Resposta rápida: sim.
Quando se fala em gênero, pode-se compreender ou como um conceito cultural ou como um fato biológico.
Ele pergunta, na sequência: o que significa dizer Deus/Ele ou Deusa/Elas?
Títulos são sinônimos e nós lhes atribuímos gêneros.
Tal como outras palavras, o sentido de gênero, na linguagem, é algo definido culturalmente.
Steven lista alguns exemplos demonstrando a ligação dos Deuses com corpos e fenômenos da natureza. Nós observamos e interpretamos o ambiente em nossa volta conforme os conceitos culturais que nós criamos. Nós projetamos para os corpos e fenômenos essa acepção cultural do que nós conceituamos como gênero, o mesmo ocorre com ideias abstratas. As definições de gênero são arbitrárias.
Steven introduz a questão de que as designações de gênero são produto de uma convenção e introduz a questão sobre o Deus da Floresta e as manifestações dEle, o confundindo com Baphomet.
Enquanto categoria de signo e símbolo da linguagem, o gênero é um produto cultural e social, mas como Judith Butler magistralmente explica, isso não nega nem omite as evidentes distinções sexuais dos seres.
O que se pode observar na natureza é a enorme variedade de sexualidades e um amplo espectro de gêneros. Desde seres unicelulares até organismos complexos e desde seres assexuados até seres sexualmente distintos. Essa diversidade e amplitude são mostradas nos mitos antigos que abordam todas as expressões da sexualidade. Então o predomínio de uma expressão sexual causado por circunstâncias sociais e políticas não exclui nem anula as outras.
Nós podemos entender e perceber o gênero sexual dos Deuses conforme a essência dos mesmos. Sendo os autores e geradores da realidade, da vida e da natureza, os Deuses, de estruturas simples, fazem surgir estruturas complexas. Portanto todas as expressões da sexualidade são manifestações divinas. O ápice da evolução consiste na sexualidade distinta e disto se extrai o conceito de princípio masculino, princípio feminino e princípio hermafrodita.
Aqui está contido um mistério do Caminho dos Bosques que parece escapar de seus adeptos, confusos e perdidos por causa de convicções e agendas pessoais.
Eu reafirmo que a cerimônia tradicional wiccana consiste no hiero gamos, na união sexual sagrada entre o Deus e a Deusa, ato que gera e mantém o mundo. Este é um ato heterossexual, inolvidável quando lemos o mitopoema de Dumuzzi e Inanna. Portanto identificamos o Deus com o princípio masculino e a Deusa com o princípio feminino.
O Deus se une à Deusa porque Ela tem algo que Ele precisa e perdeu. A Deusa se une ao Deus porque Ele tem algo que Ela precisa e perdeu. Da união sexual sagrada vem a descendência, nós, todos, ambos, filhos e filhas, carregando em nossos corpos tanto o masculino quanto o feminino, o que abrange todas as identidades, sexualidades, orientações e preferências (inclusive a assexualidade).
Reforçando, os mitos antigos abordam todas as expressões sexuais, inclusive aquelas consideradas proibidas ou tabu. Eu considero desnecessário inventar uma teologia específica para qualquer forma de sexualidade humana. Esta é a principal causa da falha e confusão no Paganismo Moderno: as pessoas acabaram trazendo consigo suas mágoas, seus ressentimentos, seus traumas e agendas pessoais.
O indivíduo tem a liberdade de escolher o Deus ou Deusa de sua preferência para prestar culto. O indivíduo tem os rituais para vivenciar sua espiritualidade e sua sexualidade. Como parte da vida e da natureza, a sexualidade é sagrada e deve ser celebrada. Celebremos!
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