente como todo mundo, tomou remédio como todo mundo, se apaixonou, casou, divorciou, casou mais uma vez, criou os filhos e netos, morreu de velhice como muitos.
Eu fico curioso e assombrado ao ver tanta gente que quer alguma coisa para fugir dos problemas e dos sofrimentos. Eu não sei quanto aos outros, mas eu não quero ser um menino na bolha. Eu quero problemas para que eu possa aprender, superar e crescer. Eu quero sofrimentos para que eu saiba valorizar a saúde e a minha família. Eu quero Vida em toda sua plenitude e isto o Paganismo, em particular a Wica, é a religião que propicia este êxtase.
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