Quando o self encarna, ele passa por uma adequação cultural, social e temporal para que possa interagir com o ambiente, a sociedade e outros indivíduos, formando para isso o ego. Como consequência, muitas partes do self são reprimidos ou condicionados, formando com isso a sombra, que é a parte subconsciente do indivíduo.
O caminho entre o bosque sagrado, a Wica, é um retorno para casa e a reintegração do self, não pela morte do ego, mas por sua superação e assimilação. O ego não ocupa, na Wica, a função do Trapaceiro, a figura fundamental nas religiões monoteístas, nem a exarcebação do ego ocupa o lugar da doutrina do pecado que é igualmente fundamental nas religiões monoteístas.
Para que essa volta para casa e reitegração do self ocorra, a Wica possui um conhecimento transmitido através dos Mistérios Antigos, que só podem ser compreendidos em seu real significado após uma iniciação, de um iniciado ao neófito, somente após ter estabelecidos os laços com os Guardiões dos Quadrantes, conhecido os nomes dos Deuses e as palavras de poder.
O conhecimento tradicional habilita ao bruxo usar a principal ferramenta de seu Ofício, que é ele mesmo, pela Arte da Magia, trabalhando com o subconsciente e a sombra, através de símbolos e imagens que ativam esse laço do self com o mundo astral. Esse tipo de ação não pode ser alcançado por aventureiros ou curiosos, pois a sombra formada pela supressão do self em benefício do ego forma um ambiente inóspito para a consciência e a saúde mental do indivíduo que ousa trilhar ali. Não é mera coincidência ou casualidade aparecerem casos de pessoas que se tornaram loucas ou mentalmente perturbadas por mexerem com Bruxaria.
Infelizmente, a tônica do discurso sobre Bruxaria e Wica não se preocupa com a superação e absorção do ego, mas vem exatamente exarcebando o ego, pelo estímulo do culto à personalidade, pela imposição de tendências culturais e pela adoção de textos alegadamente inspirados divinamente. A Wica é uma religião e, como tal, possui princípios que negam qualquer autoridade central, nega qualquer livro sagrado e sobretudo nega a doutrinação humana.
Toda e qualquer pretensão, de ditos sacerdotes, falar ou determinar por visões pessoais, de práticas ou princípios estranhos à Tradição, é mais uma tentativa do ego de se preservar.
Não tenha medo do pavão só porque ele é vistoso ou porque arrepia as penas, a força dele está no rabo. Esse é o seu caminho, só a você cabe trilha-lo e conhece-lo, liberte-se.
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