terça-feira, 1 de março de 2022

O que eu aprendi na crise da Ucrânia

O noticiário que tem dominado o mundo é a invasão da Rússia na Ucrânia. Curiosamente, eu não vi tal reação da comunidade internacional quando os EUA invadiu o Iraque.
O pessoal que é de direita, conservador [a maioria cristã, alguns fundamentalistas], são desavergonhadamente americanófilos, vão explicar e justificar que foi necessário para "combater o extremismo islâmico".
Ora, então deviam aceitar a explicação e justificação que a Rússia dá para invadir a Ucrânia: "para combater o neonazismo". Se fosse esse o caso, ele deveria invadir Belarus. A invasão da Rússia na Ucrânia não pode ser considerado uma reedição do Pogrom, senão as ações de Israel contra a Palestina seriam uma reedição do Apartheid. Evidente que, quando se fala em política internacional, nada é tão simples assim. Há tempos que o muro de Berlim caiu, só gente muito obsoleta ou mal-intencionada ainda reduz as análises políticas para os moldes da Guerra Fria. Também não é pela possível presença da OTAN caso a Ucrânia se torne membro. Putin quer ter o controle do gasoduto. Gasoduto do qual a Europa depende. Dinheiro é o maior motivo para todas as guerras.
Então algo me chama a atenção, afinal, eu tenho algumas postagens falando do paganismo eslavo.
O brasão de armas da Ucrânia e sua origem. Aliás, a origem da Ucrânia, por si mesma.
Mas vamos por partes.
O brasão tem origem na dinastia ruríkida. A Mesma dinastia que deu origem à Rússia.
Um grupo de pessoas de diversas etnias e origens pediram para Vladmir, o Grande, aceitar ser o rei do que foi chamado de Rússia de Kiev. Rus, em seu idioma original, pode tanto se referir à população quanto ao território.
Essa é a história de praticamente todos os países da Europa: povos de etnias e origens distintas, se misturando, se conflagrando, até surgir os países da Era Moderna, onde foi formulado o conceito de nação, de nacionalidade, de pátria, de nacionalismo e de patriotismo e, infelizmente, fornece as bases da xenofobia e do racismo tão estimados pela extrema direita e tragicamente por grupos do Paganismo Moderno.
O brasão tem suas origens no paganismo eslavo, mais precisamente, no símbolo atribuído a Perun, o Deus do Trovão, um dos Deuses do panteão eslavo, sendo Rod o Deus supremo [daí o motivo de chamarem de Rodnovaria o Paganismo Moderno Eslavo].
Rodnovaria pode ser considerada uma crença nativa e sua extensão percorre o centro, o leste e o norte da Europa. Quando o Cristianismo foi imposto pela Igreja Bizantina, depois mantido pela Igreja Ortodoxa, a crença nativa foi sincretizada ou assimilada no folclore eslavo, algo que sobreviveu ao domínio da União Soviética, que adotou o Secularismo [Estado Laico] como norma [separação entre religião e estado, alguns chegaram a considerar como sendo um "estado ateu", mas isso não foi mandatório]. Com a dissolução da URSS, em 1990 apareceram os primeiros grupos e movimentos que proclamaram  o início da reconstrução cultural da crença nativa eslava [Rodnovaria]. Portanto, agendas e ideais políticos da Era Moderna, como o nacionalismo, o patriotismo e o etnicismo, que fomentam o racismo e a xenofobia, acabaram sendo adotados como sendo parte dessa "crença nativa". A mesma loucura que sofre o Caturo.
Alguns se baseiam no Livro de Veles, embora a Prosa de Edda seja utilizada.
Consultado o Wikipédia, eu achei algumas vertentes: teologia anastasiana, teologia bajovita, teologia ivanovista, teologia kandybaite, teologia levashovita, teologia védica de peterburgo, teologia silenkoita, teologia vseyasvetnik e teologia ynglist.
Não coincidentemente, a região de Dunbass onde se concentra os separatistas pró-Rússia é uma região onde tem muitos grupos de Rodnovaria. Triste, mas conflitos fratricidas entre irmãos não é novidade na Europa, nem na Idade Média, nem na Antiguidade. Que os Deuses Antigos e os Ancestrais nos ajudem.

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